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CRFB, Art. 225.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos
ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas. (BRASIL, 1988.)

Merece destaque identi car os conceitos de preservação e restauração, uma vez que possuem signi cados diversos.

Esse inciso foi regulamentado pelo Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza (Snuc), Lei nº 9.985/2000. A
norma apresenta conceitos importantes, entre eles o de preservação e restauração previstos no início da redação do inciso I do
§1° do Art. 225:

Preservação - é o conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem à proteção em longo prazo das espécies,
habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simpli cação dos sistemas
naturais.

Restauração - é a restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da
sua condição original. Dessa forma, preservar e restaurar são palavras distintas, que não devem se confundir.

Rodrigues (2018) destaca que processos ecológicos signi cam “o conjunto de atos que tipi cam os fenômenos ecológicos
que sejam essenciais para a manutenção da vida e do ambiente”.

Além de preservar e restaurar os processos ecológicos, incumbe ao poder público promover o manejo ecológico. Por manejo
entende-se todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas. Já o
plano de manejo é o documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de
conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos
naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade.

CRFB, Art. 225.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e scalizar as entidades dedicadas à


pesquisa e manipulação de material genético. (BRASIL, 1988.)

O inciso II do §1º do Art. 225 da Constituição Federal é também regulamentado, entre outros, pela Lei nº 9.985/2000, que
institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc); pela Lei nº 11.105/2005, que disciplina a Política
Nacional de Biossegurança, e pela Lei nº 13.123/2015, que dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o
acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da
biodiversidade.

CRFB, Art. 225.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

III - de nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justi quem sua proteção. (BRASIL, 1988.)
O Art. 225, §1º, inciso III, da Constituição Federal é regulamentado pela Lei nº 9.985/2000. A criação de espaços territoriais
especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal – tais como áreas de proteção ambiental, de
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas – é um dos principais instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente, Lei nº 6.938/81, previsto em seu Art. 9º, inciso VI.

Lei nº 6.938/81, Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: VI - a criação de espaços territoriais
especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas. (BRASIL, 1981.)

A Carta Magna determinou o regime jurídico de criação e supressão de um espaço territorial a ser protegido. Sendo assim:

1. Apenas o poder público pode instituí-los;

2. Após criados, a alteração ou a supressão somente se dá por lei formal;

3. É vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justi quem sua proteção.

IMPORTANTE: O Art. 225, §1º, inciso III, da Carta Cidadã deixa claro que incumbe ao Poder Público (seja ele
federal, estadual ou municipal) de nir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, mas, caso exista interesse em alterar ou suprimir esses
espaços territoriais e seus componentes, somente poderá ser feito por meio de lei.

CURIOSIDADE: Uma vez que esse dispositivo é regulamentado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), o
Art. 2º, inciso I, da Lei nº 9.985/00 (Snuc) conceitua unidades de conservação como sendo esses espaços territoriais e seus
recursos ambientais que devem ser protegidos, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites de nidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

Uma unidade de conservação, ao ser instituída por Decreto do poder executivo estadual, municipal ou federal ou por lei formal,
só pode sofrer alteração (redução) dos seus limites ou a supressão total se houver permissão por meio de lei especí ca. O
objetivo do legislador constituinte foi di cultar o procedimento legal de alteração ou supressão de uma área ambientalmente
protegida e também facilitar a sua criação.

CRFB, Art. 225.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de signi cativa degradação
do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. (BRASIL, 1988.)

O Art. 225, §1º, inciso IV, proclama que, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
signi cativa degradação do meio ambiente, é exigido estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade por meio
do relatório de impacto ambiental.
Estudos ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização,
instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da
licença requerida. Uma das formas de estudos ambientais é o estudo de impacto ambiental, o qual visa veri car o
impacto que determinada obra, construção ou atividade irá causar ao meio ambiente.

O impacto ambiental é toda e qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas causadas ao bem
ambiental por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, de forma direta ou indireta,
venha a afetar: a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.

O estudo de impacto ambiental deve:

contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização de projeto;

identi car e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de implantação e operação da atividade;

de nir os limites da área geográ ca a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos; e

considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação na área de in uência do projeto, e sua
compatibilidade.

O relatório de impacto ambiental (conhecido como Rima) é o documento que re etirá as conclusões do estudo de impacto
ambiental.

O estudo de impacto ambiental e o relatório de impacto ambiental são essenciais para o procedimento administrativo,
licenciamento ambiental, consagrado como instrumento de gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio
Ambiente, Lei nº 6.938/81, Art. 9°, IV. Dispõe a redação do Art. 9°, inciso IV, da PNMA:

PNMA, Art. 9°, inciso IV: São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
[...]
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. (BRASIL, 1981.)

CRFB, Art. 225.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para
a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. (BRASIL, 1988.)

O inciso V do Art. 225, § 1°, da Carta Cidadã dispõe: “Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”. Trata, portanto, do caso do
controle e da produção de substâncias que importem em risco, como os transgênicos e os agrotóxicos. O legislador aqui
determinou condutas que devem ser adotadas pelo Poder Público e estabelecer base para a gestão dos riscos em matéria
ambiental.

CRFB, Art. 225.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente. (BRASIL, 1988.)
O inciso VI, do §1º, do Art. 225 da Constituição Federal é regulamentado pela Política Nacional de Educação Ambiental, Lei nº
9.795, de 27 de abril de 1999, que determinou ser atribuição do Poder Público promover a educação ambiental em todos os
níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente, assim como proteger a fauna e a ora,
vedadas as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais à crueldade (inciso VII do Art. 225, § 1°).

A educação ambiental está vinculada ao Princípio da Educação Ambiental, um dos norteadores do Direito Ambiental. A
educação ambiental está vinculada aos processos pelos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,
conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

CRFB, Art. 225.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

VII - proteger a fauna e a ora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica,
provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (BRASIL, 1988.)

O inciso do §1º do Art. 225 da Constituição Federal disciplina que incumbe ao Poder Público proteger a fauna e a ora,
vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade. O legislador nesse inciso ressaltou a importância ecológica da fauna e da ora, bem como
o papel desempenhado pelos animais e pelas plantas no ecossistema; por isso, incumbe ao poder público protegê-los.

As seguintes leis regulamentam esse inciso: Lei nº 12.651/2012, novo Código Florestal; Lei nº Lei 9.985/2000, Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc); e Lei nº 9.605/1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais.

Em 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu inconstitucional a Lei do Estado do Rio de Janeiro nº 2.895/98, que previa
briga de galos, popularmente conhecida como Rixa de Galos, na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 1.856. A ementa
do julgamento da ADI consagrou que “legislação estadual que permite a exposições e a competições entre aves das raças
combatentes favorece essa prática criminosa – diploma legislativo que estimula o cometimento de atos de crueldade contra
galos de briga”.

Como veremos no estudo do parágrafo 7° do Art. 225 da Constituição Federal, em 2016, o STF também considerou
inconstitucional uma lei do estado do Ceará que incluía a vaquejada como manifestação cultural do estado, por meio da ADI nº
4.983, por considerar maus-tratos aos animais e em desacordo com a redação do Art. 225, § 1°, inciso VII, da Constituição
Federal; vale lembrar ainda a Lei de Crimes ambientais, Lei nº 9.605/98. Na ementa do acórdão, esclareceu que “a obrigação de
o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não
prescinde da observância do disposto no inciso VII do Art. 225 da Carta Federal, o qual veda prática que acabe por submeter os
animais à crueldade. Discrepa da norma constitucional a denominada vaquejada”.

Após a decisão desse caso no STF, foi aprovada, pela Emenda Constitucional nº 96/2017, a redação do § 7° do Art. 225, que
assim dispõe:

Para ns do disposto na parte nal do inciso VII do § 1º deste Art., não se consideram cruéis as práticas desportivas
que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição
Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser
regulamentadas por lei especí ca que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (BRASIL, 1988.)

O Supremo Tribunal Federal determina a inconstitucionalidade da norma do estado do Ceará em julgamento prolatado, em 06
de outubro de 2016, processo eletrônico publicado em 27 de abril de 2017. Em 06 de junho de 2017, o Congresso Nacional
aprovou a Emenda Constitucional nº 96/2017, em desacordo com a decisão do órgão máximo do poder judiciário nacional.
CRFB, art. 225.

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais ca obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com
solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei. (BRASIL, 1988.)

O §2º do Art. 225 da Constituição Federal destaca que aquele que explorar recursos minerais ca obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com a solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

Essa norma deixa cristalina a presença dos Princípios ambientais do Poluidor-Pagador, Prevenção e da Responsabilidade para
aquele que explorar recursos minerais, sendo este obrigado a recuperar o bem ambiental que veio a degradar com a atividade
extrativista.

É cediço que a atividade de minério, por sua natureza, degrada o meio ambiente. Infelizmente, no Brasil, estamos vivenciando
grandes desastres ambientais, fruto dessa atividade, como ocorreu nas cidades de Mariana e Brumadinho, ambas localizadas
no estado de Minas Gerais, que tiveram sua fauna, ora, solo e rios devastados por desídia na atividade de mineração.

CRFB, Art. 225.

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou
jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
(BRASIL, 1988.)

O § 3º do Art. 225 da CRFB deixa clara a responsabilidade por aquele que causar dano ao meio ambiente. Essa
responsabilidade pode ser tanto na esfera administrativa quanto na criminal e na área cível, por meio da responsabilidade civil,
com o m de reparar os danos ambientais.

A Política Nacional do Meio Ambiente sancionada em 1981, em seu Art. 14, § 1º, já consagrava a responsabilidade da pessoa
física ou jurídica que causa dano ambiental. Dispõe a norma que, “sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste
artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.

CRFB, Art. 225.

§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira
são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação
do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. (BRASIL, 1988.)

Quanto ao §4° do texto legal, merece destaque observar que a Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são considerados patrimônios nacionais, não se confundindo com propriedade
pública. Essas áreas não são bens da União. Destaca José Afonso da Silva : “declara a Constituição que os complexos
ecossistemas referidos no Art. 225, §4°, são patrimônio nacional. Isso não signi ca transferir para a União o domínio sobre as
áreas particulares, estaduais e municipais situadas nas regiões mencionadas”.

Estando a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira em terras particulares, nada obsta a
sua utilização por estes dos recursos naturais existentes nessas áreas, desde que observadas as prescrições legais e
respeitadas as condições necessárias à preservação ambiental.

A Lei nº 13.123/2015, que disciplina sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional
associado e a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade, também surgiu com o m de
regulamentar o §4° do Art. 225 da Carta Magna.
CRFB, Art. 225.

§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à
proteção dos ecossistemas naturais. (BRASIL, 1988.)

Nesse parágrafo, é importante destacar o conceito de terras devolutas: “todas as terras existentes no território brasileiro, que
não se incorporaram legitimamente ao domínio particular, bem como as já incorporadas ao patrimônio público, porém não
afetadas a qualquer uso público” (DI PIETRO, 2010 ). Elas integram a categoria de bens públicos dominicais, pois não há
destinação pública.

Escreve Thomé (2019):

Há uma importante exceção constitucional às regras tradicionalmente adotadas para as terras devolutas, prevista no
artigo 225, § 5º da CRFB/1988. Este parágrafo aborda uma espécie de terra devoluta com características especí cas:
necessária à proteção dos ecossistemas naturais. As terras devolutas indispensáveis à preservação ambiental são
bens da União (Art. 20, II da CRFB/1988) e podem ser classi cadas como bens públicos de uso especial, por possuírem
destinação pública especí ca, qual seja, a proteção dos ecossistemas naturais. (THOMÉ, 2019.)

CRFB, Art. 225.

§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização de nida em lei federal, sem o que não
poderão ser instaladas. (BRASIL, 1988.)

Esse parágrafo do Art. 225 da Constituição Federal trata das usinas nucleares. Como veremos a seguir, a competência para
legislar sobre as atividades nucleares é privativa da União, Art. 22, inciso XXXVI da CRFB. Da mesma forma, os recursos
minerais são bens da União, conforme determina o Art. 20, inciso IX, do texto legal.

CRFB, Art. 225.

§ 7º Para ns do disposto na parte nal do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas
desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do Art. 215 desta
Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo
ser regulamentadas por lei especí ca que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (BRASIL, 1988.)

O parágrafo 7° do Art. 225 da Constituição Federal foi incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 06 de junho de 2017. A
norma estipula que não serão consideradas cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que essas sejam
provenientes de manifestações culturais, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural
brasileiro.

Essas práticas desportivas, fruto de manifestações culturais, como a vaquejada e o rodeio, por exemplo, devem ser
regulamentadas por lei especí ca que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.

Como o meio ambiente está diretamente ligado à qualidade de vida de todos, zelar pelo patrimônio cultural e histórico de uma
nação traduz-se como meio ambiente cultural. Segundo o Art. 215 da Constituição Federal, cabe ao Estado garantir a todos o
pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional, além de apoiar e incentivar a valorização e a
difusão dessas manifestações.

O parágrafo 1º do Art. 215 da Constituição Federal ainda determina que “o Estado protegerá as manifestações das culturas
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”.
Como visto anteriormente, a Emenda Constitucional nº 96 (que implementou o §7° ao Art. 225 da Constituição Federal) dispõe
em desacordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, em Ação Direta de Inconstitucionalidade (nº 4.983/CE),
decidida no pretérito dia 06 de outubro de 2016, que declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 15.299/2013, do Estado do
Ceará, que regulamentou a vaquejada como prática desportiva e cultural, pois a norma estadual estaria em desacordo com o
Art. 225, § 1º, inciso VII, da Carta Magna.

Ação Direta de Inconstitucionalidade 4.983 Ceará

Processo objetivo – Ação Direta de Inconstitucionalidade – Atuação do Advogado-Geral da União. Consoante dispõe a
norma imperativa do § 3º do Art. 103 do Diploma Maior, incumbe ao Advogado-Geral da União a defesa do ato ou texto
impugnado na ação direta de inconstitucionalidade, não lhe cabendo emissão de simples parecer, a ponto de vir a
concluir pela pecha de inconstitucionalidade. Vaquejada – Manifestação cultural – Animais – Crueldade manifesta –
Preservação da fauna e da ora – Inconstitucionalidade. A obrigação de o Estado garantir a todos o pleno exercício de
direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da observância do disposto
no inciso VII do Art. 225 da Carta Federal, o qual veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade. Discrepa
da norma constitucional a denominada vaquejada.

O Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal ajuizou, em 13 de junho de 2017, Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.728,
no Supremo Tribunal Federal, ministro-relator Dias Toffoli, com o m de questionar a Emenda Constitucional nº 96/2017, que
incluiu a redação do § 7° ao Art. 225 da Constituição Federal, “para de nir condições nas quais práticas desportivas que
utilizem animais não serão consideradas cruéis”.

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