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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI


CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS - CSHNB
CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO A FILOSOFIA

ILANA LINA ALMEIDA DE AMORIM


LAYSA MARIA SANTOS MOURA

Matrix, filme do gênero ação e ficção científica, foi lançado em 21 de maio de 1999,
tem duração de 2h16min, foi produzido por Joel Silver e dirigido por Lilly e Lana
Wachowski.
A trama do filme é bem contada, apesar de ter sido estreado há bastante tempo e, por
isso, conter cenas de baixo nível de realismo, ainda é sem dúvidas um dos melhores filmes de
ficção científica já lançados. Além do mais, o filme traz uma reflexão filosófica que nos
remete ao Mito da Caverna, passagem do livro: “A República”, do filosofo grego Platão.
O enredo descreve um futuro cyberpunk (as máquinas e a corrupção dominam todos os
aspectos da vida), no qual a realidade que é vista pela maioria dos humanos é, na verdade, um
ambiente virtual, denominado “Matrix”, simulado por programas de computador e criando por
máquinas sencientes, que são a evolução da Inteligência Artificial, sendo capazes de agir com
autonomia, perspectiva e impulso.
Assim, na perspectiva da Alegoria da Caverna, percebe-se que no filme existe uma
realidade imposta aos humanos – a Matrix, assim como as sombras da caverna eram colocadas
para os prisioneiros como verdade absoluta do que é o mundo real. Ambas as realidades
exercem uma espécie de controle sobre aqueles que não possuem a perspectiva real acerca da
realidade na qual estão inseridos.
O filme conta a história do personagem Thomas Anderson, programador de uma grande
multinacional de desenvolvimento de softwares, cujos constantes pesadelos o levam a refletir
sobre o que é, de fato, sonho e que é a realidade. Fora da empresa, o jovem programador atua
como hacker, mundialmente conhecido pelo codinome “Neo”, cujo objetivo maior é encontrar
Morpheus, personagem responsável por despertar os seres humanos para a realidade fora da
Matrix. Durante o decorrer da trama, Neo foi contatado e convidado a conhecer a realidade da
Matrix, tendo a oportunidade de conhecer Morpheus.
Após se encontrar com Morpheus, Neo recebe explicações sobre a Matrix e em seguida,
se vê diante de uma escolha: tomar a pílula azul e continuar vivendo a ilusão imposta a ele
como realidade, ou tomar a vermelha e descobrir a verdade por trás da Matrix, obtendo as
respostas para as perguntas que sempre o inquietaram. Após escolher a pílula vermelha, Neo
inicia seu processo de desconexão total da Matrix e, consequentemente, seu “despertar” para a
realidade, antes completamente obscurecida pelo ambiente virtual criado pelas máquinas.
Nesse ponto da trama, podemos mais uma vez fazer menção a obra de Platão, no qual
Neo pode ser comparado ao prisioneiro que acidentalmente se liberta das correntes e começa a
explorar a caverna, encontrando a saída, bem como o mundo real. Assim como a pílula
vermelha, a saída da caverna expressa o entendimento dos conceitos reais e a visão do mundo
como realmente ele é, sem distorções e manipulações. Vale ressaltar que, devido ao fato do
indivíduo estar acostumado com a realidade anterior, a primeira percepção da realidade é
sentida como algo completamente desagradável.
No decorrer do filme, à medida que Neo torna-se mais consciente acerca da Matrix,
Morpheus revela que Neo é, na verdade, uma espécie de messias ou, como eles designam no
filme: o escolhido. Este seria o responsável por libertar toda a humanidade da escravidão
impostas pelas máquinas e, embora Neo duvide e questione essa responsabilidade, ele
continua desenvolvendo suas aptidões e habilidade em diferentes campos de conhecimento,
ou seja, apesar da relutância ele continuou a buscar a verdade e, como consequência, alcançou
a liberdade. Neste sentido, um dos principais pontos trabalhados na obra de Platão, a filosofia
idealista platônica, afirma que a sabedoria é o que diferencia os homens dos outros animais.
No caso do filme Matrix, o conhecimento e a capacidade de reflexão resultam na libertação
dos humanos, da prisão criada pelas máquinas.
Morpheus, enquanto treina Neo, busca ensinar que, para ser livre, é necessário se
libertar das prisões criadas pela própria mente. É nesse ponto em que há o nascimento do
mundo real, ou seja, o nosso corpo é imposto como a caverna, onde limitamos aos nossos
sentidos, o que Platão denomina como conhecimento sensível, lembrando que este é enganoso
e de grau inferior. Quando ocorre a quebra dessa limitação temos acesso ao conhecimento de
grau superior, denominado de conhecimento inteligível, que é a verdade sobre as coisas,
sendo esse imutável.
Essa expansão da mente é fundamental para o desenvolvimento de Neo, sendo ele capaz
de atingir habilidades até antes não encontradas em nenhum outro personagem. Uma das
cenas que deixa bem claro esse ponto é quando ele “ressuscita”, após ser alvejado pelos tiros
disparados pelo agente Smith.
Trazendo essas reflexões para os dias atuais, estamos vivendo a “Era da Manipulação”,
onde a busca por conhecimento e informações foram banalizados. Diariamente é imposto
sobre nós notícias falsas, que se assemelham às sombras da caverna, descritas por Platão, e
sobre elas desenvolvemos, muitas vezes, apenas opiniões superficiais. Neste sentido, o
conhecimento superficial nos induz à ilusão de uma vida perfeita, pois, ultimamente, o ser
humano tem negligenciado o mundo real e vivido a realidade manipulada das redes sociais.
Em resumo, estamos nos tornando prisioneiros das nossas próprias cavernas.
As pessoas têm se negado a enxergar a verdade e buscado viver no mundo que elas
criam diariamente. Os extremismos tomaram o lugar da racionalidade humana, ou seja, a
fábula da caverna, que descreve tão bem o apego à ignorância, nunca foi tão real, como é nos
dias de hoje.

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