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CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO LUCAS

DIREITO

CHARLES DÊIVIDE DA COSTA SILVA, FERNANDA CRISTINA BERNARDES


CHAGAS MARTINS, LUAN DA CRUZ GOMES, LUANA FERREIRA DOS SANTOS
BONFIM E MATEUS AVILA ADORNO, RUAN SAIMON VIEIRA VALVERDE.

PROJETO INTEGRADOR III


REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

PORTO VELHO
2023
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS NAS 7 CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

A terminologia remédios constitucionais é uma construção doutrinária e não


legal, pois a legislação contempla cada remédio com nome específico. Dito isso,
passaremos à análise de cada um desses remédios, que a saber são: habeas
corpus; habeas data; mandado de segurança; mandado de injunção, ação popular e
ação civil pública nas primeiras constituições do Brasil.

1. Constituição Brasileira de 1824: Brasil Império


1.1Habeas corpus
A primeira manifestação sobre o habeas corpus no Brasil ocorreu em 1821, quando
se expediu o decreto de 23 de maio de 1821, pelo Conde Arcos. O Decreto
estabelecia que, nenhuma pessoa livre no Brasil poderia ser presa sem escrita do
Juiz do território a não ser no caso de flagrante delito, onde qualquer pessoa poderia
prender o delinquente; nenhum Juiz poderia decretar expedir ordem de prisão sem
que houvesse culpa formada.
A Constituição do Império de 1824 não previa o habeas corpus, sendo, este,
instituído pela Constituição Republicana de 1891, embora já previsto expressamente
no código de Processo Criminal de 29 de novembro de 1832.

2. Constituição Brasileira de 1891: Brasil República


2.1 Habeas corpus
A Constituição de 1891 trazia em seu artigo 72, § 22, seguinte texto: “Dar-se-á
habeas corpus, sempre que o indivíduo sofrer ou se achar em iminente perigo de
sofrer violação ou coação por ilegalidade ou abuso de poder. ” Devido a este texto
normativo passa-se a entender que o habeas corpus poderia ser utilizado para
reparar a lesão a qualquer liberdade ou direito.
Com a reforma constitucional de 1926, o habeas corpus restringe-se a tutela da
liberdade de locomoção, ou seja, o direito de ir e vir, excluindo os direito públicos
subjetivos que passam a ser amparados por outros remédios constitucionais.

3. Constituição Brasileira de 1934: Segunda República

Em 16 de julho de 1934, foi noticiada uma nova constituição com 187 artigos.
Em termos gerais, essa nova carta ainda preservava alguns pontos anteriormente
lançados pela constituição de 1891. Entre muitos itens foram respeitados o princípio
federalista que mantinha a nação como uma República Federativa; o uso de
eleições diretas para escolha dos membros dos poderes Executivo e Legislativo; e a
separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário.
A Carta Magna proibia qualquer tipo de distinção salarial baseada em critérios
de sexo, idade, nacionalidade ou estado civil. Ao mesmo tempo, ofereceu novas
conquistas à classe trabalhadora com a criação do salário mínimo e a redução da
carga horária de trabalho para 8 horas diárias. Além disso, instituiu o repouso
semanal e as férias remuneradas, a indenização do trabalhador demitido sem justa
causa e proibiu o uso da mão-de-obra de jovens menores de 14 anos.
Em relação aos remédios constitucionais, foi nesta Constituição que surgiram
pela primeira vez os seguintes remédio constitucionais, sendo eles: Ação Popular
(artigo 113, § 38) e o Mandado de Segurança (artigo 113, § 33).

4. Constituição Brasileira de 1937: Estado Novo

A constituição de 1937 tem características que foram consideradas um


regresso, quando em comparação a constituição de 1934, justamente que em
termos de caráter político, evidencia-se forte inspiração nos ideais autoritários e de
origem fascistas que dominavam a Europa nesse período.
Conhecida também como constituição polaca, a constituição de 1937 foi a 4°
constituição brasileira e a 3° republicana, sendo outorgada em 10 de novembro de
1937, durante o governo de Getúlio Vargas, inspirada na constituição de governos
fascistas, como de Benito Mussolini, na Itália.
Difere-se das demais no mandato presidencial, que teria 6 anos, existência de
censura, pena de morte para crimes políticos, proibição de greves, extinção dos
partidos políticos, poder legislativo, em todos os níveis foram extintos, judiciário
subordinado ao executivo e suspensão do mandado de segurança e ação popular.
Quanto aos remédios constitucionais, estavam suspensos e sem nenhuma
inovação trazida pela constituição de 1937.

5. Constituição Brasileira de 1946: Constituição dos Estados Unidos do


Brasil
Modificou o governo brasileiro, foi a Carta de 1946 que espelhava o fim do
regime totalitarista e do Estado Novo no Brasil, abrindo o retorno dos valores liberais
no mundo. Vale ressaltar que o Estado Novo foi o período em que Getúlio Vargas
governou o país, na década 1930, com grande apoio dos militares, sendo marcado
por forte repressão, censura.
A Constituição de 1946, promulgada no dia 18 de setembro, foi a quinta
constituição brasileira, quarta do período republicano, e foi o marco da primeira
experiência democrática do Brasil. Uma das características da Constituição de 1946
foi a abertura para o retorno dos preceitos democráticos. Ela assegurou os direitos
básicos de liberdade, propriedade e segurança individual. Por meio da carta
(re)democratizadora, o direito livre de expressão foi restaurado, acabando com a
censura que reprimia os ideais dos indivíduos.
Essa constituição garantiu princípios democráticos e restabeleceu valores
importantes para a democracia, como a liberdade de expressão, a ampliação do
voto feminino e as eleições diretas para os principais cargos do Poder Executivo e
do Poder Legislativo.

Art 141 - A Constituição assegura aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no


País a inviolabilidade dos direitos concernentes à vida, à liberdade, a segurança
individual e à propriedade, nos termos seguintes
§ 23 - Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de
sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso
de poder. Nas transgressões disciplinares, não cabe o habeas corpus
§24- Para proteger direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ,
conceder-se-á mandado de segurança, seja qual for a autoridade responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder.

6. Constituição Brasileira de 1967: Regime Militar


A constituição de 1967 foi elaborada durante o regime militar, marca um dos tempos
mais tenebrosos da história do Brasil e, principalmente, da nossa democracia. Ela foi
a 4ª Carta Magna brasileira e a terceira do período republicano. Essa constituição foi
elaborada durante o regime militar e entrou em vigor no dia 15 de março de 1967,
excluindo as características da democracia e concentrando todos os poderes no
Poder Executivo.
Com medo da expansão do comunismo, após a revolução Cubana, os Estados
Unidos uniram-se aos regimes militares de vários países, de forma direta e indireta,
com o objetivo de colocar governantes militares no comando. Assim, durante a
década de 60, uma série de golpes militares foram aplicados, derrubando regimes
democráticos na América Latina. No Brasil, a ditadura militar começou em 1º de abril
de 1964, terminando apenas em 1985.
Durante sua vigência, ela incorporou 13 Atos Institucionais, 67 Atos
Complementares e 27 Emendas, sendo a mais instável e arbitrária das constituições
brasileiras. A Constituição de 1967 privilegiava temas como a segurança nacional, o
aumento dos poderes da União e do Presidente da República, além de questões
como a redução da autonomia individual e a suspensão dos direitos e garantias
constitucionais por parte do Estado. Ou seja, a população foi privada da sua
liberdade e dos seus direitos.
A antiga Constituição de 1946 começou a ser modificada de acordo com os
interesses militares, acrescentando os Atos Institucionais (AIs), decretos autoritários
que davam ao presidente poderes absolutos sobre a sociedade.
AI-1: decretado poucos dias após o golpe, que dava ao Executivo poderes para
cassar mandatos parlamentares, suspendendo os direitos políticos dos cidadãos por
cerca de 10 anos.
AI-2: decretou o fim dos partidos políticos e que os crimes contra a segurança
nacional seriam julgados por tribunais militares.
AI-3: eliminou as eleições diretas para Governador.
AI-4: determinou as regras para que fosse aprovada a Constituição de 1967, projeto
dos militares que fortalecia tremendamente o Poder Executivo, aprovada sem
discussões.
AI-5: o ato mais violento e duradouro da ditadura, suspendia o habeas corpus e
dava ao Presidente poderes para fechar o Congresso Nacional por tempo ilimitado e
suspender os direitos políticos de qualquer cidadão, sem direito de Justiça.

7. Constituição Brasileira de 1988: Constituição Cidadã


Habeas Corpus
O habeas corpus é uma ação constitucional utilizada sempre que uma pessoa ver o
seu direito à liberdade ameaçado ou cessado por uma ilegalidade ou abuso de
poder.
Esse remédio constitucional está previsto no art. 5º, inciso LXVIII da CF, que diz:
Art. 5º, inciso LXVIII – conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder.
Ele pode ser liberatório, quando alguém já foi privado da liberdade, ou preventivo,
quando existe uma ameaça ao direito de ir e vir de um cidadão.
Quanto ao seu cabimento, as hipóteses foram delimitadas no art. 648 do Código de
Processo Penal, sendo elas:
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I – quando não houver justa causa;
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a
autoriza;
VI – quando o processo for manifestamente nulo;
VII – quando extinta a punibilidade.
Vale destacar que o habeas corpus, além de ser gratuito, é o único remédio
constitucional que não necessita de advogado para ser impetrado.
Habeas Data
A previsão do habeas data está no artigo 5º, inciso LXXII, da Constituição Federal:
LXXII – conceder-se-á “habeas-data”:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo.
Vale destacar que o habeas data possui regulamentação própria na Lei 9.507/1997.
Para ser impetrado, deve haver prova da tentativa de acesso ou correção de dados
de forma administrativa perante o órgão público.
Ademais, essa ação é gratuita e necessita de advogado para ser ajuizada.
Mandado de segurança
O mandado de segurança está previsto no art. 5º, incisos LXIX e LXX da
Constituição Federal:
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados.
Diferente do habeas corpus e habeas data, o mandado de segurança não é gratuito.
Para ser impetrado, é necessário contar com um advogado.
Mandado de injução
O mandado de injunção está previsto no art. 5º, inciso LXXI, da CF:
LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.
Apesar de a Constituição falar em falta de norma regulamentadora, como se
referindo a ausência de tal norma, a Lei 13.300/16, garante em seu art. 2º a
aplicabilidade desse remédio para sanar tanto a ausência total quanto a ausência
parcial de norma regulamentadora, desde que essa ausência torne inviável o
exercício de direitos fundamentais.
Tal qual o mandado de segurança, ele necessita de advogado e não é gratuito.

Ação popular
A ação popular está prevista no art. 5º, inciso LXXIII da Constituição Federal, que
diz:
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.
Esse remédio constitucional tem regulamentação própria na Lei 4.717/65, é gratuito
e necessita de advogado para ser ajuizado.
Além disso, a lei prevê que quais atos são considerados nulos, a competência para
julgamento da referida ação, os sujeitos passivos do processo e todas as etapas do
procedimento judicial.
Ação civil pública
A possibilidade de ajuizamento da ação civil pública está prevista no art. 129, inciso
III, da Constituição Federal, que diz:
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
[…]
III – promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;
Mas, vale destacar, não é apenas o Ministério Público que pode ajuizá-la.
A Lei 7.347/85, responsável por regulamentar a ação civil pública, define que o
remédio constitucional também pode ser ajuizado pela Defensoria Pública, pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, por autarquias, empresas públicas,
fundações e sociedades de economia mista, bem como associações que cumprirem
os requisitos legais.

REFERÊNCIAS:
https://www.todamateria.com.br/constituicao-de-1824/
https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/constituicao-de-1891.htm
https://jus.com.br/artigos/91965/a-constituicao-de-1934
https://www.todamateria.com.br/constituicao-de-1934/
https://www.sohistoria.com.br/ef2/eravargas/p3_2.php
https://www.historiadobrasil.net/resumos/constituicao_brasileira_1946.htm
https://www.politize.com.br/constituicao-de-1967/
https://www.politize.com.br/constituicao-federal-1988/
https://www.todamateria.com.br/constituicao-de-1937/#:~:text=Caracter
%C3%ADsticas%20da%20Constitui%C3%A7%C3%A3o%20de
%201937&text=institui%C3%A7%C3%A3o%20da%20censura%20pr%C3%A9via
%20aos,de%20morte%20para%20crimes%20pol%C3%ADticos.

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