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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO Á DISTANCIA

Janete Joaquim Gonçalves


708211797

Execução orçamental em Moçambique

Licenciatura em Administração Publica

Nampula

2023
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO Á DISTANCIA

Execução orçamental em Moçambique

Licenciatura em Administração Publica

Trabalho científico de carácter avaliativo a ser


entregue ao Centro do Ensino á distância, na
Universidade Católica de Moçambique,
recomendado na cadeira de Contabilidade
Orçamental

Nampula

2023
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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 4
1. Execução orçamental em Moçambique ........................................................................ 5
1.1. A Execução do Orçamento das Receitas ................................................................... 5
1.2. A Execução do Orçamento de Despesas ................................................................... 5
2. Legalidade e Tipicidade na Execução Orçamental....................................................... 6
3. O Processo Orçamental Moçambicano......................................................................... 6
4. Compreensão da Realidade Orçamental Moçambicana ............................................... 6
4.1. Funções do orçamento ............................................................................................... 7
4.2 Enquadramento constitucional e legal ........................................................................ 8
4.2.1 Princípio da plenitude .............................................................................................. 9
4.2.2 Princípio da anualidade ........................................................................................... 9
5 . Dimensões do orçamento ........................................................................................... 10
Conclusão ....................................................................................................................... 11
Referências bibliográficas .............................................................................................. 12
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Introdução

O trabalho ilustrado com tema: Execução orçamental em Moçambique.Mas não


esqueçamos que o orçamento do Estado é um mapa de receitas cuja obtenção e de
despesas cuja realização têm de ser autorizadas pelas assembleias representativas. Foi a
cabo de séculos de luta com a Realeza que os povos conquistaram o direito de autorizar
periodicamente, através dos seus representantes nos parlamentos, as receitas e as despesas
do Estado. Isso sucedeu primeiro em Inglaterra, data do Bill of Rights (1689), em França
foi com a Revolução de 1789 e, entre nós, a Revolução Liberal de 1822 atribui
competência às Cortes para fixar anualmente os impostos e as despesas públicas.Em
Mocambique iniciou-se a fazer a Execução orçamental em 1987. A elaboração das
propostas da Execução orçamental em Moçambique deve assentar nas orientações e
prioridades definidas no Programa do Governo para cada ano económico e
operacionalizadas no Plano de Acção e instrumentos que definem as actividades dos
Órgãos e instituições Públicas, concentrando-as no desenvolvimento económico
e social. E temos como objectivos:

Geral

✓ Compreender a Execução orçamental em Moçambique.

Específicos

✓ Conceituar a Execução orçamental;


✓ Identificar os tipos de Execução do Orçamento.
✓ Descrever a Execução do Orçamento da Receita e a Execução do Orçamento de
Despesas.

A metodologia usada para a realização deste trabalho foi a da consulta bibliográfica, que
consistiu na leitura e análise das informações de diversas obras que se debruçam sobre os
temas acima mencionado. Os autores das referidas obras estão devidamente citados
dentro do trabalho e também na bibliografia final. Quanto a estrutura o trabalho apresenta
introdução, de seguida encontra-se desenvolvimento, conclusão e por fim a respectiva
referencia bibliografia.
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1. Execução orçamental em Moçambique

Segundo Branco. (2017). “Uma vez aprovado o orçamento e iniciado o ano económico,
começam-se a cobrar as receitas e a pagar as despesas. A este conjunto de actos e
operações dá-se o nome de execução orçamental”.

Para Branco, (2017).


Compete ao Governo executar e fazer executar o orçamento,
sendo para tal coadjuvado pelo conjunto da Administração
Pública. A execução orçamental deverá obedecer a dois princípios
básicos: o da utilização mais racional possível das dotações orçamentais
aprovadas e o da melhor gestão de tesouraria.

1.1. A Execução do Orçamento das Receitas

Conforme Branco. (2017).O primeiro princípio que tem de ser respeitado na execução
das receitas é,como foi atrás referido, o da legalidade. A receita só poderá ser cobrada se
tiver existência legal e se estiver inscrita no orçamento. As operações fundamentais de
execução das receitas são:

✓ As operações de liquidação, que consistem na determinação do montanteque o


Estado tem a receber de terceiros (contribuinte, utente, devedor,etc), cabendo
geralmente a sua execução aos serviços liquidadores dereceitas, como a
Direcção Nacional das Alfândegas (DNA) e a DirecçãoNacional de Impostos e
Auditoria (DNIA).
✓ As operações de arrecadação ou cobrança, normalmente asseguradas pelo
Tesouro, através das quais se assegura a entrada efectiva nos cofres do Estado das
dívidas a receber de terceiros.

1.2. A Execução do Orçamento de Despesas

Como saienta branco, (2017):

Esta componente dos gastos do governo e também se


d e s i g n a m p o r d e s p e s a s públicas ou gastos públicos governos
podem gastar seus recursos, por exemplo, nas aquisições) de bens e
provisão de serviços, para pagar o serviço de dívidas,
fazer investimento, e outras despesas com vista a satisfazer as
necessidades públicas.
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2. Legalidade e Tipicidade na Execução Orçamental

De acordo com Baleeiro, (2003). Na execução do orcamento, o Governo deverá respeitar


as leís em geral (legalidade genérica) e o próprio orçamento (legalidade específica).

✓ Não poderá liquidar e cobrar, nem inscrever no orçamento, uma receita que não
esteja autorizada por lei. A cobrança de um imposto pode, todavia, superar o
montante inscrito no orçamento, já que, ao contrário das despesas, para as quais
são fixados limites máximos, as receitas são uma previsão. Podem variar de
acordo com a conjuntura económica e outros factores que estão fora do controlo
do Governo.
✓ Não poderá realizar despesas que, além de terem base legal, não se encontrem
inscritas no orçamento ou não tenham cabimento não correspondente verba
orçamental, isto é, superem o montante de verba fixado no orçamento.
3. O Processo Orçamental Moçambicano

Na visão de Baleeiro, (2003). A obrigatoriedade das receitas cobradas e das despesas


efectuadas terem que estar necessariamente inscritas no orçamento chama-se tipicidade
orçamental. Convém, no entanto, salientar que a tipicidade orçamental apresenta
naturezas distintas, consoante se trate do orçamento das despesas ou do orçamento das
receitas:
No caso das receitas, apenas se condiciona a espécie de receita q u e poderá ser inscrita
no orçamento (tipicidade qualitativa), não o seu montante.

✓ No caso das despesas, pelo contrário, impõem-se limites aos montantes que
poderão ser gastos (tipicidade quantitativa). Elas não poderão exceder as dotações
globais fixadas no orçamento: são autorizadas em espécie e em
quantidade.

4. Compreensão da Realidade Orçamental Moçambicana

Branco. (2017). A actividade do Estado encontra-se espelhada em vários instrumentos


orçamentais:

✓ O Orçamento do Estado (constitucionalmente pensado para espelhar as receitas e


as despesas dos serviços integrados e serviços e fundos autónomos do Estado e as
receitas e despesas da segurança social);
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✓ Os Orçamentos Locais (artigo 238º, nº1, da Constituição), espelhando a atividade


financeira dos organismos centrais municipais (dotados de autonomia
administrativa) e dos serviços autónomos da administração local (dotados de
autonomia administrativa e financeira); e
✓ Os Orçamentos regionais (artigo 227º, nº1, al. p) da Constituição), espelhando a
atividade financeira dos departamentos regionais (autonomia administrativa)
serviços e fundos autónomos da Administração regional (autonomia
administrativa e financeira).

4.1. Funções do orçamento

No compreender de Branco. (2017). “O Estado tem de orçar as suas despesas e as suas


receitas a fim de se assegurar de que estas bastam a cobrir aquelas. Eis a primeira função
do orçamento: relacionamento das receitas com as despesas”.

No entender de Branco. (2017).

Mas se as receitas têm que cobrir as despesas, então, há que fixar o montante destas
últimas. Ora, o total das despesas é a soma das despesas de todos os serviços do Estado.
A cada um dos serviços são atribuídas verbas de despesas, que representam autorizações
a gastar. Eis a segunda função do orçamento: fixação das despesas.

Como salienta Branco. (2017). Quanto mais despesas o Estado efetuar mais receitas serão
necessárias cobrar, designadamente impostos (exigência unilateral de parte dos
rendimentos ou capital dos cidadãos e das empresas). Por isso, convém que as despesas
sejam fixadas num patamar razoável. Ao contrário das finanças privadas (as receitas
determinam as despesas), nas finanças públicas o nível de despesas é que irá determinar
o nível de receitas.

No pensar de Branco. (2017).

Finalmente, o orçamento represente o próprio plano financeiro. É nele


que se concretiza o plano da Administração: o desenvolvimento que vai
dar-se ou as restrições que vão pôr-se à atividade dos serviços, bem como
a importância dos recursos que vão transferir-se do setor privado para o
setor público. Aqui temos, por conseguinte, a terceira função do
orçamento: exposição do plano financeiro.

Nos termos do artigo 6º da lei de enquadramento orçamental, o plano financeiro “resulta


da Constituição da República Moçambicana e de défice orçamental e de dívida pública
e, bem assim, do disposto no Tratado sobre a Estabilidade, Coordenação e Governação.
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Na óptica de Branco. (2017). O orçamento das receitas é um simples cálculo ou


estimativa: as cobranças são sempre incertas, pois tudo dependerá de circunstâncias
futuras. Mas quanto ao orçamento das despesas já não é, nem pode ser, assim. As verbas
nele inscritas correspondem às importâncias que se prevê os serviços precisam de gastar.
Por conseguinte, os serviços não poderão fazer despesas de montante superior ao dos
créditos orçamentais. As dotações orçamentais constituem o limite máximo a utilizar na
realização de despesas.

4.2 Enquadramento constitucional e legal

Na perspectiva de Branco. (2017). “As matérias adstritas ao Orçamento do Estado


encontram-se consagradas na lei de enquadramento orçamental e tem por base os artigos
105º, 106º e 107º da Constituição da República Moçambicana”.

Para Branco. (2017).

A Lei de Enquadramento Orçamental é o quadro fundamental do


orçamento do Estado (OE) português: a sua existência e razão de ser
resultam, em primeira linha, do disposto no nº1 do artigo 106º da
Constituição, nos termos do qual a lei do orçamento é elaborada,
organizada, votada e executada, anualmente, de acordo com a respetiva
lei de enquadramento.

O disposto na lei de enquadramento orçamental tem valor reforçado, isto é, prevalece,


nos termos do nº3 do artigo 112º da Constituição, sobre todas as normas que estabeleçam
regimes orçamentais particulares que a contrariem (artigo 4º LEO).

Nos termos do artigo 161º, alínea g) da CRP compete à Assembleia da República


“Aprovar o Orçamento do Estado, sob proposta do Governo”. Por conseguinte, o
orçamento do Estado não toma a forma de um decreto-lei, mas de uma lei da Assembleia
da República.

Regras da organização do orçamento

✓ Regras clássicas: unidade, especificação, não-compensação (universalidade) e


✓ Não-consignação

No defender de Castro, e Garcia, (2004). As funções do orçamento são os seus fins.


Para os atingir, há que organizá-lo de acordo com determinadas regras.
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4.2.1 Princípio da plenitude

Na percepção de Branco. (2017).

No artigo 9º, nº1 da lei de enquadramento orçamental está consagrado o


princípio da unidade, segundo o qual as despesas e as receitas do Estado
devem ser inscritas num único documento. Ao prever a existência de “um
só orçamento e tudo no orçamento” pretende-se evitar a existência de
massas de receitas e despesas que escapem à autorização parlamentar e
ao controlo orçamental. Por outro lado, o cumprimento desta regra
permitirá aferir, em cada ano, se as receitas são suficientes para cobrir as
despesas, bem como atingir uma melhor perceção do plano financeiro do
Estado.

Há, no entanto, exceções a este princípio:

✓ Os fenómenos de independência orçamental (Regiões Autónomas, Autarquias


Locais, Setor Público Empresarial, Associações Públicas, Fundações Públicas).
Note-se, porém, que esta exclusão, pelo menos em relação às Regiões Autónomas
e às Autarquias Locais se faz apenas no sentido de estas poderem ter os seus
próprios orçamentos e não no intuito de as eximir à apresentação de todas as suas
receitas e despesas num só orçamento.

Cumpre notar que, de todo o modo, as transferências que o Estado faz para as regiões
autónomas e para as autarquias locais têm que constar no orçamento.

• A gestão patrimonial do Estado, já que esta lógica foge à própria lógica


orçamental.

4.2.2 Princípio da anualidade

Conforme Branco. (2017).

O princípio da anualidade (artigo 14º, nº1 LEO) envolve uma dupla


exigência: votação anual do Orçamento pelo Parlamento e execução
anual do Orçamento pelo Governo e Administração Pública. De acordo
com o princípio da anualidade incluem-se no Orçamento tanto todas as
receitas a cobrar como todas as despesas a realizar efetivamente durante
o ano, independentemente do momento em que juridicamente tenham
nascido (orçamento de gerência), bem como todos os créditos e débitos
originados naquele período orçamental, independentemente do momento
em que se venham a concretizar (orçamento de exercício).

Nos termos do número 3 do artigo 14º LEO, o ano económico coincide com o ano civil.
Isto não prejudica a possibilidade de existir um período complementar de execução
orçamental, nos termos previstos no decreto-lei de execução orçamental (nº 4 do artigo
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13º LEO). Assim, embora em Portugal o ano económico coincida com o ano civil e vigore
a regra da inscrição no Orçamento dos créditos e dos débitos originados naquele período
orçamental, independentemente do período em que se concretizam, admite-se o fecho da
execução orçamental das despesas num período complementar: até 15 de fevereiro do ano
seguinte àquele a que respeita (normalmente). Este sistema de contabilização aproxima-
se do orçamento de exercício.

Ao abrigo do nº2 do artigo 38º LEO, a votação da proposta de lei do Orçamento do


Estado realiza-se no prazo de 45 dias após a data da sua admissão pela Assembleia da
República. O artigo 39º, nº1 LEO prevê situações especiais em que esse prazo não se
aplica, nomeadamente quando: a) A tomada de posse do novo Governo ocorra entre 15
de julho e 30 de setembro; b) O Governo em funções se encontra demitido em 1 de
outubro; c) O termo da legislatura ocorra entre 1 de outubro e 31 de dezembro

Ao passo que Campos, (2001).

Nessas circunstâncias, a proposta de lei do Orçamento do Estado para o


ano económico seguinte é apresentada pelo Governo à Assembleia da
República e enviada à Comissão Europeia no prazo de 90 dias a contar
da tomada de posse do Governo. Como corolário entra-se em regime de
duodécimos: nas despesas apenas se pode aplicar 1/12 daquilo que estava
previsto no orçamento do ano anterior.

5 . Dimensões do orçamento

Dimensões do orçamento Função

• Autorização política • Tributação e despesas


Política do plano Financeiro dependentes d a aprovação
do Estado pela Assegurar equilíbrio e
separação de poderes
Jurídica • Delimitação dos • Delimitação dos poderes
poderes políticos do Estado
financeiros o Estado
• Previsão da gestão • Gestão racional e eficiente de
orçamental e uma fundos públicos
Económica exposição do plano • Gerir e executar a política
financeiro do Estado económica e social do
governo

Fonte: Cruz, et al (2004


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Conclusão

A elaboração do Orçamento do Estado é anual e da competência do Governo, devendo ser


compatível com o orçamento de investimentos plurianuais, considerando toda
a planificação delineada na preparação destes. A preparação e execução do orçamento
do Estado deve ser tratada a preços correntes. Para a Elaboração do Orçamento, os órgãos
e instituições do Estado apresentam ao Ministério das Finanças as suas Propostas
Orçamentais, de acordo com as acções a desenvolver no âmbito de suas funções, em
prazos legalmente definidos. Na verdade, a Execução orçamental em Moçambique é
sempre um mapa de previsão. As receitas e despesas que dele constam não são passadas,
nem atuais, são futuras. Ora, o futuro é incerto e torna-se ilusório prevê-lo; daí que o
orçamento tenha de confinar-se a determinado período: é a limitação no tempo. Cumpre
notar que a previsão das receitas é uma previsão qualitativa, ao passo que a das despesas
é uma previsão quantitativa. Perante os números da execução orçamental há sempre um
elemento que chama a atenção: importa saber se a cobrança de impostos corresponde ao
previsto, sem descurar a análise das despesas efetuadas. Esta previsão é anual e, como
corolário, a nossa aceitação ou aprovação tem uma duração anual.
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Referências bibliográficas

Baleeiro, Aliomar. (2003).Uma introdução à ciência das finanças. Atualização de


Djalma de Campos. 16. ed. rio de Janeiro: Forense.

Branco , Nuno Castelo.(2017).Finanças Moçambicana.2.Ed. Edictora DF.Maputo.

Castro, Domingos P. de; Garcia, Leice M.(2004). Contabilidade pública no governo federal: guia
para reformulação do ensino e implantação da lógica do SIAFI nos governos municipais e
estaduais com utilização do Excel. São Paulo: Atlas.

Cruz, Flávio da (Org.) et al.(2004). Lei de responsabilidade fiscal comentada. 4. ed. São Paulo:
Atlas.

Campos, Dejalma de.(2001).Direito financeiro e orçamentário. 2. ed. São Paulo: Atlas.

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