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Clássicos 9
POLIARQUIA
PARTICIPAÇÃO E OPOSIÇÃO
ROBERT A. DAHL
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CONCEITOS
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POLIA RQ UIA
DEMOCRATIZAÇÃO E OPOSiÇÃO PÚBLICA
político que tenha, como uma ?J)v1ua3;,cara~er~stic1lS4 a qualidade de ser inteira- Tabela 1.1. Alguns requisitos de uma democracia para um
" ,.C, r c-rj\Y'~t 'd d- A esta atura,
mente, ou quase Inteuamente, responslvo a tod'os os seus CI a aos.
I
grande número de pessoas
não devemos nos preocupar em saber se este sistema realmente existe, existiu ou
Para a oportunidade de: São necessárias as seguintes garantias
pode existir. Pode-se, seguramente, conceber um sistema hipotético desse gênero;
institucionais:
tal concepção serviu como um ideal, ou parte de um ideal, para muita gente. Como
1. Formular prefcrêncins 1. Liberdade de formar e aderir a organiza-
sistema hipotético, ponto extremo de uma escala, ou estado de coisas delimitador,
ções
ele pode (como um vácuo perfeito) servir de base para se avaliar o grau com que
2. Liberdade de expressão
vários sistemas se aproximam deste limite teórico.
3. Direito de voto
Parto do pressuposto também de que, para um governo continuar scndo
4. Direitode líderespolíticosdisputaremapoio
responsivo 'durante certo tempo, às preferências de seus cidadãos, considerados
5. Fontes alternativas de informação
politicamente iguais, todos os cidadãos plenos devem ter oportunidades plenas:
11. Exprimir preferências.
1. Liberdade de formar e aderir a organiza-
1. De formular suas preferências. ções
2. De expressar suas preferências a seus concidadãos e ao governo através da ação 2. Liberdade de expressão
individual e da coletiva. 3. Direito de voto
3. De ter suas preferências igualmente consideradas na conduta do governo, ou 4. Elegibilidade para cargos políticos
que as oito garantias poderiam ser melhor interpretadas como constituindo duas 1'f)nstituiçôes para fazer com que as políticas
- governamentais dependam de eleições e de
dimensões teóricas ligeiramente diferentes da democratização.
outras manifestações de preferência.
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DEMOCRATIZAÇÃO E OPOSIÇÃO PÚBLICA
POLIARQUIA
país com um sufrágio limitado mas com um governo fortemente tolerante. Conse~
rentes segundo a amplitude da oposição, da contestação pública ou da competição
qüentemente, quando os países são classificados exclusivamente de acordo com
política permissíveis2• Entretanto, como um regime poderia permitir o exerCÍcio da
sua capacidade de inclusão sem levar em conta as circunstâncias ambientes, os
oposição a uma parte muito pequena ou muito grande da população, certamente
resultados são anômalos. No entanto, desde que tenhamos em mente o fato de que]
precisaremos de uma segunda dimensão.
a abrangência do "sufrágio" ou, mais genericamente: de que o direito de participar
2. Tanto histórica como contemporaneamente, os regimes variam também indica apenas lima característica dos siste~a,s,. caracter~st~ca e~sa qu.e só pode ser
na proporção da população habilitada a participar, num plano mais ou menos igual, interpretada no contexto de outras, e~a e ut!l para dlstmguIr regimes por sua
do controle e da contestação à conduta do governo. Uma escala refletindo a capacidade de inclusJ\2.:.-
amplitude do direito de participação na contestação pública nos permitiria compa- Consideremos, então, a democratização como formada por pelo menos duas
rar diferentes regimes segundo sua incJusividade. dimensões: €~-;;l~~~~~~?
p~lic~cldireito ae par~ici~aç~ (f~gura ~.1). A maioria
O direito de voto em eleições livres e idôneas, por exemplo, participa das dos leitores certamente acredita que a democratlzaçao Implica mais do que essas
duas dimensões. Quando um regime garante este direito a alguns de seus cidadãos, duas dimensões; mais adiante discutirei uma terceira dimensão. Mas proponho que
ele caminha para uma maior contestação pública. Mas, quanto maior a proporção se limite a discussão aqui a essas duas. Pois a questão, creio eu, já está colocada: .
de cidadãos que desfruta do direifo, mais inclusivo é o regime. desenvolver um sistema de contestação pública não é necessariamente equivalente
A contestação pública e a inclusão variam um tanto independentemente. A à democratização plena.
Grã-Bretanha possuía um sistema altamente desenvolvido de contestação pública Para demonstrar mais claramente a relação entre contestação pública e
no final do século XVlIl, mas apenas uma minúscula parcela da população estava democratização, coloquemos as duas dimensões como na figura 1.23• Como um
plenamente incluída nele até a ampliação do sufrágio, em 1867 e 1884. A Suíça regime pode ser teoricamente localizado em qualquer lugar no espaço limitado
possui um dos sistemas mais plenamente desenvolvidos de contestação pública. pelas duas dimensôes, fica imediatamente evidente que nossa terminologia para
Poucas pessoas provavelmente contestariam a visão de que o regime suíço é regimes é quase inapelavelmente inadequada, pois se trata de uma terminologia
"altamente democrático". No entanto, a metade feminina da população suíça ainda invariavelmente fundada mais na classificação do que no posicionamento relativo.
está excluída das eleições nacionais. Por contraste, a União Soviética ainda não
possui quase nenhum sistema de contestação pública, apesar de possuir o sufrágio
Figura 1.1 Duas dimcnsõcs tcóricas dc dcmocratizaç50
universal. Na verdade, uma das mudanças mais impressionantes deste século tem
sido o virtual desaparecimento de uma total negação da legitimidade da participa-
ção popular no governo. Somente um punhado de países não tem conseguido
garantir uma votação pelo menos ritualística de seus cidadãos, e de manter ao
./
menos eleições nominais; mesmo os ditadores mais repressivos geralmente se .'~
Ncnhum(a) /
Direito de participar em e1ciçõe.Ii Pleno
e cougos públicos
2. Neste livro, os lermos liberalização, competição política, política competitiva. contestação pública e
oposição pública são usados indiferentemente para aludir a esla dimensão, e regimes com uma
3. Uma listo de 1!4 pa íses ordenados segundo essos duas dimensões será encontrada no apêndice A,
classificação relativamente ali. nessa dimensão são freqüentemente referidos como regimes competi-
tivos. Tab. A.I.
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POLlARQUIA
DEMOCRATIZAÇÃO" OPOSIÇÃO PÚBLICA
o espaço encerrado por nossas duas dimensões poderia certamente ser subdividido A democracia poderia ser concebida como um regime localizado no canto
em qualquer número de células, cada uma delas recebendo um nome. Entretanto, superior direito: Mas como ela pode envolver mais dimensões do que as duas da
os propósitos deste livro tornam redundante uma tipologia elaborada. Em vez disso, figura 1.2,@,S2!ll9 (no meu entender) nenhum grande sistema-no mundo real é
permitam-me fornecer um pequeno vocabulário - razoável, espero - que me plenamente democratizado, p[efiro chamar os ~is~.r!13_~@1S ~!is 9u,<:es0_()_
permitirá falar com suficiente precisão sobre os tipos de mudanças em regimes que mais perto do canto superior direito de poliarguia1] Qualquer mudança num regime
pretendo discutir.
que o desloque para cima e para a direita, ao longo do caminho III, por exemplo,
.. ----thammf~;;;~;gime próximo do canto inferior esquerdo da figura 1.2 de
pode-se dizer que representa algum grau de democratização. As poliarquias podem
hegemonia fechada. Se um regime hegemônieo se desloca para cima, como no ser pensadas então como regimes relativamente (mas incompletamente) democra-
caminho I, elc estará se deslocando para uma maior contestação pública. Sem tizados, ou, em outros termos, as poliarquias são regimes que foram substancial-
esticar demais o assunto, poderíamos dizer que uma mudança nessa direção mente popularizados ~.Iiberalizados, isto é, fortemente inclusivos e amplamente
envolve a liberalização do regime; alternativamente, poderíamos dizer que o abertos à contestação pública/,
regime se torna mais competitivo. Se um regime muda no sentido de proporcionar
Vocês vão observar que, apesar de ter nomeado regimes próximos dos quatro
uma maior participação, como no caminho lI, poderíamos dizer que ele está
cantos, o grande espaço no meio da figura não foi nomeado, nem está subdividido.
mudando para uma maior popularização, ou que está-se tornando inclusivo. Um A ausência de nomes reflete, parcialmente, a tendência histórica de classificar
regIme põderia mudar ao longo de uma dimensão e não da outra. Se chamarmos
regimes segundo tipos extremos; reflete também meu próprio desejo de evitar uma
um regime próximo do canto superior esquerdo de oligarquia competitiva, então o
terminologia redundante. A falta de nomenclatura não significa uma falta de
regimes; na verdade, um número preponderante de regimes nacionais, atualmente,
Figura 1.2 Liberalização, inclusividade e democratização
no mundo, possivelmente cairia na área média. Muitas mudanças significativas em
regimes envolvem pois deslocamentos dentro de, para dentro ou para fora, dessa
'Úligarquias importante área central, na medida em que esses regimes se tornam mais (ou
compe~it.ivas
menos) inclusivos e aumentam (ou reduzem) as oportunidades de contestação
pública. Para me referir a regimes dentro dessa grande área interna, apelarei
------..:. .. eventualmente para ê.-fcim~roxifiiãàáme"ri.te'õu"il~ um regime aproxima-
Liberalização
damente hegemônico oferece um pouco mais de oportunidades de contestação
, (contestação pública do que um regime hegemônico; uma quase-poliarquia poderia ser bastante
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pública)
... ...-'. inclusiva mas ofereceria restrições mais sérias à contestação pública do que uma
poliarquia plena, ou poderia proporcionar oportunidades de contestação pública
comparáveis às de uma poliarquia plena e ser, no entanto, um pouco menos
inclusiva4•
Hegemonias A necessidade de usar termos como esses subseqüentemente, neste livro,
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inclusivas
atesta a utilidade da classificação; a arbitrariedade das fronteiras entre "pleno" e
Inclusividade (participação) "próximo" atesta a impropriedade de qualquer classificação. Enquanto tivermos
percurso I representa uma mudança de uma hegemonia fechada para uma oligar-
quia competitiva. Mas uma hegemonia fechada poderia tornar-se também mais 4. » problema terminológico é formidável pois parece impossível encontrar termos já em uso que n,;o
Iragam consigo uma grande carga de ambigüidade e de significado adicional. O leitor deve lembrar
inclusiva sem liberalizar, isto é, sem aumentar as oportunidades de contestação
que os lcrm.ós aqui utilizados são empregados ao longo de Ieda o Jjvro. até onde me foi possível, npenas
pública, como no percurso lI. Neste ~aso, o regi~e muda de uma hegemonia com os significados indicados nos parágrafos precedentes. Alguns leitores certamente resistirão ao
rechada para uma inclusiva. lermo liarquia como alternativa ara a palavra democracia, riias é importante manter a disl; nÇ<'ioenlre
< democracia Como um sistema ideal e os arranjos institucionais que devem ser considerados como uma
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3/
lt,~~t' .•..,....:."-
,,_o, .
claro que os termos são meios úteis mas extremamente arbitrários de subdividir o
É conveniente pensar a democratização como consistindo de diversas trans-
formações históricas amplas. Uma delas é a transformação de hegemonias e
espaço na figura 1.2, os conceitos servirão a nossos propósitos.
oligarquias competitivas em quase-poliarquias. Este foi, essencialmente, o proces-
so que se operou no mundo ocidental ao longo do século XIX. Uma segunda éa
A questão que abriu este capítulo pode agora ser recolocada da seguinte Primeira Guerra MundiaL~.t~~ce!r~~} democratização ainda maior depoliar-
maneira: quias plenas. Este processo histórico coincide, talvez, com o rápido desenvolvi-
mento doIis~ad9de bem-estar.democrátic:o que se seguiu à instauração da Grande
1. Que condições aumentam ou diminuem as .chances de democratização de um Depressão; interrompido pela Segunda Guerra Mundial, o processo parece ter-se
regime hegemônico ou aproximadamente hegemônico?
.~ova~_().n.Q.J!nal dos anos. 60na forma de rápido creSCi!!u:I~~ ..<l~~!.e~:,~~i£~,Ç()es
2. Mais especificamente, que fatores aumentam ou diminuem as chances de pela democratizaç~o de uma grande diversidade de instituições sociais, especial-
contestação pública?
mente entre os jovens.
3. Ainda mais especificamente, que fatores aumentam ou diminuem as chances de r:"Êfél~ro tratàaa p' eira c da segunda dessas transformações, mas não da
contestação pública num regime fortemente inclusivo, isto é, numa poliarquia?
terceir . re, quer fracasse, a terceira onda de democratização certa-
mente se mostrará tão importante quanto as outras. Na medida em que acontecerá
apenas nos países mais "avançado;;" e ajudará a configurar o caráter da vida nos
Qualificações países "avançados" no século XXI, para muitas pessoas desses países, a terceira
onda poderá perfeitamente parecer mais importante do que as outras. Entretanto,
Este livro trata, pois, das Gções sob as quais os sistemas de contestação
a maior parte d? mundo continua aquém da possibilidade dessa particular transfor-
pública são passíveis de se desenvolver e existir. Como a contestação pública é um
mação. Dos 140 países nominalmente independentes existentes em 1969, cerca de 1 LI ü
aspecto da democratização, este livro trata necessariajIlente, em eerta medida, da
duas dúzias eram fortemente inclusivos e possuíam sistemas de contestação pública
democratização, como observei no início deste capítulo. Mas é importante lembrar
altamente desenvolvidos: eram poliarquias inclusivas, em suma. Uma outra dúzia
que o enfoque aqui adotado exclui alguns assuntos importantes que seriam consi-
ou menos, talvez, _~rjl~._quase-poliarquias a um alcance razoável da poliarquia
derados numa análise da democratização.
plena. É nessas !fês dúzia.sde países que a terceira onda deve ocorr~r. A possibili--- 36
dade de algumasnâiJ-J5Ôliarquias saltarem por cima das instituições da poliarquia
espécie de aproximação imperfeUa de um ideal, e a experiência mostra, acredUo, que, quando o mesmo e chegarem, de alguma forma, a. uma democratização mais plena do que a hoje
lermo é usado para ambos, intrometcm~sc, na análise, uma confusão desnecessária c discussões existente nas poliarquias, como os ideólogos às vezes prometem, parece remota à
semânticas essencialmente irrelevanles. No extremo oposto, o termo hegemonia não é inteiramente
salisfatório; no enlanto, considerando-se o significado qu~ lhe atribui, o termo hegemônico parece-me luz da análise que se segue. Para a maioria dos países, então, o primeiro e o segundo
mais apropriado do que hierárquico, monocrático, absolutista, autocrálico, despótico, autoritário, estágios de democratização - e não o terceiro - serão os m.a.is relevantes.
totalilário etc. C uso que faço do lermo "conlestação", em "contestação pública", está bem dentro do
Na verdade, o enfoque deste livro é mais restrito do que uma análise dos dois
u.so ~~rmal (ainda que inus.ual) da Iingua inglesa; em inglês, contestação significa contestar, o que
slgOlflca fazer de algo o objeto de disputa, discussão ou litfgio, e seus sinônimos mais próximos são primeiros estágios da democratiiação. Aludi a "regimes" e "sistemas de contesta-
dis~alal.lI~i1ar ou compel}r. A utilidade do lermo foi-me sugerida inicialmente, porém, por "n,e ção pública". Mas até agora não especifiquei o nível de estrutura política em que
MeaiiSõt ntes!ailon", Governmenl alld OPPOSilioll I, jan. 1966, pp. 155-174, de Bertrand de
Jo~venel. ? u.s~que Jouvenel faz é semelhante ao meu e idêntico ao do termo francês que ele usou no regimes e contestação pública podem ser efetivos. Permitam então que enfatize
on~anal, slgOlflcando débal, objeclion, conflil, Opposilion. No mesmo número desta revisla, porém, imediatamente. que a análise lida aqui com regimes nacionais, isto é, regimes
Ohl~a lones~u ("Control and Contestation in Some Cne-Party Stales", pp. 240-250) usa o termo em seu
senhdo mais eslrell0 mas atualmente muito comum, como "o anti-sislema, poslulados básicos e
pe,:,"anent~s ~e qualquer oposição Com base nas diferenças fundamenlais, dicotômicas, de opinião e
de I~eologlas (p. 241). Esta é uma definiç.'o certamenle mais reslrita do conceito do que a que emprego 5. Tralei de aiguns aspectos da terceira em Afler lhe Revolulion? AUlhorily in a Good Socicly, New Haven,
aquI, e que Jouvenel emprega em seu ensaio, penso eu. Yale University Press, 1970.
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POLIA RQ UIA DEMOCRATIZAÇÃO E OPOSiÇÃO PÚBLICA
tomados ao nível do país, ou, se quiserem, de Estado legalmente independen~e, ou, traria problemas de dados tão catastróficos que tornariam a empreitada altamente
para usar termos menos apropriados, da nação ou Estado-nação. Parte da análise insatisfatória. Em princípio, as organizações subnacionais certamente poderiam ser
seguramente poderia ser aplicada a níveis subordinados de organização social e
política como municípios, províncias, sindicatos, empresas, igrejas e coisas assim; Figura 1.3 Uma ordenação hipotética de países segundo
parte dela, talvez, poderia até ser relevante para as estruturas políticas que estão as oportunidades disponíveis de contestação
emergindo com níveis mais inclusivos - vários tipos de organizações internacio-
o regime nacional
~_ a ar !Umentação é desenvolvida tratando especificamente de regimes
Baixo Alto
(n~.innaiS.-
------tr :,::--- N mente, isto seria uma grave omissão num livro sobre democratização.
Alto III
Mesmo da perspectiva da contestação pública, a omissão é importante. Isso porque Organizações
uma observação casual sugere que os países diferem na amplitude com que subnacionais
proporcionam oportunidades para a contestação e a participação nos processos não Baixo IV \I
só do governo nacional, mas também de várias organizações sociais e governamen-
tais subordinadas. Agora, no tocante ao grau __ c:m~~ as diferenças brutas nas I. Regimes integralmente "liberalizados" ou "competitivos".
características gerais de ufli~lIde~-~_Y_º-f.l;:IELonais
p_'!.recemestar associadas a diferen- 11. Competitivo em nível nacional, hegemõnico no interior de
çasna-iíatuT~z~--d~-;~gi~_~
__ n~cj~!1~) (se ele-é~u nã~~~-;-p~Üar~i~ia-:p~;;Pl~), organizações subnacionais.
i/ -tcntareIrevar issõ-~m ;;onsideração na análise. 111. Competitivo dentro de organizações subnacionais, hegemônico em
-'--Eritrcta~t~,s;;-éi~-~;~~á~~Íi~~i~ti~-~~~-q~-; análise deveria ir bem mais longe. nível nacional.
IV. Estruturas políticas integralmente hegemônicas.
Uma descrição integral das oportunidades disponíveis para participação e con-
testação no interior de um país certamente exige que se diga algo sobre as
localizadas ao longo das duas dimensões ilustradas nas figuras 1.1 e 1.2. Entretanto,
oportunidades disponíveis no interior de unidades subnacionais. A extraordinária
o p-roblema não é simplesmente localizar países no espaço hipotético sugerido pela
tentativa de consentir uma grande dose de autogestão em unidades subnacionais,
figura 1.3. Primeiro porque aquele espaço diz respeito apenas a um.a das duas
na Iugoslávia, significa que as oportunidades para participação e contestação são
dimensões pril)cipais: a contestação. Obviamente, um procedimento similar seria
maiores naqUele~apesar do regime de partido único, do que, digamos, na
necessário para a outra dimensão principal: a participas;ão. Mais ainda, mesmo
Argentina ou n~Brasl . Uma visão abrangente sobre o assunto exigiria enêão que
dentro de um país, as unidades subnacionais freqüentemente diferem nas oportu-
se atentasse par as as possibilidades sugeridas na figura 1.3. Com efeito,
nidades que proporcionam para a contestação e a participação. Em muitos países
alguns críticos recentes da democratização incompleta em poliarquias argu:nen-
mçdernos, por exemplo, essas oportunidades são muito maiores nos governos
tam que ainda que as poliarquias possam ser competitivas em nível nocional,
municipais do que nos sindicatos, e maiores nos sindicatos do que nas empresas
muitas das organizações subnacionais, particularmente as associações privadas,
privadas. Conseqüentemente, seria preciso divic1ir as unidades subnacionais em
são hegemônicas ou oligárquicas". •
algumas categorias: empresas,. sindicatos, governos municipais, igrejas, institui-
Por importante que seja a tarefa de se abordar, além da descrição do regime
ções educacionais etc.? A esse estágio, tais requis~tos estão, infelizmente, à beira
nacional, as unidades subnacionais, creio que a tentativa de examinar um número
da utopia, razão por ~n!!.L pragmático do que teórico - decidi concentrar a
muito alentado de países exigiria a esta altura uma análise tão complexa e encon-
minha atenção no n' /el nacional. c./
~ //
6. CL, em parliculnr, Oranl McConnell, Privare Pawer and American Democracy, New York, Koopf, 7. o já c1ássicoesludo de Seymour Marlin Lipsel, Martin A. Trow e James S. Coleman, U"ion Dcmocr~cy,
1966; Henry S. Kariel, The Declinc of American Pluralism, Stnnford, SI3nford Universily Press, 1961; Glcncoc TílC Frcc Prcss 1956 concentra.se "no caso desvjantc de um sindicato onde a contestaçao e
e, em certa medida, também Robert Paul Wolff, Thc Povcrry of Libcralism, Boston, Bencon Press, ti partici~â'Ção são alias. Dcscr~veT e explicar aquele caso desv"iante no contexto de um ú.nico país foi
1968. um empreendimento considerável.
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