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Escola Heráclito Fontoura Sobral Pinto

Lucas Pereira Manoel

História das constituições brasileiras

Colombo
2024

COLOMBO/ PR
2024
FOLHA DE ROSTO

História das constituições brasileiras

Trabalho de noções de direitos

Orientador: Prof. Altair

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SUMÁRIO
1. Constituição federal de 1824
2. Constituição federal de 1891
3. Constituição federal de 1934
4. Constituição federal de 1937
5. Constituição federal de 1946
6. Constituição federal de 1967
7. Emenda constituição n°1 de 1969
8. Constituição federal de 1988
9. Conclusão

1. A Constituição de 1824 foi a primeira carta constitucional do Brasil independente e foi


promulgada durante o período imperial, estabelecendo as bases jurídicas e políticas do
recém-formado Império do Brasil. Aqui está um resumo da sua história:

Contexto Histórico: Após a proclamação da independência do Brasil em 1822, o país ainda


estava sob o governo de D. Pedro I, que se tornou o primeiro imperador do Brasil. O período
que se seguiu foi marcado por conflitos políticos e lutas pelo poder, tanto internamente quanto
com Portugal.

Elaboração e Promulgação: A Constituição de 1824 foi elaborada por uma assembleia


constituinte convocada por D. Pedro I em 1823, em meio a intensos debates políticos. No
entanto, as discussões foram dominadas por figuras conservadoras ligadas aos interesses da
aristocracia rural e do clero, resultando em uma constituição que fortalecia os poderes do
imperador.

Principais Características:

Monarquia Centralizada: A constituição estabeleceu um regime monárquico, no qual o poder


estava centralizado nas mãos do imperador.
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Poder Moderador: Uma das características mais marcantes da Constituição de 1824 foi a
instituição do Poder Moderador, um poder excepcional conferido ao imperador para intervir
nos outros poderes sempre que julgasse necessário para a estabilidade do Estado.
Bicameralismo: Estabeleceu um sistema bicameral, com uma Câmara dos Deputados e um
Senado, embora o poder legislativo fosse limitado em relação ao executivo e ao moderador.
Restrições Políticas: Apesar de introduzir alguns direitos e garantias individuais, a
Constituição de 1824 impunha diversas restrições políticas, como o voto censitário, que
limitava o direito de voto aos cidadãos que possuíam determinada renda ou propriedade.
Legado e Críticas: A Constituição de 1824 foi duramente criticada por sua natureza autoritária
e centralizadora, que restringia as liberdades individuais e limitava a participação política. Seu
legado incluiu a consolidação do regime monárquico no Brasil e a manutenção da estabilidade
política por quase quatro décadas, até ser substituída pela Constituição de 1891 após a
Proclamação da República.

Apesar de suas limitações e críticas, a Constituição de 1824 desempenhou um papel


importante na estruturação inicial do Estado brasileiro e na definição das relações de poder
durante o período imperial.

2. A Constituição Federal de 1891 foi um marco na história do Brasil, sendo a primeira


constituição republicana do país. Ela estabeleceu o federalismo como forma de governo,
dividindo o poder entre a União, os estados e os municípios. Além disso, definiu a
separação dos poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), garantindo a autonomia de
cada um deles
Em termos de direitos individuais, a Constituição de 1891 garantiu liberdades
fundamentais, como a liberdade de expressão, de imprensa, de religião e de associação.
Também estabeleceu o voto secreto e obrigatório para homens alfabetizados maiores de 21
anos, excluindo, assim, mulheres, analfabetos e grande parte da população negra, que ainda
era marginalizada.
Essa constituição foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891, e sua influência
perdurou por muitos anos, moldando a estrutura política e jurídica do Brasil no período inicial
da República.
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3. A Constituição Federal de 1934 foi a segunda Constituição da história do Brasil na era


republicana e a primeira a ser promulgada após o período conhecido como “Era Vargas”.
Ela foi elaborada durante o governo provisório de Getúlio Vargas e marcou o início da era
constitucional do país após a Revolução de 1930.
Essa Constituição estabeleceu importantes avanços em termos de direitos sociais,
como a jornada de trabalho de oito horas diárias, repouso semanal remunerado, férias anuais
remuneradas, proteção ao trabalho feminino e proibição do trabalho infantil até 14 anos. Além
disso, instituiu o salário mínimo e a legislação trabalhista, incluindo a regulamentação dos
sindicatos.
Em termos políticos, a Constituição de 1934 ampliou a participação política ao
permitir o voto feminino, estabelecer o voto secreto e adotar o sistema proporcional para
eleições legislativas. Também reforçou a autonomia dos estados e municípios e
estabeleceu o ensino primário obrigatório e gratuito.
Essa constituição, no entanto, teve vida curta, sendo substituída pela Constituição de
1937 após o golpe de Estado que instaurou o Estado Novo, regime autoritário liderado por
Getúlio Vargas.

4. A Constituição Federal de 1937, também conhecida como a “Polaca” devido à


semelhança com a Constituição da Polônia de 1935, foi promulgada durante o Estado
Novo, regime autoritário instaurado por Getúlio Vargas em 1937.
Essa Constituição marcou o fim do período democrático conhecido como Segunda
República no Brasil. Ela conferiu amplos poderes ao presidente, concentrando autoridade
política e suprimindo garantias individuais e direitos civis. Sob a Constituição de 1937,
Vargas exerceu um controle autoritário sobre o país, incluindo a dissolução do Congresso
Nacional, a restrição das liberdades civis, a censura da imprensa e a perseguição política.
Essa constituição é lembrada por estabelecer um regime de exceção no Brasil,
caracterizado pela centralização do poder nas mãos do presidente e pela repressão política.
Ela foi revogada em 1945, após o fim do Estado Novo, marcando o retorno do país à
democracia e à ordem constitucional.
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5. A Constituição Federal de 1946 foi elaborada após o fim do Estado Novo, um período
de regime autoritário no Brasil liderado por Getúlio Vargas. Com o fim da Segunda
Guerra Mundial e o declínio do regime de Vargas, houve pressão por uma nova
constituição que restabelecesse a democracia e garantisse direitos individuais e sociais.
A elaboração da Constituição de 1946 foi um processo democrático, com a participação de
representantes de diversos setores da sociedade brasileira. Ela foi promulgada em 18 de
setembro de 1946, durante o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, marcando o retorno
do país ao regime democrático.

Essa constituição estabeleceu a divisão de poderes entre o executivo, legislativo e judiciário,


além de garantir direitos individuais e sociais, como liberdade de expressão, direito ao voto,
direitos trabalhistas e previdenciários, entre outros. Ela também definiu a organização do
Estado brasileiro, estabelecendo princípios fundamentais para a administração pública.
A Constituição Federal de 1946 vigorou até 1967, quando foi substituída pela Constituição de
1967, que sofreu diversas emendas ao longo dos anos, culminando na Constituição de 1988,
que está em vigor atualmente.

6. A Constituição Federal de 1967 foi promulgada em 24 de janeiro de 1967, durante o


governo do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, após um período de
instabilidade política que culminou com o Golpe Militar de 1964. Esta Constituição
substituiu a Constituição de 1946 e marcou o início do período conhecido como
Ditadura Militar no Brasil, que durou até 1985.

A elaboração da Constituição de 1967 foi feita em um contexto de forte influência das Forças
Armadas, que estavam no poder após o golpe. Ela representou uma mudança significativa em
relação à constituição anterior, concentrando mais poderes nas mãos do presidente e
restringindo algumas liberdades democráticas. Através dela, o regime militar estabeleceu uma
série de dispositivos que reforçavam o autoritarismo e a centralização do poder.

Essa constituição também foi marcada pela edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5) em 1968,
que suspendeu direitos civis e políticos, permitindo ações repressivas do governo, como
censura, cassação de mandatos, suspensão de garantias constitucionais e intervenção nos
estados e municípios.
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Durante os anos de vigência da Constituição de 1967, o Brasil passou por um período de forte
repressão política, censura, perseguição a opositores do regime militar e uma série de
violações aos direitos humanos.

Essa constituição foi emendada algumas vezes ao longo dos anos, mas a estrutura autoritária
básica permaneceu até a transição para a democracia, que culminou na promulgação da
Constituição de 1988, conhecida como “Constituição Cidadã”.

7 A Emenda Constitucional nº 1 de 1969 foi uma das emendas mais significativas à


Constituição Federal de 1967 durante o período da Ditadura Militar no Brasil. Ela foi
promulgada em 17 de outubro de 1969 e introduziu alterações substanciais na estrutura do
regime político vigente na época.

Entre as principais mudanças promovidas por essa emenda, destacam-se:

Instituição do bipartidarismo: A emenda estabeleceu um sistema bipartidário no Brasil, com a


criação de apenas dois partidos políticos: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), que era
o partido de apoio ao governo e representava a situação, e o Movimento Democrático
Brasileiro (MDB), que era a única alternativa de oposição permitida, embora fosse sujeito a
diversas restrições e perseguições políticas.

Ampliação dos poderes presidenciais: A Emenda Constitucional nº 1 de 1969 aumentou


consideravelmente os poderes do presidente da República, conferindo-lhe autoridade para
fechar o Congresso Nacional, decretar intervenção nos estados e municípios sem necessidade
de autorização prévia, cassar mandatos políticos, suspender direitos políticos e legislar por
meio de decretos-lei.

Supressão de garantias individuais: A emenda restringiu ainda mais as garantias individuais e


os direitos civis, permitindo a detenção arbitrária de suspeitos, a prisão preventiva por tempo
indeterminado, a perda de direitos políticos sem o devido processo legal e a censura prévia à
imprensa, entre outras medidas que visavam a consolidar o controle do regime sobre a
sociedade.
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Essa emenda constitucional consolidou o período mais repressivo da Ditadura Militar no


Brasil, fortalecendo o autoritarismo e restringindo ainda mais as liberdades democráticas. A
Emenda Constitucional nº 1 de 1969 só foi revogada com o processo de redemocratização do
país, que culminou na promulgação da Constituição Federal de 1988.

8. A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição


Cidadã, é a atual lei fundamental e suprema do Brasil. Ela foi promulgada em
5 de outubro de 1988, após um longo processo de redemocratização que seguiu
o fim do regime militar no país.

Essa Constituição é considerada uma das mais avançadas do mundo em termos de proteção de
direitos e garantias individuais, estabelecendo os princípios fundamentais da República
Federativa do Brasil, os direitos e deveres dos cidadãos, a organização dos poderes públicos, a
estrutura do Estado, entre outros aspectos.

Alguns pontos importantes da Constituição de 1988 incluem:

Direitos individuais e sociais: A Constituição de 1988 assegura uma ampla gama de direitos
individuais e sociais, como liberdade de expressão, direito à educação, saúde, moradia,
trabalho, entre outros.

Organização dos poderes: Estabelece a divisão dos poderes em Executivo, Legislativo e


Judiciário, com seus respectivos órgãos e atribuições, além de garantir a independência e
harmonia entre eles.

Sistema federativo: Define a organização do Estado brasileiro como uma República


Federativa, composta pela União, Estados, Distrito Federal e municípios, estabelecendo as
competências de cada ente federativo.

Mecanismos de participação popular: Introduz diversos mecanismos de participação popular,


como plebiscito, referendo, iniciativa popular de lei, entre outros, visando ampliar a
participação dos cidadãos na vida política do país.
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Garantias democráticas: Estabelece garantias democráticas, como o sistema de eleições livres


e periódicas, o voto direto, secreto, universal e obrigatório, e a garantia de direitos políticos
fundamentais.

Desde sua promulgação, a Constituição Federal de 1988 passou por diversas emendas para
adequar-se às mudanças sociais, políticas e econômicas do país, porém seus princípios
fundamentais permanecem como a base do ordenamento jurídico brasileiro.

9 Conclusão

A história das constituições federais brasileiras reflete os diferentes momentos políticos,


sociais e econômicos vividos pelo país ao longo dos anos. Desde a promulgação da primeira
Constituição em 1824, até a atual Constituição Federal de 1988, o Brasil passou por diversas
transformações políticas, regimes de governo e movimentos sociais que deixaram suas marcas
no texto constitucional.

As constituições brasileiras refletem não apenas as aspirações e os valores da sociedade em


cada período histórico, mas também os interesses políticos e econômicos das elites
dominantes. Elas foram instrumentos importantes na consolidação do Estado brasileiro, na
organização dos poderes públicos e na definição dos direitos e deveres dos cidadãos.

Ao longo de sua história constitucional, o Brasil enfrentou desafios como a luta pela
ampliação dos direitos civis e sociais, a busca pela estabilidade política, a defesa da
democracia e a garantia do Estado de Direito. As diferentes constituições refletiram esses
desafios e contribuíram para moldar o processo político e social do país.

A promulgação da Constituição Federal de 1988 representou um marco na história


constitucional brasileira, pois estabeleceu um amplo conjunto de direitos individuais e sociais,
reforçou os princípios democráticos e a estrutura federativa do Estado, além de incorporar
mecanismos de participação popular e de proteção dos direitos humanos.

Em conclusão, a história das constituições federais brasileiras é uma jornada marcada por
avanços, retrocessos, lutas e conquistas, que refletem a complexidade e a diversidade da
sociedade brasileira. As constituições são documentos vivos, que refletem os valores e as
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aspirações de cada época, e continuam a ser instrumentos fundamentais na construção de um


país mais justo, democrático e igualitário.

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