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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Engenharia

DIREITO ECONÓMICO E PLANEAMENTO

Chimoio, Abril, 2024


Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Engenharia

III - GRUPO

DIREITO ECONÓMICO E PLANEAMENTO

Discentes:

 Arlete Mussa;

 Elma Maria

 Leonilde Samissone;

 Luana Sualé;

 Sofia Maoze;

Curso: Licenciatura em Direito − 2º Ano

Cadeira: Direito Económico

Docente: Me. Júlio Malene

Chimoio, Abril, 2024


Índice
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................................. 1
1. Introdução ............................................................................................................................... 1
1.2.1. Objectivo geral ................................................................................................................. 1
1.2.2. Objectivos específicos ...................................................................................................... 1
1.3. Metodologia de pesquisa ..................................................................................................... 1
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 2
2. Noção ...................................................................................................................................... 2
2.1. Importância .......................................................................................................................... 2
2.2. Modalidades do plano económico ....................................................................................... 3
2.3. Conteúdo do plano económico e social ............................................................................... 3
2.4. Natureza do plano económico e social ................................................................................ 4
2.5. Elaboração e execução do plano económico e social .......................................................... 5
2.5.1. Elaboração ........................................................................................................................ 6
2.5.2. Aprovação ......................................................................................................................... 6
2.5.3. Promulgação ..................................................................................................................... 7
2.5.4. Publicação ......................................................................................................................... 7
2.5.5. Entrada em Vigor.............................................................................................................. 7
2.6. Democraticidade ao nível da elaboração e execução do plano económico e social ............ 8
CAPÍTULO III: CONCLUSÃO ................................................................................................. 9
3. Conclusão ............................................................................................................................... 9
4. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 10
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1. Introdução

O presente trabalho aborda a matéria ao Direito Económico e Planeamento, em


concreto, faz alusão à noção, importância, conteúdo e natureza, processos de elaboração e
execução, bem como sobre a democraticidade ao nível da elaboração e execução do plano
económico. O Plano Económico representa uma das ferramentas mais importantes e
abrangentes na gestão das políticas económicas de um país. Trata-se de um conjunto de
estratégias, políticas e medidas adoptadas pelo Governo para orientar e promover o
desenvolvimento económico, social e ambiental de forma sustentável.

O trabalho contém três capítulos, sendo o primeiro introdutório trata da apresentação


geral do trabalho destacando o Plano Económico. O segundo capítulo faz a revisão
bibliográfica trazendo o desenvolvimento do trabalho e o último capítulo é voltado à
conclusão, trazendo necessariamente os resultados obtidos na pesquisa.

1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo geral

 Abordar sobre o Plano Económico.

1.2.2. Objectivos específicos

 Analisar a importância do Plano Económico;


 Identificar os principais objectivos de um Plano Económico;
 Analisar as modalidades de Plano Económico; e
 Explorar o processo de elaboração e implementação do Plano Económico.

1.3. Metodologia de pesquisa

A metodologia de pesquisa utilizada na elaboração deste trabalho é quanto à


abordagem: qualitativa - pois recorrendo a fontes bibliográficas como manuais, artigos
científicos, legislação e outras referências teóricas já publicadas, desenvolve o trabalho de
forma dedutiva. Quanto à natureza é uma pesquisa básica, destinada a gerar novo
conhecimento sem aplicação prática prevista, quanto aos objectivos é uma pesquisa
exploratória, pois cria familiaridade com o tema.

1
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA

2. Noção

Segundo Teodoro Waty (2011 apud Laubadere)1, o plano económico é um conjunto de


políticas, estratégias e medidas adoptadas pelo governo para orientar e controlar o
desenvolvimento económico. Estes planos geralmente abrangem áreas como investimentos
públicos, regulação económica, políticas fiscais, monetárias e sociais, bem como metas de
crescimento e emprego.

Para o mesmo autor, o plano económico é um documento adaptado pelos poderes


públicos, destinado a analisar as probabilidades de evolução económica e definir as
orientações consideradas desejáveis e em cuja direcção se pretende impulsionar os agentes
económicos.

O art. 19 da Lei n.º 14/2020, de 23 de Dezembro, Lei do Sistema de Administração


Financeira do Estado (SISTAFE)2, estabelece que o Plano Económico e Social e Orçamento
do Estado (PESOE), define os principais objectivos económicos e sociais e de política
financeira do Estado, identifica a previsão das receitas a arrecadar, as acções e os recursos
necessários para a implementação do Programa e Plano.

2.1. Importância

O plano económico é de extrema importância para a estabilidade e desenvolvimento


económico do país, pois um plano económico bem elaborado busca garantir a estabilidade
macroeconómica, incluindo o controlo da inflação, manutenção de taxas de juros estáveis e
equilíbrio fiscal. Isso cria um ambiente propício para investimentos, crescimento económico e
criação de empregos.

Através do plano económico e social são distribuídos os recursos de forma equitativa e


eficiente, garantindo que os benefícios de crescimento económico sejam compartilhados de
forma mais justa.

1
Waty, T. A. (2011). Direito Economico. Maputo: W&W Editora Limitada.

2
Lei n.º 14/2020, de 23 de Dezembro, Lei do Sistema de Administração Financeira do Estado
(SISTAFE).

2
Um plano económico e social abrange metas de longo prazo e estratégias para alcançá-
las, isso envolve investimentos em infra-estruturas, educação, saúde e tecnologia, visando o
desenvolvimento sustentável.

O plano económico ajuda o país a lidar com choques económicos, sejam eles internos
(crises financeiras) ou externos (como mudanças o cenário económico global) e isso envolve
políticas e instrumentos adequados para mitigar impactos negativos e promover a recuperação
económica.

2.2. Modalidades do plano económico

De acordo com Teodoro Waty (2011, pág. 310)3, as modalidades de plano económico
podem variar de acordo com o contexto económico, político e social de cada país. Para o
autor, os planos económicos devem ser sempre entendidos como planos económicos e sociais,
e além da vertente económica e social o plano contem opções políticas, técnicas e
administrativas e podem ser:

a) Regulares ou normais: ocorre quando incidem sobre um processo continuado de


planeamento;
b) Eventuais ou de emergência: quando referentes a necessidades individuais ou
excepcionais;
c) Sectoriais: apontam para áreas fundamentais de realização do plano;
d) Regionais: incidem sobre as regiões, ocorre quando o plano económico é elaborado,
tendo em conta os critérios políticos-administrativos, isto é, divisões territoriais.

2.3. Conteúdo do plano económico e social

Conforme referido, o plano económico e social define metas específicas a serem


alcançadas em áreas como crescimento económico, emprego, inflação, distribuição de renda,
entre outras. Essas metas orientam as políticas e estratégias a serem adoptadas.

O conteúdo plano económico e social são geralmente abrangentes e multifacetados,


envolvendo diferentes áreas da economia e da sociedade.

 Política monetária:

3
Waty, T. A. (2011). Direito Economico. Maputo: W&W Editora Limitada.
3
Define as directrizes para o controle da oferta monetária, taxa de juros, crédito e câmbio,
visando manter a estabilidade financeira, controlar a inflação e promover o crescimento
económico.

 Política fiscal:

Estabelece as medidas relacionadas à arrecadação de impostos, gastos públicos, défice


orçamental e endividamento do Estado, buscando equilibrar as contas públicas e garantir
recursos para investimentos e programas sociais.

 Política cambial:

Define as políticas relacionadas à taxa de câmbio, intervenções no mercado cambial e


políticas de comércio exterior, visando promover a competitividade das exportações e
controlar o fluxo de capitais.

 Investimentos públicos:

Define os projectos e programas de investimento em infra-estrutura, educação, saúde,


transporte, energia, entre outros sectores, com o objectivo de estimular o crescimento
económico e melhorar a qualidade de vida da população.

 Políticas sectoriais:

Incluem políticas específicas para sectores como agricultura, indústria, serviços,


tecnologia, meio ambiente, entre outros, visando promover o desenvolvimento equilibrado de
diferentes segmentos da economia.

 Políticas sociais:

Englobam programas de assistência social, saúde, educação, habitação, emprego e


segurança social, visando reduzir as desigualdades sociais, promover a inclusão e melhorar o
bem-estar da população.

 Políticas de desenvolvimento regional:

Incluem medidas para reduzir disparidades regionais, promover o desenvolvimento em


áreas menos desenvolvidas e estimular a descentralização económica e administrativa.

2.4. Natureza do plano económico e social

4
Segundo Teodoro Waty (2011, pág. 318)4, o plano económico é uma supre-lei dotada de
uma forca jurídica especial, na medida que ele é um instrumento de excelência da vida
económica, tendo implicações quer no Direito Público que no Privado, de onde as regras de
responsabilidade civil são retiradas para evitar as obrigações de indemnizar por perdas e
danos que dificultariam a sua aplicação.

As obrigações assumidas no âmbito do plano tem preferência imediata, automática e


oficiosa, considerando-se nulas as que lhe sejam contrarias, e na medida em que lhe sejam
desconformes, mesmo que pré-existentes.

O plano económico e social, é uma super norma, superior à ei ordinária e capaz de


promover a invalidade oficiosa de certas normas e contratos, e serve uma função positiva de
base interpretativa das normas e actos administrativos.

O plano económico e social é uma lei, com capacidade inovadora e não sujeita a
controlo de legalidade pelos tribunais, não sendo abrangível, modificável ou revogável por
norma inferior.

Teodoro Waty (2011, pág. 319)5, salienta que a origem do plano é extra-parlamentar,
pois não é uma lei verdadeira e própria, embora seja aprovada sob essa forma pela
Assembleia da República. Entretanto, podemos considerar um plano económico e social como
uma lei de aprovação, isto é, um acto parlamentar de aprovação de um documento não
legislativo, mas que assume a forma, forca e valor da lei.

O conteúdo atípico da Lei do Plano faz-nos hesitar a sua qualificação como lei em
sentido material, aceitando-o como um documento “sui generis”.

A Lei do Plano assume carácter de Lei-reforçada, retirando ao legislador ordinário a


liberdade de escolha dos fins que norteiam a sua acção no domínio económico-social, fixando
obediência à Lei do Plano como expoente qualificado do interesse público.

O plano económico e social é uma lei de direcção política ou acto directivo e através do
dele, o Estado propõe-se a levar a sociedade a determinados níveis de crescimento,
desenvolvimento, despesa ou poupança.

2.5. Elaboração e execução do plano económico e social


4
Waty, T. A. (2011). Direito Economico. Maputo: W&W Editora Limitada.
5
Waty, T. A. (2011). Direito Economico. Maputo: W&W Editora Limitada.
5
Conforme referido anteriormente, o plano económico e social é uma lei, e por se
tratando de uma lei, obedece o processo legislativo, ou seja, o processo de elaboração de leis.

No nosso ordenamento jurídico, o processo de elaboração da lei segue um procedimento


legislativo que comporta cinco (5) etapas, nomeadamente

 Elaboração;
 Aprovação;
 Promulgação;
 Publicação; e
 Entrada em vigor.

2.5.1. Elaboração

Nos termos do art. 182 da CRM6, o processo legislativo só pode ser iniciado pelo órgão
com competência legal para o efeito, nomeadamente: deputados; as bancadas parlamentares;
as comissões da Assembleia da República; ao Presidente da República ao e Governo.

O n.º 3 do artigo 130 da CRM 7estabelece que a proposta de Lei do Orçamento do


Estado é elaborada pelo Governo e submetida à Assembleia da República e deve conter
informação fundamentada sobre as previsões de receitas, os limites das despesas, o
financiamento do défice e todos os elementos que fundamentam a política orçamental.

A CRM dispõe, na al. e) do nº 1 do art. 2038, que compete ao Governo preparar a


proposta do plano económico e social e do orçamento do Estado e executá-lo após a
aprovação pela Assembleia da República, num horizonte temporal de um ano.

Depois de iniciado o processo de propostas de lei pelo Governo, o texto da lei é


discutido e votado. A discussão do texto da lei implica uma debate na generalidade e outro na
especialidade, ao passo que a votação envolve uma votação na generalidade, uma votação na
especialidade e uma votação final global (vide, o art. 183 da CRM)9.

2.5.2. Aprovação

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Constituição da República de Moçambique, aprovada pela Lei n° 1/2018 de 12 de Junho.
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Constituição da República de Moçambique, aprovada pela Lei n° 1/2018 de 12 de Junho.
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Constituição da República de Moçambique, aprovada pela Lei n° 1/2018 de 12 de Junho.
9
Constituição da República de Moçambique, aprovada pela Lei n° 1/2018 de 12 de Junho.
6
O acto legislativo, ou seja, o texto da lei seguidamente tem que ser aprovado por maioria
da Assembleia da República quando se trate de Lei, ou pelo Conselho de Ministros quando
for decreto-lei, nos termos do art. 178 n° 2 a) em remissão ao art. 180 n° 1, ambos da CRM10.

2.5.3. Promulgação

A promulgação é o acto pelo qual se atesta solenemente a existência da norma e intima à


sua observância.

Dispõe o art. 162 nº 1 e 2 da CRM11, que este acto é competência do Presidente da


República e as leis são promulgadas até 30 dias a contar do recebimento da Assembleia da
República.

2.5.4. Publicação

A publicação das leis é determinada pela necessidade de as leis serem conhecidas, pois
apenas dessa forma podem as mesmas ser aplicadas, ou seja, após a promulgação a lei é
publicada no Jornal Oficial - Boletim da República. A partir da data de publicação ou de uma
data específica indicada na própria lei, ela entra em vigor e passa a ser aplicável em todo o
território nacional, nos termos do art. 162 n° 1 e 4 da CRM12.

2.5.5. Entrada em Vigor

Após a publicação, em princípio o diploma legal em causa entra em vigor. Porém, entre
a publicação e a vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou na
falta de fixação, o que for determinado em legislação especial, nos termos do art. 5 n.º 2 do
CC13.

Assim sendo, o diploma pode entrar em vigor:

 No dia nele fixado, mas nunca no próprio dia da publicação; ou


 Após a sua publicação.

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Constituição da República de Moçambique, aprovada pela Lei n° 1/2018 de 12 de Junho
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Constituição da República de Moçambique, aprovada pela Lei n° 1/2018 de 12 de Junho
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Constituição da República de Moçambique, aprovada pela Lei n° 1/2018 de 12 de Junho
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Código Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n° 47 344, de 25 de Novembro de 1966.
7
Nunca se conta o dia da publicação do diploma, os prazos contam-se a partir do dia
imediato ao da publicação do diploma ou da sua efectiva distribuição se esta tiver sido
posterior.

O período de tempo que medeia entre a publicação e a entrada em vigor da lei designa-
se vacatio legis. Se, eventualmente, um diploma legal for publicado com erros, deve o mesmo
ser rectificado. Contudo, as correcções apenas são admitidas para corrigir erros materiais
decorrentes de divergências entre o texto original e o texto impresso, devendo ser publicadas
até 60 dias após a publicação do texto rectificando, sob pena de nulidade do acto de
rectificação.

2.6. Democraticidade ao nível da elaboração e execução do plano económico e social

O plano económico e social é um contrato social que assume um papel mobilizador de


energias e criador da vontade colectiva, democrática e mítica.

Nos termos do art. 167 n° 1 da CRM14, a Assembleia da República é o órgão legislativo


representativo de todos os cidadãos moçambicanos. Neste contexto, a Assembleia da
República representar os interesses e as vontades dos cidadãos na elaboração e execução do
plano económico e social.

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Constituição da República de Moçambique, aprovada pela Lei n° 1/2018 de 12 de Junho
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CAPÍTULO III: CONCLUSÃO

3. Conclusão

Ao longo deste trabalho, exploramos de forma abrangente o tema em questão,


analisando a sua importância, objectivos, modalidades, conteúdo, natureza e o processo de
elaboração e execução. E Ficou claro que a elaboração e execução de um Plano Económico
requerem um processo complexo que envolve análise detalhada da situação actual, definição
de metas claras, formulação de políticas e estratégias adequadas, consulta e participação da
sociedade, implementação eficiente, monitoramento constante e avaliação de resultados.

É fundamental ressaltar que a eficácia de um Plano Económico está directamente ligada


à sua implementação eficiente, ao monitoramento constante e à capacidade de adaptação às
mudanças e desafios que surgem ao longo do tempo. A transparência, participação da
sociedade e avaliação rigorosa dos resultados são pilares essenciais para garantir a
efectividade e legitimidade desses planos.

Portanto, concluímos que o tema do Plano Económico é de extrema relevância para o


debate económico e social, sendo uma ferramenta essencial para orientar o desenvolvimento
económico sustentável e a melhoria da qualidade de vida da população.

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4. Referências Bibliográficas
Doutrina:

Waty, T. A. (2011). Direito Economico. Maputo: W&W Editora Limitada.

Legislações:

 Código Civil, aprovado pelo Decreto-Lei n° 47 344, de 25 de Novembro de 1966.


 Constituição da República de Moçambique, aprovada pela Lei n° 1/2018 de 12 de
Junho.
 Lei nº 14/2023 de Dezembro, Lei do Plano Económico e Social e Orçamento do
Estado-2024.
 Lei n.º 14/2020, de 23 de Dezembro, Lei do Sistema de Administração Financeira do
Estado (SISTAFE).

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