É bastante notório a relatividade do tempo em relação a evolução intelectual do
ser humano, é comum ouvir dizer que temos de nos adaptar a essa evolução para que não nos percamos em meio a ela. Mas ainda assim, certos costumes, sejam eles por conhecimento ou mau hábito consegue perdurar pelos anos por certa quantidade de tempo que nos faz pensar se tal costume não sempre fez parte da vida como a conhecemos. O ser humano é movido por sua curiosidade e ao mesmo tempo freado pelo medo. Essa ambiguidade comportamental é bem demostrada no Mito da Caverna de Platão, onde percebe-se explicitamente o medo dos prisioneiros, que apenas o que sabem do mundo externo é que sombras gigantescas e medonhas o povoam, até que um deles, ao ser libertado, entra em contato com a “realidade” descobrindo não ser tão ruim quanto imaginavam, decide então tentar mostrar a seus velhos amigos o quão a vida é maior do que aquele cubículo cavernoso e obscuro. Porém, obviamente pensaram ser outra sombra assustadora e não seu ex-companheiro cavernícola. Dentro dessa perspectiva, entende-se que há diversas formas de interpretar essa metáfora. Ela pode dizer sobre a indução do pensamento coletivo e seu poder de impulsionar ou deter; o costume em acreditar apenas no que lhe é dito sem exigir provas, contestações ou questionamentos sustentáveis; a resistência em tentar modificar um pensamento, hábito ou costume já irraizados; o conforto do comodismo do cotidiano em aceitar aquilo que os outros dizem do mundo a sua volta e não ter o trabalho de demandar tempo e raciocínio para achar suas próprias respostas. Em nossa atual realidade, são os tipos de comportamento que mais se vê. A disseminação da informação vem dando-se cada vez mais de forma errônea e infrutífera, que ainda assim descobrem solo fértil em milhares de pessoas com acesso a elas. Antigamente, a famosa “boca a boca” era transmitida por entre as pessoas de forma despreocupada e com muito menos teor maldoso do que hoje. Comentários em redes sociais, especulações sobre determinados acontecimentos voam com a velocidade da luz, mas não rápido o suficiente para fugir de alterações pelo caminho. O que é a verdade ou a mentira nesse contexto? Um mundo novo, onde as notícias e os fatos, mesmo sendo narrados em seus veículos transmissores, ao chegar nos ouvidos da geração acelerada e sedenta por retransmitir o que acha relevante, torna-se algo nocivo e sem credibilidade e por conseguinte atingindo diretamente e inconscientemente aqueles que não procuram seu sentido ou fundamento. Portanto, classificados como seres racionais e capazes de elaborar ideias, a nós cabe a análise de tudo a que nos for apresentado, escolher bem o grupo ao qual se relacionar e tirar disso aprendizado a partir da visão do outro sobre determinados assuntos, é um exercício mental e necessário de tirar conclusões que possam prejudicar alguém ou lhe auto sabotar. Sabedoria e discernimento, assim como interpretação, são três pilares importantíssimos para quem, apesar de viver na era digital, deseja construir seu próprio senso e definição de quê ou em quem deve confiar.
Direito:Turma 3005 – Bloco G 105 – Noturno 1º Semestre
O Futuro de uma Ilusão Sigmund Freud I Quando já se viveu por muito tempo numa civilização específica e com freqüência se tentou descobrir quais foram suas origens e ao longo de que caminho ela se desenvolveu