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FICHA TÉCNICA

Secretária de Estado de Desenvolvimento Social


Elizabeth Jucá e Mello Jacometti

Subsecretária de Assistência Social


Mariana de Resende Franco

Supervisão
Rosilene de Fátima Teixeira de Oliveira 2

Elaboração
Jucineia Soares Gonçalves

Colaboração
Jéssica de Oliveira Lima

Revisão final
Mariana de Resende Franco
Rosilene de Fátima Teixeira de Oliveira

Design Gráfico
Pedro Henrique Ferreira da Rocha
SUMÁRIO

1) MODERNIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO


GOVERNAMENTAL NO BRASIL: BREVE HISTÓRICO ........................................................... 7

2) INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO................................................ 9

2.1) PLANO PLURIANUAL (PPA) .............................................................................................. 9

2.2) LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) ............................................................... 10

2.3) LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)................................................................................ 11 3

3) CICLO DE GESTÃO PÚBLICA ......................................................................................... 12

4) GESTÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: BREVE HISTÓRICO ......................... 13

5) CONSELHO, PLANO E FUNDO NA GESTÃO DO SUAS MUNICIPAL ................................. 15

5.1) CONSELHOS MUNICIPAIS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ................................................... 17

5.2) FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ............................................................. 23

5.3) PLANO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ............................................................. 26

6) INTERFACE ENTRE O PMAS E O CICLO DE GESTÃO PÚBLICA ..................................... 29

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 34
APRESENTAÇÃO

Bem-vindos(as) a mais uma turma de ensino a distância da


Superintendência de Vigilância e Capacitação SUBAS/SEDESE. É com muita
alegria que iniciamos hoje mais uma etapa de qualificação das ofertas do Sistema
Único de Assistência Social (Suas) em Minas Gerais. Nesta oportunidade, a equipe
da Diretoria de Gestão e regulação do Suas (DGSUAS) estará com vocês durante o
curso para trocar experiências e responder dúvidas, nos fóruns de discussão, 4

sobre a elaboração dos Planos Municipais de Assistência Social (PMAS) que irão
vigorar no período de 2022 a 2025.

O PMAS é o mais importante instrumento de planejamento e gestão do


Suas, pois consiste no desdobramento dos demais planos e pactos da Assistência
Social. Representa a busca pela universalidade e unidade do Suas em todo
território nacional.

Os avanços da política de Assistência Social têm como marco principal a


adoção do planejamento, em especial, de longo prazo, pois retira o Suas do lugar
de gestão reativa para assumir compromissos estatais, pactos e criar estratégias
conjuntas, para prevenir agravos e não simplesmente atuar em na ocorrência
desses.

O planejamento no Suas permitiu inovações ao vincular os planos de


Assistência Social aos instrumentos orçamentários, tendo como resultado a
elaboração de planos mais efetivos e capazes de garantir o financiamento e a
continuidade das ofertas socioassistenciais.

Neste curso, enfatizaremos os principais fundamentos do PMAS, como por


exemplo, a sua vinculação ao orçamento público, o fato de ser requisito para
continuidade dos repasses do governo federal e ter estrutura estabelecida na
NOB/Suas, dentre outros. Dessa forma, abordaremos os seguintes conteúdos:

▪ Módulo I – Interface entre o PMAS e o ciclo de gestão pública

▪ Módulo II – Diretrizes para Elaboração do PMAS – Parte I


▪ Módulo III – Diretrizes para Elaboração do PMAS – Parte II

▪ Módulo IV - Implementação e Controle Social do PMAS

Esperamos que este curso auxilie na construção de planos mais aplicáveis


e democráticos! Estaremos à disposição para fazer parte deste processo nos
fóruns do treinamento.

Desejamos um excelente Curso!


Equipe da DGSUAS 5
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Módulo I – Interface entre o PMAS e o ciclo de gestão
pública
1) MODERNIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO
E GESTÃO GOVERNAMENTAL NO BRASIL: BREVE HISTÓRICO
A integração do planejamento com o orçamento e a gestão pública, no
Brasil, é relativamente nova. Foi somente no final da década de 1990, com a
criação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOG e publicação
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do Decreto Federal nº 2.829/1988 (revogado pelo Decreto Federal nº 10.179/2019)
que essa integração se tornou concreta, mais precisamente, com a elaboração do
Plano Plurianual - PPA 2000-2003 (PALUDO, 2013).

Conceituando…
Planejamento governamental é a atividade que, a partir de diagnósticos e estudos
prospectivos, orienta as escolhas de políticas públicas, precede, condiciona e orienta a ação
estatal sendo o mecanismo pelo qual o Estado viabiliza o acesso direitos sociais aos seus
cidadãos, por meio das políticas públicas. A principal característica do planejamento é a
necessidade de mediação entre futuro e o presente (BRASIL, 2015).

Plano Plurianual – PPA é o instrumento de planejamento de médio/longo prazo do


governo, abrange o dispêndio de recursos, mas também objetivos, iniciativas e metas físicas
que devem ser alcançadas até o final do período (PALUDO, 2013).

O início do século XXI, também foi marcado pela a implementação efetiva


do Orçamento Programa, que é o modelo adotado, atualmente, no Brasil, sendo
instituído pelo Decreto-Lei 200/1967 como parte das inúmeras reformas, rumo ao
modelo de administração gerencial.

A nova gestão pública, como também foi denominado o modelo de


administração gerencial, surgiu da necessidade de superar a gestão burocrática
que tem como característica uma gestão ineficiente, limitada e rígida o que
resultou em graves problemas técnico-operacionais e na incapacidade do Estado
em implementar políticas públicas.
A ineficiência dos serviços públicos, na administração burocrática foi tão
marcante que a “eficiência”, além de se tornar a principal característica a ser
alcançada pela nova gestão pública, foi elencada dentre os princípios
constitucionais, estabelecidos no art. 37, da Constituição Federal, por meio da
Emenda Constitucional 19/1998, responsável pela reforma administrativa do
Estado.

Na reforma da administração, implementada pelo Decreto-Lei 200/1967, a


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perspectiva do planejamento governamental ganhou ampla centralidade, pois
passou a conter todas as ações de governo e a conduzir a elaboração e
atualização dos planos de governo, o orçamento-programa anual e o seu
respectivo programa de desembolso. O orçamento-programa, por sua vez, surgiu
da necessidade de integrar o planejamento e o orçamento público, ou seja, da
necessidade de se planejar as ações, antes da execução orçamentária.

A Organização das Nações Unidas - ONU (1971, p.127), conceitua o


orçamento-programa como: “um sistema em que se presta particular atenção às
coisas que um governo adquire, tais como serviços pessoais, provisões,
equipamentos, meios de transporte etc.”. Em suma, são os meios que o governo
se utiliza para cumprir suas atribuições e que se concentram em um plano de
trabalho que integra o planejamento e o orçamento com seus respectivos
objetivos e metas a alcançar (PALUDO, 2013).

Segundo o que estabelece o art. 165 da Constituição Federal de 1988,


integram o orçamento público: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).
2) INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO

2.1) PLANO PLURIANUAL (PPA)


De acordo com a CF/88, o Plano Plurianual – PPA, é um instrumento que
objetiva estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas
para as despesas de capital, relativas aos programas de duração continuada. Além
de compor o ciclo orçamentário, o PPA foi elencado na CF/1988 como o
instrumento central e mais abrangente de planejamento, com o qual devem
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guardar consonância todos os planos e programas nacionais, regionais e setoriais.

O PPA é um plano estratégico regulado por meio de lei e elaborado de


quatro em quatro anos. Segundo Paludo (2013), didaticamente, o PPA pode ser
organizado em cinco etapas:

A elaboração do PPA formaliza o planejamento do município. Neste


sentido deve demonstrar com clareza a relação entre as metas, objetivos e
recursos disponíveis, não só financeiros, mas também os humanos, materiais,
dentre outros. Os programas devem ser elencados no PPA, de forma temática,
com as respectivas metas e resultados que se pretende alcançar no período.

O monitoramento e revisão do PPA são essenciais para manutenção de


sua consonância com a realidade e adequação dos objetivos e metas que a gestão
pretende alcançar. Nestas etapas, também podem ser incluídos novos projetos
que sejam necessários para a consecução do resultado pretendido, portanto,
mesmo possuindo vigência de quatro anos, o PPA deve ser revisto anualmente e
se necessário, alterado.
2.2) LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO)

Conceituando…
“A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração
pública federal, estabelecerá as diretrizes de política fiscal e respectivas metas, em
consonância com trajetória sustentável da dívida pública, orientará a elaboração da lei
orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária” (art. 165, § 2º CF/88).
Redação dada pela Emenda Constitucional 109/2021. 10

A LDO é a lei que direciona a elaboração da LOA, pois contém a seleção


dos programas do PPA que deverão ser contemplados, prioritariamente, com as
dotações da LOA. Funciona como um “elo” entre o PPA e a LOA, antecipando e
orientando a direção dos gastos públicos, bem como os parâmetros que devem
nortear o Projeto de Lei orçamentária para o exercício seguinte (PALUDO, 2013).

É papel da LDO preencher as lacunas deixadas pela ausência de


legislação, quanto a prazos, conceitos e estrutura dos instrumentos de
planejamento e orçamento. Contempla ainda as alterações tributárias e metas
fiscais.

Quanto às diretrizes programáticas, é importante ressaltar que são


estabelecidas pelo PPA, de forma genérica, enquanto a LDO dispõe sobre
diretrizes específicas para a elaboração e execução da LOA. Em suma, que a LDO
estabelece o equilíbrio entre receitas e despesas e delimita o que é e o que não é
possível realizar no ano seguinte.
2.3) LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL (LOA)

Conceituando…
A LOA é o produto final do processo orçamentário, abrange apenas o exercício financeiro a que
se refere e contém a previsão de receitas e autorização de despesas a serem realizadas no
exercício financeiro (PALUDO, 2013).

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A LOA é o orçamento propriamente dito, a lei que irá prover os recursos


necessários para cada uma das ações, portanto, deve conter a representação
monetária do PPA (VAINER; ALBUQUERQUE; GARSON, 2001).

Segundo Vainer et al (2001) o orçamento público proporciona os meios


para se atingirem os fins. Neste sentido a LOA pode ser denominada como a “lei
dos meios, porque é um meio para garantir créditos orçamentários e recursos
financeiros para a realização dos planos, programas, projetos e atividades dos
entes governamentais” (PALUDO, 2013, p. 1661).

Representa um planejamento de curto prazo que tem por objetivo


gerenciar as receitas e despesas em cada exercício financeiro, ou seja, o
cumprimento do PPA ano a ano, para isso deve conter as ações que serão
implementadas e executadas no período de um ano, bem como todas as receitas e
despesas relativas ao orçamento fiscal, o orçamento da seguridade social e o
orçamento de investimentos (BRASIL, 2015).

Dentre os anexos que acompanham a LOA, merece destaque, o Quadro de


Detalhamento da Despesa – QDD. Trata-se de um instrumento que detalha, a nível
operacional, os projetos e atividades constantes do orçamento de um determinado
exercício, especificando os elementos de despesa e seus respectivos desdobramentos.

O QDD detalha cada despesa por sua natureza, classificação e


correspondência aos gastos, por exemplo, com insumos que serão utilizados,
serviços que serão contratados, etc.
Nos módulos III e IV, retomaremos outros aspectos do QDD.

3) CICLO DE GESTÃO PÚBLICA


O ciclo de gestão pública é o produto da integração do planejamento,
orçamento, gestão. Por último, mas não menos importante, o controle, que é
exercido internamente pelos poderes executivo, legislativo e judiciário; e
externamente, pelo poder legislativo com auxílio dos tribunais de contas e o
controle social, realizado pelos cidadãos. 12

Formulação e implementação de políticas públicas

Fonte: Produção própria com base no Ciclo de Gestão apresentado na VIII Semana Orçamentária, Financeira e de
Contratações Públicas, ESAF, 2011.

Como demonstrado na figura, o ciclo de gestão pública tem como centro


integrador os instrumentos elencados, no art. 165, da Constituição Federal de 1988
e como produto, a formulação e implementação de políticas públicas, que
representam todas as atividades que os governos realizam e que influenciam na
melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

Por meio das políticas públicas, também se efetivam prestações positivas


que são ações voltadas à concretização dos direitos fundamentais e sociais, à
garantia da igualdade e dignidade da pessoa humana.
Você sabia?
A Assistência Social é direito fundamental social que torna exigível prestações positivas que
devem ser proporcionadas direta ou indiretamente pelo Estado, pois são direitos que tendem
a realizar a igualização de situações sociais desiguais (SILVA, 2007).

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4) GESTÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: BREVE


HISTÓRICO
No século XIX, com a conquista dos direitos sociais, passou-se a exigir a
atuação obrigatória do Estado, por meio de prestações positivas, visando a
equalização da hipossuficiência, em busca da concretização do princípio da
igualdade material: “tratar os desiguais na medida de sua desigualdade”. Neste
sentido a Constituição Federal de 1988, instituiu a Assistência Social como direito
fundamental social, marcando a positivação da Proteção Social estatal gratuita,
destinada a quem dela necessitar (SILVA, 2007).

A Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS (1993), ao regulamentar a


política de Assistência Social, estabeleceu as competências de cada ente
federado para a materialização da gestão descentralizada, já sinalizando o
desenvolvimento de um sistema de gestão, com comando único, nas três esferas
de governo.

Em 2003, durante a realização da IV Conferência Nacional, o foco


principal das discussões foi a criação do um sistema único, responsável por
organizar e gerir a política de Assistência Social. A partir dos produtos desta
conferência foi publicada a Resolução nº 145 em 2004 aprovando o texto da
Política Nacional de Assistência Social – PNAS que delineou as diretrizes,
objetivos e estrutura do Sistema Único de Assistência Social – Suas:

“A gestão proposta (...) pauta-se no pacto federativo, no qual


devem ser detalhadas as atribuições e competências dos três
níveis de governo na provisão das ações socioassistenciais”
(BRASIL, 2004, p.13).
O processo de descentralização no Suas tem como objetivo não só a
divisão de competências e o reconhecimento das demandas setoriais, mas a
busca pelo conhecimento sobre “onde, como e quando” ocorreram, o que significa
considerar as diversidades e desigualdades socioterritoriais, na configuração da
própria Política.

A concretização desse processo no Suas resultou na organização das


ofertas em rede e de forma territorializada, tornando possível, inclusive, a
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superação da setorização, por meio da utilização da articulação intersetorial como
ferramenta para construir alternativas conjuntas de garantia do atendimento
integral aos usuários do Suas.

Além da descentralização e territorialização a PNAS (2004), estabelece as


seguintes diretrizes estruturantes do Suas:

▪ Primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de


Assistência Social;

▪ Financiamento partilhado entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios;

▪ Matricialidade sociofamiliar;

▪ Fortalecimento da relação democrática entre Estado e sociedade civil;

▪ Controle social e participação popular.

O Suas delineou definitivamente as bases da proteção social no Brasil a


partir da gestão, articulação e organização das funções e seguranças afiançadas
pela Política de Assistência Social, em proteções hierarquizadas em básica e
especial de média e alta complexidade, por meio das quais são operacionalizados
os serviços, benefícios, e programas socioassistenciais. Todas as ofertas do Suas
têm como foco a centralidade na família e a superação das desigualdades sociais
que as expõem aos riscos e violações de direitos.

O processo de adesão ao Suas iniciou-se no ano de 2005 e teve como


condição indispensável a comprovação dos critérios constantes no art. 30 da
LOAS/1993, que estabelece como condição para os repasses de recursos do
governo federal aos Municípios, Estados e ao Distrito Federal, a efetiva instituição
e funcionamento dos Conselhos, Planos e Fundos de Assistência Social.

Como veremos nos próximos tópicos, esses três dispositivos da LOAS


(1993) constituem a base da afirmação da responsabilidade estatal no provimento
e desenvolvimento da Política de Assistência Social.

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5) CONSELHO, PLANO E FUNDO NA GESTÃO DO SUAS MUNICIPAL

Marcos normativos
Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS):

Art. 30. É condição para os repasses, aos Municípios, aos Estados e ao Distrito Federal, dos recursos
de que trata esta lei, a efetiva instituição e funcionamento de:

I - Conselho de Assistência Social, de composição paritária entre governo e sociedade civil;

II - Fundo de Assistência Social, com orientação e controle dos respectivos Conselhos de


Assistência Social;

III - Plano de Assistência Social (Brasil, 1993, grifo nosso).

Parágrafo único. É, ainda, condição para transferência de recursos do FNAS aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios a comprovação orçamentária dos recursos próprios destinados à
Assistência Social, alocados em seus respectivos Fundos de Assistência Social, a partir do exercício
de 1999. (Incluído pela Lei nº 9.720, de 30.11.1998)

Vimos anteriormente que o “CPF” - denominação informal dada as iniciais


dos requisitos elencados no artigo 30 da LOAS (1993) – é requisito indispensável
para a adesão ao Suas.
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Por sua relevância, a exigibilidade destes instrumentos condiciona o


repasse de recursos do cofinanciamento federal aos municípios, como forma de
referendar a:

▪ responsabilidade estatal no custeio da política de Assistência Social;

▪ indução à prática do planejamento e atualizações normativas no cotidiano


da gestão do Suas; e

▪ participação social nos processos decisórios.

Portanto, a lógica da obrigatoriedade de comprovação do CPF não deve


ser entendida como uma sanção, mas um lembrete, ao necessário e contínuo
retorno das gestões municipais, aos fundamentos do Suas.

Visando dar cumprimento a esse dispositivo da LOAS (1993), no ano de


2017, o Tribunal de Contas da União – TCU, por meio do Acordão 2.407/2017,
determinou ao órgão gestor da Assistência Social, em âmbito federal, que
tornasse imperativa, a efetividade do CPF, como condição para o recebimento de
repasses de recursos.

No ano de 2020, a Portaria 109/2020, regulamentou a averiguação do CPF,


sendo posteriormente alterada pelas Portarias: 337/2020, que prorrogou o prazo
de averiguação para novembro de 2020; 561/2020 e que estabeleceu prazo até
novembro de 2021, para que estados e municípios comprovem a superação de
irregularidades no Fundo e Conselho de Assistência Social.
Atenção!
É imprescindível a elaboração e atualização periódica da lei municipal do Suas, resolução de
benefícios eventuais e de aprovação do PMAS e suas alterações, para garantia da transparência,
eficiência e efetividade na gestão do Suas.

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5.1) CONSELHOS MUNICIPAIS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Marcos normativos
Art. 16. As instâncias deliberativas do Suas, de caráter permanente e composição paritária entre
governo e sociedade civil, são:

(...) IV - os Conselhos Municipais de Assistência Social.

Ao longo da história dos direitos sociais, os conselhos surgem como


estruturas centrais do processo democrático. Para Cunha (2013), os conselhos,
são resultado do amadurecimento de ideias e aspirações por participação
construídos “como expectativa não só alterar as relações entre o Estado e a
sociedade, mas também propiciar meios de controle das ações públicas pela
sociedade” (CUNHA, 2013, p.7).

No art. 194, a CF/1988, instituiu a participação social e do governo nos


órgãos colegiados da política de Assistência Social, como diretriz da gestão
democrática e descentralizada desempenhada pelo Suas.

Em âmbito local o Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS) é


instância, de caráter permanente, deliberativo e paritário, instituído por meio de
lei específica. A lei que instituir o CMAS deverá estabelecer o número de
conselheiros titulares e suplentes, o período de cada mandato dos conselheiros, a
estruturação (secretaria executiva, comissões temáticas), dentre outros. Na
organização do CMAS deve-se observar a composição paritária e proporcional:
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Importante destacar que a paridade do CMAS não deve ser confundida


com a proporcionalidade da representatividade. Compor o Conselho de forma
paritária quer dizer garantir igualdade entre a participação do governo e
sociedade civil. Organizar de forma proporcional significa que na composição da
sociedade civil serão observados o mesmo número de representantes das três
categorias: entidades socioassistenciais, usuários e trabalhadores.

Visando ainda, o equilíbrio na constituição do CMAS, o art. 10 da


Resolução CNAS 237/2006, estabelece que seja observada a alternância na
presidência entre governo e sociedade civil. Também, prevê esse dispositivo, que
a duração dos mandatos dos conselheiros não deve ser superior a dois anos, salvo
no caso de recondução, que poderá ocorrer uma única vez.

Você sabia?
O Acordão do TCU 2404/2017 que determinou, ao órgão gestor federal, a supervisão da atuação dos
Conselhos de Assistência Social e o condicionamento dos repasses de recursos ao cumprimento do
artigo 30 da LOAS, enfatizou a necessidade da paridade e composição tripartite da representação da
sociedade civil.
É importante lembrar que entre o CMAS e o órgão gestor da Assistência
Social existe vinculação e não relação de subordinação, devendo ambos se
submeterem às atribuições elencadas nas normativas do Suas e regimento
interno do Conselho. Em consonância com a NOB/Suas (2012) são atribuições das
gestões municipais em relação ao Conselho:

▪ Instituir o CMAS por meio de Lei específica ou na lei do Suas;

▪ Garantir recursos materiais, humanos e financeiros necessários para o seu 19


pleno funcionamento;

▪ Custear despesas de passagens, traslado, alimentação e hospedagem dos


conselheiros, quando no exercício de suas atribuições;

▪ Capacitar os conselheiros.

Marcos normativos
Os Conselhos de Assistência Social estão vinculados ao órgão gestor de assistência
social, que deve prover a infraestrutura necessária ao seu funcionamento, garantindo recursos
materiais, humanos e financeiros, inclusive com despesas referentes a passagens e diárias de
conselheiros representantes do governo ou da sociedade civil, quando estiverem no exercício
de suas atribuições. (Parágrafo único, art. 16, LOAS 1993).
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Quanto ao campo de atuação do CMAS, esse não se restringe à


participação, tendo também natureza deliberativa, ou seja, atua na tomada de
decisões que vinculam uma parcela significativa da população, além de
exercerem importante papel no processo de formulação, implementação e
avaliação de políticas públicas (CUNHA, 2017).

Nesse sentido, o CMAS compartilha com a gestão municipal a


responsabilidade pela elaboração e consonância do PMAS com os demais
instrumentos orçamentários, atuando na apreciação, aprovação por meio de
resolução, atualização, na garantia da publicidade do plano, bem como na
avaliação e fiscalização de sua execução.

Atenção!
É recomendada a publicação do PMAS juntamente com a Resolução do CMAS que o aprova
para garantir a divulgação, transparência e continuidade, bem como facilitar o controle
social.

#Fica a dica: Não confie na sua memória publicize ao máximo o PMAS!


A Resolução CNAS 237/2006 que define diretrizes para a estruturação,
reformulação e funcionamento dos Conselhos de Assistência Social dispõe que
lhes cabem:

I. Elaborar seu Regimento Interno, o conjunto de normas administrativas


definidas pelo Conselho, com o objetivo de orientar o seu funcionamento;

II. Aprovar a Política Estadual, do Distrito Federal e Municipal, elaborada em


consonância com a PNAS - Política Nacional de Assistência Social, na 21
perspectiva do Suas – Sistema Único de Assistência Social, e com as
diretrizes estabelecidas pelas Conferências de Assistência Social, podendo
contribuir nos diferentes estágios de sua formulação;

III. Convocar, num processo articulado com a Conferência Nacional, as


Conferências de Assistência Social na respectiva esfera de governo, bem
como aprovar as normas de funcionamento das mesmas e constituir a
comissão organizadora e o respectivo Regimento Interno;

IV. Encaminhar as deliberações da conferência aos órgãos competentes e


monitorar seus desdobramentos;

V. Acompanhar, avaliar e fiscalizar a gestão dos recursos, bem como os


ganhos sociais e o desempenho dos benefícios, rendas, serviços
socioassistenciais, programas e projetos aprovados nas Políticas de
Assistência Social Nacional, Estaduais, do Distrito Federal e Municipais;

VI. Normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública


e privada no campo da assistência social, exercendo essas funções num
relacionamento ativo e dinâmico com os órgãos gestores, resguardando-
se as respectivas competências;

VII. Aprovar o plano integrado de capacitação de recursos humanos para a área


de assistência social, de acordo com as Normas Operacionais Básicas do
Suas (NOB-Suas) e de Recursos Humanos (NOB-RH/Suas);
VIII. Zelar pela implementação do Suas, buscando suas especificidades no
âmbito das três esferas de governo e efetiva participação dos segmentos
de representação dos conselhos;

IX. Aprovar a proposta orçamentária dos recursos destinados a todas as ações


de assistência social, nas suas respectivas esferas de governo, tanto os
recursos próprios quanto os oriundos de outras esferas de governo,
alocados nos respectivos fundos de assistência social;
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X. Aprovar critérios de partilha de recursos, respeitando os parâmetros
adotados na LOAS e explicitar os indicadores de acompanhamento;

XI. Propor ações que favoreçam a interface e superem a sobreposição de


programas, projetos, benefícios, rendas e serviços;

XII. Inscrever e fiscalizar as entidades e organizações de assistência social em


seus municípios, cabendo ao Conselho Estadual fazê-lo em caso de
inexistência de Conselho Municipal;

XIII. Informar ao CNAS sobre o cancelamento de inscrição de entidades e


organizações de assistência social, a fim de que este adote as medidas
cabíveis;

XIV. Acompanhar o processo do pacto de gestão entre as esferas nacional,


estadual, do Distrito Federal e municipal, efetivado na Comissão
Intergestores Tripartite - CIT e Comissão Intergestores Bipartite - CIB,
estabelecido na NOB/Suas, e aprovar seu relatório;

XV. Divulgar e promover a defesa dos direitos socioassistenciais;

XVI. Acionar o Ministério Público, como instância de defesa e garantia de suas


prerrogativas legais.
5.2) FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Conceituando…
O Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS) é uma ferramenta de gestão
orçamentária e financeira do Suas que deve ser criado por Lei e constituído como unidade
orçamentária, com CNPJ próprio. O FMAS é gerido pelo órgão gestor da Política de
Assistência Social, sob orientação e controle do CMAS.
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Entre as responsabilidades estabelecidas para os três entes federados,


na lógica da gestão compartilhada do Suas, o financiamento configura-se como
corresponsabilidade entre União, Estados e Municípios. Dessa forma, o
financiamento da Assistência Social é organizado, na lógica do cofinanciamento
pelas três esferas de governo com recursos alocados nos respectivos Fundos de
cada ente.

A NOB/Suas (2012), define que devem ser alocadas nos fundos de


Assistência Social, as receitas; e executadas as despesas, relativas ao conjunto
de ações, serviços, programas, projetos e benefícios no Orçamento da política de
Assistência Social.

Atenção!
Na destinação dos recursos públicos devem ser observados os princípios da administração
pública previstos no art. 37, da CF/1988: “A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”.

Ainda conforme a CF/88, o art. 52, estabelece que nenhum Fundo deve
ser criado sem a autorização legal, o que implica na imperatividade da instituição
do Fundo de Assistência Social por meio de lei. Além disso, devem ser informados,
para a comprovação do fundo:

I. Cadastro regular ativo no sistema de cadastro do Suas - CadSuas;


II. Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ;

III. Constituição como unidade orçamentária; e

IV. Comprovação de alocação de recursos próprios.

Você sabia?
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É a instituição do Fundo como Unidade Orçamentária, com CNPJ próprio, que garante
transparência e permite aos conselhos e à sociedade analisar e comprovar a execução dos
recursos financeiros destinados à política de Assistência Social.

Apesar de não existir um percentual mínimo para o cofinanciamento da


Assistência Social, por cada ente, o parágrafo único, do art. 30, da LOAS
estabelece a necessidade da comprovação orçamentária dos recursos próprios
alocados no Fundo, como condição legal para o recebimento dos repasses.

No Suas, os recursos são transferidos Fundo a Fundo, ou seja, repasse


direto do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), para os Fundos de
Assistência Social Estadual (FEAS) e Fundo Municipal de Assistência Social
(FMAS). As transferências devem ocorrer de forma regular e automática,
independentemente de celebração de convênio, ajuste, acordo ou contrato.

FNAS
Fundo Nacional de
Assistência Social

FEAS FMAS
Fundo Estadual de Fundo Municipal de
Assistência Social Assistência Social
Para garantir maior agilidade e flexibilidade na execução dos recursos
repassados do FNAS, para os municípios e estados, foram organizados blocos de
financiamento denominados:

▪ Bloco da Proteção Social Básica,

▪ Bloco da Proteção Social Especial,

▪ Bloco da Gestão do Suas e,


25
▪ Bloco da Gestão do Programa Bolsa Família e do Cadastro Único.

No Estado de Minas Gerais, o cofinanciamento dos serviços


socioassistenciais e benefícios eventuais é realizado por meio do Piso Mineiro de
Assistência Social que é repassado do FEAS para os fundos municipais, de forma
regular e automática, tendo o município, a liberdade para escolher onde alocar
esses recursos.

Como vimos a instituição do Fundo é condição para o recebimento de


recursos do cofinanciamento. Na esfera municipal, esses recursos devem contar
também com alocações de recursos próprios, para o cumprimento das
competências que lhes foram distribuídas pela NOB/Suas.

Além disso, ao FMAS também são destinados recursos provenientes do


FEAS e do FNAS. Todos estes recursos devem ser aplicados nas ações e
prioridades estabelecidas no PMAS, ou seja, destinados a operacionalização e ao
aprimoramento da gestão e das ofertas socioassistenciais.

Cabe ao gestor municipal da Assistência Social gerir o FMAS, sendo


recomendado que também seja o ordenador de despesas dos recursos nele
alocados, ambas atribuições devem ser exercidas sob a orientação e controle do
CMAS.
Conceituando…
Ordenador de despesa é todo e qualquer agente público de cujos atos resultarem emissão
de empenho, autorização de pagamento ou dispêndio de recursos do Estado. É a pessoa
investida legalmente de competência para assumir obrigações em nome do ente. Tem-se
que a ordenação de despesa poderá ser objeto de delegação de competência mediante ato
específico (art. 21, § 2º, Lei Complementar nº 101/2000).

26

Para finalizar este tópico é importante destacar que a efetividade da


execução do PMAS a partir dos recursos do fundo municipal só será possível se
estiverem previstos no orçamento.

Você sabia?
De acordo, com o art. 85 da NOB/Suas, incumbe aos Conselhos de Assistência Social exercer
o controle e a fiscalização dos Fundos de Assistência Social, mediante:
I - aprovação da proposta orçamentária;
II - acompanhamento da execução orçamentária e financeira, de acordo com a
periodicidade prevista na Lei de instituição do Fundo ou em seu Decreto de regulamentação,
observando o calendário elaborado pelos respectivos conselhos;
III - análise e deliberação acerca da respectiva prestação de contas.

5.3) PLANO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


O PMAS organiza e consolida a execução do Suas no âmbito municipal, por
meio do estabelecimento de diretrizes, objetivos, prioridades, metas e ações
estratégicas para um período de quatro anos que compreende, o segundo ano do
mandato eletivo atual e o primeiro ano do mandato subsequente.
O PMAS é uma construção participativa, sob responsabilidade do órgão
gestor que deve envolver os demais atores. Neste sentido, para a elaboração,
alteração e atualização do PMAS é importante que a gestão conte com o apoio:

▪ da rede socioassistencial;

▪ dos participantes das conferências municipais;

#Fica a dica

Aproveite os momentos de debate das conferências municipais deste ano de 2021, para discutir e 27
deliberar as prioridades que deverão ser refletidas no PMAS para os próximos 4 anos.

▪ dos profissionais das diversas carreiras do Suas, elencadas nas Resoluções


- CNAS 17/2011 e CNAS 09/2014 – de forma a incorporar no plano a
dimensão técnico-operativa interdisciplinar das ofertas
socioassistenciais;

▪ dos movimentos sociais e voluntários com atuação no município visando


fortalecer e evidenciar sua importância para a construção dos processos
democráticos e inclusivos nos territórios, principalmente, na superação
das ocorrências de emergências e calamidades públicas;

▪ Dos demais órgãos colegiados que guardem consonância com as diretrizes


da política de Assistência Social ou represente grupos prioritários como
crianças, idosos e pessoas com deficiência;

▪ Do Sistema de garantia de direitos, dentre outros.

De acordo com a NOB/Suas (2012) durante a produção dos conteúdos do


PMAS, deve-se observar as deliberações da conferência municipal, as metas
nacionais e estaduais pactuadas e as ações articuladas, intersetoriais e de apoio à
gestão descentralizada.

Quanto ao apoio técnico e financeiro, esse deve compreender as ações de


capacitação, elaboração de normas e instrumentos, publicação de materiais
informativos e os incentivos financeiros.
A NOB/Suas estabelece que são parte da estrutura do PMAS, dentre
outros:

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Entre as diretrizes para a elaboração do PMAS destaca-se a necessidade


de sua consonância com os instrumentos orçamentários, de forma que sejam
retratadas as prioridades locais, as metas deliberadas, a alocação das receitas e a
previsão das despesas.

Conforme dispõe a NOB/Suas (2012, art.19): “(...) os Municípios deverão


elaborar os respectivos Planos de Assistência Social a cada 4 (quatro) anos, de
acordo com os períodos de elaboração do Plano Plurianual - PPA.
Como vimos o PPA é um plano estratégico formado por todos os programas
e projetos que o governo pretender realizar durante a sua vigência e por isso sua
elaboração depende da construção de planos setoriais de cada uma das políticas
públicas. Daí a relevância de que as informações do PMAS estejam contempladas
nesse instrumento.
As ações previstas no PMAS que não forem incorporadas ao PPA não serão
objeto de destinação orçamentária na LOA e não poderão ser implementadas.
Esse é um fator que deve servir de alerta para o órgão gestor, pois se a despesa
não estiver autorizada na LOA, não poderá ser realizada no exercício seguinte, a
não ser por meio de alteração legislativa e criação de créditos adicionais, o que 29
levará a descontinuidade das ofertas.
Outro fator que vincula a Assistência Social aos instrumentos
orçamentários é a responsabilidade dos Conselhos de Assistência Social de
discutir suas metas e prioridades podendo para isso realizar audiências públicas.

6) INTERFACE ENTRE O PMAS E O CICLO DE GESTÃO PÚBLICA


Ao longo deste módulo exemplificamos algumas implicações do
planejamento no ciclo de gestão pública. Neste ponto, já é possível compreender
que o plano é o produto do processo de planejamento, ou seja, o documento que
dá foco e direcionamento para a gestão (BRASIL, 2015).

Vimos ainda, que existe um elo entre os instrumentos de planejamento


orçamentário e de gestão. Neste sentido, o plano se constitui tanto como meio,
quanto produto, por isso, deve ser elaborado a cada quatro anos, coincidindo com
o período de elaboração do PPA e revisado anualmente para se adaptar a LOA.
30

A importância do PMAS para gestão do Suas contempla múltiplas


dimensões:

▪ representa o planejamento estratégico da Assistência Social, em sentido


literal, ou seja, contém os problemas, as estratégias e metas para alcançar
os resultados pretendidos na execução da política;

▪ é processo democrático que amplia a participação social na tomada de


decisão e o controle popular;

▪ documento que comprova e dá transparência ao compromisso estatal de


realizar entregas à população a partir do uso eficiente dos recursos
públicos;

▪ plano setorial da Assistência Social que elenca as prioridades que deverão


constar no orçamento;

▪ garante o financiamento e a continuidade das ofertas por meio da previsão


de receitas e despesas nos instrumentos orçamentários para vigorar um
ano após o início de uma nova gestão impedindo a descontinuidade dos
serviços socioassistenciais;
▪ Construção interdisciplinar que permite associar o planejamento e os
processos técnico-operacionais, com a realidade cotidiana a partir dos
diferentes olhares dos profissionais, em suas variadas áreas de atuação.

No início deste módulo abordamos a utilização do planejamento de forma


integrada ao orçamento e a gestão federal. Destacamos que esta inserção
ocorreu recentemente, ou seja, a cultura do planejamento não é algo com o qual
as gestões públicas brasileiras se acostumaram, ou desenvolveram ao longo da
31
história e isso tem reflexo direto na formulação e execução das políticas públicas.

Continuar a relegar o planejamento a um documento de “gaveta” é negar a


política de Assistência Social, como uma construção democrática e a própria
gestão republicana adotada pelo Suas.

Atenção!
É importante que o Plano PMAS não seja apenas um documento burocrático, para cumprir um
requisito legal ou uma imposição dos órgãos de controle, mas, que represente uma
ferramenta para o aprimoramento do planejamento e da execução das políticas públicas.

No contexto em que vivemos o planejamento se tornou um imperativo, já


que as mudanças na realidade social têm se tornado cada vez mais frequentes e
intensas, impactando indistintamente toda a população, com gravidade ainda
mais elevada para o público vulnerável.

O PMAS que irá ser construído para vigorar de 2022 a 2025, com certeza
será um dos mais importantes e talvez o mais complexo da história da política de
Assistência Social. Dessa forma, neste momento da elaboração do PMAS o foco
deverá ser a efetividade da sua execução. A construção de planos pragmáticos
depende de diversos aspectos, que vão desde a interface com os instrumentos de
planejamento ao conhecimento e vivência cotidiana, pelos gestores municipais,
de suas atribuições.
São competências do órgão gestor da Política Assistência Social, dentre
outras:

▪ Instituir o “CPF”, conforme art. 30 da LOAS/1993;

▪ Propor e atuar para garantir a Lei do Suas municipal;

▪ Construir os PMAS de quatro em quatro anos, em consonância com o PPA,


LDO e LOAS;
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▪ Constituir o CMAS por meio de lei e garantir os recursos necessários para
sua estruturação e funcionamento;

▪ Fomentar no CMAS a criação de Resolução de Benefícios Eventuais;

▪ Constituir o FMAS, com CNPJ próprio;

▪ Atuar como ordenador de despesas do fundo municipal de Assistência


Social (FMAS);

▪ Realizar a execução físico-financeiro do orçamento;

▪ Realizar prestações de contas, preenchimento de sistemas federais, bem


como atualizar os cadastros necessários;

▪ Reprogramar até o dia 31 de dezembro todos os saldos de recursos;

▪ Monitorar e avaliar os serviços, benefícios e programas socioassistenciais;

▪ Alimentar os Sistemas de Informação e Monitoramento do Suas;

▪ Constituir as equipes de referência e demais profissionais da política de


Assistência Social;

▪ Organizar e destinar recursos para a qualificação profissional dos


trabalhadores do Suas;

▪ Gerir a rede socioassistencial do município;

▪ Garantir que o Censo Suas seja devidamente preenchido e assinado;


▪ Monitorar, avaliar e providenciar as condições necessárias para o
aprimoramento da qualidade dos equipamentos públicos (conforme
indicadores, calculados anualmente);

▪ Assegurar que os recursos públicos atinjam a finalidade das ofertas


socioassistenciais, bem como sejam realizadas de maneira legal,
transparente, impessoal e eficiente, conforme determina o art. 37 da
Constituição Federal.
33
▪ Dentre outras.

Ficamos por aqui! No próximo módulo abordaremos a estrutura do


PMAS e os fundamentos e diretrizes para sua elaboração. Não se esqueça de
fazer os exercícios de fixação que estão disponíveis na Plataforma EaD Suas.

Bons Estudos,
Equipe da Diretoria de Gestão e regulação do Suas
REFERÊNCIAS
BORGES, Cyonil; SÁ, Adriel. Manual de direito administrativo facilitado. Salvador:
Juspodivm, p. 1472, Ed. 3a, 2019.

BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 (Lei Orgânica da Assistência


Social). Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras
providências. Brasília, 1993. Disponível em: 34

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm Acesso em: 14 abr. 2021.

BRASIL. Resolução CNAS 237, de 14 de dezembro de 2006. Dispõe sobre as


Diretrizes para a estruturação, reformulação e funcionamento dos Conselhos de
Assistência Social. Brasília, 2006. Disponível em: http://mds.gov.br/acesso-a-
informacao/legislacao/resolucao/resolucao-no-237-de-14-de-dezembro-de-2006

BRASIL. Decreto 10.316 de 07 de abril de 2020. Regulamenta a Lei nº 13.982, de 2


de abril de 2020, que estabelece medidas excepcionais de proteção social a
serem adotadas durante o período de enfrentamento da emergência de saúde
pública de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19).
Brasília, 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2020/decreto/d10316.htm#:~:text=DECRETO%20N%C2%BA%2010.316%2C
%20DE%207,coronav%C3%ADrus%20(covid%2D19). Acesso em: 09abr. 2021.

_________. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em:
09 abr. 2021.

CUNHA, Eleonora Schettini Martins. Efetividade Deliberativa de Conselhos de


Assistência Social. Paco Editorial, 2013.

_________. Decreto-Lei 200 de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a


organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma
Administrativa e dá outras providências. Brasília, 1967. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0200.htm. Acesso em: 19
abr. 2021.

_________. Ministério da Cidadania. Portaria nº 109, de 22 de janeiro de 2020.


Regulamenta a averiguação dos requisitos do art. 30 da Lei nº 8.742, de 7 de
dezembro de 1993, no exercício de 2020. Brasília, 2020. Disponível em:
https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-109-de-22-de-janeiro-de-2020-
239403712 Acesso em: 19abr. 2021.
35
_________. Ministério da Cidadania. Portaria nº 561, de 22 de março de 2020.
Autoriza a utilização de leitos de hospitais de pequeno porte para cuidados
prolongados em atendimento dos pacientes crônicos oriundos de Unidade de
Terapia Intensiva e leitos de enfermaria de hospitais de referência ao COVID-19.
Brasília, 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-
561-de-26-de-marco-de-2020-249862049 Acesso em: 19abr. 2021.

_________. Ministério da Cidadania. Portaria nº 337, de 24 de março de 2020.


Dispõe acerca de medidas para o enfrentamento da emergência de saúde pública
de importância internacional decorrente do coronavírus, COVID-19, no âmbito do
Sistema Único de Assistência Social. Brasília, 2020. Disponível em:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-337-de-24-de-marco-de-2020-
249619485 Acesso em: 19abr. 2021.

_________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Portaria nº


113, de 10 de dezembro de 2015. Regulamenta o cofinanciamento federal do
Sistema Único de Assistência Social - Suas e a transferência de recursos na
modalidade fundo a fundo e dá outras providências. Brasília, 2015. Disponível em:
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-337-de-24-de-marco-de-2020-
249619485 Acesso em: 19abr. 2021.

_________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Curso de


Atualização de Planos de Assistência Social. Brasília, 2015. Disponível em:
http://mds.gov.br/assuntos/assistencia-social/gestao-do-suas/gestao-do-
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_________. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Política
Nacional de Assistência Social (PNAS). Norma Operacional Básica (NOB/Suas).
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GOMES, A. L.; TORRES, A. S. Suas na pandemia: planejamento para assegurar


proteção. Vira e Mexe desenvolvimento de equipes. São Paulo, 2020. Disponível
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36
PALUDO, Augustinho. Orçamento Público, AFO e LRF. Série Provas & Concursos,
Elsevier editora, 4ª edição: SP, 2013.

PALUDO, Augustinho. Administração Geral e Pública. Série Provas & Concursos,


Elsevier editora, 2ª edição: RJ, 2013.

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VAINER, Ari; ALBUQUERQUE, Josélia; GARSON, Sol. Lei orçamentária anual:


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