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Agira Ibraimo Daudo

Eugénio dos Santos Semedo


Graciano Emílio Albano Vaquina
Tonecas António Muando

ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO DO ESTADO


(Curso de licenciatura em Economia 4⁰ ano com Habilidade em Planificação Económica)

UNIVERSIDADE ROVUMA
NAMPULA
2024
Agira Ibraimo Daudo
Eugénio dos Santos Semedo
Graciano Emílio Albano Vaquina
Tonecas António Muando

ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO DE ESTADO


(Curso de Licenciatura em Economia 4⁰ ano, com Habilidades em Planificação económica)

Trabalho de caracter avaliativo, a ser apresentado


no departamento de Ciências Económicas e
Empresariais, do 5⁰ grupo, lecionado pelo
Docente: Dr. Sadoque Elias de Nascimento

UNIVERSIDADE ROVUMA
NAMPULA
2024
ÍNDICE

1. Introdução...........................................................................................................................1

1.1. Objetivo Geral.................................................................................................................1

1.2. Objetivos Específicos......................................................................................................1

1.3. Metodologia....................................................................................................................2

2. ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO DE ESTADO.........................................................3

3.CICLO DE PLANIFICAÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO ECONÓMICO E. . .3

3.1. Elaboração do CFMP (Nov N-2 a Maio N-1).................................................................3

3.2. Comunicação de Limites e envio de Orientações para Elaboração do PES & OE.........4

3.3. Ajuste das propostas; Sector/ Província preparação da proposta do PES.......................4

3.4. Fecho do Sistema (MEO); início da elaboração do PES /OE Nacional para o ano........4

3.5. Submissão da proposta do PES/OE para Conselho de Ministros (15 de Setembro).......5

3.6. Submissão da proposta do PES/OE para AR (30 de Setembro)......................................5

3.7. Aprovação do PES/OE pela AR (até 15 de Dezembro)..................................................5

3.8. Início da Execução do PES e OE (01 de Janeiro)...........................................................5

4.1. Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2015-2035.....................................................7

4.1.1. Plano Quinquenal do Governo (PQG).........................................................................7

4.1.2. Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE).....................................7

4.1.3. Planos Estratégicos Sectoriais, Provinciais e Distritais...............................................8

4.1.4. Cenário Fiscal de Médio Prazo....................................................................................8

4.1.5. Orientações e Metodologia para Elaboração do PES e do OE....................................9

4.1.6. Limites Indicativos para Elaboração do PES e do OE................................................9

4.2. RELAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS NACIONAIS...............................................9

5. QUADRO DE PLANIFICAÇÃO E ORÇAMENTAÇÃO EM MOÇAMBIQUE...........10

6. INSTRUMENTOS CRÍTICOS DE PLANIFICAÇÃO E ORÇAMENTAÇÃO..............11

7. PREPARAÇÃO E APROVAÇÃO DO ORÇAMENTO EM MOÇAMBIQUE...............12

7.1. Aprovação do orçamento ( art. 26 )..............................................................................13


6.2. Não aprovação...................................................................................................................13

6.3. Publicação:........................................................................................................................13

6.4. Execução do orçamento uma vez aprovado ( art. 28 leoe ):.............................................14

8. Conclusão..........................................................................................................................15

9. Bibliografia.......................................................................................................................16
1

1. Introdução

A elaboração do Orçamento de Estado é um processo essencial para a gestão das


finanças públicas e a alocação de recursos em um país. Em Moçambique, esse processo segue
um ciclo de planificação que envolve a elaboração do Plano Económico e Social e culmina na
aprovação do Orçamento do Estado. Este trabalho analisará o ciclo de planificação, a relação
entre os instrumentos de planificação e orçamentação, o quadro de planificação e
orçamentação em Moçambique, os instrumentos críticos envolvidos nesse processo e a
preparação e aprovação do orçamento, com foco no contexto moçambicano.

O orçamento do Estado é uma peça fundamental no contexto da administração pública,


pois é por meio daquele que é definido como diretrizes para a aplicação dos recursos
financeiros disponíveis. Trata-se de um instrumento que reflete as prioridades e compromissos
do governo em relação às políticas públicas e aos serviços prestados à população.

O processo de elaboração do orçamento do Estado envolve uma série de etapas e


procedimentos que visam garantir a transparência, a eficiência e a legalidade na gestão dos
recursos públicos. Desde a elaboração da proposta inicial pelo Poder Executivo até a
aprovação final pelo Poder Legislativo, o orçamento passa por um intenso debate e análise,
envolvendo diversos interessados e interesses.

1.1. Objetivo Geral

 Analisar o processo de elaboração do Orçamento de Estado em Moçambique,


destacando o ciclo de planificação e os instrumentos críticos envolvidos nesse
processo.

1.2. Objetivos Específicos

 Explorar o ciclo de planificação utilizado na elaboração do Plano Económico e


Social e Orçamento do Estado em Moçambique.
 Investigar a relação entre os diferentes instrumentos de planificação e
orçamentação no contexto moçambicano.
 Descrever o quadro de planificação e orçamentação em Moçambique.
 Analisar o processo de preparação e aprovação do orçamento, com destaque
para as particularidades do caso moçambicano.
2

1.3. Metodologia

Para atingir os objetivos propostos, este trabalho utilizará uma abordagem qualitativa, com
base em pesquisa documental e análise de fontes secundárias. Serão consultadas publicações
oficiais, relatórios governamentais, legislação pertinente e estudos acadêmicos sobre o tema.
Além disso, serão consideradas entrevistas com especialistas e profissionais da área para
complementar a análise.
3

2. ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO DE ESTADO

O orçamento Estado é uma lei na qual devem estar presentes as prioridades do governo
em consonância com as necessidades da sociedade. Para que o processo de elaboração do
orçamento do Estado contemple as necessidades da sociedade, é muito importante a
consolidação sistemática de ações participativas no processo orçamentário e nas definições
das prioridades das políticas de governo.

Todo ano o governo elabora, então, um documento que prevê em detalhes as receitas
disponíveis e as despesas previstas para o ano. Esse documento é o orçamento público.

O dicionário Michaelis da Língua Portuguesa traz as seguintes definições de orçamento:

“(1) Ação ou efeito de orçar. (2) Cálculo dos gastos a


fazer com a realização de qualquer obra ou empresa. (3)
Cálculo prévio da receita e despesa. Orçamento do Estado:
fixação das despesas públicas e estimativa da receita para um
ano fiscal.”

3. CICLO DE PLANIFICAÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO


ECONÓMICO E SOCIAL E ORÇAMENTO DO ESTADO

O processo de planificação e orçamentação inicia com a elaboração do Cenário Fiscal


de Médio Prazo, instrumento através do qual se faz a previsão das receitas e despesas, para
posterior comunicação dos limites indicativos a todos os níveis (central, provincial e distrital).
Em seguida, inicia-se com a elaboração da Proposta do PESOE, para ser apreciada a nível do
Conselho de Ministros e submetida a Assembleia da República (AR).

Ciclo de Planificação para a elaboração do Plano Económico e Social e Orçamento do


Estado

3.1. Elaboração do CFMP (Nov N-2 a Maio N-1)

Este é o instrumento através do qual se faz a previsão das receitas e despesas, para
posterior comunicação dos limites indicativos a todos os níveis (central, provincial e
distrital)
4

3.2. Comunicação de Limites e envio de Orientações para Elaboração do PES &


OE para ano N+1 (31 de Maio)
Nesta fase, são comunicados os limites orçamentais e enviadas as orientações para
a elaboração do Plano Económico e Social (PES) e Orçamento do Estado (OE) para o
próximo ano (ano N+1). Estas orientações são enviadas para os Órgãos de Governação
Descentralizados Provinciais (OGDP’s).
Este processo garante que todos os níveis de governação (central, provincial e distrital)
estejam alinhados e preparados para a elaboração das suas propostas de PES e OE123.
A partir de junho, cada Unidade Gestora Beneficiária (UGB) começa a elaborar a sua
proposta do PESOE/PO-OGDP para o ano N+1.
3.3. Ajuste das propostas; Sector/ Província preparação da proposta do PES
Sectorial/Provincial para ano N+1

Cada UGB digita proposta do OE do ano N+1 no MEO. (Junho & julho) é uma etapa
importante no ciclo de planificação e orçamentação em Moçambique.

Nesta fase, cada Unidade Gestora Beneficiária (UGB) começa a elaborar a sua proposta
do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) / Plano e Orçamento dos
Órgãos de Governação Descentralizada Provinciais (PO-OGDP) para o próximo ano (ano
N+1).

Este processo envolve a harmonização das propostas dos diferentes sectores e


províncias. Cada sector/província prepara a sua proposta do PES sectorial/provincial para o
próximo ano.

3.4. Fecho do Sistema (MEO); início da elaboração do PES /OE Nacional para o
ano N+1 (31 de Agosto)
É uma etapa crucial no ciclo de planificação e orçamentação em Moçambique.
Nesta fase, que ocorre no dia 31 de Julho, o Módulo de Elaboração Orçamental
(MEO) é encerrado. Isto marca o fim do período de submissão das propostas do Plano
Económico e Social (PES) ao Ministério da Planificação e Desenvolvimento (MPD).
Após o fecho do MEO, inicia-se a elaboração do PES e Orçamento do Estado (OE)
Nacional para o próximo ano (ano N+1). Este processo envolve a consolidação das
propostas dos diferentes sectores e províncias para formar o PES/OE Nacional.
5

3.5. Submissão da proposta do PES/OE para Conselho de Ministros (15 de


Setembro)

A “Submissão da proposta do PES/OE para Conselho de Ministros” é uma etapa


importante no ciclo de planificação e orçamentação em Moçambique. Esta etapa
ocorre no dia 15 de Setembro de cada ano.
Nesta fase, as propostas do Plano Económico e Social (PES) e Orçamento do Estado
(OE) são submetidas ao Conselho de Ministros para apreciação. Após a aprovação
pelo Conselho de Ministros, as propostas serão em breve submetidas ao Parlamento
para aprovação.

3.6. Submissão da proposta do PES/OE para AR (30 de Setembro)

A “Submissão da proposta do PES/OE para Assembleia da República (AR)” é uma


etapa crucial no ciclo de planificação e orçamentação em Moçambique. Esta etapa
ocorre no dia 30 de Setembro de cada ano.
Nesta fase, as propostas do Plano Económico e Social (PES) e Orçamento do Estado
(OE) são submetidas à Assembleia da República (AR) para apreciação. Após a
submissão, inicia-se o ciclo de discussão e apresentação de propostas de alterações em
sede parlamentar.

3.7. Aprovação do PES/OE pela AR (até 15 de Dezembro)

A “Aprovação do PES/OE pela Assembleia da República (AR)” é uma etapa


fundamental no ciclo de planificação e orçamentação em Moçambique. Esta etapa
ocorre até o dia 15 de Dezembro de cada ano.
Nesta fase, a proposta do Plano Económico e Social (PES) e Orçamento do Estado
(OE) é apresentada à Assembleia da República (AR) para apreciação e aprovação. A
aprovação pela AR é crucial, pois valida o plano e o orçamento para o próximo ano
(ano N+1).

3.8. Início da Execução do PES e OE (01 de Janeiro)

Em Moçambique, a execução do Plano Económico e Social (PES) e do Orçamento do


Estado (OE) começa no início do ano civil, ou seja, no dia 1 de Janeiro.
6

O PES e o OE são instrumentos fundamentais de planificação e orçamentação que


definem as metas económicas e sociais do país para o ano seguinte. A proposta de lei
do PES e do OE é apresentada ao Conselho de Ministros pelo Ministro do Plano e
Finanças, para a sua apresentação à Assembleia da República.
A execução do PES e do OE é um processo contínuo que envolve o acompanhamento
das ações programadas, a facilitação do acompanhamento da execução das ações
associadas ao respectivo orçamento e a ligação dos resultados através de indicadores e
de metas físicas.
4. OS DIFERENTES INSTRUMENTOS DE PLANIFICAÇÃO E
ORÇAMENTAÇÃO

O Governo de Moçambique, no seu processo de planificação e orçamentação, rege-se


por normas e instrumentos legais aprovados pela Assembleia República (tem carácter legal)
como aprovados pelo Governo (tem carácter administrativo e executivo). Estes instrumentos
podem ser Leis, Planos, Estratégias, Políticas, Procedimentos entre outros, que servem para
orientar o processo de planificação. Os principais instrumentos que orientam o processo de
planificação e orçamentação do país são:

 Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2015-2035


 Plano Quinquenal do Governo (PQG)
 A Lei 9/2002/ de 12 de Fevereiro, Lei do SISTAFE
 Planos Estratégicos Sectoriais e Territoriais, que no caso vertente da APIEX são o
Plano Integrado de Investimentos e o Plano Estratégico de Promoção de Investimento
Privado;
 Cenário Fiscal de Médio Prazo (CFMP)
 Metodologia para a Elaboração das Propostas do Plano Económico e Social,
Orçamento do Estado e Balanço do Plano Económico e Social (Guião Único)
aprovado pelo MEF em Maio de 2017).

Analisa-se à seguir cada um destes documentos tendo em conta a sua pertinência para o
processo de planificação.

4.1. Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2015-2035

A Estratégia Nacional de Desenvolvimento é um instrumento de orientação estratégica


do governo que visa orientar o desenvolvimento económico e social do País a longo prazo,
7

cabendo aos sectores traduzir as linhas prioritárias em acções específicas. As linhas


prioritárias definidas pela Estratégia Nacional de Desenvolvimento inspiram-se nas
abordagens definidas nos seguintes instrumentos:

 Agenda 2025,
 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio,
 Plano Prospectivo Indicativo,
 Plano Estratégico e Indicativo da SADC;
 Mecanismo Africano para a Revisão de Pares;
 Estratégias sectoriais e Territoriais,
 Relatórios nacionais de avaliação da pobreza, entre outros instrumentos nacionais e
internacionais.

4.1.1. Plano Quinquenal do Governo (PQG)

É o principal instrumento de planificação no contexto moçambicano. Este plano


apresenta os principais objectivos para um período de 5 anos e é a base de todo o processo de
planificação durante estes anos. Outros planos devem ter em consideração os principais
objectivos aqui apresentados. O PQG é aprovado pela Assembleia da República e reflecte as
grandes linhas de orientação do executivo por um período de 5 anos. A forma de
operacionalização do PQG são os Planos Económicos e Sociais Anuais que também são
aprovados em sede da Assembleia da República.

4.1.2. Sistema de Administração Financeira do Estado (SISTAFE)

Segundo Lawson et al., (2008: 19), com a aprovação da Lei nº 9/2002, de 12 de


Fevereiro, o processo de orçamentação em Moçambique ganhou uma nova dinâmica
introduzindo modelos de gestão que são mais apropriados para as necessidades de uma
administração pública moderna e efectiva. O SISTAFE é um sistema de orçamentação, de
programação financeira, de contabilidade e de controlo interno integrado que inclui os
seguintes objectivos:

 Estabelecer e harmonizar as regras de e procedimentos de programação;


 Avaliação, controle e gastos de recursos públicos;
 Desenvolver subsistemas que fornecem informação atempada e fiável sobre a
orçamentação e conservação dos bens dos órgãos e instituições do Estado; e,
8

 Estabelece, implementa e mantém um sistema de controlo interno eficiente e efectivo


e procedimentos de auditoria aceites internacionalmente.

4.1.3. Planos Estratégicos Sectoriais, Provinciais e Distritais

A Planificação estratégica sectorial em Moçambique consiste na determinação de


prioridades estratégicas, desde o estabelecimento de agendas políticas, sua ligação com o
quadro fiscal e macroeconómico de médio prazo, formuladas com recurso a diversos
documentos estratégicos (Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2015-2035, PQG, CFMP,
entre outros,) descrevendo as políticas sociais e estruturais bem como os programas a serem
desenvolvidos no médio prazo de forma a promover o crescimento económico e reduzir a
pobreza.

Este processo a nível sectorial pretende resolver os problemas de um determinado sector


e aproveitar as oportunidades num determinado espaço numa determinada época e
respondendo adequadamente às necessidades prioritárias desse sector. Aqui enquadram-se o
PII e o PEPIP.

4.1.4. Cenário Fiscal de Médio Prazo

O CFMP organiza as acções do Governo em programas, de acordo com a Metodologia


de Orçamento-Programa, orienta a afectação dos recursos públicos, procurando assegurar o
alinhamento das acções aos objectivos e à orientação estratégica, que identificam os principais
focos e prioridades da acção governamental e permite:

 destacar as grandes linhas da política e da estratégia do Governo, que são


detalhadas e operacionalizadas pelo PES e OE;
 a definição de envelope de recursos e da despesa pública no médio prazo;
 a fixação dos limites indicativos de programação para a elaboração do
orçamento anual e
 afectação dos recursos externos.

4.1.5. Orientações e Metodologia para Elaboração do PES e do OE

As orientações e metodologia para a elaboração do PES e OE visam apoiar os Órgãos e


Instituições Públicas na elaboração das respectivas propostas de PES e OE para os anos cujo
9

exercício económico diga respeito. Ou seja, o documento define o formato e os procedimentos


que devem constituir o processo de preparação das propostas do PES e do OE a serem
elaboradas pelos órgãos e instituições do Estado de nível central, provincial e distrital,
incluindo instituições autónomas.

Neste processo, deve-se ter presentes as normas e os procedimentos definidos pela Lei
do SISTAFE, e na sua regulamentação, em particular no que respeita à Metodologia de
Planificação e Orçamentação por Programas, para que as propostas do PES e do OE traduzam
as directrizes nela contidas e expresse, clara e precisamente, a ligação dos instrumentos de
planificação evidenciados no PES com os instrumentos de programação do OE.

4.1.6. Limites Indicativos para Elaboração do PES e do OE

Os limites globais indicativos sectoriais são fixados tomando em conta a


responsabilidade sectorial no quadro dos programas estratégicos, cuja priorização foi definida
na Estrutura Programática e sua Matriz Operacional e ainda sobre as medidas de políticas
definidas pelo Governo.

4.2. RELAÇÃO COM OS INSTRUMENTOS NACIONAIS

A planificação é a determinação de onde se quer estar no futuro e as acções e recursos


necessários para chegar lá. As instituições do Estado devem tomar decisões sobre como
perseguir a sua missão de modo a atingir os objectivos preconizados no PQG. Assim, a
planificação torna-se uma ferramenta pró-activa que permite não apenas antecipar crises, mas
também aproveitar as oportunidades que são apresentadas.

A orçamentação é um instrumento de planificação que permite identificar os programas


de trabalho do Governo (projectos e actividades) a serem realizados e ainda estabelecer os
objectivos, as metas, os custos e os resultados com a maior transparência possível.

A elaboração dos relatórios tem como finalidade prestar contas. Prestar contas é
demonstrar ao Estado que os objectivos propostos no plano económico e social foram
cumpridos (resultados) e que esses processos, por via das actividades realizadas, estavam em
conformidade com as normas e princípios estabelecidos pelo Estado. O programa quinquenal
do Governo é materializado através de planos de curto e de médios prazos.
10

Os planos de curto-prazo são o PES e o OE e os programas de médio-prazo são o CFMP


e as estratégias sectoriais ou outro documento orientador cuja vigência pode, ou não,
ultrapassar o período de implementação do PQG.

O PES e o OE materializam o PQG, numa base anual. Para a sua elaboração os sectores
baseiam-se num outro instrumento de programação que é o CFMP, os Planos Estratégicos
Sectoriais e Provinciais. É desta forma que no processo de elaboração dos Planos Anuais de
Actividades e Orçamento (PAAO) dos Sectores estes devem sempre guiar-se pelas orientações
dadas pelos instrumentos nacionais.

5. QUADRO DE PLANIFICAÇÃO E ORÇAMENTAÇÃO EM MOÇAMBIQUE

Segundo (BR, 2005), em Moçambique o quadro de planificação e orçamentação tem


dois níveis de governação, nomeadamente:

 GOVERNO CENTRAL, que é constituído pelos órgãos centrais e locais do Estado


(Províncias, Distritos e Localidades) - O governo central está desconcentrado até ao
nível de Localidade e todos os níveis funcionam de forma hierárquica e segue
instrumentos e mecanismos sincronizados, e o
 GOVERNO LOCAL constituído pelas autarquias locais. Mesmo as autarquias
locais, que têm uma grande autonomia administrativa, financeira e patrimonial, estão
sujeitas à tutela administrativa central do Estado. Esta organização constitucional tem
uma grande influência directa sobre os processos de tomada de decisão na
planificação e orçamentação

De um modo geral, o processo de planificação e orçamentação em Moçambique é


gerido pelo Ministério da Economia e Finanças (MEF), que é responsável, de um lado, por
liderar e coordenar o processo de planificação e dirigir o desenvolvimento económico e social
integrado e equilibrado no país e, por outro lado, é responsável pela gestão das finanças
públicas que compreende, entre outros processos, a elaboração e execução do orçamento.

6. INSTRUMENTOS CRÍTICOS DE PLANIFICAÇÃO E ORÇAMENTAÇÃO

Uma série de instrumentos dirige o processo de planificação e orçamentação do país,


dos quais os mais críticos e relacionados com o sector das águas incluem os seguintes:
11

 Plano Quinquenal do Governo

É o instrumento de planificação líder no desenvolvimento nacional. Este plano


apresenta os principais objectivos para um período de 5 anos e é a base de todo o processo de
planificação durante estes anos. Outros planos devem ter em consideração os principais
objectivos aqui apresentados.

 O Plano Estratégico para a Redução da Pobreza (PARP)

É um documento do Governo que delineia as estratégias para o alcance dos principais


objectivos do plano quinquenal do Governo, que é a redução da pobreza no país. O plano
descreve as políticas macroeconómicas, estruturais e sociais e programas que têm a finalidade
de promover o crescimento económico e social e reduzir a pobreza.

O PARP identifica três pilares nos quais todo o contexto da redução da pobreza no país
deve ser construído, nomeadamente, o desenvolvimento do capital humano, boa governação e
o desenvolvimento económico. É sob a alçada do pilar de desenvolvimento do capital humano
que o governo define a melhoria ao acesso à água potável e saneamento adequado como
prioritários, através do aumento da cobertura, especialmente nas áreas rurais onde a maioria
da população do país vive.

 Cenário Fiscal de Médio Prazo – CFMP: Segundo (PER, 2010, p 4),

É um instrumento de planificação a médio prazo através do qual o Governo organiza e


apresenta opções estratégicas destinadas ao alcance das principais linhas do seu plano
quinquenal e do seu Plano Estratégico da Redução da Pobreza (PARP). O CFMP é também
um instrumento através do qual os recursos são alocados para a despesa do Estado (Governo
de Moçambique, 2009). Este instrumento é actualizado anualmente tomando em consideração
as mudanças actuais e ou estruturais, com a finalidade de garantir que o sistema de
orçamentação permite que os recursos públicos sejam alocados de acordo com os resultados
desejados e esperados.

 O SISTAFE:

Segundo (GoM, 2002) é um sistema de orçamentação, de programação financeira, de


contabilidade e de controlo interno integrado que inclui os seguintes objectivos: estabelecer e
harmonizar as regras de e procedimentos de programação; avaliação, controle e gastos de
recursos públicos; desenvolver subsistemas que fornecem informação atempada e fiável sobre
12

a orçamentação e conservação dos bens dos órgãos e instituições do Estado; e, estabelece,


implementa e mantém um sistema de controlo interno eficiente e efectivo e procedimentos de
auditoria aceites internacionalmente.

 O Orçamento do Estado (OE):

Segundo (GoM, 2010 )também conhecido como orçamento anual, é o instrumento base
do governo a respeito da implementação do Plano Económico e Social, apresentando as
receitas e despesas previstas para o ano em questão. Desde 2007, a elaboração do Orçamento
do Estado tem sido orientada pelo CFMP. Em 2010, pela primeira vez, o orçamento foi
elaborado para cada programa com a finalidade de reduzir o fosso entre a planificação e o
processo de orçamentação, para tornar a alocação de recursos mais dinâmica e focalizar na
ligação entre os recursos e os resultados. Mesmo assim, persistem lacunas nesta integração
que precisam de uma atenção especial nos próximos anos.

7. PREPARAÇÃO E APROVAÇÃO DO ORÇAMENTO EM MOÇAMBIQUE

Orçamento: Documento no qual estão previstas as receitas a arrecadar e fixadas as


despesas a realizar num determinado exercício económico ( Art. 12 da Lei 9/2002 de 2 de
Fevereiro ). E da competência do Governo elaborar o orçamento ( Art. 21:1 ). Deve ser
preparado a preços correntes ( Art. 21:3 ).

Procedimentos:

SOE = Subsistema de Orçamento do Estado Artigo 10

Este órgão prepara e propõe os elementos necessários para a elaboração do Orçamento


(11, a)

7.1. Aprovação do orçamento ( art. 26 )

O processo de aprovação devera ser efectivado até 15 de Dezembro de cada ano


(Art.26:1).

Aprovado o Orçamento do Estado, o governo fica autorizado nos termos nº 2 do artigo


26 da LEOE a:

a) Proceder a gestão e execução do Orçamento do Estado aprovado;

b) Proceder a captação e canalização de recursos necessários;


13

c) Proceder a abertura de créditos públicos para atender ao défice orçamental;

d) Realizar operações créditos por antecipação da receita, para atender a défices


monetários de tesouro.

6.2. Não aprovação

Segundo Waty, pode haver atraso ou a não aprovação do orçamento por:

Necessidade de reformulação do Orçamento, assim sendo, o Governo devera apresentar


no prazo de 90 dias uma nova proposta de Orçamento para o respectivo ano económico ( no. 5
do Artigo 19 da Lei 15/97 de 10 de Julho);

 Demissão do Governo ( alínea f do Artigo 159 da CRM ) e


 Dissolução da Assembleia da República ( no. 1 do artigo 188 CRM ).

Não sendo aprovada a proposta do Orçamento do Estado, e reconduzido o do exercício


económico anterior com os limites nele definidos, afim de assegurar e dar continuidade ao
funcionamento da máquina administrativa (no 1 artigo 27 LEOE).

6.3. Publicação:

Uma vez aprovado e promulgado o Orçamento do Estado, cabe ao MPF fazer a


necessária publicação, através de comunicação a todos os serviços ou entidades orgânicas do
Estado.

O Orçamento do Estado e publicado no Boletim da República nos termos da alínea h do


artigo 13 da LEOE.

6.4. Execução do orçamento uma vez aprovado ( art. 28 leoe ):

Na execução do OE, deve observar-se o princípio geral plasmado no n. 02 do artigo 27


da Lei no 14/2020, de 23 de dezembro, nos termos do qual nenhuma despesa pode ser
assumida, ordenada ou realizada sem que sendo legal, se encontre inscrita no Plano
Econ6mico e Social e Orçamento do Estado aprovado, tenha cabimento na correspondente
verba orçamental e seja justificada quanto da sua economicidade, eficiência, eficácia e
resultados.
14

Para dar início a execução orçamental, o Governo aprova as disposições que se mostrem
necessárias (artigo 28 LEOE).
15

8. Conclusão

A elaboração do Orçamento de Estado é um processo complexo e crucial para a gestão


financeira e o desenvolvimento econômico de um país. No contexto do ciclo de planificação
para a elaboração do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado, a relação entre os
diferentes instrumentos de planificação e orçamentação desempenha um papel fundamental na
definição de prioridades, alocação de recursos e implementação eficaz das políticas públicas.

No caso específico de Moçambique, o quadro de planificação e orçamentação é


composto por instituições-chave, como o Ministério da Economia e Finanças, o Instituto
Nacional de Estatística e o Ministério do Plano e Desenvolvimento. Essas entidades
desempenham papéis específicos na formulação e implementação do Plano Económico e
Social e do Orçamento do Estado, garantindo a coerência e alinhamento entre as metas de
desenvolvimento e as decisões orçamentárias.

Os instrumentos críticos de planificação e orçamentação, como a Lei do Orçamento de


Estado e o Plano Económico e Social, fornecem as diretrizes e normas necessárias para a
elaboração, execução e monitoramento do orçamento público em Moçambique. A preparação
e aprovação do orçamento exigem um processo transparente, participativo e responsável,
envolvendo a coordenação entre os diferentes órgãos e a prestação de contas à sociedade.

A elaboração do Orçamento de Estado em Moçambique é um processo integrado que


envolve a planificação estratégica, a definição de prioridades e a alocação eficiente de
recursos para promover o desenvolvimento econômico e social do país. A relação entre os
instrumentos de planificação e orçamentação é essencial para garantir a coerência e eficácia
das políticas públicas, contribuindo para o crescimento sustentável e inclusivo de
Moçambique.
16

9. Bibliografia

Governo de Moçambique, 2002. Modelo de Gestão do SISTAFE, Maputo: Ministério


do Plano e Finanças.

Governo de Moçambique, 2007. Política de Águas. Maputo: Ministério das Obras


Públicas e Habitação.

Governo de Moçambique, 2009. Cenário Fiscal de Médio Prazo 2010-2012, Maputo:


Ministério de Planificação e Desenvolvimento

Governo de Moçambique, 2010a. Metodologia para a Elaboração das Propostas do


Orçamento do Estado – Exercício Económico 2011, Maputo: Ministério de Planificação e
Desenvolvimento & Ministério das Finanças.

Governo de Moçambique, 2010b. Proposta de Orçamento de Estado para 2011, Maputo:


Ministério de Planificação e Desenvolvimento.

Lawson, A. Umarji, M. Guilherme, J. & Chachine, C., 2008. Avaliação of Public


Finance Gestão in Moçambique: 2006 Based on the PEFA Methodology – Public Expenditure
and Public Accountability. Fiscus Public Finance Consultants, Oxford, UK.

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