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UNIVERSIDADE LÚ RIO

FACULDADE DE ARQUITECTURA E PLANEAMENTO FÍSICO

Arquitectura e Planeamento Físico

II Ano, I semestre

Docentes:

Eliseu Alberto Oface

Blaund Blaund

Legislaçã o no Planeamento Físico em Moçambique

Nampula, 05 de Julho de 2022


UNIVERSIDADE LÚ RIO

FACULDADE DE ARQUITECTURA E PLANEAMENTO FÍSICO

Arquitectura e Planeamento Físico

II Ano, I semestre

Estudante: Vera Cecília A. Isidro

Docentes:

Eliseu Alberto Oface

Blaund Blaund

Legislaçã o no Planeamento Físico em Moçambique

Nampula, 05 de Julho de 2022


Conteúdo
Introdução................................................................................................................................................................. 4
O PLANEAMENTO FÍSICO EM MOÇAMBIQUE.............................................................................5
ENQUADRAMENTO GERAL DO PLANEAMENTO FÍSICO...........................................................6
DIRECTRIZES INTERNACIONAIS PARA O PLANEAMENTO URBANO E
TERRITORIAL...................................................................................................................................................... 6
O PLANEAMENTO FÍSICO EM MOÇAMBIQUE.................................................................................. 8
PRINCIPAIS LEIS SOBRE O PLANEAMENTO FÍSICO EM MOÇAMBIQUE...........................9
LEI DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO...................................................................................... 9
Normas e directrizes estabelecidas ao nível nacional..........................................................................11
LEI DE TERRAS............................................................................................................................................ 13
Zonas de protecção parcial........................................................................................................................... 14
REGULAMENTO DO SOLO URBANO............................................................................................... 14
Introdução
De acordo com as leis de planeamento físico predominantes em Moçambique, no
trabalho foram abordadas as leis de maior uso pelos planeadores e pelos urbanistas, tais
como a lei de terra, lei de ordenamento territorial entre outras.

Objectivos

Geral

 Conhecer a legislação nacional sobre o Planeamento Físico.

Específicos

 Identificar a legislação nacional e as directrizes internacionais sobre o


Planeamento Físico;
 Descrever a legislação (leis e regulamentos) que rege o Planeamento Físico em
Moçambique
 Verificar o nível de concordância entre a legislação nacional e as directrizes
Internacionais sobre o Planeamento Físico.

METODOLOGIA

A elaboração do presente documento compreendeu as seguintes etapas:


 Pesquisa:
Consulta de páginas digitais (internet);
Consulta de manuais digitais (pdf);
Consulta da legislação (leis, regulamentos e directrizes de nível nacional
e internacional) nos pontos relevantes para o contexto do trabalho.
 Análise:
Colecção das informações colhidas na fase da pesquisa;
Leitura minuciosa para compreensão, interpretação e contraste das
informações pertinentes para o tema em estudo.
BREVE HISTORIAL DA LEGISLAÇÃO NACIONAL SOBRE O PLANEAMENTO
FÍSICO

O actual sistema de planeamento moçambicano, procede do sistema de planeamento


português. A Política de Ordenamento do Território de 200 conduz o ordenamento
territorial do país e inspira-se na Lei de Bases da Política do Ordenamento do Território
e do Urbanismo português de 1998. Em Moçambique independente, o sistema de
planeamento urbano e territorial teve início na década de 80, quando da 1ª Reunião
Nacional de Planeamento Urbano, em que foram definidos os tipos de intervenções
prioritárias necessárias as 12 cidades existentes no país (As dez capitais provinciais
mais as vilas de Nacala e Chócue). (BATTINO, 2002). Sob a direcção do INPF previu-
se a existência de três tipos de planos: os planos de intervenções prioritárias, o plano de
estrutura e os planos parciais de urbanização foram elaborados guias de orientação para
o uso dos terrenos urbanos bem como normas destinadas aos técnicos e profissionais
designados de “guião metodológico para os técnicos médios de planeamento físico”
cuja ênfase foi dado aos planos parciais de urbanização e as normas de uso de solo e
infra-estruturas. Estes dois planos diferentes no tempo, no contexto e na escala
(BATTINO, 2002).

O PLANEAMENTO FÍSICO EM MOÇAMBIQUE


Cronologia e enquadramento institucional do planeamento em Moçambique
presentemente o processo de planeamento está subordinado ao MICOA Ministério para
a Coordenação da Acção Ambiental, mas nos primeiros anos de independência, esteve
integrado primeiro no Ministério das Obras Públicas e Habitação depois no Ministério
de Plano e finanças. O Gabinete de Habitação e Urbanização de Lourenço Marques deu
origem com a independência ao Ministério das Obras Públicas e Habitação tendo sido
criada a Direcção Nacional de Habitação (DNH), organismo que ficou responsável pela
organização física e administrativa das Cidades em Moçambique. A Direcção Nacional
de Habitação (DNH), foi transformada em 1983 em Instituto Nacional de Planeamento
Físico (INPF) e em 1984 em Secretaria de Estado de Planeamento Físico, sendo
posteriormente em 2000, convertida em Direcçã o Nacional de Planeamento e
Ordenamento Territorial (DINAPOT), já no quadro do MICOA. A DNH/INPF, foi encarregue
de preparar os planos para as cidades moçambicanas, de acordo com a primeira Lei de
Terras (lei 6/1979).

Em 1986, Moçambique tinha oficialmente 93 centros urbanos, dos quais 23 eram cidades e
68 eram vilas. Com a municipalizaçã o, em 1998 todo o seu territó rio passou a ser
considerado de solo urbano. A necessidade do seu ordenamento acentuou-se mas só veio a
ser regulamentado e amplamente difundido em 2007 com a Lei de Ordenamento do
Territó rio (Lei n° 19/2007 de 18 de Julho). A DNH/INFP/DINAPOT, implementou desde
1978 uma política de formaçã o de quadros técnicos de vá rios níveis no âmbito do
planeamento territorial. Todavia a maior dificuldade do processo de planeamento urbano
em Moçambique, continua a ser a captaçã o de recursos humanos habilitados, bem como de
recursos materiais, principalmente para os ó rgã os de governaçã o locais que lidam com o
espaço urbano mais pró ximo das comunidades, ou seja, as autarquias e os distritos.
ENQUADRAMENTO GERAL DO PLANEAMENTO FÍSICO
O planeamento urbano e territorial pode ser definido como um processo de tomada de
decisões cujo objectivo seja atingir metas económicas, sociais, culturais e ambientais
por meio do desenvolvimento de visões espaciais, estratégias e planos, bem como a
aplicação de um conjunto de princípios políticos, ferramentas, mecanismos
institucionais e de participação e procedimentos regulatórios.

(CLOS, 2015) A legislação é definida como – Parte do direito que se ocupa


especialmente do estudo dos actos legislativos. (Porto editora, 2013).

A legislação desempenha um papel fundamental no processo de planeamento porque ela


serve de molde para produção dos instrumentos de ordenamento do território (IOT) e é
ela que determina se são (ou não) exequíveis através de princípios, regras e directivas
previamente estabelecidos.

Para que se possa planear de maneira ordeira, concisa, objectiva e sustentável há


necessidade de se estabelecer em primeiro, normas que possam guiar esse processo de
planeamento.

É responsabilidade de todos os governos estabelecer legislações de bases sólidas para


que orientem os processos de planeamento urbano e territorial, e que promovam um
desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo para todas as classes sociais.

DIRECTRIZES INTERNACIONAIS PARA O PLANEAMENTO URBANO E


TERRITORIAL
O crescimento da população mundial revela que a área da urbanização necessita de cada
vez mais atenção, principalmente em países em vias de desenvolvimento dos quais
Moçambique faz parte e essa urbanização vem acompanhada tanto de oportunidades
como de desafios.

A população urbana mundial representa mais de 50% da população global. A população


urbana cresceu passando de 746 milhões em 1950 (29,6 por cento da população
mundial) para 2,85 bilhões em 2000 (46,6 por cento), chegando a 3,96 bilhões em 2015
(54 por cento). Espera-se que esse total chegue a 5,06 bilhões até 2030 (60 por cento da
população mundial). (CLOS, 2015)

Os desafios globais, como a mudança climática e a escassez de recursos, afectam


diversas áreas de várias formas, exigindo respostas novas e inovadoras. Para lidar com
esses desafios, foram testadas e implementadas diferentes abordagens de panejamento
no mundo inteiro. Embora esses esforços tenham produzido lições valiosas, as
directrizes Internacional para Planeamento Urbano e Territorial foram desenvolvidas
para preencher uma lacuna fundamental ao fornecer um quadro de referência para o
planeamento que seja aplicável em várias escalas e adaptáveis a contextos regionais,
nacionais e locais diversos.
As directrizes internacionais para o PU exortam os governos nacionais, em cooperação
com outras esferas de governo e parceiros relevantes a:

a) Formular uma estrutura de política nacional urbana e territorial que promova padrões
de urbanização sustentável;

a) Promover cooperação intermunicipal e apoiar o estabelecimento de instituições


intermunicipais e metropolitanas;

b) Promover acessibilidade de moradia para todos;

c) Definir padrões e regulações para a protecção dos recursos naturais e seu


gerenciamento sustentável;

d) Promover cidades compactas, regular e controlar a dispersão urbana, desenvolver


estratégias de densificação progressiva combinadas com regulações do mercado do solo,
optimizar o uso do espaço urbano, reduzir o custo da infra-estrutura e a demanda por
transporte, e limitar o impacto das áreas urbanas, visando lidar eficientemente com os
desafios das mudanças climáticas;

e) Garantir que planos urbanos e territoriais desenvolvam serviços de energia


sustentáveis, visando melhorar o acesso à energia limpa, reduzindo o consumo de
combustível fóssil e promovendo combinações de energia apropriadas, assim como a
eficiência energética em edifícios, indústrias e serviços de transporte multimodais. As
autoridades locais, por sua vez são aconselhadas em cooperação com outras esferas de
governo e parceiros relevantes, a:

a) Aprovar, revisar e actualizar continuamente (por exemplo, a cada 5 ou 10 anos)


planos urbanos e territoriais em suas jurisdições;

b) Supervisionar empresas privadas e profissionais contratados para preparação de


planeamento urbano e territorial para garantir o alinhamento de planos com pontos de
vista políticos locais, políticas nacionais e princípios internacionais.

c) Promover e criar planos urbanos e territoriais abrangendo: Uma estrutura espacial


clara, escalonada e priorizada para a provisão de serviços básicos para todos; Um guia
estratégico e mapas físicos para o solo, desenvolvimento de moradias, e transporte, com
especial atenção às necessidades atuais e previstas dos grupos de baixa renda e
socialmente vulneráveis; Regulações que incentivem a diversidade social e o uso misto
do solo, com vistas a oferecer um espectro atraente e acessível de serviços, moradia e
oportunidades de trabalho para uma ampla gama da população.

d) Oferecer espaços públicos de qualidade, melhorar e revitalizar espaços públicos


existentes como praças, ruas, áreas verdes e complexos esportivos e torná-los mais
seguros, alinhados com as necessidades e as perspectivas da sociedade e acessíveis a
todos;
e) Garantir que as áreas de baixa renda, os assentamentos informais e as favelas sejam
melhoradas e integradas ao tecido urbano com o mínimo de perturbações nos meios de
subsistência, deslocamentos e relocações.

f) Facilitar a segurança da posse e o acesso ao controle da terra e da propriedade, assim


como o acesso a financiamentos para famílias de baixa renda;

g) Garantir que o planeamento urbano e territorial crie condições favoráveis para


desenvolver sistemas de transporte de cargas e transporte de massa seguros e confiáveis,
minimizando o uso de veículos individuais para facilitar a mobilidade urbana de uma
maneira económica e que economize energia;

h) Usar o planeamento urbano e territorial para reservar um espaço adequado para ruas,
visando desenvolver uma rede de ruas seguras, confortáveis e eficientes, permitindo um
alto nível de conectividade e incentivando o transporte não motorizado para melhorar a
produtividade económica e facilitar o desenvolvimento económico local; Profissionais
de planeamento e suas associações devem:

a) Facilitar processos de planeamento urbano e territorial, contribuindo com suas


competências durante todos os estágios preparatórios e mobilizando as partes
interessadas envolvidas nas mesmas causas;

b) Contribuir para o avanço do conhecimento baseado em pesquisas sobre planeamento


urbano e territorial e organizar seminários e fóruns consultivos para aumentar o nível de
conscientização pública sobre as recomendações das directrizes;

c) Colaborar com instituições de ensino e treinamento para avaliar e desenvolver o


currículo universitário e profissional sobre planeamento urbano e territorial para
introduzir o conteúdo das directrizes nesses currículos, com a adaptação necessária e
elaboração futura, e contribuir com programas de desenvolvimento de capacidades.

O PLANEAMENTO FÍSICO EM MOÇAMBIQUE


Cronologia e enquadramento institucional do planeamento em Moçambique
Presentemente o processo de planeamento está subordinado ao MICOA, mas nos
primeiros anos de independência, esteve integrado primeiro no Ministério das Obras
Públicas e Habitação depois no Ministério de Plano e Finanças. O Gabinete de
Habitação e Urbanização de Lourenço Marques deu origem com a independência ao
Ministério das Obras Públicas e Habitação tendo sido criada a Direcção Nacional de
Habitação (DNH), organismo que ficou responsável pela organização física e
administrativa das Cidades em Moçambique. A Direcção Nacional de Habitação
(DNH), foi transformada em 1983 em Instituto Nacional de Planeamento Físico (INPF)
e em 1984 em Secretaria de Estado de Planeamento Físico, sendo posteriormente em
2000, convertida em Direcção Nacional de Planeamento e Ordenamento Territorial
(DINAPOT), já no quadro do MICOA.
A DNH/INPF, foi encarregue de preparar os planos para as cidades moçambicanas, de
acordo com a primeira Lei de Terras (lei 6/1979). Em 1986, Moçambique tinha
oficialmente 93 centros urbanos, dos quais 23 eram cidades e 68 eram vilas. Com a
municipalização, em 1998, todas as cidades e 10 vilas passaram a municípios, ou seja,
todo o seu território passou a ser considerado de solo urbano. A necessidade do seu
ordenamento acentuou-se mas só veio a ser regulamentado e amplamente difundido em
2007 com a Lei de Ordenamento do Território (Lei n° 19/2007 de 18 de Julho).

A DNH/INFP/DINAPOT, implementou desde 1978 uma política de formação de


quadros técnicos de vários níveis no âmbito do planeamento territorial. Todavia a maior
dificuldade do processo de planeamento urbano em Moçambique, continua a ser a
captação de recursos humanos habilitados, bem como de recursos materiais,
principalmente para os órgãos de governação locais que lidam com o espaço urbano
mais próximo das comunidades, ou seja, as autarquias e os distritos.

PRINCIPAIS LEIS SOBRE O PLANEAMENTO FÍSICO EM MOÇAMBIQUE


A seguir apresentar-se-ão as 2 leis:

 Lei do Ordenamento do Território de 2007


 Lei de Terras de 1997 que incidem directamente sobre o planeamento físico no
nosso país e 1 regulamento (Regulamento do Solo Urbano de 2006).

LEI DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO


A lei de ordenamento do território actualmente vigente no nosso país é a lei n° 19/2007
de 18 de Julho.

A LOT/2007 possui 6 capítulos e 31 artigos.

O artigo 1 da define o Ordenamento do Território como: conjunto de princípios,


directivas e regras que visam garantir a organização do espaço nacional através de um
processo dinâmico, contínuo, flexível e participativo na busca do equilíbrio entre o
Homem, o meio físico e os recursos naturais, com vista à promoção do desenvolvimento
sustentável.

Segundo o artigo 5 o ordenamento do território tem como objectivos:

Geral:

I. Assegurar a organização do espaço nacional e a utilização sustentável dos seus


recursos naturais, estabelecendo as condições legais, administrativas, culturais e
materiais favoráveis ao desenvolvimento social e económico do país, à
promoção da qualidade de vida das pessoas, à protecção e conservação do meio
ambiente.

Específicos:
II. Garantir o direito à ocupação actual do espaço físico nacional pelas pessoas e
comunidades locais, consideradas como o elemento mais importante em
qualquer intervenção de ordenamento e planeamento do uso da terra, dos
recursos naturais ou do património construído.
III. A requalificação das áreas urbanas de ocupação espontânea, degradadas, ou
como resultado de ocupações de emergência.
IV. A identificação e a valorização das potencialidades de actividade económica,
social e cultural da população rural visando a sua maior e melhor inserção nos
sectores mais dinâmicos da economia nacional, para que se obtenha uma alta
produtividade, para benefício directo das próprias comunidades em cujo
território se identifiquem tais potencialidades
V. A preservação do equilíbrio ecológico, da qualidade e da fertilidade dos solos,
da pureza do ar, a defesa dos ecossistemas e dos habitats frágeis, das florestas,
dos recursos hídricos, das zonas ribeirinhas e da orla marítima,
compatibilizando as necessidades imediatas das pessoas e das comunidades
locais com os objectivos de salvaguarda do ambiente.
VI. A defesa, a preservação e a valorização do património construído e da paisagem
natural ou transformada pelo Homem.
VII. A compatibilização e articulação das políticas e estratégias ambientais e de
desenvolvimento socioeconómico respeitando as formas actuais de ocupação do
território.
VIII. A optimização da gestão dos recursos naturais para que o seu uso e
aproveitamento, bem como a defesa e a protecção do meio ambiente, se
processem com a estrita observância da lei.
IX. A gestão dos conflitos de interesses, privilegiando sempre o acordo entre as
partes salvaguardando os direitos de ocupação das comunidades loca. Segundo
o artigo 6 o Estado e as Autarquias Locais tem o dever de Ordenar o Território.

No âmbito da utilização dos Recursos Naturais, o artigo 7 estipula que:

I. O ordenamento do território deve respeitar o uso e aproveitamento da terra e dos


recursos naturais nos termos da Lei sem prejuízo da preservação da propriedade
do Estado.
II. O ordenamento do território deve garantir a organização do domínio público, da
terra ocupada segundo as práticas costumeiras e pelas autarquias locais,
designadamente: as águas territoriais, as estradas, os caminhos públicos e
servidões, os lugares sagrados e cemitérios, as praias, zonas de protecção da
natureza, de uso e interesse militarem e das fronteiras, portos, aeroportos,
monumentos nacionais e outros, nos termos da legislação em vigor.

O artigo 8 apresenta os 4 níveis de intervenção do ordenamento do território,


nomeadamente:

1. Nacional.

2. Provincial.
3. Distrital.

4.Autárquico.

A lei no artigo 10 constitui os instrumentos de ordenamento territorial nos níveis acima


mencionados os seguintes respectivamente:

I. O Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial, que define e estabelece as


perspectiva e as directrizes gerais que devem orientar o uso de todo o território
nacional e as prioridades das intervenções à escala nacional;
II. Os Planos Especiais de Ordenamento do Território, que estabelecem os
parâmetros e as condições de uso de zonas com continuidade espacial, ecológica
ou económica de âmbito interprovincial.
III. Os Planos Provinciais de Desenvolvimento Territorial, de âmbito provincial e
interprovincial, que estabelecem a estrutura de organização espacial do território
de uma ou mais províncias e definem as orientações, medidas e as acções
necessárias ao desenvolvimento territorial, assim como os princípios e critérios
específicos para a ocupação e utilização do solo nas diferentes áreas, de acordo
com as estratégias.

Normas e directrizes estabelecidas ao nível nacional


Planos Distritais de Uso da Terra, de âmbito distrital e interdistrital, queestabelecem a
estrutura da organização espacial do território de um ou mais distritos.

I. Planos de Estrutura Urbana, que estabelecem a organização espacial da


totalidade do território do município ou povoação. Os parâmetros e as normas
para a sua utilização, lendo em conta a ocupação actual, as infra-estruturas e os
equipamentos sociais existentes e a implantar e a sua integração na estrutura
espacial regional;
II. Os Planos Gerais e Parciais de Urbanização, que estabelecem a estrutura e
qualificam o solo urbano, tendo em consideração o equilíbrio entre os diversos
usos e funções urbanas, definem as redes de transporte, comunicações; energia e
saneamento, os equipamentos sociais com especial atenção às zonas de
ocupação espontânea como base sócio espacial para a elaboração do plano;
III. Os Planos de Pormenor, que definem com pormenor a tipologia de ocupação de
qualquer área específica do centro urbano, estabelecendo a concepção do espaço
urbano, dispondo sobre usos do solo e condições gerais de edificações, o
traçado das vias de circulação, as características das redes de infra-estruturas e
serviços, quer para novas áreas ou para áreas existentes, caracterizando as
fachadas dos edifícios e arranjos dos espaços livres.
Ao nível Autárquico o ultimo instrumento de Ordenamento Territorial em
Moçambique, sendo antecedido pelos planos de estrutura urbana e Gerais r
Parciais de urbanização , assim como outros lots teve aumento significativo
após a aprovação da Lei de Ordenamento do Território e do seu regulamento.
Quanto a questão do sistema de gestão territorial o artigo 9 caracteriza os níveis da
seguinte maneira:

I. A nível nacional, definem-se as regras gerais da estratégia do ordenamento do


território, as normas e as directrizes para as acções de ordenamento, provincial,
distrital e municipal e compatibilizam-se as políticas sectoriais de
desenvolvimento do território.
II. A nível provincial, definem-se as estratégias de ordenamento do território da
província, integrando-as com as estratégias nacionais de desenvolvimento
económico e social e estabelecem-se as directrizes para o ordenamento distrital
e municipal.
III. A nível distrital, elaboram-se os planos de ordenamento do território da área do
distrito e os projectos para sua implementação, reflectindo as necessidades e
aspirações das comunidades locais, integrando-os com as políticas nacionais e
de acordo com as directrizes de âmbito nacional e provincial.

A nível autárquico, estabelecem-se os programas, planos, projectos de desenvolvimento


e o regime de uso do solo urbano de acordo com as leis vigentes.Segundo a lei
constituem instrumentos de carácter geral os seguintes:

I. Qualificação dos Solos – instrumento informativo e indicativo da utilização


preferencial dos terrenos em função da sua aptidão natural ou da actividade
dominante que neles se exerça, ou possa ser exercida, para seu mais correcto uso
e aproveitamento e garantia da sustentabilidade ambiental;
II. Cadastro Nacional de Terras – instrumento vinculativo e indicativo dos titulares
dos direitos de uso e aproveitamento da terra, a localização geográfica, a forma,
as regras e os prazos para a sua utilização, os usos e, ou a vocação preferencial
para a utilização, protecção e conservação dos solos;
III. Inventários Ambientais, Sociais e Económicos – instrumentos informativos a
elaborar pelos vários órgãos sectoriais, através da recolha e tratamento de dados
ambientais, sociais e económicos;
IV. Zoneamento – instrumento de carácter informativo e indicativo, elaborado com
base na qualificação dos solos, existência de recursos naturais e na ocupação
humana, que qualifica e divide o território em áreas vocacionadas
preferencialmente para determinadas actividades de carácter económico, social e
ambiental.

Os instrumentos de carácter geral, enunciados acima, são acessíveis a todos os


intervenientes no processo de ordenamento do território, para os fins dispostos na
presente lei.

Segundo o artigo 13 a elaboração e a aprovação dos instrumentos de gestão territorial é


da competência dos seguintes órgãos:

I. A nível nacional – Conselho de Ministros, sob a coordenação do órgão que


superintende a actividade de planeamento do território;
II. A nível provincial – Governo Provincial, sob coordenação do órgão que
superintende a actividade de planeamento do território ao nível provincial;
III. A nível distrital – Governo Distrital, sob a coordenação do órgão que
superintende a actividade de planeamento do território ao nível distrital;
IV. A nível autárquico – órgãos autárquicos competentes para o efeito. O mesmo
artigo fala ainda da obrigatoriedade da elaboração dos instrumentos de gestão
territorial para os níveis distrital e autárquico.

Conforme disposto no artigo 14, os instrumentos de gestão territorial devem ser


ratificados para verificar a sua conformidade com as disposições legais e
regulamentares vigentes. Podendo essa ratificação ser parcial, aproveitando-se apenas a
parte que se mostrar conforme as leis e regulamentos em vigor.

Quanto a alteração o artigo 15 estipula que:

I. Os instrumentos de gestão territorial podem ser alterados sempre que as


perspectivas do desenvolvimento administrativo, económico, social e jurídico o
justifiquem.
II. Os instrumentos de gestão territorial, vinculativos para os particulares, devem
respeitar um período mínimo de vigência de 2 anos, durante o qual eventuais
alterações terão carácter excepcional.
III. O processo de alteração está sujeito aos mesmos requisitos para a elaboração e a
aprovação do respectivo instrumento, sob pena de nulidade.

O artigo 16 sustenta que os instrumentos de gestão territorial deverão ser revistos


periodicamente. Para que as revisões sejam efectuadas as entidades responsáveis pela
monitorização da aplicação dos instrumentos de gestão territorial, elaborarão relatórios
periódicos fazendo o balanço da sua execução, fundamentando a sua eventual
necessidade de revisão (art. 17).

Sobre a fiscalização o artigo 27 estipula que:

I. O Ministério Público acompanha e intervém, para fiel aplicação da lei, em todo


o processo de ordenamento do território, na elaboração dos instrumentos de
gestãoterritorial e sua fiscalização.
II. A fiscalização administrativa e ambiental serão exercidas nos termos da lei.

LEI DE TERRAS
A lei de terras actualmente vigente no nosso país é a lei nº 19/97 de 1 de Outubro. Esta
lei estabelece os termos em que se opera a constituição, exercício, modificação,
transmissão e extinção direito de uso e aproveitamento da terra.

O artigo 3 estabelece que a terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida ou, por
qualquer outra forma, alienada, hipotecada ou penhorada.

O cadastro nacional de terras segundo o artigo 5 compreende a totalidade dos dados


necessários para:
I. Conhecer a situação económico-jurídica das terras;
II. Conhecer os tipos de ocupação, uso e aproveitamento, bem como a avaliação da
fertilidade dos solos, manchas florestais, reservas hídricas de fauna e de flora,
zonas de exploração mineira e de aproveitamento turístico;
III. Organizar eficazmente a utilização da terra, sua protecção e conservação;
IV. Determinar as regiões próprias para produções especializadas

O Cadastro Nacional de Terras procede à qualificação económica dos dados de modo a


permitir fundamentar a planificação e a distribuição dos recursos do país. São de
domínio público segundo o artigo 6 as zonas de protecção total e parcial.

Os artigos 7 e 8 definem respectivamente as zonas acima citadas conforme ilustrado abaixo:

Zonas de protecção total

Consideram-se zonas de protecção total as áreas destinadas a actividades de conservação ou


preservação da natureza e de defesa e segurança do Estado.

Zonas de protecção parcial


Consideram-se zonas de protecção parcial:

I. O leito das águas interiores, do mar territorial e da zona económica exclusiva a


plataforma continental;
II. A faixa da orla marítima e no contorno das ilhas, baías e estuários, medida da linha das
máximas preia-mares até 100 metros para o interior do território;
III. A faixa de terreno até 100 metros confinante com as nascentes de água;
IV. A faixa de terreno no contorno de barragens e albufeiras até 250 metros;
V. Os terrenos ocupados pelas linhas-férreas de interesse público e pelas respectivas
estações com uma faixa confinante de 50 metros de cadalado do eixo da via;
VI. Os terrenos ocupados pelas auto-estradas e estradas de quatro faixas, instalações e
condutores aéreos, superficiais, subterrâneos e submarinos de electricidade,de
telecomunicações, petróleo, gás e água, como uma faixa confinante de 50 metros de
cada lado, bem como os terrenos ocupados pelas estradas, com uma faixa confinante de
30 metros para as estradas primárias e de 15 metros para as estradas secundárias e
terciárias
VII. A faixa de dois quilómetros ao longo da fronteira terrestre;
VIII. Os terrenos ocupados por aeroportos e aeródromos, com uma faixa confinante de 100
metros;
IX. A faixa de terreno de 100 metros confinante com instalações militares e outras
instalações de defesa e segurança do Estado.

REGULAMENTO DO SOLO URBANO


O solo urbano é definido como toda a área compreendida dentro do perímetro dos municípios,
vilas e das povoações legalmente instituídas. O regulamento do solo urbano aplica-se as áreas
de cidade e vila legalmente existentes e nos assentamentos humanos ou aglomerados
populacionais organizados por um plano de urbanização.

O regulamento do solo vigente no nosso país foi instituído pelo decreto nº 60 de 26 de


Dezembro de 2006 possui 7 capítulos e perfaz um total de 52 artigos.
O artigo 3 define as condições da realização (não) de actividades nas zonas de protecção parcial,
as seguintes:

I. Sem prejuízo de direitos adquiridos, nas áreas de protecção parcial não pode ser
adquirido o direito de uso e aproveitamento da terra.
II. Órgãos locais do estado e autárquicos podem emitir licenças especiais para exercício de
actividades determinadas nestas zonas, de acordo com as normas e regulamentos
aplicáveis, estabelecendo para o efeito os respectivos prazos de validade.
III. A emissão das licenças referidas no número anterior só pode ter lugar caso não haja
objecção das entidades locais que superintendem na gestão das águas interiores e
marítimas, estradas e linhas férreas nacionais, aviação civil, energia, defesa e ordem
pública, conforme for aplicável.
IV. Para efeitos do número anterior, os órgãos locais do estado e autárquicos devem
solicitar parecer, que será dado num prazo não superior a 30 dias.

O Artigo 6 define os termos de articulação dos planos

I. A classificação dos planos de ordenamento de nível autárquico é hierárquica, sendo


vedado que planos de classificação inferior revoguem disposições dos planos de
classificação superior.
II. O órgão central do estado que superintende na administração local do estado pode, sob
proposta devidamente fundamenta, autorizar:
III. A dispensa de planos de urbanização;
IV. Que a implementação do plano de estrutura seja realizada por intermédio de planos
parciais de urbanização;
V. Que o tratamento de áreas limitados e bem caracterizadas nos planos de estrutura possa
ser feito através de planos de pormenor, com dispensa dos planos de urbanização.

Segundo o artigo 8 na elaboração dos planos deve ser tomada em consideração a necessidade de
reserva de solo urbano para desenvolvimento de projectos do estado.

De acordo com o artigo 13 sobre compete à equipa técnica da elaboração do plano:

I. Informar e divulgar publicamente os objectivos do inquérito


II. Recolher a informação relativa aos ocupantes e ocupações existentes
III. Receber e processar as reclamações que lhe sejam apresentadas.
IV. Elaborar o relatório de inquérito e submete-lo à aprovação do respectivo órgão
local da administração pública.
O artigo 22 classifica os níveis de urbanização consoante a quantidade e qualidade das
facilidades de uso público, colocadas à disposição dos utentes, estabelecendo-se os
seguintes:
a) Urbanização básica;
b) Urbanização intermédia;
c) Urbanização completa.

1. A urbanizaçã o bá sica é estabelecida quando na zona estã o cumulativamente


reunidas, pelo menos, as seguintes condiçõ es:
a) As parcelas ou talhõ es destinados aos diferentes usos estã o fisicamente
delimitados;
b) O traçado dos arruamentos é parte de uma malha de acessos que integra a
circulaçã o de automó veis com acesso pedonais a cada morador;
c) Existe fornecimento de á gua em quantidade e qualidade compatível com
os usos através de fontes dispersas, nomeadamente fontaná rios pú blicos,
poços ou furos;
d) Os arruamentos estã o arborizados.

2. A intermédia é estabelecida quando na zona estã o cumulativamente reunidas,


pelo menos, as seguintes condiçõ es:
a) As parcelas ou talhõ es destinados aos diferentes usos estã o fisicamente
delimitados;
b) Os arruamentos sã o acabados com solos de boa qualidade estabilizados
mecanicamente;
c) Existe um sistema a céu aberto para drenagem de á guas pluviais;
d) O abastecimento de á gua é assegurado por uma rede com distribuiçã o
domiciliá ria;
e) O abastecimento de energia eléctrica é assegurado por uma rede com
distribuiçã o domiciliá ria;
f) Os arruamentos e zonas verdes estã o completamente arborizados.

3. A urbanizaçã o completa é estabelecida quando na zona estã o cumulativamente


reunidas, pelo menos, as seguintes condiçõ es:
a) As parcelas ou talhõ es destinados aos diferentes usos estã o fisicamente
demarcados;
b) Os arruamentos sã o acabados com asfalto ou betã o, sendo limitados por lancis;
c) A drenagem de á guas pluviais é feita por rede apropriada;
d) O abastecimento de á gua é assegurado por uma rede com distribuiçã o
domiciliá ria;
e) O abastecimento de energia eléctrica é assegurado por uma rede com
distribuiçã o
domiciliá ria;
f) Os arruamentos e zonas verdes estã o completamente arborizados;
g) Os passeios pú blicos sã o revestidos;
h) As comunicaçõ es telefó nicas sã o asseguradas por redes apropriadas.
Conclusão
Sabendo todos que para algo funcionar devidamente precisamos de regras e
normas de utilização para chegar a uma boa conclusão do mesmo, assim também
funciona com o planeamento físico do nosso pais, estabelecem leis que
consoante o cumprimento teremos um bom funcionamento de tudo que diz
respeito as cidades Moçambicanas. Chegamos de conhecer essas leis e desde o
seu estabelecimento é cumprido até aos dias de hoje, como resultado hoje
contamos com menos problemas urbanísticos.

Bibliografia
 Código de Postura Camarária
 Regulamento Geral das Edificações Urbanas
 Lei de terras PDF

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