O filme conta a história de Neo, um jovem programador que é
perturbado por sua impressão de que o mundo não é exatamente como deveria ser. Neo leva uma vida dupla onde na primeira é uma pessoa comum, trabalhando em uma grande empresa de software e na outra um hacker que vive em um quarto escuro imerso nos computadores onde ele incansavelmente procura por Morpheus, aparentemente um homem procurado internacionalmente por seus supostos crimes. No que seria mais um dia comum para o protagonista, ele é surpreendido ao acordar com mensagens em seu computador pedindo para que ele siga o coelho branco, Thomas fica intrigado e se pergunta se estava sonhando acordado, ao ouvir batidas na porta ele se surpreende ao achar o coelho branco. A partir desse momento Neo embarca em uma trajetória pela busca pela verdade, encontrando finalmente Morpheus que oferece a fatídica opção através de duas pílulas, uma vermelha e outra azul, onde a azul faria com que ele lembrasse da situação como um sonho e a vermelha mostraria a realidade.
A história de Neo a partir desse momento pode ser comparada a
caverna de Platão, visto que a realidade passa a ser questionada quando o mesmo sai da caverna (matrix), e se dá conta de que a realidade não era meramente o que é alcançável aos nossos sentidos, podendo eles serem facilmente manipulados. Quando o indivíduo está na caverna, ele só tem como verdade aquilo que é limitado a seus olhos e seus sentidos, e quando saí tudo que está fora pode parecer mais questionável do que ele vivia antes, o mesmo acontece com Neo, que se desespera ao conhecer o mundo fora da matrix, descobrindo que agora todos eram dominados pela Inteligência Artificial, e que os humanos ainda existiam apenas para suprir as necessidades de sobrevivência das máquinas, usando as pessoas como baterias, cultivando vidas humanas. Em mais um aspecto que pode ser comparado ao Mito da caverna, Neo acorda em uma nova realidade, percebe que não consegue se mexer, e ao perguntar a Morpheus o porquê, o mesmo responde que é pelo fato dele nunca ter utilizado seus músculos, o mesmo acontece com o indivíduo que saí da caverna, que quase é cegado pela luz do sol, por conta de nunca ter tido contato com uma luz tão forte, tendo que se acostumar aos poucos com a claridade. Em outra cena importante do filme, Morpheus leva Neo para dentro de um software onde ele pode aprender uma arte marcial por exemplo, apenas fazendo um download através de seu plug, ao chegar nesse local há uma poltrona e Neo questiona como aquilo não pode ser real e Morpheus rebate perguntando a ele, o que era real, se para ele a realidade era aquilo que era alcançável ao tato, a resposta era sim, esse questionamento pode ser comparado ao Racionalismo (Morpheus) e o Empirismo (Neo), onde Morpheus apresenta a fonte de suas conclusões na própria razão, na lógica e na não contradição enquanto Neo tira suas conclusões através do conhecimento sensorial majoritariamente, ou seja, o filme trás duas concepções de verdade a Aletheia, onde a verdade estaria nas próprias coisas e Veritas, que depende da interpretação sobre o que é apresentado.
A busca pela verdade nem sempre tem um resultado satisfatório, muitas
vezes ao ter uma percepção mais ampla ou um conhecimento sobre determinado assunto pode ser algo doloroso ou incômodo, fazendo com que as pessoas não saibam lidar com a descoberta, como ocorreu com o indivíduo que saiu da caverna, que achava mais confortável se manter em um ambiente já conhecido, o mesmo acaba ocorrendo com Cypher, que decepcionado com a verdadeira realidade, acaba traindo o grupo em troca de voltar para a Matrix, afirmando ao comer um pedaço de bife (o qual sabia que não era real), que para ele a ignorância era uma benção.
Por fim, é possível concluir que Matrix é um filme muito interessante e
que nos trás diversos questionamentos e visões as quais não estamos habituados a pensar, levando o espectador a refletir sobre sua própria existência, sobre o que sabe ou o sobre o que acha que sabe, até mesmo sobre o que faríamos se nós mesmos estivéssemos no lugar do personagem principal, se valeria a pena sair da caverna e encarar uma realidade completamente desconfortável em nome do conhecimento e da busca pela verdade.
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