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DIREITO CONSTITUCIONAL - Profª Flavia Bahia


Aula 4 de Direito Material

HISTÓRICO DAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

Apresentamos uma análise sistematizada dos principais aspectos relacionados às


Constituições anteriores, como os relativos à sua forma de estado, de governo, direitos e
garantias fundamentais e suas demais características essenciais.

CONSTITUIÇÃO DE 1824
• Forma de Governo: monárquico, hereditário, constitucional e representativo;
• Forma de Estado: unitário. As províncias não tinham autonomia;
• O Estado é confessional, ou seja, adota uma religião oficial, que é a Católica Apostólica
Romana;
• O voto é censitário, baseado em bens de raízes, ou seja, tudo que tivesse valor financeiro.
Desse modo, não só a aristocracia votaria, mas o comércio também poderia votar;
• Contém um extenso rol de liberdades públicas;
• Os Poderes Políticos reconhecidos pela Constituição do Império do Brasil são quatro: o
Poder Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo e o Poder Judicial;
• São excluídos de votar nas Assembleias Paroquiais os que não tiverem renda líquida anual
de cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos;
• A Constituição serviu bem a uma sociedade pouco dinâmica, em que a participação política
era baixa – e por isso a mais longeva do país.

CONSTITUIÇÃO DE 1891
• Forma de Estado: Federal. O Brasil copia não só o modelo político dos EUA como a
estrutura do nome “Estados Unidos do Brasil” (federalismo atípico);
• Forma de Governo: República;
• O Estado é leigo ou laico, ou seja, mantém neutralidade religiosa em matéria
constitucional. O Brasil passa por um processo de Laicização ou Secularização, em razão da
separação entre Estado e Igreja em 1890;
• Os Poderes Políticos reconhecidos pela Constituição Republicana são três: o Poder
Legislativo, o Poder Executivo, e o Poder Judicial, harmônicos e independentes entre si;
• Não podem alistar-se eleitores para as eleições federais ou, para as dos Estados, os
mendigos e os analfabetos. As mulheres também não votavam;
• Fica abolida a pena de morte, reservadas as disposições da legislação militar em tempo de
guerra;
• Trouxe o habeas corpus sempre que o indivíduo sofresse ou se achasse em iminente perigo
de sofrer violência ou coação por ilegalidade ou abuso de poder;

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• É concedida à D. Pedro de Alcântara, ex-Imperador do Brasil, uma pensão que, a contar de
15 de novembro de 1889, garanta-lhe, por todo o tempo de sua vida, subsistência decente.

CONSTITUIÇÃO DE 1934
• Inspirada na Constituição Alemã de 1919 (Weimar);
• Forma de Estado: Federal;
• Forma de Governo: República;
• Implanta a Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e o voto secreto;
• Primeira Constituição a consagrar os direitos dos trabalhadores, como a jornada de oito
horas e a proibição do trabalho infantil;
• Prevê o direito de voto às mulheres na Constituição;
• Não podem alistar-se como eleitores os mendigos e os analfabetos;
• Introduz o mandado de segurança individual e a ação popular no texto da Constituição.

CONSTITUIÇÃO DE 1937
• Inspirada num modelo fascista da Carta ditatorial polonesa de 1935, foi extremamente
autoritária. Conhecida por Constituição “polaca”;
• Além dos casos previstos na legislação militar para o tempo de guerra, a lei poderá
prescrever a pena de morte para alguns crimes, inclusive os de homicídio cometido por
motivo fútil e com extremos de perversidade;
• Centralizou poderes nas mãos do presidente, que indicava os governadores de Estado e
podia interferir no Judiciário;
• Perdem-se os direitos políticos pela recusa motivada por convicção religiosa, filosófica ou
política, de encargo, serviço ou obrigação imposta por lei aos brasileiros;
• A lei pode prescrever censura prévia da imprensa, do teatro, do cinematógrafo, da
radiodifusão, facultando à autoridade competente proibir a circulação, a difusão ou a
representação;
• A greve e o lock-out são declarados recursos antissociais nocivos ao trabalho e ao capital
e incompatíveis com os superiores interesses da produção nacional;
• São dissolvidos a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, as Assembleias Legislativas
dos Estados e as Câmaras Municipais;
• É declarado, em todo o País, o estado de emergência.

CONSTITUIÇÃO DE 1946
• É restabelecida a democracia;
• O Distrito Federal é a capital da União;
• O alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros de ambos os sexos, salvo as
exceções previstas em lei;
• Não podem alistar-se eleitores os analfabetos;

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• É livre a manifestação do pensamento, sem que dependa de censura, salvo quanto a
espetáculos e diversões públicas;
• É estabelecida a função social da propriedade, prevendo-se desapropriação com
indenização;
• Não haverá pena de morte, de banimento, de confisco nem de caráter perpétuo. São
ressalvadas, quanto à pena de morte, as disposições da legislação militar em tempo de
guerra com país estrangeiro;
• É reconhecido o direito de greve, cujo exercício a lei regulará.

CONSTITUIÇÃO DE 1967
• Militares preparam o projeto de Constituição e impõem que o Congresso Nacional vote;
• Privilegia a função executiva em detrimento das funções legislativa e judiciária;
• Preocupa-se fundamentalmente com a segurança nacional;
• Estabelece eleição indireta para o presidente, aumenta o controle federal dos gastos
públicos e dá ao governo poderes de reprimir crimes contra a segurança nacional;
• Cria a ação de suspensão de direitos individuais e políticos;
• Modifica rigidamente o sistema tributário nacional e a discriminação de rendas;
• Ficam aprovados e excluídos de apreciação judicial os atos praticados pelo Comando
Supremo da Revolução de 31 de março de 1964;
• Em 1968, instituiu-se o AI-5.

EMENDA CONSTITUCIONAL No 1, DE 1969


• A Constituição de 1967 é novamente escrita, sendo denominada Emenda Constitucional
no 1/69;
• Nesse texto emendado, o poder ficou cada vez mais centralizado, tanto horizontalmente
(Legislativo, Executivo e Judiciário), quanto verticalmente (União, Estados e Municípios), nas
mãos do Presidente da República;
• Elimina as imunidades parlamentares materiais e processuais;
• Determina a liberdade de criação de partidos políticos;
• A Emenda Constitucional no 26, em 27 de novembro de 1985, convocou a Assembleia
Nacional Constituinte, que iniciou os seus trabalhos em fevereiro de 1987.

NEOCONSTITUCIONALISMO

A partir do Século XXI passou-se a desenvolver uma nova perspectiva em relação ao


constitucionalismo, chamada pela doutrina de “neoconstitucionalismo”, ou também de
constitucionalismo pós-moderno ou novo constitucionalismo.

De acordo com Walber de Moura Agra, “[...] o neoconstitucionalismo tem como uma
de suas marcas a concretização das prestações materiais prometidas pela sociedade,

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servindo como ferramenta para a implantação de um Estado Democrático Social de Direito.
Ele pode ser considerado como um movimento caudatário do pós-modernismo. Dentre suas
principais características podem ser mencionadas: a) positivação e concretização de um
catálogo de direitos fundamentais; b) onipresença dos princípios e das regras; c) inovações
hermenêuticas; d) densificação da força normativa do Estado; e) desenvolvimento da justiça
distributiva [...]. No constitucionalismo moderno a diferença entre normas constitucionais e
infraconstitucionais era apenas de grau, no neoconstitucionalismo a diferença é também
axiológica. ‘A Constituição como valor em si’ [...]”.

De forma objetiva, Pedro Lenza aponta como pontos marcantes do fenômeno, a


Constituição como sendo: Centro do sistema; norma jurídica (imperatividade e
superioridade); carga valorativa (axiológica) dignidade da pessoa humana e direitos
fundamentais; eficácia irradiante em relação aos Poderes e mesmo aos particulares;
concretização dos valores constitucionalizados e garantia de condições dignas mínimas.

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Histórico OUTORGADAS: 1824, 1937, 1967, EC 1/69

das PROMULGADAS: 1891, 1934, 1946, 1988

PECULIARIDADES:
constituições 1824-1891
1934
direitos de primeira dimensão

primeira constituição social a estabelecer


o voto das mulheres

1891 nasceu o habeas corpus

1934 nasceram MS (individual) e AP

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Material de Questão da Aula 4 de Direito Material

Analisando o Constitucionalismo e o próprio Poder Constituinte à luz da Constituição de


1.988, encontramos a sua titularidade e o exercício no art. 1º, parágrafo único, por meio do
qual podemos afirmar que o titular do poder não se confunde necessariamente com o seu
exercente. A titularidade do poder está nas mãos do povo, mas a exteriorização desse poder
pode ser direta ou indiretamente exercida pelo povo.
Responda ao seguinte questionamento:
O que seria o Neoconstitucionalismo? Disserte sobre ele.

Resposta:
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Gabarito comentado

Trata-se de um movimento que visa refundar o direito constitucional com base em novas
premissas, como a difusão e o desenvolvimento da teoria dos direitos fundamentais e a força
normativa da constituição, objetivando a transformação de um estado legal em estado
constitucional.

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