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Capítulo I: Introdução

1. Introdução

O presente trabalho aborda a matéria da disciplina de História do Direito Moçambicano


inerente ao Estado Novo, em concreto debruça a questão do Estatuto do Indigenato. Assim, sua
abordagem começa por transmitir a noção de Estado novo, caracteriza o mesmo e vai ao ponto
focal, que é o Estatuto do Indigenato, começando por falar do estado de indígena, noção e
capacidade jurídica do indígena, situação jurídica destes, indígenas como mão de obra, a
extinção do estado ou qualidade pessoal de indígena e finalmente as formas de aquisição da
cidadania portuguesa pelos indígenas.

Em termos estruturais este trabalho está subdividido em três capítulos, o

Capítulo II: revisão de literatura

I - Estatuto do indegenato do Estado Novo

1. Noções preliminares

1.1. Estado Novo

Por volta de 1928, o Presidente da República de Portugal, Óscar Carmona, convidou António de
Oliveira Salazar para chefiar a pasta das Finanças. Era urgente controlar as contas públicas, pois,
mesmo depois do golpe militar de 1926, a situação económico-financeira de Portugal
continuava muito grave. Segundo CAETANO (1938), Estado Novo foi o regime político ditatorial,
autoritário, autocrata e corporativista de Estado que vigorou em Portugal durante 41 anos
ininterruptos, desde a aprovação da Constituição portuguesa de 1933 até ao seu derrube pela
Revolução de 25 de Abril de 1974.

Instituída a partir de 1932, a ditadura salazarista nasceu do golpe militar de 28 de maio de


1926, que pôs fim à Primeira República portuguesa. Com o golpe, os militares esperavam
“regenerar” o país e instaurar uma nova era de estabilidade política após dezesseis anos de um
regime republicano marcado por sucessivos governos, pela corrupção e por uma profunda crise
financeira herdada da monarquia e agravada pelos gastos militares impostos pela participação
de Portugal na Primeira Guerra Mundial. (CAETANO, 1938)

A Constituição Portuguesa de 1911, precedeu a instauração formal do Estado Novo (1933).


Após a eleição por sufrágio directo, mas em lista única, do General Óscar Carmona para
Presidente da República em 1928, este, tendo em atenção a incapacidade dos anteriores
governantes, nomeadamente o General Sinel de Cordes, para resolver a crise financeira,
chamou António de Oliveira Salazar, especialista de finanças públicas da Faculdade de Direito
da Universidade de Coimbra, para assumir o cargo de ministro das Finanças, que este aceitou.

2. Características do Estado novo

2.1. Corporativismo

O Estado Novo foi considerado pelos seus ideólogos como um "Estado corporativo", definindo-
se oficialmente como uma "República Corporativa", devido à forma republicana de governo e à
vertente doutrinária e normativa corporativista, refletida no edifício das leis (Constituição
política, Estatuto do Trabalho Nacional e numerosa legislação avulsa) e na configuração do
próprio Estado (Câmara Corporativa, Corporações, Ministério das Corporações, Instituto
Nacional do Trabalho e Previdência, Sindicatos Nacionais de direito público, Grémios Nacionais,
Grémios da Lavoura, Casas do Povo, Casas dos Pescadores, Comissões Reguladoras, etc.).
Salazar considerou o corporativismo como a faceta do seu regime com maiores potencialidades
futuras, mas a sua implantação prática foi muito gradual e, sobretudo, obedeceu a um padrão
de "corporativismo de Estado" e não a um figurino de "corporativismo de associação", que
poderia ter conferido um maior papel à iniciativa privada e à autorregulação da sociedade civil.
(CARVALHO, 2018)

2.2. Antiparlamentarismo e antipartidarismo

O regime político-constitucional que vigorou durante o Estado Novo é considerado


antiparlamentar e antipartidário, uma vez que o único partido político aceite pela força política,
que na altura era responsável pela apresentação de candidaturas aos órgãos eletivos de poder,
foi a União Nacional, sendo que os restantes foram ilegalizados, o mesmo aconteceu mais tarde
com as associações políticas. Era permitida, em alguns atos eleitorais, a apresentação de listas
não afectas à União Nacional, mas a sua existência era apenas consentida momentaneamente e
era impossível a eleição de qualquer candidato dessas listas, pois a fraude eleitoral ou a
repressão provocada pela polícia política (PIDE) provocava o esvaziamento de candidatos afetos
a essas ou porque se encontravam presos ou porque desistiam por falta de condições.
(CARVALHO, 2018)

2.3. Concentração de poderes no Presidente do Conselho de Ministros


Nesse regime autoritário, o Governo tem simultaneamente o poder executivo e o legislativo (o
Governo pode decretar decretos-lei que sobrepõe as leis aprovadas pela Assembleia Nacional),
e por sua vez os poderes do Governo estão fortemente centralizados e reforçados nas mãos do
Presidente do Conselho de Ministros (Chefe do Governo). O Presidente da República tinha
somente funções meramente cerimoniais, embora tivesse o poder de escolher e demitir o
Presidente do Conselho de Ministros. Mas esse poder nunca foi utilizado, visto que o cargo de
Presidente da República era sempre ocupado por um partidário da União Nacional e apoiante
do Presidente do Conselho de Ministros. (CARVALHO, 2018)

António de Oliveira Salazar, no sentido de inviabilizar a vitória do General Humberto Delgado à


Presidência da República em 1958, por este ser contra a ideologia do regime, propôs a revisão
constitucional onde a eleição que até naquela altura era feita por sufrágio directo passou a ser
feita por sufrágio indireto, através de um colégio eleitoral. Esta medida, a par com a
inviabilização dos partidos políticos que já tinham sido ilegalizados na constituição original,
sendo permitidos no entanto candidaturas de movimentos. (CARVALHO, 2018)

3. Decadência do Estado novo

O Estado Novo, após 41 anos de vida, é derrubado no dia 25 de Abril de 1974. O golpe que
acabou com o regime foi efetuado pelos militares do Movimento das Forças Armadas - MFA. O
golpe militar contou com a presença da população, cansada da repressão, da censura, da
guerra colonial e do abrandamento económico motivado pelo choque petrolífero de 1973.
Ficou conhecida por Revolução de 25 de Abril. Neste dia, diversas unidades militares
comandadas por oficiais do MFA marcharam sobre Lisboa, ocupando uma série de pontos
estratégicos. As guarnições militares que supostamente eram apoiantes do regime renderam-se
e juntaram-se aos militares do MFA. O regime caiu sem ter quase quem o defendesse. Os
acontecimentos deste dia culminaram com a rendição de Marcello Caetano, sitiado pelo
capitão Salgueiro Maia, no Quartel do Carmo. Foi uma revolução considerada "não-sangrenta"
e "pacífica", sendo que no dia 25 de Abril propriamente dito houve apenas quatro mortos,
vítimas de disparos da polícia política, junto à sua sede.

4. Estatuto do indigenato

O Estatuto do Indígena ou Estatuto do indigenato é o termo utilizado para definir os direitos,


mas sobretudo os deveres, dos indígenas das colónias portuguesas, expressos em vários
diplomas legais. O primeiro foi o Estatuto Político, Social e Criminal dos Indígenas de Angola e
Moçambique, de 1926, o Acto Colonial de 1930, a Carta Orgânica do Império Colonial Português
e Reforma Administrativa Ultramarina, de 1933 e finalmente o Estatuto dos Indígenas
Portugueses das Províncias da Guiné, Angola e Moçambique, aprovado por Decreto-lei de 20 de
Maio de 1954, e que era uma lei que visava a "assimilação" dos indígenas na cultural colonial
(ocidental).

O estatuto foi abolido em 1961 por efeito do Decreto-Lei n.º 43893, de 6 de setembro no
ensejo das reformas introduzidas por Adriano Moreira quando foi Ministro do Ultramar[3], com
o objectivo de permitir aos indígenas um acesso mais fácil e abrangente à cidadania portuguesa
e aos direitos a ela inerentes.

Até à introdução do Estatuto e, de uma forma geral, os indígenas não tinham virtualmente
nenhuns direitos civis, ou jurídicos, nem cidadania. Com a nova lei ficavam estabelecidos três
grupos populacionais: os indígenas, os assimilados e os brancos. Para a passagem era
necessário demonstrar um conjunto de requisitos (como saber ler e escrever, vestirem e
professarem a mesma religião que os portugueses e manterem padrões de vida e costumes
semelhantes aos europeus, por exemplo) que os indígenas teriam de alcançar para obter o
estatuto de "assimilado" e poderem usufruir direitos que estavam vedados aos indígenas não
assimilados.

Segundo Tjipilica (2014), o estatuto do indigenato foi regulado de forma geral pela base 18.ª
anexa à Lei n.º 277 de 15 de agosto de 1914, que organizou a administração civil das províncias
ultramarinas. Essa base estabelecia as seguintes regras gerais para o estatuto civil, político e
criminal dos indígenas: “protecção nos seus actos e contratos”; regulação das “relações civis
entre êles” pelos seus “usos e costumes privativos”; ausência de “direitos políticos em relação a
instituições de carácter europeu”; “especial consideração [d]os seus usos e costumes
privativos” na “definição e punição dos crimes, delitos e contravenções”; administração da
justiça por “funcionários ou tribunais especiais, ou chefes administrativos assistidos de grandes
(indígenas), letrados conhecedores da lei especial ou outros indivíduos de respeito e
consideração no seu meio”; disposições de processo civil e criminal “adequadas às condições
especiais da vida do indígena”; e “codificação dos usos e costumes dos indígenas” para
segurança do direito. Em suma, o estatuto pessoal do indigenato envolvia:

 A não aplicação da lei portuguesa em questões civis e pcriminais;


 A ausência de direitos políticos e de acesso aos cargos públicos; e
 A existência de um foro especial, constituído pela autoridade administrativa portuguesa
e por autoridades tradicionais por ela reconhecidas.

Este autor avança em dizer que a base 16.ª anexa à mesma Lei atribuía ao Governador-Geral ou
Governador de Província as competências de “dirigir as relações políticas com os chefes
indígenas e agrupamentos sob a sua dependência”, “definir e regular o estatuto civil, político e
criminal desses indígenas”, “lançar o imposto denominado indígena” e promover “a sua
instrução e progresso”. Nos termos desta Lei, o estatuto do indigenato era extensivo a todas as
províncias ultramarinas, mas diferia nas diversas províncias, e eventualmente mesmo dentro de
cada uma, em função do grau de desenvolvimento dos respectivos povos de cultura não
europeia.

5. Estatuto dos Indfgenas Portugueses das Provfncias da Guine, Angola e Moçambique

De acordo com FERREIRA e VEIGA (1957), com a tomada de poder por parte de Antônio de
Oliveira de Salazar, muitos regulamentos foram produzidos na metrópole portuguesa, um dos
quais, a Lei Organica do Ultramar (Lei n.º 2.066, de 27 de Julho de 1953). Esta lei contém vários
preceitos relativos a populações indígenas das províncias da Guine, Angola e Moçambique.
Além das bases componentes da secção especialmente epigrafada «Das populações indígenas»,
encontram-se, nomeadamente, o n.º V da base LXV, sobre o julgamento das questões
gentílicas, e o n.º II da base LXIX, sobre a extensão dos sistemas penal e penitenciario.

A regulamentação dos princípios gerais contidos nestas bases exige que sejam alterados alguns
dos preceitos dos chamados «Estatuto Político, Civil e Criminal dos Indígenas» e «Diploma
Orgânico das Relações de Direito Privado entre Indígenas e não Indígenas» Decretos n.º 16.473
e 16.474, de 6 de Fevereiro de 1929), que, por outro lado, haveria ja anteriormente
conveniência em modificar e aditar em parte, a fim de uniformizar procedimentos, extinguir
regimes locais inadequados e alargar o âmbito das reformas. Com efeito, em leis gerais de
carácter fundamental, como o Acto Colonial, a Carta Organica do Imperio Colonial Português e
a pr6pria Constituição Política, algumas das regras contidas no estatuto e no diploma Orgânico
foram gradualmente aperfeiçoados, ao mesmo tempo que outros diplomas como Decreto n.º
35.461, de 22 de Janeiro de 1946, sobre o casamento enunciavam preceitos que bem caberiam
no estatuto. Acresce que certas matérias importantes, entre as quais a aquisição da cidadania
por antigos indígenas, eram reguladas apenas em textos locais, falhos de homogeneidade.

5.1. estado de indígena de acordo com o Estudo do indigenato

O artigo 1.º do Estatuto do Indigenato dispunha que Gozavam de estatuto especial, de


harmonia com a Constituição Política, a Lei Orgânica do Ultramar e o Estatuto dos indígenas, os
indígenas das províncias da Guine, Angola e Moçambique. O estatuto do indigena português é
pessoal, devendo ser respeitado em qualquer parte do território português onde se ache o
indivíduo que dele goze.

Para FERREIRA e VEIGA (1957), o facto de os nativos das províncias portuguesas da África
continental se encontrarem ainda em determinado grau inferior de civilização implica a
necessidade de se processar um ordenamento juridico adequado à possibilidade de efectivação
de poderes e deveres por parte desses nativos, Isto é, os indígenas (conceito que o art. 2. do
Estatuto escIarece) encontram-se numa posição especial perante a ordem jurídica geral. Ora
essa posição especial dos sujeitos de direito perante a ordem juridica designa-se em
terminologia técnica pelo nome de <<:estado» (status) au «situação jurídica» ou «qualidade
jurídica» e depende de um conjunto de qualidades, circunstancias ou situações pertinentes ao
indivíduo ou grupos de indivíduos (por exemplo o estado de filho, estado de casado ou solteiro,
estado de funcionário, estado de indígena).

5.2. Noção e capacidade jurídica do indígena

Segundo FERREIRA e VEIGA (1957), o «estado de indígena» não gera uma verdadeira
incapacidade (capacidade diminuída) já porque as incapacidades como exepções à regra geral
(capacidade diminuída), da capacidade tem de ser expressa e declarada. O Estatuto do
Indigenato diferenciava o indígena do cidadão português, assim, o indígena não podia ser
considerado cidadão e não tinha a totalidade dos direitos deste. Vide o artigo 2 do Estatuto do
Indigenato o seguinte: "Consideram-se indígenas das referidas províncias os indivíduos de raça
negra ou seus descendentes que, tendo nascido ou vivendo habitualmente nelas, não possuam
ainda a ilustração e hábitos individuais e sociais pressupostos para a integral aplicação do
direito público e privado dos cidadãos portugueses. Consideram-se igualmente indígenas os
indivíduos nascidos de pai e mãe indígena é locais estranhos àquela província para qual se tem
um deslocado.

A condição de indígena não contraria a cidadania civil, no sentido de nacionalidade, isto é,


vínculo jurídico que liga determinado indivíduo a um país ou Estado como membro do seu
povo. Significa que tanto o cidadão no sentido referido pelo estatuto do indígenato, tanto o
indígena tinham nacionalidade portuguesa. Deste mundo, pode dizer que tanto o cidadão
português quando o indígena, eram cidadãos, porém, isto não se pode confundir com cidadania
política do indígena por gesta se refere a certos direitos políticos que o indígena não possuía
assim sendo, todos eram considerados portugueses no entanto haviam certos direitos que não
cabiam os indígenas só aos brancos portugueses. Segundo FERREIRA (1957), os indígenas eram
súbditos portugueses, sujeitos à protecção do Estado do português, mas sem fazerem parte da
nação, que esta seja considerada a comunidade cultural quer, seja considerada associação
política. Os indígenas eram regidos segundo os costumes próprios da sua origem.

6. Cidadania originária e cidadania derivada (assimilação)

O Estatuto indígenato distinguia a cidadania originária da cidadania derivada, a primeira nunca


se perde, ao passo que a segunda é passiva de perda nos termos do artigo 64 do Estatuto do
indígena, segundo o qual, a cidadania reconhecida nos termos do artigo 58 e 60 do Estatuto
pode ser revogada por ordem do juiz de direito da respectiva comarca, meliante justificação
promovida pela competente autoridade administrativa, com participação do ministério público.
6. Situação jurídica dos indígenas
Nos termos do artigo 7 do Estatuto do Indigenato, a instituições de natureza política
tradicionais dos indígenas são transitoriamente bandidas de conjugam-se com as instituições
administrativas do estado português declaradas na lei. A regra geral era que os indígenas
estavam sujeitos aos costumes próprios de sua região, no entanto, o estatuto do indígenato
permitia que a lei comum fosse aplicada caso o indígena optasse por esta nas situações
descritas pela lei. Video o artigo 27 do estatuto do indígena, que o indígena, em matérias
inerentes ao direito de família, sucessões, comércio e propriedade imobiliária pode optar pela
lei comum. Esta opção poderia ser requerida pelo interessado ou aceita pelo juiz com limitação
de algumas das espécies de relações indicadas neste artigo.

Relativamente ao trabalho, os indígenas poderiam segundo o estatuto escolher a área na qual


gostariam de trabalhar, quero por conta própria, quer trabalho alheio, quero nas suas terras
para as quais foram designados. A prestação de trabalho não indígenas assenta na liberdade
contractual e no justo salário.

6.1. Indígena como mão de obra

O facto de ser o diploma legal que regulava o trabalho dos indígenas a estabelecer a respetiva
definição legal chama a atenção para o facto de a questão dos estatutos pessoais se ligar de
forma crucial à questão da contratação de mão de obra para as atividades económicas
promovidas por europeus nos domínios ultramarinos. Abolida a escravatura, essa mão de obra
passou a ser constituída por serviçais e colonos contratados, os serviçais trabalhando sob
direção do patrão europeu, os colonos trabalhando por conta própria em terras propriedade de
europeus. Os contratos de trabalho de serviçais e colonos foram regulados por sucessivas
disposições legais:

 Decreto de 20 de dezembro de 1875;


 Decreto de 21 de novembro de 1878;
 Decreto de 29 de janeiro de 1903;
 Decreto de 7 de julho de 1909 e Lei de 17 de julho de 1909;
 Decreto com força de Lei de 27 de maio de 1911;
 Decreto de 1 de outubro de 1913.

Segundo o Decreto 951 de 15 de Outubro de 1914, “Todo o indígena válido das colónias
portuguesas fica sujeito à obrigação moral e legal de, por meio do trabalho, prover ao seu
sustento e de melhorar sucessivamente a sua condição social” (artigo 1.º) e se “não tiver
domicílio certo, nem meios de subsistência, nem exercer habitualmente alguma profissão,
ofício ou outro mester em que ganhe a sua vida”, “será julgado pelo curador de serviçais e
colonos, administrador do respectivo concelho ou circunscrição civil, ou capitão-mor
respectivo, conforme os casos”. Sendo condenado, “será entregue à autoridade administrativa,
que lhe poderá fornecer trabalho pelo período que entender conveniente” (artigo 2.º).

7. Extinção da condição de indígena e aquisição da Cidadania

De acordo com o artigo 56.º do Estatuto do Indígenato, Pode perder a condição de indígena e
adquirir a cidadania o individuo que prove satisfazer cumulatlvamente aos requisitos seguintes:

 Ter mais de 18 anos;


 Falar corrtctamente a lingua portuguesa ;
 Exercer profissao, arte ou ofieio de que aufira rendimento necessario para 0 sustento
proprio e das pessoas de familia a seu cargo, ou possuir bens suficientes para o mesmo
fim;
 Ter born comportamento e ter adquirido a ilustração e os hábitos pressupostos para a
integral aplicação do direito público e privado dos cidadãos portugueses;
 Nao ter sido nota do como refractario ao servic;o militar nem dado como desertor.

A prova dos fatos referidos neste artigo era feita segundo a lei, mas os requisitos das alíneas b),
c) e d) Podem também provar-se por meio de certificados dos administradores dos conselhos
ou circunscrições em que o indivíduo tenha residido nos últimos três anos. Para a prova do bom
comportamento, para Além deste atestado, e também necessária certidão do seu registo
criminal para a comprovação de que o indivíduo não sofreu nenhuma condenação maior ou
condenação que corresponde a uma pena correcional.

7.1. Formas de aquisição da cidadania

A condição de indígena extingue-se sempre isso pela condição de não indígena (estado de
cidadão). A aquisição da cidadania pode sempre revestir formas diversas que podem agrupar-se
da seguinte maneira:

a) Forma normal de aquisição de cidadania: esta é regulada pelos artigos 56 e seguintes do


Estatuto do Indigenato, caracterizada por ser realizada através de um processo
administrativo (Jurisdicionalizado na fase do recurso) e através do qual deve ser
demonstrado que o indígena reúne todos os requisitos necessários ou essenciais à
aquisição da cidadania mencionados no art. 56 do Estatuto do Indigenato.
b) Forma automática de aquisição da cidadania: esta forma é regulada pelo artigo 60 do
Estatuto. Segundo esta forma, o bilhete de identidade será passado sem dependência
do despacho a que se refere o número 2 do artigo 59, e portanto sem processo
administrativo a quem apresentar o documento comprovativo de alguma das
circunstâncias enunciadas no artigo do Estatuto do indigenato.
c) Forma graciosa de aquisição da cidadania: através desta forma adquire-se a cidadania
através da Conceição dos governos das províncias ultramarinas neste caso, o governo da
província Moçambicana, Angolana e Guinesa

A mulher indígena casada com indivíduo que adquira a cidadania nos termos do artigo 56 do
Estatuto e os filhos legítimos ou ilegítimos perfilhados, menores de 18 anos, que vivam sob a
direcção do pai à data daquela aquisição, podem também adquirir a cidadania desde que
tenham os requisitos das alíneas b) e d).

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