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O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO E OS CEGOS POR OPÇÃO

Priciliana J. Silva Costa

É bastante notório a relatividade do tempo em relação a evolução intelectual do


ser humano, é comum ouvir dizer que temos de nos adaptar a essa evolução
para que não nos percamos em meio a ela. Mas ainda assim, certos costumes,
sejam eles por conhecimento ou mau hábito consegue perdurar pelos anos por
certa quantidade de tempo que nos faz pensar se tal costume não sempre fez
parte da vida como a conhecemos.
O ser humano é movido por sua curiosidade e ao mesmo tempo freado pelo
medo. Essa ambiguidade comportamental é bem demostrada no Mito da
Caverna de Platão, onde percebe-se explicitamente o medo dos prisioneiros,
que apenas o que sabem do mundo externo é que sombras gigantescas e
medonhas o povoam, até que um deles, ao ser libertado, entra em contato com
a “realidade” descobrindo não ser tão ruim quanto imaginavam, decide então
tentar mostrar a seus velhos amigos o quão a vida é maior do que aquele
cubículo cavernoso e obscuro. Porém, obviamente pensaram ser outra sombra
assustadora e não seu ex-companheiro cavernícola.
Dentro dessa perspectiva, entende-se que há diversas formas de interpretar
essa metáfora. Ela pode dizer sobre a indução do pensamento coletivo e seu
poder de impulsionar ou deter; o costume em acreditar apenas no que lhe é dito
sem exigir provas, contestações ou questionamentos sustentáveis; a resistência
em tentar modificar um pensamento, hábito ou costume já irraizados; o conforto
do comodismo do cotidiano em aceitar aquilo que os outros dizem do mundo a
sua volta e não ter o trabalho de demandar tempo e raciocínio para achar suas
próprias respostas.
Em nossa atual realidade, são os tipos de comportamento que mais se vê. A
disseminação da informação vem dando-se cada vez mais de forma errônea e
infrutífera, que ainda assim descobrem solo fértil em milhares de pessoas com
acesso a elas. Antigamente, a famosa “boca a boca” era transmitida por entre as
pessoas de forma despreocupada e com muito menos teor maldoso do que hoje.
Comentários em redes sociais, especulações sobre determinados
acontecimentos voam com a velocidade da luz, mas não rápido o suficiente para
fugir de alterações pelo caminho.
O que é a verdade ou a mentira nesse contexto?
Um mundo novo, onde as notícias e os fatos, mesmo sendo narrados em seus
veículos transmissores, ao chegar nos ouvidos da geração acelerada e sedenta
por retransmitir o que acha relevante, torna-se algo nocivo e sem credibilidade e
por conseguinte atingindo diretamente e inconscientemente aqueles que não
procuram seu sentido ou fundamento.
Portanto, classificados como seres racionais e capazes de elaborar ideias, a nós
cabe a análise de tudo a que nos for apresentado, escolher bem o grupo ao qual
se relacionar e tirar disso aprendizado a partir da visão do outro sobre
determinados assuntos, é um exercício mental e necessário de tirar conclusões
que possam prejudicar alguém ou lhe auto sabotar.
Sabedoria e discernimento, assim como interpretação, são três pilares
importantíssimos para quem, apesar de viver na era digital, deseja construir seu
próprio senso e definição de quê ou em quem deve confiar.

Direito:Turma 3005 – Bloco G 105 – Noturno 1º Semestre

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