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Universidade Federal do Maranhão – UFMA

Centro de Ciências Sociais – CCSO


Departamento de Serviço Social
Maria da Glória Ferreira Corrêa

Relação entre o Mito da Caverna e filme Matrix.

O Mito da Caverna, obra escrita por Platão contida no livro VII da obra A
República, contém uma abordagem que demonstra o dualismo entre a luz, que remonta
ao conhecimento, e a escuridão, que traz a figura da ignorância. Diante disso, Platão em
sua obra apresenta uma situação em que homens estão aprisionados por meio de
correntes em uma caverna, geração após geração, dessa forma, encontra-se imobilizados
e virados de costas para a entrada da caverna.
Diante desse cenário, os prisioneiros conseguem observar apenas o fundo da
caverna, onde uma fogueira permanece acesa e atrás dessa passam pessoas e objetos.
Através do fogo, os objetos transportados geram sombras que são projetadas de maneira
distorcida na parede da caverna, além das sombras também é possível ouvir os ecos e
sons de fora, e para os prisioneiros da caverna, apenas isso representa todo o mundo e
tudo que existe.
Em certo dia, um dos prisioneiros consegue se soltar e caminha em direção à
saída da caverna. No entanto, logo quando sai e avista a luz, sente um grande
desconforto e pensa em voltar a acomodação da caverna, local que já estava habituado,
mas ao passar do tempo vai se adaptando e fica admirado com o novo mundo que
encontrou.
Após a contemplação do novo mundo pensa em voltar a caverna e libertar seus antigos
companheiros para que também possam conhecer tudo que existe no mundo. Mas se
depara com um dilema sobre se acreditariam nele e buscariam a verdade na luz ou se
prefeririam continuar na escuridão e na ignorância, mas acomodados por ser a realidade
de vida que eles conhecem.
No filme Matrix, lançado em 1999, a personagem principal é Neo Anderson, um
hacker, em um dos seus trabalhos invadindo redes e sites de computadores, se depara
com a existência de um programa na rede chamado Matrix. Com essa descoberta, Neo
chama a atenção de um grupo de Hackers que dão uma escolha a ele, se libertar e
conhecer a verdade sobre tudo que acontece no mundo ou permanecer enganado pela
Matrix, acomodado pela realidade de vida que acha que conhece.
Com isso, Neo aceita conhecer a verdade e, ao acordar na nova realidade,
descobre a verdade sobre o que é o mundo, a raça humana está dominada pelas
inteligências artificiais, presa no que eles denominam como Matrix, um programa de
computador que simula a realidade, já as pessoas são apenas escravas e estão presas
para gerar energia.
O mundo simulado pela Matrix traz a sensação para as pessoas de uma vida
completa, com dinheiro, bens de consumo, vida social etc., o que gera uma sensação de
felicidade, prazer e acomodação para os indivíduos. Entretanto, nada disso é verdade, é
apenas uma vida simulada para que as pessoas continuem aprisionadas e tendo suas
energias sugadas.
A Matrix, portanto, trata-se de um programa de computador para simular uma
realidade que só existe na mente das pessoas, para os indivíduos a vida continua a
mesma, o mundo continua o mesmo. Nesse mundo, eles podem viver com liberdade e
tendo acesso a uma vida de prazeres e acomodação. Contudo, por trás dessa ilusão, o
mundo foi completamente destruído e dominado por inteligência artificial.
Para Neo, o início, assim como para o prisioneiro que se libertou da caverna, foi
muito doloroso, demorou para se acostumar a nova realidade e aceitar as novas
condições impostas. Mas ao acostuma-se com a nova verdade, se deparou que era
melhor conhecer o mundo de uma maneira real e buscar o conhecimento sobre tudo que
o cerca, do que permanecer na ignorância, vivendo por falsas sensações e visões
distorcidas da realidade. Diante disso, sair da acomodação da realidade que conhecemos
pode ser difícil no início, mas é libertador e nada melhor do que a liberdade e ter o saber
do mundo a nossa volta.
Nesse contexto, pode-se notar a conexão do Mito da Caverna com o filme
Matrix. A caverna e a Matrix são as prisões onde os homens estão aprisionados e
permanecem na escuridão com suas convicções, preconceitos e ignorância, sem saber na
realidade a verdade sobre o mundo e tudo que está contido nele. Diante disso, ir para luz
e libertar-se das correntes é uma metáfora para definir a busca pelo conhecimento, para
assim, acessar o mundo das ideias e ter contato com a essência do mundo, com tudo que
nos cerca e a busca pelo saber autêntico.

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