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DIREITO CONSTITUCIONAL II
Bibliografia
ALEXANDRINO, José Melo, Lições de Direito Constitucional, Vol. II, 4.ª ed., Lisboa, 2024
Costume constitucional;
Forma como as normas constitucionais são aplicadas, entendidas e interpretadas pelo
poder judiciário.
Isto faz com que não possamos limitarmo-nos a saber que existem seis constituições
portuguesas: Constituição de 1822, Carta Constitucional de 1826, Constituição de 1838,
Constituição de 1911, Constituição de 1933 e a atual Constituição de 1976.
É de apontar que não existe uma sucessão linear entre as Constituições devido à instabilidade
política e social que caracterizou os períodos de crise em qualquer uma das época relativas a
qualquer constituição. O clima político e social só estabiliza quando se inicia o período da
Regeneração.
Por exemplo, a Carta Constitucional de 1826 não vigorou até 1838 e, por outro lado, a
Constituição de 1822 nem 1 ano de vigência teve (devido ao episodio revolucionário de
Vilafrancada). Por sua vez, a Carta de 1826 vigorou 2 anos, depois ocorreram as guerras liberais
entre D.Miguel , absolutista, e D.Pedro IV, liberal constitucionalista. Venceram os liberais e
surge de novo a Carta Constitucional. Os liberais não ficam satisfeitos e esta vem abaixo e volta
a vigorar a Constituição de 1822, ainda que tenha sido uma vigência quase fictícia. A Carta
Constitucional de 1926 era demasiada conservadora e a Constituição de 1822 demasiado
liberal então cria-se a Constituição de 1838 que era um meio termo mas, ainda assim, não
agradou e vigorou durante 4 anos.
1.º PERÍODO: CONSTITUCIONALISMO LIBERAL
Duração: 1820 (Revolução) até 1926 (Golpe militar de 26 de maio de 1926 que instaura
o Estado Novo)
Constituições de 1822, 1826 e 1838 e 1.ª Revisão da Carta Constitucional,
Constituições Monárquicas, Constituição de 1911 (Restauração Da Republica em 1910);
Este primeiro período pode ser subdivido em períodos:
o PERÍODO DE INSTAURAÇÃO/REVOLUÇÃO – 1822 até regeneração
1890 - Crise de Monarquia/ Ultimato e mapa cor de rosa etc. / Difusão
do republicanismo / Regicídio – 5 de outubro cai a república
Noite sangrenta
Várias constituições, revoluções, golpes, etc.
o PERÍODO DE ESTABILIDADE/ Constitucionalista autoritário – 1926 até 1971
Golpe de estado de 1926
7 anos sem constituição
Salazar prepara a constituição de 1933 que dura até 1974 – 41 anos –
constituição semântica -Portugal manteve-se alheio à ideia de
constituição normativa até 1976
Período de ditadura militar – 1926 até 1933
Período de vigência da constituição
o PERÍODO DEMOGRÁTICO – 1974 até à atualidade
1976 – Constituição
Período Revolucionário – 1974 a 1976
Período de Instauração do Regime/Vigência da versão
originária da Constituição
o Constituição compromissória entre o caminho para o
socialismo e uma sociedade organizada com um
modelo democrático representativo
o Isto não durou para sempre na medida em que apenas
se poderia optar por um caminho.
Período de sedimentação democrática – 1982 até à atualidade
Inicialmente não existiam partidos políticos, mas sim fações. Com a regeneração
surgem os partidos e cria-se uma situação de rotativismo – um partido ganha as
eleições, as coisas não corriam bem, o Rei dissolvia o governo e colocava no poder o
outro partido. As eleições eram sempre vencidas por quem as organizava pelo que o
outro partido tinha o seu mandato legitimado. Isto significava que existiam alturas em
que não existiam cortes/parlamento – não havia possibilidade de fazer leis. O Governo
fazia decretos ditatoriais – não havia parlamento pelo que o executivo aprovava esses
decretos e o parlamento aprovava, posteriormente, por lei esses decretos e uma lei
que exemptava de responsabilidade os autores desses decretos.
Em 1910 dá-se a Revolução Republicana e temos um período de 1 ano em que não
há constituição. É convocada uma Assembleia Constituinte e a feitura da Constituição
não é democrática porque há uma hegemonia – só há um partido: o Partido
Republicano. Mesmo mais tarde é muito difícil aos outros partidos desalojar o Partido
Republicano e os seus herdeiros - situação de 1920/21. Alguma historiografia afirma
que a relativa democratização que existia no período monárquico foi revertida pela
ação da República. Os governos duravam 15 dias, 1 mês, isto é, era raro que os
governos durassem muito tempo, algo que não se entendia devido à hegemonia
partidária.
Durante as sessões da assembleia constituinte houve muita gente que defendeu que
não deveria existir qualquer chefe de Estado, mas entendeu-se que deveria existir um
Presidente eleito pelo Parlamento e destituído pelo Parlamento.
Por sua vez, o episódio do Sidonismo surge na posterioridade do Golpe de Estado
depois da participação de Portugal na 1.º GM, dando origem a que Sidónio Pais
governe o país através de leis constitucionais que concentravam o poder no executivo.
Este episódio durou 1 ano, sendo que Sidónio Pais trabalhou afincadamente através da
promoção da imagem e manipulação política e pública.
Constituição de 1933
CONSTITUIÇÃO DE 1976
Esta revolução teve como incentivos: a Guerra Colonial;
16 de março de 1974 - Golpe das Caldas;
Acabar com a Guerra Colonial e adotar a Democracia,
Imterregno – entre 74 e 76
Golpe militar, tornado revolução, tem uma ideia de Direito nova: programa de
movimento de forças, que surge fixado na lei constitucional 3/74.
28/09/74 – Golpe de Estado – Spínola sai do país;
Conselho da Revolução, no qual predominam os radicais, com ideias marxistas;
11/03/75 – maior radicalização do regime;
Eleições para a assembleia constituinte – eleições livres (PCP, oposição, apenas teve
12,5%, CDS 15%, …) – Os militares radicais, do conselho de revolução, impõe aos
partidos um pacto que traçava as linhas da Constituição a aprovar : um presidente não
eleito pelo povo, mas pela assembleia da república e do MFA; de acordo com o espirito
da revolução
Verão Quente: Ataques terroristas; período marcado por muita violência
A AR é cercada por operários em protesto, durante os trabalhos constitucionais.
25/11/1975
Os partidos propuseram ao MFA um segundo pacto, menos radical, recuperando a
eleição direta do PR e foi assim que a Constituição foi feita;
Os partidos tinham de assinar o primeiro pacto, sob pena de violência;
A Constituição foi aprovada, com votos favoráveis de todos, menos do CDS;
Esta Constituição:
o Mecanismos, instrumentos e institutos próprios da democracia representativa:
existia fiscalização da constitucionalidade, direitos fundamentais;
o Conselho de Revolução: não tinha legitimidade democrática, mas tinha
legitimidade militar - Sociedade do tipo socialista (marxista).
o Era uma constituição compromissória e dividida.
o Sistema semipresidencial
1.ª revisão de 1982 – As coisas clarificaram-se – democracia representativa; ideia de
constituição definida; já não há uma divisão que tinha caracterizado a versão
originária;
2.ª revisão de 1989 – Fez ao sistema económica aquilo que a 82 tinha feito ao político:
retirou a ideologia do sistema económica, acabando com a irreversibilidade das
sanções, etc. – resultado da consolidação democrática e da adesão de Portugal às
comunidades europeias; introdução das leis de valor reforçado;
3.ª revisão de 1992 – Devido ao Tratado de Maastricht;
4.ª revisão de 1997 – Aprofundou os direitos fundamentais;
5.ª revisão de 2001: necessária para a vinculação de Portugal ao Tribunal Penal
Internacional;
Em 2005 tivemos uma última revisão, de forma a fazer referência aos tratados da união
europeia.
CRP 76
Esta ideia/trave estrutural da Constituição não estava presente nestes termos na versão
originária, aparecendo no art.2.º em 1982.
Este princípio: não há nada que tenha relevância constitucional e tenha ficado fora deste
artigo. Tem um conteúdo vasto e abstrato. Não é propriamente um princípio que se
condiga traduzir em princípios ou normas para resolver casos concretos. Possui antes uma
função normogenético. Daqui decorrem princípios, posteriormente sub princípios e, por
fim, regras.
A sua menção na constituição não se limita ao art.2.º, tendo outras consagrações: art.9.º,
que fixa 3 tarefas do Estado e têm a ver com a concretização do Estado de Direito
Democrático. Tratam-se de normas programáticas, ou seja, são objetivos uteis que se
tentam trilhar. Primeiro a liberdade de cada um garantida pelos direitos fundamentiais,
depois a liberdade politica e, por fim, XXX.
Esta fórmula teve um papel e aplicação prática no que toca à participação de Portugal na
construção europeia.
Art.7.º, n.º6 - Portugal pode transferir ou delegar, não alienar, poderes de soberania
desde que isso não ponha em causa os princípios fundamentais de Estado Democrático. E
no art.8.º, n.º4 surge fixada a mesma coisa: ideia de prevalência/primado do direito da
união sobre o direito interno, incluindo a Constituição: menos os princípios fundamentais
de Estado Democrático.
Os princípios aplicam-se na medida de uma ponderação entre eles – são princípios que
estão debaixo do mesmo chapéu – princípio do “Estado de Direito Democrático”.
Só com as justificações fixadas no art.13.º, n.º2 CRP não pode haver diferenciação –
tratar igual o que é igual e de forma diferente o que é diferente, na medida da
diferença
11/03/2024
PRINCÍPIO DA LIBERDADE
A liberdade é dada pelo conjunto dos direitos fundamentais. No âmbito dos indivíduos há
uma regra de autonomia privada: podemos fazer tudo o que não está proibido. Mas isto não
basta, na medida em que é necessário delimitar o que é permitido e conferir proteção a tal. Há
certas posições jurídicas que, tendo em vista a sua dignidade humana têm de ser protegidas de
forma mais intensa.
PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO
Art.2.º CRP; art.9.º CRP; art.10.º; art.108.º; art.109.º; art.113.º; art.114; art.288.º H) e i);
Popper: sistema em que os governantes podem ser afastados do poder sem violência;
Cada governo/AR de acordo com as suas opções políticas desenvolverá mais ou menos estes
objetivos do Estado Social. Uma opção mais conservadora tenderá a não investir tanto nos
direitos sociais.
Princípio que tem vindo a sofrer propostas de reformulação – atingiu o seu apogeu na Europa
nos anos 70, mas a crise do petróleo de 73 e as crises financeiras dos anos 80 levaram ao
emergir de doutrinas económicas de teor liberal que teorizavam a privatização e tem havido
um movimento, em certos países, de se “emagrecer” o Estado social e o Estado deixar de ser
um Estado prestador de serviços e benefícios, mas sim um Estado regulador. Por sua vez, em
Portugal, como chegou atrasado cá, o Estado Social ainda está em desenvolvimento.
Tem a ver com a forma como o poder político é estruturado no tocante ao território.
No Estado Unitário só cabe às regiões o que lhes for atribuído – o resto cabe ao Estado,
Cláusula de supletividade do Direito do Estado -mesmo em matérias em que seja
possível uma norma regional ou local, se ela não existir aplica-se o Direito do Estado –
art.228.º, n.º2 CRP - De forma a garantir que não existe um vazio legal.
A descentralização tem a ver com a repartição do poder por mais do que uma pessoa
coletiva para além do Estado – quando o Estado cria autarquias locais, ou
universidades, ou institutos ou associações públicas – nalguns casos estas
descentralização cria poderes autónomos mas às vezes cria pessoas coletivas mas que
não possuem a mesma autonomia – funções públicas – estão sujeitas à
superintendência do Estado.
A descentralização traduz-se em vários aspetos e princípios:
Princípio da autonomia regional – regionalização político administrativa, as regiões
autónomas têm a através desta regionalização competência própria em termos
políticos, legislativos e administrativas
Princípio da autonomia local – descentralização administrativa / de menor âmbito – as
autarquias locais não criam leis, apenas regulamentos administrativos.
Princípio da descentralização democrática da administração pública;
Subsidiariedade – apareceu numa das revisões constitucionais, não é muito claro
quanto ao seu sentido – a ideia é que a decisão de qualquer questão deve ser tomada
pela estrutura que está mais próxima dos destinatários.
A decisão de um determinado assunto só deverá ser tomada por uma pessoa coletiva de
âmbito mais amplo se a pessoa coletiva de âmbito mais restrito não conseguirem tratar dela -
Art.6.º CRP.
AULA 18/03/2024
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
O Presidente da República é o Chefe de Estado, não tendo, efetivamente, uma função muito
importante, a não ser em momentos de crise: o Presidente é, fundamentalmente, um órgão de
garantia pelo que os seus poderes crescem em momentos de crise. Estes períodos de crise
ocorrem, portanto, quando é necessário vetar leis, pedir a fiscalização da constitucionalidade,
encorajar o espírito nacional quando há tragédias, resolver o Governo, … No entanto, o papel
do Presidente da República não é, efetivamente, a atuação no dia a dia político.
A sua caracterização geral surge fixada no art.120.º CRP, sendo que surge aqui fixado um
conjunto de funções e objetivos que o Presidente da República deve prosseguir e posições e
funções que ele desempenha pelo simples facto de ser Presidente da República (por exemplo,
o Presidente da República é, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas).
Além disso, o Presidente da República possui funções de garantia e de direção política, além
de garantir a unidade do Estado. Além disso, tem como função regular o funcionamento das
instituições democráticas, pelo que resolve as crises políticas.
Por fim, tem o poder que não está expressamente previsto, mas que resulta de um conjunto
de poderes: nomeadamente, os poderes de exteriorização do pensamento político ou da
palavra. O Presidente da República pode falar sobre inúmeros assuntos: aquilo que constitui o
exercício das suas funções, sempre com moderação, devido à sua função integradora.
A representação simbólica é, geralmente, feita por coisas, como hinos e bandeiras, mas
também pode ser feita por pessoas, neste caso, o Presidente da República. A nobreza de
caráter deve ser transmitida através desse símbolo. A força da representação simbólica é,
portanto, mais político do que propriamente jurídica – art.220.º CRP.
Legitimidade de título: como é que o presidente da república chega a esse título? Tem de ser
um português de origem e ter, pelo menos, 35 anos – capacidade eleitoral passiva para a
presidência da república. Esta exigência de idade reconduz-se à necessidade de a imagem do
Presidente da República conferir sabedoria e experiência – art.122.º CRP.
A eleição é por sufrágio universal direito e secreto, quer pelos recenseados em Portugal quer
pelos recenseados no estrangeiro. Até 1997, este sufrágio era, no entanto, reservado para os
portugueses.
Quem vive fora do país terá menos a dizer acerca da sua governação, daí que o seu peso seja
bastante reduzido face aos portugueses que vivem em Portugal. Isto relativamente à AR, que é
um órgão colegial, no entanto, o PR é um órgão de um único titular, pelo que não seria possível
fazer isto. Nos termos do art.121.º, n.º2 CRP, fixa-se que os cidadãos portugueses residentes no
estrangeiro podem votar dependendo da existência de laços de efetiva ligação à comunidade
nacional.
O PR tem legitimidade democrática direta, algo que não acontece noutros sistemas, como o
Parlamentar, em que é eleito pelo Parlamento, possuindo, portanto, uma legitimidade mas
diminuta.
Se o PR tem legitimidade democrática direta, tem força política para exercer poderes
autónomos: veto político não ultrapassável, dissolução do parlamento, etc.
Já no caso dos presidentes eleitos pelo parlamento, estes têm poderes mais reduzidos do que
os seus congéneres eleitos por sufrágio direto.
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As candidaturas surgem fixadas no art.124.º CRP – única eleição em que os partidos não
participam, sendo o seu papel remetido para um plano secundário. O sistema eleitoral é
maioritário, de maioria absoluta – art.126.º CRP.
No que toca ao mandato, este dura 5 anos, ao contrário do que sucede no caso da AR, o
mandato para o PR é o mandato de 5 anos – ao ter um mandato superior, o PR consegue, de
certa forma, sobrepor a sua legitimidade em caso de conflito com a AR, sobrepondo a sua
legitimidade, visto já estar no cargo há mais tempo. Caso haja uma vacatura, o novo presidente
não completava o mandato que faltava, mas iniciava sim um novo mandato. O Presidente da
Assembleia da República assegura o cargo – art.132.º e 128.º CRP – não tem todos os poderes
que o PR tem, não podendo praticar certos atos.
Só pode ser eleito para duas mandatos consecutivos – eleito uma vez e reeleito uma vez. Se
quiser voltar a exercer funções então deve esperar pelo menos um mandato – art.123.º CRP.
A cessação das suas funções – causas naturais, renunciar (art.131.º CRP), incumprimento das
normas decorrentes do art.129.º CRP (referente à ausência do território nacional),
responsabilidade criminal (art.130.º CRP).
Crimes praticados nos exercícios das suas funções – espionagem, etc. – a condenação implica a
destituição do cargo e a impossibilidade de reeleição. O MP não pode iniciar procedimentos
sem a autorização da A.R.
Alguma doutrina entende que o PR não tem qualquer poder a nível de direção política. JV não
des
O veto tem efeitos diferenciados consoante o que seja alvo do mesmo. No caso do veto de uma
lei (decreto a ser promulgado como lei) o decreto é devolvido à AR e esta possui hi+póteses de
atuação: conformar-se, alterar o projeto de diploma no sentido de ir ao encontro das questões
e objeções que o PR suscitou, ou então pode confirmar a decisão e nesse caso o PR é obrigado
a promulgar. A confirmação é, por regra, por maior absoluta – pelo menos mais de metade dos
deputados em efetivadade de funções, sendo que em matéria mais importantes, como
relativas à defesa nacional ou de leis orgânicas (art.186.ç CRP) pode requer maioria de 2/3.
No caso dos decretos do Governo, para serem promulgados como decreto-lei, esta
promulgação é absoluta: não há hipótese de o Governo se impor ao PR, diferentemente do que
ocorre com a AR,
Envia ao PR para promulgação, que veta o decreto – pode apresentar o projeto de lei à AR e se
tiver apoio maioritário, a AR aprova e vai para o PR como lei e, se o PR vetar, este veto pode ser
ultrapassado pela AR.
Fiscalização sucessiva – o diploma já produziu efeitos, sendo que, em princípio, estes podem
ser eliminados, mas nem sempre isto acontece por razões de equidade e segurança jurídica.
REFERENDOS
Uma área em que o PR tem poderes de direção político é o âmbito das relações externas: o PR
é o comandante das forças armadas.
No caso em que um partido vence com maioria absoluta, o PR já não tem grande margem,
tendo de nomear a pessoa que o partido mais votado indicar. Há margem quando, por
exemplo, se o programa do Governo chumbar, o Governo não inicia funções plenas – só as
inicia quando discutido o programa na AR, sendo que durante esse período exerce funções de
gestão. Dessa forma, poderia tentar um governo tecnocrata.
Nomeação dos mais membros do Governo é também limitada e não está sujeita a grandes
margens - ele nomeia atendendo à opinião do PM, que é o chefe do Governo, ao qual os
ministros e secretários respondem. O PR só pode negar a nomeação de um determinado
ministro se essa nomeação for inconstitucional, nos outros casos, não – por exemplo, se a AD e
o Chega formassem uma coligação, e se indicasse o André Ventura enquanto ministro, o PR não
poderia negar essa nomeação.
Este poder pode ser exercido quando há motins nas ruas por causa de impostos, Lisboa está
bloqueada e o Governo não consegue fazer nada, preso em São Bento – está em causa o
regular funcionamento das instituições democráticas: demissão do Governo. Ou então num
caso parecido com o Watergate. A dissolução da AR acarreta a demissão do Governo.
O PR não pode demitir membros do Governo – só o pode fazer por proposta do primeiro-
ministro.
Nenhum órgão pode fazer cessar o mandato do presidente da república. O que pode existir é
responsabilidade política difusa, que é um conceito doutrinário italiano que se refere às
consequências da crítica à atuação dos órgãos do poder político. Isto só por si não tem efeitos
jurídicos - no entanto, se forem muito acentuados pode levar os PR a declararem a sua
emissão. Isto é relativamente pronunciado em regimes parlamentares em que o PR não tem
legitimidade democrática direta, mas sim indireta. O que pode ocorrer é eleitorado não voltar a
votar no PR se este se voltar a candidatar.
Art.140.º CRP: Referenda Ministerial - Há uma série de atos do PR que têm de ser assinados
pelo Governo, sob pena de inexistência. Quando o ato presidencial for inexistente o PR pode
recusar a assinatura do referendo, mas fora desses casos não o poder fazer sendo que se
pudesse então seria o dono do sistema político. Se o Governo recusar, então pode ser demitido
pelo PR por pôr em causa o regular funcionamento das instituições.
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Art.147.º CRP – A representação simbólica apresenta aqui contornos diferentes face à do PR:
enquanto o PR simboliza a unidade do Estado, a AR representa o pluralismo político na
sociedade. Trata-se de um espaço em que as várias visões políticas contrastantes para o país
são apresentadas, decorrentes das diferentes visões e objetivos que os eleitores têm para a
sociedade.
Nós sabemos que a AR tem 230 devido à conjugação do 148.º CRP e da 13.º da LEAR
(Lei Eleitoral da Assembleia da República).
Sufrágio secreto, direito e universal –
As candidaturas são apresentadas por partidos políticos – os candidatos independentes
têm sempre de se apresentar numa lista para serem deputados da AR;
Sistema Eleitoral: num sentido mais restrito considera-se o método eleitoral (método
de Hondt - Critério para revertermos votos em mandatos) mas num sentido mais
amplo são todas as regras relacionadas com o processo eleitoral;
Círculos eleitorais plurinominais (elegem-se mais do que um representante) (22):
Forma de organização do território para se aplicar o método eleitoral - limitações
geográficas, através das quais se percebem qual o número da população de forma a
fazer a conversão de mandatos – art.149.º e art.152.º CRP;
Proibição de “cláusula barreira” – não é possível nós colocarmos um linear que se não
for preenchido não poderá haver tradução do voto em mandato – proibição de
cláusulas que fixem um número mínimo de percentagem para o acesso ao parlamento
– permite um pluralismo democrático maior;
“Voto útil” : introdução de um círculo nacional de compensação, faria com que certos
votos, num certo sentido inúteis (por não serem em partidos mais fortes e que ficam
tendencialmente nos primeiros lugares nas eleições - votar Livre em Beja, na medida
em que este círculo apenas possui 2 deputados);
O nosso método eleitoral não é favorável para os partidos mais pequenos, mas
também não é pior – quando há empate de votos, o mandato vai para o órgão menos
representado. O nosso método é ampliamentos conhecido como muito potenciador de
um bipartidarismo (PS e PSD), no entanto, nos últimos anos tem se verificado um
aumento de relevância de partidos pequenos O funcionamento dos sistemas
eleitorais também estão relacionados com aspetos sociológicos, por exemplo;
Mandato de 4 anos; 4 sessões legislativas; liberdade de renúncia ao mandato; não há
eleições intercalares ou parciais (não se pode ir a votos para eleger um deputado,
quando o partido já não tem possibilidades de o substituir);
Estruturas parlamentares primárias (existem também as secundárias):
o Plenário: prática dos atos mais relevantes de todas as funções desempenhadas
pela AR (existem comissões por racionalização de recursos e especialização),
instância de recurso de decisões tomadas por outras estruturas do Parlamento;
“reserva de plenário” – art.168.º/4 CRP; deliberações sujeitas a maiorias
agravadas (maioria simples – 116-º/3 CRP) – art.168.º/5 (maioria absoluta),
art.174.º/2 (maioria de 2/3 dos deputados presentes) , art.136.º/3 (maioria de
2/3 dos deputados presentes desde que superior á maioria absoluta) ,
art.286.º/1 (2/3 dos deputados em efetividade de funções), art.284.º/2 (4/5
dos deputados em efetividade de funções) CRP;
o Presidente da AR: Art.175.º/2 CRP; Art.132.º CRP (presidente da república
interino – não pode, no entanto, praticar os mesmos atos do PR, tais como
dissolver a AR); compete-lhe:
Representar a AR; Presidir à Mesa; dirigir os trabalhos parlamentares;
dirigir os serviços administrativos da AR ; analisar a conformidade
constitucional dos projetos de lei e das propostas de lei; solicitar a
fiscalização sucessiva abstrata da constitucionalidade;
12.º e 16.º-19.º RAR; 281.º/2 b) CRP;
o Mesa da AR: art.175.º/1 CRP e art.22.º e ss RAR; órgão colegial que coadjuva o
PAR no exercício das suas funções, assegura os serviços
o Comissões: previstas na RAR e eventuais (art.29.º e ss RAR), principio do
pluralismo (art.178.º CRP) e participação dos membros do governo (art.177.º/3
CRP).
o Comissão permanente: funcionamento fora do período normal (art.179.º CRP;
39.º ss RAR) e elenco de atos previstos no art.179.º/3;
Art.174.º - iniciativa fora do período de funcionamento no art.174.º
CRPP;
o Grupos Parlamentares:180.º CRP; Art.6.º e ss RAR
Qual a natureza jurídica dos grupos parlamentares? Órgãos dos
partidos políticos? Do parlamento? Ambos? Os grupos parlamentares
são formados pelos partidos e desempenham funções no contexto
parlamentar.
A AR e o Governo são órgãos complexos: órgão que se desdobre noutros órgãos.
ATOS – 116.º CRP
o Lei Constiticuonal – art.284.º e seguintes
o Lei orgânica (tipo de lei de valor reforçado) – art.112.º/3
o Lei – 112/1
o Moção (de censura, de confiança e de rejeição do PG) – 192 a 194
o Resolução – 166/5 (categoria residual – categoria aplicável quando não se
pode aplicar nenhum dos outros)
o Regimento - 175/a
o Os diferentes tipos de ato refletem as várias funções da AR: quando exerce a
função legislativa temos uma lei ou lei orgânica, quando exerce a fiscalização
da constitucionalidade temos uma lei constitucional, …