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Novo Regime Fiscal e o Teto

de Gastos

Orçamento e Finanças
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Diretoria de Desenvolvimento Profissional

Conteudista/s
Gabriel Wanderlei (Conteudista, 2023).

Curso desenvolvido no âmbito da Diretoria de Desenvolvimento Profissional – DDPRO

Enap, 2023
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Módulo 1 – Noções de Finanças Públicas
Unidade 1 – Manual Técnico de Orçamento (MTO) 2023 e
Classificações Orçamentárias................................................................................. 5
1.1 O Manual Técnico de Orçamento - MTO.................................................................. 5
1.2 Histórico e Evolução do MTO..................................................................................... 5
1.3 Alterações Anuais do MTO......................................................................................... 6
1.4 Princípios Orçamentários........................................................................................... 7
1.5 Classificações Orçamentárias.................................................................................... 8

Unidade 2 – Programação Orçamentária e Financeira...................................... 10


1. 2.1 A Programação Orçamentária e Financeira na União...................................... 10
1.2.2 Elaboração da Programação Orçamentária e Financeira................................. 10
1.2.3 A Necessidade de Financiamento do Governo Central e
o Resultado Primário “acima da linha” e “abaixo da linha”........................................ 13
1.2.4 Execução e Controle da Programação Orçamentária e Financeira................. 14
1.2.5 As Reprogramações do Relatório de Avaliação de Receitas e
Despesas e os Decretos de Programação Orçamentária e Financeira..................... 14

Módulo 2 – Regras Fiscais


Unidade 1 – Regras Fiscais no Brasil..................................................................... 16
2.1 Regras Fiscais Vigentes no Brasil............................................................................. 16

Unidade 2 – Regras Fiscais no Mundo................................................................... 19


2.2.1 As Principais Regras Fiscais pelo Mundo............................................................. 19
2.2.2 Experiências Internacionais de Controle Fiscal por Regras Fiscais ................. 20
2.2.3 Organismos Internacionais e Regras Fiscais ...................................................... 21

Unidade 3 – Novo Arcabouço Fiscal...................................................................... 23


2.3.1 O Novo Arcabouço Fiscal no Brasil...................................................................... 23
2.3.2 Desafios e Perspectivas do Novo Arcabouço Fiscal........................................... 24
2.3.3 Proposta de Novo Arcabouço Fiscal em Trâmite no Congresso Nacional...... 24

Referências.............................................................................................................. 28

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Olá!
O curso Novo Regime Fiscal e o Teto de Gastos foi desenvolvido em 2023 pela
Enap e integra o Programa de Desenvolvimento de Gerentes Operacionais (PDGO).

O curso tem como objetivo compreender os conceitos básicos do MTO, a programação


orçamentária e financeira, além de conhecer as principais regras fiscais no Brasil e
no mundo.

O conteúdo deste curso é estruturado em 2 módulos:


Módulo 1 – Noções de Finanças Públicas
Módulo 2 – Regras Fiscais

O objetivo do curso é a compreensão básica de finanças públicas até a programação


orçamentária e financeira, criando expertise para compreender sobre as regras
fiscais no Brasil e no mundo.

Ao final deste curso, espera-se que servidores públicos que atuam ou tenham
interesse na temática sejam capazes de:

• Compreender a classificação orçamentária, bem como os objetivos e os


princípios básicos do MTO 2023.

• Compreender as etapas orçamentárias e financeiras, bem como assimilar


entendimento sobre a Necessidade de Financiamento do Governo
Central, suas reprogramações conforme legislação vigente e os impactos
na programação orçamentária e financeira.

• Compreender as regras fiscais vigentes no Brasil nos últimos anos.

• Conhecer as principais regras fiscais pelo mundo e o papel de instituições


como o Banco Mundial na capacitação dos países.

• Compreender as discussões mais recentes divulgadas amplamente na


mídia, a respeito do novo arcabouço fiscal no Brasil, que pretende
substituir as regras fiscais vigentes.

Desejamos um excelente estudo!

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Módulo

1 Noções de Finanças Públicas


Unidade 1 – Manual Técnico de Orçamento
(MTO) 2023 e Classificações Orçamentárias

Ao final desta unidade, você será capaz de compreender a


classificação orçamentária, bem como os objetivos e os princípios
básicos do MTO 2023.

1.1 O Manual Técnico de Orçamento - MTO


O processo orçamentário é fundamental para a gestão das finanças públicas e para
a definição das políticas públicas. Nesse sentido, o Manual Técnico de Orçamento
(MTO) é um importante instrumento de planejamento que orienta os gestores
públicos sobre as etapas do processo orçamentário.

O MTO é editado, anualmente, no início do processo de elaboração da proposta


orçamentária.

Além disso, o MTO apresenta as classificações orçamentárias, que são essenciais


para a elaboração do orçamento e para o acompanhamento da execução das
despesas.

O MTO de 2023 está disponível em: https://www1.siop.planejamento.gov.br/mto/


doku.php/mto2023

1.2 Histórico e Evolução do MTO


O MTO é um documento elaborado pelo Governo Federal do Brasil que estabelece as
diretrizes e normas para a elaboração, execução e controle do Orçamento Público.
Ele é atualizado anualmente para refletir as mudanças nas políticas e práticas
orçamentárias.

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O manual teve sua origem na década de 1960, com a criação do Sistema de
Planejamento Federal no Brasil. Desde então, passou por várias evoluções, com o
objetivo de aprimorar a gestão das finanças públicas e promover a transparência e
a eficiência na utilização dos recursos públicos.

Desde 2006, o MTO foi disponibilizado em meio eletrônico, permitindo maior


acesso, transparência e agilidade nas atualizações decorrentes de modificações nos
processos orçamentários e na legislação aplicada.

1.3 Alterações Anuais do MTO


As atualizações do MTO são elaboradas anualmente pelo Governo Federal. Dentre
as principais alterações que podem ocorrer, temos:

A inclusão de novos programas e ações governamentais para atender às demandas


e prioridades do período.

A atualização das normas e diretrizes relacionadas à elaboração e execução do


Orçamento Público, levando em consideração as mudanças nas leis e regulamentos.

A adoção de medidas para fortalecer a transparência e o controle social, como a


disponibilização de informações orçamentárias em formatos acessíveis ao público.

O aperfeiçoamento das classificações orçamentárias, buscando uma melhor


identificação e acompanhamento dos gastos públicos.

As alterações anuais dependendo das políticas e prioridades estabelecidas pelo


governo em exercício.

Existe um histórico de versões, o qual aponta as modificações em relação a versão


anterior de cada MTO.

Para saber mais, assista ao vídeo Conhecendo o MTO 2023.

Vídeo 1 – Conhecendo o MTO 2023

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1.4 Princípios Orçamentários
No Brasil, os princípios orçamentários são diretrizes fundamentais que norteiam a
elaboração, execução e controle do Orçamento Público. Eles são estabelecidos pela
Constituição Federal de 1988 e pela Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar
n. 101/2000). Os principais princípios orçamentários são:

+ Legalidade
O princípio da legalidade determina que todas as receitas e despesas
públicas devem estar previstas em lei, ou seja, somente podem ser
executadas se houver autorização legal específica.

+ Anterioridade
O princípio da anterioridade estabelece que as leis orçamentárias devem
ser aprovadas antes do início do exercício financeiro correspondente.
Isso garante a previsibilidade e a transparência dos gastos públicos.

+ Universalidade
O princípio da universalidade determina que o Orçamento Público deve
abranger todas as receitas e despesas da Administração Pública, de forma
a englobar todas as unidades gestoras, fundos e entidades vinculadas ao
setor público.

+ Unidade
O princípio da unidade estabelece que o Orçamento Público deve ser
apresentado de forma consolidada, ou seja, todas as receitas e despesas
devem ser apresentadas em um único documento, sem fragmentação.

+ Orçamento Bruto
O princípio do orçamento bruto determina que todas as receitas e
despesas devem ser apresentadas sem qualquer tipo de dedução,
permitindo uma visão completa e transparente dos recursos públicos.

+ Publicidade
O princípio da publicidade estabelece que o Orçamento Público deve ser
divulgado amplamente para a sociedade, garantindo a transparência e o
controle social sobre os gastos públicos.

+ Equilíbrio
O princípio do equilíbrio orçamentário determina que as despesas devem
ser compatíveis com as receitas, buscando evitar déficits orçamentários
excessivos e a necessidade de endividamento público.

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+ Princípio da Exclusividade
Cada lei orçamentária deve tratar exclusivamente de assuntos financeiros.
Não devem ser incluídas matérias estranhas ao campo orçamentário.

+ Princípio da Não Afetação


Os recursos arrecadados pelo governo devem ser utilizados de forma
global, ou seja, não podem ser vinculados a fins específicos, a menos que
haja previsão legal para tal. Esse princípio evita a rigidez do orçamento e
possibilita a realocação de recursos conforme as necessidades.

Esses princípios são fundamentais para garantir uma gestão transparente,


responsável e eficiente dos recursos públicos, assegurando o controle e a participação
da sociedade no processo orçamentário.

1.5 Classificações Orçamentárias


No âmbito do Orçamento Público, existem várias classificações que permitem
identificar e categorizar despesas, programas, ações e órgãos envolvidos. As
principais classificações orçamentárias são:

+ Natureza da despesa
Classifica as despesas de acordo com sua natureza econômica, como
pessoal, custeio, investimento, transferências, entre outras.

+ Função
Agrupa as despesas de acordo com as áreas de atuação governamental,
como saúde, educação, segurança, meio ambiente, entre outras.

+ Subfunção
Complementa a função, detalhando as áreas de atuação em subcategorias
mais específicas. Por exemplo, dentro da função saúde, pode-se ter
subfunções como atenção básica, assistência hospitalar, vigilância
sanitária, entre outras.

+ Programa
Representa um conjunto de ações que visam atingir um objetivo comum.
Os programas são voltados para a execução de políticas públicas e
compostos por várias ações.

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+ Ação
Corresponde a um conjunto de atividades realizadas pelos órgãos
públicos para alcançar os resultados previstos nos programas. São as
ações que efetivamente recebem recursos e são executadas pelos órgãos
governamentais.

+ Projeto/Atividade
São subdivisões das ações, representando atividades específicas ou
projetos de investimento. Enquanto as atividades são de caráter mais
rotineiro, os projetos geralmente envolvem a construção ou aquisição de
bens, ou serviços.

+ Órgão/Entidade
Identifica o órgão ou entidade responsável pela execução das ações e
projetos orçamentários.

Essas classificações permitem uma análise mais detalhada dos gastos públicos,
facilitando o planejamento, a execução e o controle do Orçamento Público.

Chegamos ao final do conteúdo referente ao Manual Técnico de Orçamento MTO


2023 e classificações orçamentárias. Agora, você está mais familiarizado com a
classificação orçamentária, os objetivos e os princípios básicos do MTO.

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Unidade 2 – Programação Orçamentária e
Financeira

Ao final desta unidade, você será capaz de compreender as etapas


orçamentárias e financeiras, bem como assimilar entendimento
sobre a Necessidade de Financiamento do Governo Central, suas
reprogramações conforme legislação vigente e os impactos na
programação orçamentária e financeira.

1. 2.1 A Programação Orçamentária e Financeira na


União
• A programação orçamentária e financeira é um instrumento de gestão
que permite ao governo planejar e controlar as suas despesas e receitas
ao longo do exercício financeiro. Essa programação é elaborada com
base no orçamento aprovado e nas condições de mercado e tem como
objetivo garantir a execução das políticas públicas de forma eficiente e
dentro dos limites fiscais estabelecidos.

• A Programação Orçamentária é o processo de planejamento e alocação


dos recursos financeiros disponíveis para a realização das políticas e
atividades governamentais. Envolve a definição de metas e objetivos, a
estimativa de receitas, a distribuição de recursos entre os programas e
ações e a elaboração do cronograma de desembolso orçamentário.

• Programação Financeira refere-se ao planejamento e controle dos fluxos


de caixa do governo, ou seja, a gestão dos recursos financeiros para o
pagamento das despesas programadas. Além disso, inclui a definição de
prazos, o acompanhamento dos recebimentos e pagamentos, e a
projeção das necessidades de financiamento.

1.2.2 Elaboração da Programação Orçamentária e


Financeira
A elaboração da programação orçamentária e financeira da União é baseada
primordialmente em:

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• Estimativa de Receitas: consiste na previsão das receitas que o governo
espera arrecadar em um determinado período, considerando fatores
como a economia, a legislação vigente e as projeções setoriais. Essa
estimativa serve como base para a definição dos recursos disponíveis
para a programação.

• Definição de Metas e Objetivos: é o estabelecimento dos resultados


esperados com o uso dos recursos públicos. As metas devem ser claras,
mensuráveis e alinhadas com as políticas governamentais, visando
atender às demandas da sociedade.

Distribuição de Recursos: consiste na alocação dos recursos entre os programas,


projetos e atividades de acordo com as prioridades e necessidades identificadas.
Isso envolve a análise dos impactos esperados, a eficiência na utilização dos recursos
e a equidade na distribuição entre diferentes setores e regiões.

Elaboração do Cronograma: consiste na definição dos prazos para a execução


das despesas e receitas. É importante considerar a disponibilidade financeira, a
capacidade de execução e as obrigações legais, a fim de garantir o cumprimento
dos compromissos nos prazos estabelecidos.

Uma vez que a receita é prevista e a despesa é fixada, conforme os objetivos e


metas estabelecidas, o projeto de orçamento anual é proposto, levando-se em
consideração a definição das metas fiscais e diretrizes contidas na Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e os objetivos estratégicos de Governo e os programas
governamentais contidos no Plano Plurianual (PPA) vigente. Após a aprovação, o
projeto de orçamento se transforma na Lei Orçamentária Anual (LOA).

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Ciclo Orçamentário

O ciclo orçamentário e financeiro se baseia nas seguintes etapas:

• Elaboração do orçamento: nesta fase, são definidos os objetivos


financeiros, metas e prioridades da organização para um determinado
período. Também são identificadas as fontes de receitas e planejadas as
despesas necessárias para atingir os objetivos estabelecidos. Esse
processo envolve coleta de dados, projeções financeiras, negociação e
aprovação do orçamento.

• Aprovação: etapa em que são aprovadas as Leis orçamentárias.

• Execução orçamentária: uma vez aprovado o orçamento, ocorre a sua


execução. Isso envolve a implementação das ações planejadas e o uso
dos recursos de acordo com as diretrizes estabelecidas. As receitas são
arrecadadas e as despesas são realizadas conforme as alocações
previstas no orçamento.

• Controle e monitoramento: durante a execução do orçamento, é


essencial monitorar regularmente as receitas e despesas para garantir

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que estejam alinhadas com o planejado. São realizados relatórios
financeiros, análises de desempenho e comparações entre os valores
reais e orçados. O controle orçamentário permite identificar desvios,
tomar medidas corretivas, ajustar o plano e garantir a eficiência
financeira.

• Avaliação e revisão: após um período determinado, é importante avaliar


o desempenho financeiro em relação aos objetivos estabelecidos. Nesta
fase, são analisados os resultados alcançados, a eficácia do orçamento,
a qualidade das estimativas e os impactos das decisões financeiras. Com
base nessa avaliação, podem ser feitas revisões orçamentárias para
melhorar o processo em ciclos futuros.

1.2.3 A Necessidade de Financiamento do Governo


Central e o Resultado Primário “acima da linha” e
“abaixo da linha”
A partir do momento em que se tem as previsões de receitas e a fixação de despesas
para o exercício, passa-se a ter a Necessidade de Financiamento do Governo Central
(NFGC).

A Necessidade de Financiamento do Governo Central é um indicador que mostra a


diferença entre as receitas totais e as despesas totais do governo em um determinado
período. É uma medida importante para avaliar a saúde financeira do governo e sua
capacidade de arcar com suas obrigações. A partir da NFGC, é possível avaliar se a
meta fiscal está sendo cumprida ao longo do exercício, indicando qual a necessidade
de financiamento, principalmente por meio da emissão de títulos públicos, para que
o Governo Central consiga cumprir com as despesas estipuladas para o ano.

No Brasil, a metodologia oficial de apuração de resultado é o resultado primário,


que considera as receitas e despesas, excetuando a parcela referente aos juros
nominais incidentes sobre a dívida líquida.

O resultado primário “acima da linha” refere-se ao saldo das receitas, menos as


despesas primárias do governo. Esse resultado é calculado antes do pagamento dos
juros da dívida e indica a capacidade de o governo de financiar suas atividades e políticas
públicas sem recorrer a endividamento. Este resultado é divulgado mensalmente pela
Secretaria do Tesouro Nacional, a partir do Resultado do Tesouro Nacional (RTN).

Vale salientar que o número oficial para análise do resultado primário é o do


conceito “abaixo da linha”, que corresponde à variação da dívida líquida total, interna
ou externa, sem o detalhamento gerencial indicado pela NFGC. Esse resultado é
calculado pelo Banco Central do Brasil.

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A Secretaria do Tesouro Nacional apura a metodologia “acima da linha”, mas
compatibiliza com a metodologia “abaixo da linha”, a partir das linhas de discrepância
estatística da NFGC, que pode ser explicada ou não explicada.

Assim, a NFGC indica, a partir do cálculo das receitas totais menos as despesas
totais, um resultado de superávit ou déficit primário, no conceito “acima da linha”.

1.2.4 Execução e Controle da Programação


Orçamentária e Financeira
Execução Orçamentária: refere-se à implementação das despesas e receitas
previstas na programação, por meio de procedimentos como empenho, liquidação e
pagamento. É fundamental monitorar a execução, garantindo que os recursos sejam
utilizados de forma eficiente e em conformidade com as diretrizes estabelecidas.

Controle Orçamentário: consiste no acompanhamento e avaliação da execução


orçamentária, verificando se os gastos estão de acordo com o planejado e se os
resultados estão sendo alcançados. Isso envolve a análise de relatórios, indicadores e
o ajuste de desvios identificados, visando a efetividade da programação. A Secretaria
de Orçamento Federal efetua o controle orçamentário, fazendo as limitações de
empenho.

Controle Financeiro: refere-se ao acompanhamento dos fluxos de caixa, garantindo a


disponibilidade de recursos para o pagamento das despesas. Inclui o monitoramento
dos recebimentos, a gestão do endividamento, a análise da capacidade de
financiamento e o controle de riscos financeiros. A Secretaria do Tesouro Nacional
efetua o controle financeiro, aplicando limitações de pagamento financeiro.

A programação orçamentária e financeira é um processo contínuo que envolve o


planejamento, a execução e o controle das finanças públicas. Seu objetivo é garantir
o uso eficiente e transparente dos recursos, o alcance das metas estabelecidas e a
responsabilidade fiscal do governo.

1.2.5 As Reprogramações do Relatório de


Avaliação de Receitas e Despesas e os Decretos de
Programação Orçamentária e Financeira.
O Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas (RARDP) é um instrumento utilizado
pelo governo para atualizar as projeções de receitas e despesas ao longo do ano.
Esse relatório permite ao governo ajustar suas previsões com base no desempenho
real da economia e em mudanças nas circunstâncias financeiras.

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As reprogramações são alterações realizadas no orçamento inicialmente previsto,
considerando as atualizações do RARDP. Essas alterações podem envolver o
remanejamento de recursos entre programas e ações, o cancelamento de despesas
que não serão realizadas e a inclusão de novas despesas que se mostraram
necessárias.

Os RARDPs podem ser encontrados em:


https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/relatorio-de-avaliacao-de-
receitas-e-despesas-primarias-rardp/2023/14

Os Decretos de Programação Orçamentária e Financeira (DPOF) são instrumentos


legais utilizados para formalizar as reprogramações orçamentárias. Eles estabelecem
as modificações no orçamento e determinam as ações e projetos que serão afetados
pelas alterações. Esses decretos têm o objetivo de garantir a transparência e a
legalidade das mudanças orçamentárias.

Os DPOFs podem ser encontrados em:


https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/decreto-de-programacao-
orcamentaria-e-financeira-dpof/2023/182

As reprogramações e os decretos de programação orçamentária e financeira


são importantes para permitir ajustes no orçamento, considerando mudanças
nas condições econômicas e na execução dos programas governamentais. Esses
processos visam assegurar o equilíbrio fiscal e a eficiência na utilização dos recursos
públicos. As regras que regem o funcionamento da programação financeira para o
ano estão dispostas na LRF e na LDO de cada ano.

Para conhecer mais sobre o assunto, assista ao vídeo Apresentação do Relatório


Bimestral.

Vídeo 2 – Apresentação do Relatório Bimestral

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Módulo

2 Regras Fiscais
Unidade 1 – Regras Fiscais no Brasil

Ao final desta unidade, você será capaz de compreender as regras


fiscais vigentes no Brasil nos últimos anos.

2.1 Regras Fiscais Vigentes no Brasil


As regras fiscais são instrumentos de controle e disciplina das finanças públicas. No
Brasil, existem diversas regras fiscais que buscam garantir a sustentabilidade fiscal,
o equilíbrio das contas públicas e a responsabilidade na gestão dos recursos. Essas
regras estabelecem limites para os gastos, déficits e endividamento do governo.

Todavia, a efetiva implementação e manutenção das regras fiscais tem sido um


desafio, exigindo maior comprometimento e coordenação entre os poderes
legislativo e executivo, além de esforços contínuos para fortalecer a transparência e
o controle fiscal.

As principais regras fiscais são:

Regras Fiscais dispostas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF):


A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/2000) é uma legislação
brasileira que estabelece regras e princípios para a gestão das finanças públicas nos
níveis federal, estadual e municipal. Seu objetivo principal é promover o equilíbrio
fiscal, a transparência e a responsabilidade na administração dos recursos públicos.
Alguns aspectos importantes da LRF incluem as seguintes regras fiscais:

• Limites de gastos com pessoal: a LRF estabelece limites para os gastos


com pessoal dos entes públicos, como percentuais da receita corrente
líquida. Essa medida busca evitar o comprometimento excessivo dos
recursos com a folha de pagamento e garantir a sustentabilidade fiscal.

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• Restrições ao endividamento: a LRF define limites para o endividamento
dos entes públicos, com o objetivo de evitar o descontrole das dívidas e
garantir a capacidade de pagamento. Ela estabelece critérios como a
relação entre a dívida consolidada e a receita corrente líquida.

• Transparência e prestação de contas: a LRF determina a divulgação de


informações sobre a gestão fiscal, como a publicação de relatórios fiscais,
a realização de audiências públicas e a apresentação de contas ao final
de cada exercício financeiro. Isso visa aumentar a transparência e
permitir o controle social.

Meta do resultado primário:


A meta do resultado primário é um instrumento de planejamento fiscal utilizado
pelo governo para controlar as finanças públicas. Ela representa a diferença entre as
receitas totais e as despesas totais do governo, excluindo os juros da dívida pública.
O resultado primário pode ser superavitário (quando as receitas são maiores que as
despesas) ou deficitário (quando as despesas são maiores que as receitas).

A definição da meta do resultado primário é importante para o equilíbrio fiscal e o


controle do endividamento público. Ela reflete a política fiscal adotada pelo governo
e pode ser utilizada para alcançar objetivos como a redução do déficit público, o
aumento dos investimentos ou o equilíbrio das contas públicas.

Regra de Ouro:
A Regra de Ouro é um princípio constitucional que estabelece que o governo não
pode realizar operações de crédito (endividamento) para cobrir despesas correntes,
como pagamento de salários e custeio da máquina pública. Em outras palavras, o
governo só pode contrair dívidas para financiar investimentos ou amortizar dívidas
já existentes.

Essa regra visa garantir a sustentabilidade das contas públicas e evitar o


endividamento excessivo para o custeio de despesas recorrentes. Sua finalidade é
impedir que o governo recorra ao endividamento de forma descontrolada, o que
poderia comprometer a capacidade de pagamento da dívida e causar desequilíbrios
fiscais.

Teto de Gastos:
O Teto de Gastos é uma regra fiscal estabelecida pela Emenda Constitucional n.
95/2016, com o objetivo de controlar o crescimento das despesas públicas no Brasil.
Essa emenda limita o aumento dos gastos do governo à variação da inflação do ano
anterior, por um período de 20 anos.

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O Teto de Gastos busca conter o crescimento das despesas públicas e controlar o
déficit fiscal, visando a sustentabilidade das contas públicas. Ele abrange os gastos
primários totais do governo, incluindo despesas com pessoal, custeio, investimentos
e previdência social.

Essa medida tem como objetivo promover o equilíbrio fiscal e a responsabilidade na


gestão dos recursos públicos, todavia, levanta debates sobre possíveis impactos na
prestação de serviços públicos e nos investimentos em áreas como saúde, educação
e segurança.

Para conhecer mais sobre o tema, assista ao vídeo A meta fiscal de resultado primário
no Brasil e o “problema” do teto de gastos.

Vídeo 3 – A meta fiscal de resultado primário no Brasil e o


“problema” do teto de gastos

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Unidade 2 – Regras Fiscais no Mundo

Ao final desta unidade, você será capaz de conhecer as principais


regras fiscais pelo mundo e o papel de instituições como o Banco
Mundial na capacitação dos países.

2.2.1 As Principais Regras Fiscais pelo Mundo


As regras fiscais não são exclusividade do Brasil e são adotadas por diversos
países ao redor do mundo. Cada país possui suas próprias regras e mecanismos
de controle fiscal, buscando assegurar a sustentabilidade das contas públicas e a
estabilidade econômica. Conhecer as regras fiscais em outros países é importante
para a comparação e análise das melhores práticas.

As regras fiscais adotadas em países desenvolvidos variam conforme a estrutura


institucional e as necessidades específicas de cada país. Essas regras são geralmente
estabelecidas para garantir a sustentabilidade das finanças públicas, controlar o
endividamento e promover a estabilidade econômica. Aqui estão alguns exemplos
de regras fiscais adotadas em países desenvolvidos:

+ Regra do Saldo Estrutural


Essa regra busca controlar o déficit estrutural, que é o déficit público
ajustado em relação ao ciclo econômico. A ideia é separar os efeitos
temporários e cíclicos das finanças públicas, concentrando-se no equilíbrio
a longo prazo. Através dessa regra, são estabelecidas metas para o saldo
estrutural, considerando fatores como o crescimento potencial do PIB e
a sustentabilidade fiscal.

+ Regra da Dívida Pública


Essa regra estabelece limites para a relação entre a dívida pública e o
Produto Interno Bruto (PIB). O objetivo é controlar o crescimento da
dívida e garantir a sustentabilidade fiscal. Países que adotam essa regra,
estabelecem um teto para a relação dívida/PIB e implementam políticas
para manter-se dentro desse limite. Isso pode envolver medidas como
redução de gastos, aumento de receitas ou uma combinação de ambas.

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+ Regra do Teto de Gastos
Essa regra limita o crescimento das despesas públicas a uma determinada
taxa ou ao crescimento do PIB. Ela visa controlar o crescimento das
despesas do governo, garantir a sustentabilidade fiscal e evitar o aumento
excessivo da dívida. Os países que adotam essa regra estabelecem
limites para as despesas totais ou para categorias específicas de gastos,
buscando equilibrar as necessidades de financiamento com a capacidade
de pagamento do governo.

+ Regra do Equilíbrio Orçamentário


Essa regra busca atingir o equilíbrio entre receitas e despesas no
orçamento público. Ela impõe a restrição de que o governo não pode
gastar mais do que arrecada em um determinado período. Alguns países
desenvolvidos adotam essa regra como um princípio básico de gestão
fiscal, visando evitar o déficit orçamentário e a acumulação de dívidas.

É importante ressaltar que as regras fiscais podem variar em termos de


especificidades e detalhes de implementação em diferentes países. Além disso, é
comum que os países adaptem suas regras fiscais segundo as condições econômicas
e as necessidades do momento, a fim de garantir a eficácia e a flexibilidade do
sistema fiscal.

2.2.2 Experiências Internacionais de Controle Fiscal


por Regras Fiscais
+ Estados Unidos:
Os Estados Unidos não possuem uma regra fiscal específica, mas têm um
processo orçamentário complexo e elaborado. O Congresso desempenha
um papel fundamental na definição das políticas fiscais, incluindo a
aprovação do orçamento federal. O país enfrenta desafios para alcançar
um equilíbrio fiscal devido a debates políticos e diferenças de opinião
sobre as prioridades de gastos e receitas.

+ Canadá:
O Canadá adotou uma abordagem de regra fiscal chamada “regra do
equilíbrio orçamentário de médio prazo”. Essa regra estabelece metas
para alcançar o equilíbrio orçamentário dentro de um período de tempo
específico, geralmente de cinco anos. Ela visa controlar o déficit e garantir
a sustentabilidade fiscal no longo prazo.

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+ Suécia:
A Suécia implementou uma regra fiscal conhecida como “Regra de Teto
de Gastos” (Expenditure Ceiling Rule). Essa regra estabelece limites para o
crescimento das despesas públicas a médio prazo, vinculando-o à taxa
de crescimento potencial da economia. O objetivo é controlar os gastos
do governo e garantir a sustentabilidade fiscal no país.

+ Alemanha:
A Alemanha possui uma “regra de equilíbrio orçamentário” (Balanced
Budget Rule). Essa regra exige que o governo mantenha um orçamento
equilibrado no nível federal, evitando o endividamento para financiar
despesas correntes. A regra visa garantir a disciplina fiscal e a estabilidade
econômica.

+ Argentina:
A Argentina enfrentou desafios significativos em termos de controle fiscal,
com altos níveis de déficit e endividamento. O país adotou várias regras
fiscais ao longo do tempo, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, que
busca estabelecer limites para o endividamento e a gestão responsável
das finanças públicas. No entanto, a implementação efetiva dessas regras
tem sido desafiadora devido a questões políticas e econômicas.

+ Inglaterra:
No Reino Unido, foram implementadas várias regras fiscais, incluindo
a “regra do teto de gastos” (Spending Cap Rule) e a “regra de equilíbrio
orçamentário” (Balanced Budget Rule). A regra do teto de gastos limita o
crescimento dos gastos públicos a um determinado percentual do PIB,
enquanto a regra de equilíbrio orçamentário visa alcançar o equilíbrio
entre receitas e despesas no médio prazo.

+ União Europeia:
A União Europeia (UE) adota o Pacto de Estabilidade e Crescimento
(PEC) como um conjunto de regras fiscais para os países membros. O
PEC estabelece limites para o déficit orçamentário e a dívida pública,
visando garantir a estabilidade fiscal e a sustentabilidade da dívida nos
países da UE.

2.2.3 Organismos Internacionais e Regras Fiscais


Organismos internacionais desempenham um papel crucial na formulação e
implementação de regras fiscais globais, bem como na coordenação das políticas

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fiscais entre os países. Eles trabalham para promover a estabilidade fiscal, a
transparência, a eficiência e a equidade na tributação em âmbito global. A seguir, estão
detalhados alguns dos principais organismos internacionais e suas contribuições
para estabelecer regras fiscais:

+ Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)


A OCDE é uma organização internacional composta por 38 países membros
que desempenha um papel central na definição de regras fiscais globais.
A OCDE desenvolve diretrizes e padrões fiscais, promove a cooperação
entre os países membros e fornece análises e recomendações sobre
questões fiscais, incluindo tributação corporativa, combate à evasão
fiscal e erosão da base tributária.

+ Fundo Monetário Internacional (FMI)


O FMI é uma instituição global que trabalha para promover a estabilidade
financeira e o crescimento econômico sustentável. O FMI fornece
orientações e apoio técnico aos países membros em questões fiscais,
incluindo o estabelecimento de regras fiscais, a gestão da dívida pública
e a sustentabilidade fiscal.

+ Banco Mundial
O Banco Mundial é uma instituição financeira internacional que oferece
empréstimos e assistência técnica aos países em desenvolvimento.
O Banco Mundial trabalha com os países para melhorar a eficiência e
a transparência das políticas fiscais, fortalecer a gestão das finanças
públicas e promover a responsabilidade fiscal.

+ Grupo de Ação Financeira (GAFI)


O GAFI é um organismo intergovernamental que combate a lavagem de
dinheiro e o financiamento do terrorismo. Embora não esteja diretamente
relacionado às regras fiscais, o GAFI desempenha um papel importante
na promoção da transparência financeira e na prevenção de atividades
ilícitas que podem afetar a arrecadação de impostos.

Esses organismos internacionais desenvolvem diretrizes, padrões e melhores


práticas em questões fiscais, além de fornecerem assistência técnica e promoverem
a cooperação entre os países. Eles desempenham um papel fundamental na busca
por uma tributação global justa, eficiente e transparente, auxiliando os países a
melhorarem suas políticas fiscais e fortalecerem suas capacidades institucionais.

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Unidade 3 – Novo Arcabouço Fiscal

Ao final desta unidade, você será capaz de compreender as


discussões mais recentes divulgadas amplamente na mídia
a respeito do novo arcabouço fiscal no Brasil, que pretende
substituir as regras fiscais vigentes.

2.3.1 O Novo Arcabouço Fiscal no Brasil


O novo arcabouço fiscal refere-se a propostas e reformas que visam aprimorar as
regras fiscais e fortalecer a disciplina fiscal no Brasil. Diante dos desafios econômicos
e fiscais enfrentados pelo país, o debate sobre o aprimoramento das regras fiscais
tem ganhado destaque, visando garantir a sustentabilidade fiscal e promover o
equilíbrio das contas públicas.

Existem diversas propostas em discussão no Congresso, das quais se elencam:

Propostas de reforma do sistema tributário


A reforma do sistema tributário é um tema recorrente em muitos países, incluindo o
Brasil. As propostas de reforma visam simplificar e modernizar o sistema tributário,
tornando-o mais justo, eficiente e favorável ao crescimento econômico. Algumas
das principais propostas incluem a simplificação dos impostos, a redução da carga
tributária, a revisão das alíquotas e bases de cálculo, a unificação de tributos e a
melhoria da fiscalização e arrecadação.

No caso do Brasil, a PEC 45/2019 é uma das principais propostas de reforma do


sistema tributário, que propõe a substituição de cinco tributos (PIS, COFINS, IPI, ICMS
e ISS) por um único imposto sobre bens e serviços, o Imposto sobre Bens e Serviços
(IBS). Além disso, a PEC 110/2019 também propõe a unificação de tributos, mas
com uma abordagem diferente da PEC 45/2019. Essas propostas têm como objetivo
simplificar o sistema tributário, reduzir a complexidade e os custos de conformidade
para as empresas, e promover maior equidade na tributação.

Mudanças na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)


A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é uma legislação que estabelece normas
de controle fiscal e transparência na gestão dos recursos públicos. No Brasil,
têm surgido propostas de mudanças na LRF, com o objetivo de aprimorar o seu
funcionamento e adequá-la às necessidades atuais. Algumas das possíveis mudanças

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incluem a revisão das regras fiscais, como a meta de resultado primário, os limites
de endividamento e a regra de ouro, para torná-las mais flexíveis e adaptáveis às
condições econômicas do país. Além disso, há propostas de aprimoramento dos
mecanismos de transparência fiscal e de controle das despesas públicas.

2.3.2 Desafios e Perspectivas do Novo Arcabouço


Fiscal
O novo arcabouço fiscal enfrenta desafios significativos. Alguns dos principais
desafios incluem: o equilíbrio entre a necessidade de controle fiscal e a promoção do
crescimento econômico; a adaptação às transformações econômicas e tecnológicas;
a melhoria da eficiência da gestão fiscal; o combate à sonegação fiscal e à evasão de
impostos; e a busca por um sistema tributário mais justo e equitativo.

As perspectivas do novo arcabouço fiscal envolvem a expectativa de promover maior


estabilidade e sustentabilidade fiscal, aumentar a transparência e a accountability na
gestão dos recursos públicos, melhorar a eficiência da arrecadação e da alocação dos
recursos, e incentivar o crescimento econômico. As reformas fiscais e as mudanças
na legislação tributária visam responder a esses desafios e perspectivas, buscando
fortalecer o sistema fiscal e promover um ambiente propício para o desenvolvimento
econômico e social.

Saiba mais: vídeo Rogério Ceron detalha projeto do novo


arcabouço, disponível em: http://c.smrclipping.com.br/ministerio
daeconomia/site/m014/noticia.asp?cd_noticia=150232723

2.3.3 Proposta de Novo Arcabouço Fiscal em


Trâmite no Congresso Nacional
O projeto do Novo Arcabouço Fiscal apresenta metas anuais para o resultado
primário, que é a diferença entre as arrecadações e as despesas do governo, tanto
no orçamento fiscal como na seguridade social. O cumprimento dessa meta é
essencial para ser fixado quanto o governo pode gastar no ano seguinte.

As regras para o crescimento da despesa estão definidas no Regime Fiscal Sustentável


e serão aplicadas conforme o cumprimento das metas de resultado primário
definidas anualmente nas Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDOs).

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Regras Propostas:

1. Metas econômicas:

O Novo Arcabouço estabelece uma meta que funciona como uma banda: deve
flutuar entre — 0,25% a +0,25% do crescimento real da economia no ano anterior.
Pela LDO 2024, as metas para 2024, 2025 e 2026 serão, respectivamente, 0,0%, 0,5%
e 1,0% do PIB, com banda de 0,25%.

Meta de resultado no novo arcabouço fiscal em discussão no Congresso

2. Limitação dos gastos:

Sempre que o resultado primário crescer dentro da banda estabelecida, no ano


seguinte, o crescimento real da despesa será igual a 70% do crescimento real da
receita primária, acumulada em 12 meses até junho.

• • A possibilidade de aumento de gastos é limitada a um crescimento real


da despesa de no mínimo 0,6% ao ano e no máximo de 2,5% ao ano.

• • Se o resultado primário ficar abaixo da banda inferior da meta, o


crescimento do teto no ano seguinte ficará limitado a 50% do crescimento
da receita, também limitado a um crescimento real mínimo de 0,6% ao
ano e máximo de 2,5% ao ano.

Exemplo: Suponha que o crescimento real da receita foi de 2,5%. Caso cumprida a
meta de superávit primário, o aumento real da despesa poderá ser de no máximo

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1,75%. Se o superávit não for cumprido, o governo poderá gastar no máximo 1,25%
a mais que a despesa do ano anterior.

Vale salientar que existem tratamentos distintos para algumas despesas, que não
precisariam obedecer ao referido teto, conforme a seguir:

Tratamento das despesas no novo arcabouço fiscal em discussão no congresso

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3. Incentivo a investimentos:

O projeto garante um aporte mínimo de investimentos, a cada ano, igual ou maior


ao montante investido no ano anterior, corrigido pela inflação. Além disso, segundo
a proposta do substitutivo do relator, sempre que houver superávit primário acima
do valor superior da banda da meta, 70% do equivalente a esse superávit será
exclusivamente destinado a investimentos, desde que não ultrapasse 0,25% do total
do PIB. O objetivo primordial é incentivar o aquecimento da economia, não apenas
com a realização de obras de infraestrutura no país, mas também a criação de um
ciclo virtuoso de crescimento econômico.

4. Outras medidas em discussão:

• O acompanhamento do cumprimento de metas será realizado


paulatinamente a cada dois meses.

• Caso as metas não sejam cumpridas, deve haver contingenciamento,


limitado a 25% de despesas discricionárias. Essa limitação tem o intuito
de resguardar o funcionamento da máquina pública.

• Além disso, serão adotadas, no ano seguinte, medidas automáticas de


controle de despesas obrigatórias, como:
• não concessão de aumento real de despesas obrigatórias;
• suspensão de criação de novos cargos públicos;
• suspensão da concessão de benefícios acima da inflação.

• Caso despesas obrigatórias superem 95% das despesas primárias (que


excluem juros e amortização), medidas de controle também são
disparadas automaticamente.

• O Poder Executivo poderá enviar projeto de lei ao Congresso solicitando


a suspensão parcial de algumas das medidas, caso se verifique que as
medidas mantidas são suficientes para compensar o não cumprimento
da meta.

• Gestores não podem ser punidos pelo não cumprimento das metas
estabelecidas pelo Novo Arcabouço, caso tenham respeitado medidas
de contingenciamento e acionado as medidas automáticas de controle.

Vale salientar que o modelo do novo arcabouço fiscal mostrado aqui continua em
discussão no Congresso, e não há como precisar no exato momento quais serão as
novas regras efetivamente. Mas já podemos ter uma ideia do que está por vir.

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Referências
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www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm.

___________. Proposta de Emenda à Constituição n. 45, de 2019. Disponível em:


https://www.camara.leg.br/propostas-legislativas/2220267.

BRASIL. Ministério da Economia. Execução Orçamentária e Financeira. Disponível


em: https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br/execucao-orcamentaria-e-financeira.

___________. Manual Técnico do Orçamento - MTO 2023. Disponível em: https://


www1.siop.planejamento.gov.br/mto/doku.php/mto2023.

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