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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUI - UFPI

CAMPUS SENADOR HELVÍDIO NUNES DE BARROS


INTRODUÇÃO A FILOSOFIA - 1° PERÍODO 2022.2
PROFESSORR: DOUGLAS MORAES BEZERRA

ANA FLÁVIA DE MOURA ARAÚJO


CIBELY DA SILVA MOURA

RESENHA CRÍTICA SOBRE O FILME: THE MATRIX (1999)

PICOS-PI
21 de dezembro de 2022
O filme Matrix é uma ficção cientifica que foi lançada no ano de 1999, digna de Oscar
e de reconhecimento até os dias atuais, devido ao impacto reflexivo que causa sobre a
sociedade na qual estamos inseridos. A trama se desenvolve em meio aos seus três
personagens principais Neo, Morpheu e Triniti. Neo é um jovem que durante o dia trabalhava
como programador em uma empresa de software e durante a noite, usando o seu pseudônimo
Neo, era um hacker de forte potencial e com alguns crimes virtuais já monitorados. Ele por
muitas vezes vivia atormentado com certos sonhos que o faziam questionar se podiam ser
reais ou apenas frutos de sua mente que não conseguia descansar. Até que, em uma noite ele
começou a receber mensagens em seu computador o direcionando a seguir uma situação que
chegaria até ele, onde Matrix e Morpheu ganharão espaço no longa.
De encontro com Triniti ele descobre que Matrix realmente existe fora do mundo
virtual que ele estava acostumado, e é convidado a ir de encontro com o líder Morpheu.
Durante essa conversa ele informa a Neo que o mesmo está fazendo parte de uma simulação e
apresenta que ele é um alvo já procurado, assim, oferece a ele duas pílulas, que são muito
significativas durante a trama, na qual, ele escolheria permanecer na sua realidade atual ao
escolher a azul ou fazer parte do movimento contra a dominação das máquinas sobre os
humanos, escolhendo a vermelha. Desse modo, cansado de sua condição e movido pela
curiosidade de desvendar a Matrix, Neo decide pela vermelha e passa a fazer parte do
movimento de Morpheu que luta contra essa dominação.
O questionamento sobre o que seria Matrix está sempre muito presente e a própria
ficção não a definiu em termos, mas interpretando o todo, o mundo “real” apresentado no
inicio não passa de uma simulação programada por computadores, que é controlada pelos
chamados Agentes, que são programas capazes de manter tudo sob controle e destruir todo
aquele que tenta ir contrário ao sistema, no caso o movimento liderado por Morpheu. Os seres
humanos na década de 90 desenvolveram a Inteligência Artificial (IA) e essa passou a ter
tamanha autonomia que ao longo do tempo conseguiu dominar o mundo dos humanos e
passou a reverter a situação de necessidade, onde o objetivo da IA é utilizar a energia
produzida pelo calor humano para sobreviver, e ter a raça humana como uma simples bateria
que alimenta esse sistema, extinguindo assim a reprodução natural do ser e produzindo-os em
máquinas. Nesse contexto, o sistema é criado para que nenhum ser nele inserido perceba que
tudo não passa de uma programação sistematizada e controlada pela IA.
Ao longo desse movimento, Morpheu está confiante que encontrará em Neo aquilo que
ele sempre buscou, o Escolhido, que seria o único ser capaz de reprogramar a matrix e
desfazer todo esse controle construído pelas máquinas. Ao descobrir seu propósito, Neo se
apavora ao perceber que nada do que ele possa ter vivido foi literalmente real, e daí surge
outro questionamento, sobre o que seria Real? Ou se tudo não fez parte da simulação da
matrix. Com isso ele não acredita que será ele o responsável por salvar a raça humana, mas
confia e passa a ser preparado para viver essa missão. Ao longo do filme Neo passa a deixar
cada vez mais forte as evidências de que sim, ele seria o Escolhido tão aguardado, e ao final
do enredo ao travar uma luta com o Agente Smith na tentativa de salvar a vida do Morpheu
ele surpreende ao conseguir derrotar o inimigo que somente o escolhido teria capacidade de o
fazer.
Como já citado, o filme resenhado ainda é muito atual e motivo de debates a respeito
do mundo contemporâneo e das situações de controle que nos acorrentamos sem ao menos
perceber. Durante a obra é possível interpretar a forte presença de uma teoria bastante
conhecida do filosofo grego Platão, a Alegoria ou Mito da Caverna. Trata-se de uma metáfora
que consiste na tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres
humanos e o que seria necessário para atingir o verdadeiro “mundo real”, baseado na razão
acima dos sentidos. Ele utiliza do exemplo de um grupo de homens que vivem presos em uma
caverna observando o que era projetado por sombras ao fundo do local, até que um desses
homens decide sair de suas correntes e ir em busca do que haveria do outro lado. Ao sair
dessa bolha de ignorância ele descobre que a vida não está limitada aquelas projeções e que
elas eram geradas da vida que se movimentava fora da caverna. Ao descobrir a liberdade ele
retorna para dentro a fim de libertar o restante dos homens, que presos em suas correntes de
ignorância desacreditaram do homem e permaneceram no lugar de sempre.
Diante dessa análise, é possível observar que o momento que a alegoria mais se mostra
presente no filme é na escolha da pílula, onde Neo tem em sua frente a possibilidade de sair
da caverna ou continuar a ser uma espécie de massa de manobra do sistema vivenciado. Ao
escolher a pílula vermelha, ele opta pela liberdade de pensamento e de não contribuir para a
extinção da sua própria raça por algo que foi criado para trazer benefícios para o homem e não
o contrário. Trazendo a Alegoria da Caverna para o nosso tempo, podemos dizer que o ser
humano tem regredido constantemente, a ponto de estar, cada vez mais, vivendo como um
prisioneiro da caverna, apesar de toda a informação e todo o conhecimento que temos a nossa
disposição, as pessoas têm preguiça de pensar. A comodidade tornou-se um elemento comum
em nossa sociedade, estimulada pela facilidade que as tecnologias nos proporcionam. A
preguiça intelectual tem sido, talvez, a mais forte característica de nosso tempo. A dúvida
socrática, o questionamento, a não aceitação das afirmações sem antes analisá-las são hoje
desprezados.
É possível também relacionar a tecnologia e as mídias atuais com essa alegoria, pois o
controle que estas exercem sobre os humanos é algo tão imerso na realidade que chega a não
ser percebido e, portanto, normalizado. Pessoas vivem acorrentadas a padrões pregados nas
redes sociais, presos a doutrinas absolutas, no qual, pensar diferente do que a massa defende
torna-se um motivo de retaliação no meio, fazendo com os seres deixem de exercer a sua
liberdade e seu poder de questionar, de conhecer a si mesmo, como defendia o filosofo grego
Sócrates. Os escravos presos no interior da caverna não percebem que são prisioneiros, assim
como as pessoas que estão presas na mídia, nas redes sociais e na internet, não percebem que
são enganadas e constantemente manipuladas em favor da mídia desonesta. Vivemos na época
do predomínio da opinião rasa, do conhecimento superficial, da informação inútil e da prisão
cotidiana que arrasta as pessoas, cada vez mais, para a caverna da ignorância.
Portanto, conclui-se que sair de sua bolha é algo por muitas vezes difícil, pois o
processo que leva a entender a situação de prisão é gerado para que não seja descoberto e
assim possa manter mais mentes sob controle, e ainda mesmo conscientes da bolha que se está
inserido o medo de sair de sua zona de conforto e viver o desconhecido aprisiona e limita
mais ainda seres que já possuem suas mentes fechadas para o diferente. No entanto, o
exemplo tomado pelo personagem Neo de ir atrás do desconhecido e soltar-se de suas
correntes mentais deve ser praticado constantemente pelas sociedades, a fim até mesmo de
que consigam evoluir positivamente e não serem dizimadas pela mão invisível do controle.

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