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Trabalho em grupo de Finanças Públicas

Orçamento Geral do Estado

Grupo nº 3

O Docente

Mbaú Isaac Cainda, Msc

Huambo, 2023
Trabalho em grupo de Finanças Públicas

Orçamento Geral do Estado

Integrantes do Grupo:

 Alexandre Tchacato Francisco Correia - Controller


 Aurélio Sachilombo Cambissa Kapoco - Coordenador
 Adelino Rocha Francisco
 Ernandes Adriano Vindundique
 Joaquina Madia
 Isaías Chilala
 Elizabeth Guiomar Sanolot
 Ednelo dos Santos
 Bernardo Chimbanda

O Docente

Mbaú Isaac Cainda, Msc

Huambo, 2023
Índice

Metodologia de Investigação ............................................................................................. i


Métodos .................................................................................................................. i
Técnica.................................................................................................................... i
OBJECTIVOS ................................................................................................................... i
Geral ............................................................................................................................... i
Específicos: .................................................................................................................... i
Resumo ............................................................................................................................. 1
Abstract ............................................................................................................................. 1
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3
1. I Parte- Fundamentação Teórica ............................................................................... 4
1.1. Definição e Contexto legal do Orçamento Geral do Estado .............................. 4
1.2. Fases de elaboração do Orçamento .................................................................... 4
1.3. Funções do OGE ................................................................................................ 6
1.3.1. Funções económicas ........................................................................................ 6
1.3.2. Funções Políticas ............................................................................................. 6
1.3.3. Funções Jurídicas ............................................................................................ 6
1.4. Regras de organização do OGE ......................................................................... 7
1.5. Critério do Orçamento Corrente e Orçamento de Capital ..................................... 8
1.6. Implicações da cobertura do défice corrente e de capital .................................. 9
1.6.1. O equilíbrio orçamental com base no critério em análise ............................... 9
1.7. Desempenho actual da economia nacional ........................................................ 9
2. II Parte- Apresentação dos Dados ........................................................................... 12
3. III Parte- Análise e Discussão dos Dados ............................................................... 16
3.1. Relação do OGE com os Objectivos do Milénio e o Plano Nacional de
Desenvolvimento ........................................................................................................ 17
Conclusões e sugestões ................................................................................................... 18
Referências Bibliográficas .............................................................................................. 19
ANEXOS ........................................................................................................................ 20
Metodologia de Investigação

 Métodos

Pesquisa Bibliográfica e análise documental

 Técnicas

o Técnica documental;

OBJECTIVOS

Geral

Conhecer o Orçamento Geral do Estado.


Específicos:

 Definir o Orçamento Geral do Estado;


 Compreender as funções, objectivos, fases e o seu impacto na prossecução
dos objectivos do Milénio e Plano Nacional de Desenvolvimento;
 Examinar os Orçamentos Gerais do Estado de 2020, 2021, e 2022 bem
como a sua distribuição por funções.

i
Resumo

A pesquisa caracteriza-se por apresentar uma metodologia mista, fizemos uso do método
bibliográfico e a análise documental, ao passo que a técnica usada é a documental.
Pretendeu-se com este trabalho académico fazer-se um estudo teórico sobre o Orçamento
Geral do Estado, seguido de uma análise comparativa entre o período compreendido entre
2020 a 2022, tendo-se prestado atenção à apresentação do OGE por funções bem como
as suas respectivas fontes de receitas. Como um aspecto interessante foi o facto de se
observar que mais de 50% do OGE dos três exercícios económicos aqui em observação
ter-se destinado ao serviço da dívida pública. Lembremo-nos que o OGE é um documento
que comporta todas as receitas e despesas do Estado a se realizar num determinado
período de tempo, normalmente um ano, sob forma de uma lei e é regulado pela Lei
Quadro do OGE desde os seus elementos de constituição, suas funções, as fases de
elaboração e as diferentes formas de apresentação. Analisou-se a conexão que o OGE
deve ter com o Plano de Desenvolvimento Nacional e os Objectivos do Milénio, assim,
ele é um documento proposto pelo executivo e aprovado pela Assembleia Nacional, sendo
fiscalizado pela Assembleia Nacional e o Tribunal de Contas, contudo, não está descurada
a possibilidade de se fazer revisão ao longo do exercício económico, se o contexto assim
o exigir.

Palavras-chaves: Orçamento, Estado, Receitas, Despesas.

Abstract

The research is characterized by presenting a mixed methodology, it was used


bibliographic method and documental analysis, while the technique is the documental
one. The aim of this academic work was to carry out a theoretical study on the General
State Budget, followed by a comparative analysis between the period between 2020 and
2022, paying attention to the presentation of the OGE by functions as well as their
respective revenue sources. As an interesting aspect, it was observed that more than 50%
of the OGE of the three financial years under observation were destined to service the
public debt. Let us remember that the OGE is a document that contains all the State's
revenues and expenses to be carried out in a certain period of time, normally one year, in

1
the form of a law and is regulated by the Framework Law of the OGE from its constituent
elements, their functions, the stages of elaboration and the different forms of presentation.
The connection that the OGE must have with the National Development Plan and the
Millennium Goals was analyzed, thus, it is a document proposed by the executive and
approved by the National Assembly, being supervised by the National Assembly and the
Court of Auditors, however, the possibility of revising throughout the financial year, if
the context so requires, is not neglected.

Keywords: Budget, State, Revenues, Expenses.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é resultado de indagações feitas do ponto de vista científico,


procurando compreender profundamente os conceitos na área de Finanças Públicas
relacionados ao OGE.

Desta forma procuramos definir o Orçamento Geral do Estado; compreender as funções


do OGE, compreender as fases e o seu impacto na prossecução dos objetivos do Milénio
e o Plano Nacional de Desenvolvimento; Examinar os Orçamentos Gerais do Estado de
220, 2021 e 2022 bem como a sua distribuição por funções.

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1. I Parte- Fundamentação Teórica

1.1.Definição e Contexto legal do Orçamento Geral do Estado

O orçamento é uma proposta governamental. Não é um registo de receitas e gastos que


aconteceram, mas um registo das intenções do Governo. O orçamento expressa os
objectivos e aspirações do Governo; reflecte as prioridades das políticas governamentais
e as expectativas sobre a performance da economia; e traduz isto em propostas de receita
e atribuição de despesas.

O processo orçamental são os procedimentos políticos e técnicos da elaboração e


implementação orçamental. O processo orçamental inclui o estabelecimento de
prioridades, a construção do orçamento pela administração e a aprovação política
do orçamento pelo legislativo. Inclui a implementação das provisões orçamentais,
a revisão e os relatórios de execução ao longo do ano fiscal e a auditoria final.
(Abreu, Wiig, Isaksen, & Amundsen, 2007, p. 16)

1.2.Fases de elaboração do Orçamento

O domínio da orçamentação governamental é um processo continuado de tomada de


decisões, no qual diferentes entidades do estado têm um papel de liderança em cada um
dos estágios. Na maior parte dos países existe um processo principal que é o orçamento
anual, mas a maior parte dos países também procede à revisão orçamental depois de seis
meses. O ciclo orçamental é um processo que inclui pelo menos estas quatro fases:

Preparação da proposta orçamental1. Normalmente feito pelo departamento do


orçamento no Ministério das Finanças depois de coligir os dados provenientes de outros
ministérios, com a decisão final a ser tomada pelo executivo (Governo, Conselho de

1
Determinação da situação é a identificação dos problemas existentes, diagnóstico da situação é a
identificação das causas que concorrem para o surgimento dos problemas, apresentação das soluções é a
identificação das alternativas viáveis para solucionar os problemas, estabelecimento das prioridades é o
ordenamento das soluções encontradas, definição dos objectivos é estabelecimento do que se pretende fazer
e o que se conseguirá com isso, determinação das tarefas é a identificação das acções necessárias para
atingir os objetivos, determinação dos recursos é o arrolamento dos meios, sejam recursos humanos,
materiais, técnicos, institucionais ou serviços de terceiros necessários, e determinação dos meios
financeiros é a expressão monetária dos recursos alocados (Básicos, 2014 , p. 10)

4
Ministros, Presidente). A proposta de orçamento é usualmente apresentada ao legislativo
pelo Ministro das Finanças.
Aprovação do orçamento. Esta é uma responsabilidade do Parlamento e a sua leitura e
adopção, habitualmente, tem lugar nos comités especializados e na plenária. O
Parlamento usualmente introduz emendas no orçamento e aprova-o formalmente, por
vezes na fórmula de lei orçamental.
Execução do orçamento. Esta é uma tarefa dos vários ministérios e agências
governamentais, sob responsabilidade do executivo. A administração fiscal cobrará
receitas como autorizado e os ministérios e as agências gastarão o dinheiro em serviços
planeados, investimentos e programas de acordo com o orçamento.
Fiscalização e avaliação anual do orçamento. Esta é, basicamente, a responsabilidade do
Auditor Geral que no nosso caso é o Tribunal de Contas, mas a análise da implementação
orçamental é também da responsabilidade do Parlamento. Eles avaliarão se a colecta de
receitas e as despesas efectuadas estão em linha com o plano orçamental.

Conceito de Orçamento do Estado: é o documento onde se preveem as receitas e as


despesas públicas, competentemente autorizadas, para vigorarem durante um
determinado período financeiro (art. 3º n.º 1 da Lei 15/10, de 14 de julho).

1.2.1. Elementos do Orçamento Geral do Estado


a) Previsão (elemento económico) – significa que o orçamento se constitui num mapa de
previsão de receitas que o Estado irá cobrar e de despesas que irá realizar. As receitas e
despesas inscritas no OGE não se referem ao passado nem ao presente, mas sim ao futuro;

b) Limitação no tempo (elemento jurídico) – Tal como na generalidade da actividade


económica das empresas e dos indivíduos, os Estados também organizam a sua
contabilidade no decurso do período de 1 ano.

c) Autorização (elemento político) – significa que a cobrança de receitas e a realização


de despesas por parte do Estado carecem de autorização prévia dos representantes do
povo (deputados).

- Este procedimento teve início na Inglaterra com o “Bill Of the Rights” em que se
estabeleceu o princípio de que os impostos tinham de ser consentidos pelos representantes
daqueles que tinham de pagar;

5
A revolução francesa de 1789 veio consagrar o mesmo princípio. A constituição angolana
de 1975 conferia a competência para aprovação do OGE ao Conselho da Revolução.
Actualmente, a competência para aprovar o OGE é exclusiva da Assembleia Nacional
mediante a proposta do Presidente da República (art. 24.º, nº 1).

1.3.Funções do OGE

1.3.1. Funções económicas

a) Relacionar as receitas com as despesas – na medida em que o Estado ao orçar (prever)


as suas receitas devem assegurar-se que estas bastem para cobrir as suas despesas (art. 7º
n.º 1 da Lei 15/10);
b) Fixação das despesas – significa que o total das despesas do OGE é a soma dos gastos
de todos os serviços do Estado, ficando, deste modo, fixada uma previsão de gastos que
os serviços não poderão ultrapassar (art. 5º).

c) Exposição do plano financeiro do Estado – é por intermédio do OGE que se fica a saber
quanto o Estado se propõe a gastar com organização e funcionamento de cada um dos
seus serviços; com a previsão das receitas fica demonstrado qual o contributo de cada um
dos meios de financiamento para os cofres do Estado.
1.3.2. Funções Políticas

a) Garantia dos Direitos Fundamentais dos cidadãos - assegura-se por intermédio do OGE
que os rendimentos dos cidadãos são tributados para cobrir gastos públicos mediante
autorização dos representantes (deputados) dos titulares destes rendimentos
(trabalhadores, proprietários, capitalistas, etc.).
b) Garantia do Equilíbrio e Separação de Poderes – decorre do mecanismo da autorização
política, a cargo das Assembleias Parlamentares, que estas desempenham um papel
financeiro, mediante a autorização e à afectação dos recursos; posteriormente, as contas
orçamentais são fiscalizadas por um órgão judicial (Tribunal de Contas), para além do
Parlamento.
1.3.3. Funções Jurídicas

a) Limitação Jurídica da administração – os poderes financeiros da administração devem


ser previamente autorizados pelos parlamentos, daí que sejam limitados. Por outro lado,

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da eficácia jurídica do Orçamento decorre diversa legislação limitativa dos poderes
financeiros dos gestores orçamentais.

1.4.Regras de organização do OGE

Princípio da anualidade – O OGE é um documento anual (art. 4º), coincidindo o ano


económico com o ano civil.

a) Fundamento político: necessidade de se assegurar uma regularidade do controlo por


parte do Parlamento sobre a gestão dos dinheiros públicos;

b) Fundamento económico: o facto de o ano civil ser considerado o período natural para
os cálculos económicos, quer dos particulares quer do Estado.

Princípio da plenitude orçamental – todas as receitas e todas as despesas deverão


constar de um documento único. Concretiza-se em dois subprincípios: da unidade e da
universalidade, consagrados no art. 5.º.

a) Unidade – significa que o orçamento deve ser um documento único;

b) Universalidade – significa que todas as receitas e todas as despesas deverão estar


previstas no orçamento.

Fundamento: com a adopção da regra da unidade impõe-se a elaboração de um único


documento, com o propósito de evitar-se a multiplicidade de orçamentos
(desorçamentação), o que provocaria uma fuga às autorizações parlamentares, bem como,
ao controlo administrativo (na fase da execução) e à prestação de contas.

Princípio da discriminação orçamental – deste princípio decorrem três subprincípios,


designadamente: especificação, não compensação e não consignação.

a) Especificação – significa que as receitas e as despesas previstas no OGE devem estar


suficientemente individualizadas;

Especificação das receitas (art.º 9.º SS) e das despesas (art.º 13.º SS) assenta sobre
requisitos de clareza, veracidade e racionalidade financeira e controlo político.

b) Não compensação – significa que todas as receitas e despesas devem ser inscritas sem
quaisquer deduções ou compensações, isto é, pelo seu valor em bruto e não pelo valor
líquido (art.º 8.º - quanto as receitas);

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c) Não Consignação – todas as receitas devem servir para cobrir indiscriminadamente
todas as despesas, e não qualquer receita afectada à cobertura de despesas em especial
(art.º 21º n.º 1).

Princípio da publicidade – tratando-se do OGE de um documento aprovado por lei e


sendo que esta apenas entra em vigor após a sua publicação, decorre logicamente a regra
da Publicidade (implicitamente art.º 1.º) que obriga que a Lei do Orçamento seja objecto
de publicação na 1.ª Série do Diário da República.

Princípio do equilíbrio orçamental – Esta é a mais importante e também a mais


discutida e controversa regra orçamental. Traduz-se na igualdade entre todas as receitas
e todas as despesas; é desta forma que o orçamento é elaborado, aprovado e executado,
verificando-se sempre um equilíbrio traduzido numa igualdade contabilística formal entre
as receitas e as despesas (art.º 7.º da Lei 15/10, de 14 de julho).

Se formalmente não há orçamentos desequilibrados, por que razão é tão frequente falar-
se em Défice Orçamental?

Porque o conceito de Equilíbrio orçamental abrange duas realidades contabilísticas


distintas: 1.º - Equilíbrio Orçamental em sentido formal; 2.º - Equilíbrio Orçamental em
sentido substancial.

1.º -Equilíbrio Orçamental em sentido formal – Traduz-se na circunstância em que há


uma igualdade absoluta entre todas as receitas e despesas previstas no OGE (art.º 5.º);

2.º - Equilíbrio Orçamental em sentido substancial – afere-se a partir da relação entre


determinadas receitas e determinadas despesas (ex: Receitas Correntes e Despesas
Correntes – (art.º 7º n.º 2), e não a partir da igualdade entre todas as receitas e todas as
despesas.

1.5. Critério do Orçamento Corrente e Orçamento de Capital

Neste critério, faz-se a distinção entre receitas e despesas correntes e de capital.

a) Receitas Correntes – São as que provêm dos rendimentos gerados durante o período
financeiro. Ex: receitas patrimoniais, impostos e taxas, visto que normalmente são pagos
com os rendimentos dos compradores ou dos contribuintes

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b) Despesas Correntes – São aquelas que o Estado faz em bens consumíveis durante o
período financeiro (água, luz, vencimento dos seus funcionários), ou que se vão traduzir
na aquisição de bens consumíveis (subsídio aos menos favorecidos ou bolsas de estudo).

1.6.Implicações da cobertura do défice corrente e de capital

a) Quando o Estado recorre ao Superávit do orçamento corrente para financiar o Défice


do orçamento de capital, diz-se que está a investir, porque estará a aplicar rendimentos
(receitas correntes) em bens de investimento (despesas de capital);
b) Quando o Estado se socorre do Superávit do Orçamento de Capital para financiar o
Défice Corrente, estará a desinvistir, porque recorre às receitas derivadas de poupança
para cobrir despesas em bens de consumo.

1.6.1. O equilíbrio orçamental com base no critério em análise

Com base no critério do orçamento corrente/capital, estaremos perante uma situação de


equilíbrio orçamental, quando:
a) As receitas correntes forem suficientes para cobrir as despesas correntes (art.º 7.º n.º2)
e as receitas de capital forem suficientes para cobrir as despesas de capital;
b) As receitas correntes forem suficientes para cobrir as despesas correntes e o défice do
orçamento de capital;
c) As receitas de capital forem suficientes para cobrir as despesas de capital e o défice do
Orçamento Corrente (legalmente proibido pelo n.º 2 do art.º 7º).

1.7.Desempenho actual da economia nacional

Em 2021, Angola saiu da sua recessão de cinco anos, com o PIB a crescer 0,8 %. A
eliminação das restrições relacionadas com a COVID-19, o impacto defasado das
reformas macroeconómicas, e os esforços do governo para diversificar a economia
impulsionaram o crescimento não petrolífero, especialmente na agricultura e nos serviços.
Isto mais do que compensou uma nova contracção do sector petrolífero, pondo fim ao
longo ciclo de recessão do país.

O ímpeto económico positivo continuou em 2022, com a economia a crescer 2,6% no


primeiro trimestre, numa base anual. Os principais motores foram um aumento dos níveis

9
de produção petrolífera, bem como a continuação do forte desempenho dos sectores não
petrolíferos. Sobretudo em resultado dos elevados preços do petróleo, Angola vive
condições macroeconómicas favoráveis, tais como um elevado nível de reservas
internacionais líquidas, exportações, e receitas fiscais, uma moeda em fortalecimento, e
um declínio da dívida pública para o PIB. Com esta dinâmica, a despesa pública
recuperou no primeiro trimestre de 2022 em comparação com o primeiro trimestre de
2021, nomeadamente em bens e serviços e investimentos. Este impulso da despesa
beneficiou sobretudo os sectores da educação, protecção social, habitação, agricultura e
comunicação, bem como a defesa e a segurança.

Contudo, as cicatrizes do choque da COVID-19 e a longa recessão - o PIB diminuiu em


10,2% entre 2016 e 2020 - continuam evidentes. Cerca de um terço da população vive na
pobreza (menos de 2,15 dólares por dia, de acordo com a linha de pobreza internacional
actualizada), enfrentando um elevado desemprego e um custo de vida crescente. A
inflação alimentar manteve-se elevada a 24% numa base anual em Julho de 2022, embora
estivesse a diminuir (a comparar com 31,6% no ano anterior).

Prevê-se um crescimento económico médio de cerca de 3% nos próximos anos, com um


maior crescimento não-petrolífero a compensar um declínio estrutural da produção
petrolífera. Dado o rápido crescimento da população, prevê-se que o PIB per capita
permaneça relativamente estável, apresentando desafios à redução da pobreza. Isto
sublinha a necessidade de acelerar o crescimento económico e promover a inclusão,
aprofundando as reformas e fazendo investimentos estratégicos no capital humano, nas
infra-estruturas e nos sectores produtivos da economia.

A transformação do modelo económico liderado pelo Estado e financiado pelo petróleo


num modelo de crescimento sustentável, inclusivo e liderado pelo sector privado requer
um compromisso político de alto nível, forte capacidade de coordenação e comunicação,
e instituições sólidas. Embora ainda haja muito a fazer para alcançar esta transformação,
o governo angolano tomou medidas importantes para salvaguardar a estabilidade
macroeconómica e realizou várias reformas fundamentais. Isto inclui um regime cambial
mais flexível, uma gestão activa da dívida, a Lei de Prevenção e Combate ao
Branqueamento de Capitais, a Lei de Responsabilidade Fiscal, e a Lei de Privatização.

10
As autoridades estão também a abordar activamente as vulnerabilidades do sector
financeiro. Além disso, a lei orgânica do Banco Nacional de Angola foi alterada em 2021
para reforçar a sua autonomia. Espera-se que uma nova lei do sistema de pagamentos e
melhorias na regulamentação das telecomunicações resultem em um melhor acesso aos
serviços financeiros, incluindo através do dinheiro móvel.

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2. II Parte- Apresentação dos Dados

Apresentação do OGE de 2020.


Resumo da Despesa por Função.
Função Valor %

Total Geral: 15.970.605.826.135,00 100,00

01 - Serviços Públicos Gerais 1.814.242.684.769,00


11,36
02 - Defesa 540.246.320.156,00 3,38

03 - Segurança E Ordem Pública 663.132.545.727,00 4,15

04 – Educação 845.601.371.814,00 5,29

07 - Habitação E Serviços Comunitários 344.386.221.317,00 2,16

08 - Recreação, Cultura E Religião 28.561.314.454,00 0,18

09 - Assuntos Económicos 690.239.425.624,00 4,32

10 - Protecção Ambiental 16.161.097.116,00 0,10

18 - Operações De Dívida Pública 9.699.237.355.561,00 60,73

Resumo da Receita por Fonte de Recurso.

Natureza Valor %

Total Geral: 15.970.605.826.135,00 100,00

Financiamentos Externos 4.863.679.430.838,00 30,45

Financiamentos Internos 2.480.651.738.484,00 15,53

Recursos Consignados - Diversos 906.201.667,00 0,01

Recursos Consignados – Local 752.048.047.128,00 4,71

Recursos Ordinários Do Tesouro 7.364.394.861.499,00 46,11

Recursos Próprios 508.925.546.519,00 3,19

12
Apresentação do OGE de 2020 Revisto.
Resumo da Despesa por Função.
Função Valor %

Total Geral 13.455.305.790.365,00 100,00

01 – Serviços Públicos Gerais 1.397.484.918.654,00


10,39

02 – Defesa 586.130.113.137,00 4,36

03 - Segurança E Ordem Pública 589.227.393.977,00 4,38

04 - Educação 870.185.075.548,00
6,47

05 - Saúde 816.666.600.130,00 6,07

06 - Protecção Social 422.728.843.021,00 3,14

07 - Habitação E Serviços Comunitários 243.659.814.724,00 1,81

08 - Recreação, Cultura E Religião 47.008.305.473,00 0,35

09 - Assuntos Económicos 943.625.787.940,00 7,01

10 - Protecção Ambiental 13.369.975.468,00 0,10

18 - Operações De Dívida Pública 7.525.218.962.293,00 55,93

Resumo da Receita por Fonte de Recurso


Natureza Valor %
Total Geral 13.455.305.790.365,00 100,00
Financiamentos Externos 2.950.245.054.291,00 21,93
Financiamentos Internos 3.139.876.159.379,00 23,34
Recursos Consignados - Diversos 115.873.156.671,00 0,86
Recursos Consignados – Local 594.908.236.636,00 4,42
Recursos Ordinários Do Tesouro 5.762.513.542.879,00 42,83
Recursos Próprios 774.889.640.509,00 5,76
Reversão De Exercícios Anteriores 117.000.000.000,00 0,87

13
Apresentação do OGE de 2021
Resumo da Despesa por Função.
Função Valor %

Total Geral: 14.785.200.965.825,00 100,00

01 - Serviços Públicos Gerais 1.829.984.867.800,00 12,38

02 - Defesa 627.168.085.825,00 4,24

03 - Segurança E Ordem Pública 707.391.181.473,00 4,78

04 - Educação 1.009.225.161.236,00 6,83

05 - Saúde 841.566.888.377,00 5,69

06 - Protecção Social 560.377.937.796,00 3,79

08 - Recreação, Cultura E Religião 44.291.314.370,00 0,30

09 - Assuntos Económicos 1.088.496.387.442,00 7,36

10 - Protecção Ambiental 10.331.321.383,00 0,07

18 - Operações De Dívida Pública 7.756.693.791.454,00 52,46

Resumo da Receita por Fonte de Recurso

Natureza Valor %

Total Geral: 14.785.200.965.825,00 100,00

Doações 108.150.000,00 0,00

Financiamentos Externos 3.995.548.268.609,00 27,02

Financiamentos Internos 2.190.960.943.530,00 14,82

Recursos Consignados - Diversos 46.748.050.102,00 0,32

Recursos Consignados - Local 751.832.567.530,00 5,09

Recursos Ordinários Do Tesouro 7.267.891.817.093,00 49,16

Recursos Próprios 532.111.168.961,00 3,60

14
Apresentação do OGE de 2022

Resumo das Despesas por Função.

Função Valor %

Total Geral: 18.745.288.200.030,00 100,00

01 - Serviços Públicos Gerais 2.692.140.754.690,00 14,36

02 - Defesa 750.645.779.106,00 4,00

03 - Segurança E Ordem Pública 773.384.975.069,00 4,13

04 - Educação 1.244.775.636.883,00 6,64

05 - Saúde 905.454.445.846,00 4,83

06 - Protecção Social 639.193.588.300,00 3,41

07 - Habitação E Serviços Comunitários 684.563.706.720,00 3,65

08 - Recreação, Cultura E Religião 76.998.769.138,00 0,41

09 - Assuntos Económicos 1.410.941.365.145,00 7,53

10 - Protecção Ambiental 13.931.462.878,00 0,07

18 - Operações De Dívida Pública 9.553.257.716.255,00 50,96

Resumo da Receita por Fonte de Recurso

Natureza valor %

Total Geral: 18.745.288.200.030,00 100,00

Financiamentos Externos 3.833.451.121.872,00 20,45

Financiamentos Internos 3.050.297.400.430,00 16,27

Recursos Consignados – Diversos 289.044.371.259,00 1,54

Recursos Consignados - Local 722.781.403.823,00 3,86

Recursos Ordinários Do Tesouro 10.125.433.692.597,00 54,02

Recursos Próprios 724.280.210.049,00 3,86

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3. III Parte- Análise e Discussão dos Dados

O orçamento geral do Estado para exercício económico 2020, com receitas estimadas em
15,9 bilhões e despesas em igual montante foi elaborado com base no preço médio do
barril de petróleo de 55 dólares e uma produção média diária de 1. 436,9 mil barris.
Projectava uma taxa de inflação média de 25 por cento e uma taxa de crescimento do
Produto Interno Bruto de 1,8 por cento, que significaria a reversão de quatro anos
consecutivos de estagnação do Produto. Para o Sector Social, estão destinados 40,7 por
cento da Despesa Fiscal Primária (isto é, excluindo o serviço da dívida e os juros). O
impacto social dos programas do Governo deverá ser ainda alavancado com o Programa
de Transferências Sociais Monetárias, em preparação pelo Executivo, com parceria do
Banco Mundial, que irá garantir um rendimento mínimo mensal para cerca de 1 milhão
de famílias consideradas muito vulneráveis. Este programa, tem como propósito ajudar a
combater a pobreza, não gerando dependências, mas fomentando igualmente a inserção
produtiva a posteriori.

O Sector Económico vai absorver cerca de 11,0 por cento da despesa fiscal primária,
sendo que o Sector da Defesa, Segurança e Ordem Pública representa cerca de 19,3 por
cento desta despesa.

Os Serviços Públicos Gerais ficam com cerca de 29,0 por cento da despesa fiscal primária.
No cômputo da Receita, o OGE 2020 previu uma Receita Fiscal de cerca de 8,62 biliões
de kwanzas, o que representa 54,0 por cento do total, permanecendo o sector petrolífero
como a principal fonte, com 35,0 por cento do OGE.

A Receita Financeira representa aproximadamente 46,0 por cento do OGE, um valor


inferior às amortizações de capital previstas para o exercício, facto que permitirá seguir a
estratégia de redução contínua do endividamento.

OGE para 2022 está assente num cenário macroeconómico mais optimista, considerando
as perspectivas de retoma do ímpeto do crescimento nacional, traduzido numa taxa de
crescimento de 2,4% depois de um período de recessões sucessivas. Para este orçamento,
perspectiva-se a dinamização da economia nacional, o fortalecimento da estabilidade
macroeconómica, apoio aos rendimentos e o consumo das famílias para estimular o
crescimento económico, através da adopção de medidas tributárias, de promoção do
emprego, e pacotes financeiros de reforço dos veículos públicos de financiamento à
economia. Está avaliado em cerca de 18 745,3 mil milhões Kz, representando um

16
aumento de 26,8 % relativamente ao Orçamento do ano de 2021. Paralelamente, é
igualmente priorizado o sector social por via de um aumento da dotação orçamental. O
sector social absorverá 38,1% da despesa fiscal primária, correspondente a 19,2% (3,5
biliões) da despesa total, e ao aumento de 28,2% face ao OGE 2021, com realce para
educação, saúde, habitação e protecção social. No domínio da protecção social, e com
vista à protecção dos rendimentos, o programa de transferências sociais monetárias
(Kwenda) conta com uma dotação de 45,061 mil milhões kz para atender estratos da
população mais carenciados

A política fiscal do Executivo para o ano de 2022 continuou a ser pautada pelo objectivo
geral de fortalecer as condições da tesouraria do Estado e da sustentabilidade das Finanças
Públicas. Assim, esperou-se para 2022 um saldo fiscal global superavitário no valor de
1,5 mil milhões Kz (2,6 milhões USD), correspondendo a 0,003% do Produto Interno
Bruto (PIB), estando-se assim, tecnicamente, perante um orçamento equilibrado, em
resultado de fluxos globais de receita e despesa fiscais iguais no equivalente a 21,3% PIB.
Em 2022, era esperado um crescimento real de 1,6 % para o sector petrolífero (incluindo
gás), enquanto para o sector não petrolífero as projecções indicavam um crescimento de
3,1 %.

3.1. Relação do OGE com os Objectivos do Milénio e o Plano Nacional de

Desenvolvimento

Por meio da observação feita aos Orçamentos Gerais do Estado dos períodos em
observação, é notório o interesse do governo angolano no cumprimento dos Objetivos de
Desenvolvimento do Milénio, pois é observável o aumento gradual que o sector social
(educação e saúde) tem vindo a ter, apesar de ainda não se encontrar nos níveis desejáveis.
O governo instituiu o programa Kwenda que visa fazer transferências directas para as
famílias mais carenciadas, sendo esta uma das formas que se encontrou para a redução da
pobreza.

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Conclusões e sugestões

O OGE é um documento que apresenta todas as actividades que serão realizadas durante
um período de tempo, está sujeito à revisão quando factos económicos anómalos
imprevisíveis ocorrem ao longo do exercício económico e que se percebe ter uma
influência positiva ou negativa sobre o desempenho da economia.

Deve ser feito de acordo com a realidade e os objectivos nacionais, com a finalidade de
melhorar o bem-estar da população procurando alcançar gradualmente os Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio e o Plano de Desenvolvimento Nacional.

Por meio do OGE pode-se aumentar o produto, o emprego, as exportações, incentivar o


investimento, reduzir as importações, estabilizar a inflação.

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Referências Bibliográficas

Abreu, C., Wiig, A., Isaksen, J., & Amundsen, I. (2007). Orçamento, Estado e Povo -
Processo de Orçamento, Sociedade Civil e Transparência em Angola. Luanda.

Básicos, O. P. (2014 ). Orçamento Público Conceitos Básicos. Brasília.

Lei Quadro do Orçamento Geral do Estado, 15/10 (Assembleia Nacional de Angola 14


de Julho de 2010).

Santos, R. T. (2013). Curso de Finanças Públicas . Luanda.

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ANEXOS

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