Direito Penal IV. Ministrada pela professora: LETICIA VIVIANNE MIRANDA CURRY. Discente: MATEUS ÁVILA ADORNO.
Porto velho, 19 de junho de 2023
Comunicação falsa de crime ou de contravenção Art. 340 Sujeito ativo Qualquer pessoa Sujeito passivo É o Estado Objeto jurídico É a administração da Objeto material É a ação da autoridade (ver Parte Geral, capítulo XII, item 3.3, “a”). Elementos objetivos do tipo Provocar (dar causa, gerar ou proporcionar) a ação de autoridade (o tipo menciona apenas ação, logo, podem o delegado, por exemplo, registrando um boletim de ocorrência, o promotor e o juiz, requisitando a instauração de inquérito policial, tomar atitudes em busca da descoberta ou investigação de uma infração penal, ainda que não oficializem seus atos, através da instauração do inquérito ou do oferecimento ou recebimento da denúncia), comunicando-lhe (fazendo saber ou transmitindo-lhe) a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado. A pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa. Elemento subjetivo do tipo específico É a vontade de fazer a autoridade atuar sem causa. Elemento subjetivo do crime É o dolo na sua forma direta (ver o capítulo XIV da Parte Geral). Classificação Comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa É admissível. Momento consumativo Quando houver a comunicação de infração penal inexistente, ainda que não ocorra efetivo prejuízo material para o Estado. Exemplo: O criminoso, por meio de uma mentira, movimenta vários órgãos do Estado, para investigar um crime que não existiu, como: delegacia, fórum, Ministério Público, entre outros.
Autoacusação falsa Art. 341
Sujeito ativo Qualquer pessoa. Sujeito passivo É o Estado. Objeto jurídico É a administração da justiça. É a declaração. Elementos objetivos do tipo Acusar-se (é a conduta do sujeito que se autoincrimina, chamando a si um crime que não praticou, seja porque inexistente, seja porque o autor foi outra pessoa), perante a autoridade (o agente do poder público que tenha atribuição para apurar a existência de crimes e sua autoria ou determinar que tal procedimento tenha início. Portanto, é a autoridade judiciária ou policial, bem como o membro do Ministério Público), de crime inexistente (não se aceita a falsa imputação de contravenção penal) ou praticado por outrem (é indispensável, para a configuração do tipo penal, que o sujeito se autoacusa da prática de crime cometido por outra pessoa, sem ter tomado parte como coautor ou partícipe). A pena é de detenção, de três meses a dois anos, ou multa. Elemento subjetivo do tipo específico É a vontade de prejudicar a administração Elemento subjetivo do crime É o dolo (ver o capítulo XIV da Parte Geral). Classificação Comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente Tentativa É admissível, embora de difícil configuração. Momento consumativo Quando houver a autoacusação, ainda que não ocorra efetivo prejuízo material para o Estado ou para terceiros.
Falso testemunho ou falsa perícia Art. 342
Sujeito ativo Somente a testemunha, o perito, o contador, o tradutor ou o intérprete. Sujeito passivo É o Estado. Secundariamente, pode ser a pessoa prejudicada pela falsidade Produzida. Objeto jurídico É a administração. Objeto material Pode ser o depoimento, o laudo, o cálculo. Elementos objetivos do tipo Fazer afirmação falsa (mentir ou narrar fato não correspondente à verdade), negar a verdade (não reconhecer a existência de algo verdadeiro ou recusar-se a admitir a realidade) ou calar a verdade (silenciar ou não contar a realidade dos fatos), como testemunha (é a pessoa que viu ou ouviu alguma coisa relevante e é chamada a depor sobre o assunto em investigação ou processo), perito (é a pessoa especializada em determinado assunto, preparada para dar seu parecer técnico), contador (é o especialista em fazer cálculos), tradutor (é aquele que traslada algo de uma língua para outra, fazendo-o por escrito) ou intérprete (conhecedor de uma língua, serve de ponte para que duas ou mais pessoas possam estabelecer conversação entre si), em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral. A pena é de reclusão, de dois a quatro anos, e multa (modificação da pena, para mais, introduzida pela Lei 12.850/2013). Elemento subjetivo do tipo específico É a vontade de prejudicar a administração da justiça. Elemento subjetivo do crime É o dolo. Classificação Próprio (particularmente, de mão própria); formal; de forma livre; comissivo ou omissivo, conforme o caso; instantâneo; unissubjetivo; unissubsistente. Tentativa Não é admissível. Momento consumativo Quando houver a prática de qualquer das condutas previstas no tipo, ainda que não ocorra efetivo prejuízo material para o Estado ou para terceiros. Causas de aumento de pena A pena é aumentada de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta (§ 1.º). Causa de extinção da punibilidade Se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade, o fato deixa de ser punível (§ 2.º).
Suborno Art. 343
Sujeito ativo Qualquer pessoa Sujeito passivo É o Estado. Secundariamente, pode ser a pessoa prejudicada pela falsidade Produzida. Objeto jurídico É a administração da justiça. Objeto material Pode ser a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete. Elementos objetivos do tipo Dar (presentear ou conceder), oferecer (propor para que seja aceito, apresentar) o u prometer (comprometer-se a fazer alguma coisa) dinheiro ou qualquer outra vantagem (é indispensável que a vantagem oferecida tenha algum valor econômico, mesmo que indireto, para o agente. Não fosse assim e seria completamente desnecessário ter a descrição típica mencionado o elemento dinheiro – moeda em vigor, que serve para, havendo troca, a obtenção de mercadorias e serviços –, bastando dizer qualquer vantagem) a testemunha (é a pessoa que viu ou ouviu alguma coisa relevante e é chamada a depor sobre o assunto em investigação ou processo), perito (é a pessoa especializada em determinado assunto, preparada para dar seu parecer técnico), contador (é o especialista em fazer cálculos), tradutor (é aquele que traslada algo de uma língua para outra, fazendo-o por escrito) ou intérprete (conhecedor de uma língua, serve de ponte para que duas ou mais pessoas possam estabelecer conversação entre si), para fazer afirmação falsa (mentir ou narrar fato não correspondente à verdade), negar a verdade (não reconhecer a existência de algo verdadeiro ou recusar-se a admitir a realidade) ou calar a verdade (silenciar ou não contar a realidade dos fatos) em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação. A pena é de reclusão, de três a quatro anos, e multa. O título suborno não foi conferido pelo legislador, porém trata-se de um crime de falso testemunho ou falsa perícia com suborno da parte realizadora do ato esperado. Elemento subjetivo do tipo específico É a vontade de prejudicar a administração da justiça. Elemento subjetivo do crimeÉ o dolo (ver o capítulo XIV da Parte Geral). Classificação Comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente, conforme o caso. Sobre a classificação dos crimes. Tentativa É admissível na forma plurissubsistente. Momento consumativo Quando houver a prática de qualquer das condutas previstas no tipo, ainda que não ocorra efetivo prejuízo material para o Estado ou para terceiros.
Coação no curso do processo Art. 344
Sujeito ativo Qualquer pessoa. Sujeito passivo É o Estado. Secundariamente, pode ser a pessoa que sofreu a violência ou grave ameaça. Objeto jurídico É a administração da justiça. Objeto material É a pessoa que sofre a coação. Elementos objetivos do tipo Usar (empregar ou servir-se) de violência (coação física) ou grave ameaça (séria intimidação), com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa (não somente a autoridade que conduz o processo, nem tampouco só a parte nele envolvida podem ficar expostas à coação, mas também outros sujeitos que tomem parte no feito, tais como os funcionários que promovem o andamento processual, a testemunha que vai depor, o perito que fará um laudo, o jurado, dentre outros) que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. A pena é de reclusão, de um a quatro anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Havendo o emprego de violência, no lugar da grave ameaça, fica o agente responsável também pelo que causar à integridade física da pessoa, devendo responder em concurso material. Elemento subjetivo do tipo específico É a finalidade de favorecer interesse próprio ou alheio em processo ou em juízo Arbitral. Elemento subjetivo do crime É o dolo. Classificação Comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Sobre a classificação dos crimes. Tentativa É admissível. Momento consumativo Quando houver a prática de violência ou grave ameaça, ainda que não ocorra efetivo prejuízo material para o Estado ou para terceiros.
Exercício arbitrário das próprias razões Art. 346
Sujeito ativo É o proprietário da coisa. Sujeito passivo É o Estado. Secundariamente, pode ser a pessoa prejudicada pela conduta. Objeto jurídico É a administração da justiça. Objeto material É a coisa tirada, suprimida, destruída ou danificada. Elementos objetivos do tipo Tirar (arrancar ou retirar), suprimir (eliminar ou fazer com que desapareça), destruir (aniquilar) ou danificar (causar dano ou provocar estrago) coisa própria (objeto pertencente ao próprio sujeito ativo; pode ser coisa móvel ou imóvel), que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção (deve estar sob a esfera de proteção e vigilância de terceiro, seja porque o juiz assim determinou, como, por exemplo, ocorre com coisa penhorada e guardada em depósito, seja porque as partes haviam acordado que dessa maneira aconteceria, como ocorreria com o automóvel alugado em poder do locatário). A pena é de detenção, de seis meses a dois anos, e multa. É tipo misto alternativo, significando que o agente pode praticar uma única conduta ou todas e o delito será um só. Elemento subjetivo do tipo específico Não há. Elemento subjetivo do crime É o dolo. Classificação Próprio; material; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa É admissível. Momento consumativo Quando houver a subtração, supressão, destruição ou dano à coisa que estiver em poder de terceiro.
Fraude processual Art. 347
Sujeito ativo Qualquer pessoa. Sujeito passivo É o Estado. Secundariamente, pode ser a pessoa prejudicada pela inovação artificiosa. Objeto jurídico É a administração da justiça. Objeto material É a coisa, a pessoa ou o lugar que sofre a inovação. Elementos objetivos do tipo Inovar (introduzir uma novidade capaz de gerar engano) artificiosamente (usar um recurso engenhoso, malícia ou ardil), na pendência de processo civil ou administrativo (não estão abrangidas as investigações de natureza civil e as sindicâncias), o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito. A pena é de detenção, de três meses a dois anos, e multa. Elemento subjetivo do tipo específico É a vontade de fraudar o processo, levando o juiz ou o perito a erro. Elemento subjetivo do crime É o dolo. Classificação Comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Sobre a classificação dos crimes. Tentativa É admissível. Momento consumativo Quando houver a inovação, ainda que não ocorra efetivo prejuízo para o Estado ou para terceiro.
Favorecimento pessoal Art. 348
Sujeito ativo Qualquer pessoa. Sujeito passivo É o Estado. Objeto jurídico É a administração da justiça. Objeto material É a autoridade enganada. Elementos objetivos do tipo Auxiliar a subtrair-se (fornecer ajuda a alguém para fugir, esconder-se ou evitar a ação da autoridade que o busca) à ação de autoridade pública (pode ser o juiz, o promotor, o delegado ou qualquer outra que tenha legitimidade para buscar o procurado) autor de crime a que é cominada pena de reclusão. A pena é de detenção, de um a seis meses, e multa. Elemento subjetivo do tipo específico É a vontade de ludibriar a autoridade, deixando de fazer prevalecer a correta administração. Elemento subjetivo do crime É o dolo. Classificação Comum; material; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Sobre a classificação dos crimes. Tentativa É admissível. Momento consumativo Quando houver a efetiva ocultação do procurado da autoridade pública.
Favorecimento real Art. 349
Sujeito ativo Qualquer pessoa. Sujeito passivo É o Estado. Objeto jurídico É a administração da justiça. Objeto material É o proveito do crime. Elementos objetivos do tipo Prestar auxílio (ajudar ou dar assistência) a criminoso (há de ser a pessoa que comete o crime, não se incluindo os inimputáveis, conforme já expusemos no contexto das particularidades do crime de favorecimento pessoal), fora dos casos de coautoria (leia-se também o partícipe) ou de receptação (há tipo específico para puni-lo), destinado a tornar seguro o proveito do crime (é o ganho, o lucro ou a vantagem auferida pela prática do delito; pode ser bem móvel ou imóvel, material ou moral). A pena é de detenção, de um a seis meses, e multa. Parte Geral. Elemento subjetivo do tipo específico É a vontade de tornar seguro o proveito do crime. Elemento subjetivo do crime É o dolo. Classificação Comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa É admissível. Momento consumativo Quando houver a prestação do auxílio, independentemente de ocorrer efetivoprejuízo para o Estado ou para terceiro.
Motim de presos Art. 354
Sujeito ativo Somente o preso. Sujeito passivo É o Estado. Objeto jurídico É a administração da justiça. Objeto material É a disciplina carcerária. Elementos objetivos do tipo Amotinarem-se (revoltar-se ou entrar em conflito com a ordem vigente) presos (não vale o tipo para as pessoas sujeitas à medida de segurança detentiva), perturbando a ordem ou a disciplina da prisão (o delito é de concurso necessário, embora somente se possa falar em motim ou revolta, com perturbação da ordem, quando houver mais de três presos sublevando-se). A pena é de detenção, de seis meses a dois anos, além da pena resultante da violência. Elemento subjetivo do tipo específico Não há. O verbo “amotinar-se” já indica a vontade de perturbar a ordem vigente. Elemento subjetivo do crime É o dolo. Classificação Próprio (aliás, de mão própria); material; de forma livre; comissivo ou omissivo, conforme o caso; permanente; plurissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente, conforme o caso. Tentativa É admissível na forma plurissubsistente. Momento consumativo Quando houver o confronto com a ordem vigente, no estabelecimento penal, perturbando-a.
Patrocínio infiel. Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Art. 355 Sujeito ativo Somente o advogado. Sujeito passivo É o Estado. Secundariamente, a pessoa prejudicada. Objeto jurídico É a administração da justiça. Objeto material É a pessoa que sofre o prejuízo ou a coisa que permite a materialização da conduta do agente. Elementos objetivos do tipo Trair (ser desleal ou enganar), na qualidade de advogado ou procurador, o dever profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio (existência de mandato ou nomeação feita pelo juiz para cuidar de uma causa), em juízo, lhe é confiado. A pena é de detenção, de seis meses a três anos, e multa. Nas mesmas penas incorre o advogado ou procurador judicial que defender (sustentar com argumentos ou prestar socorro), na mesma causa, simultânea (é o que ocorre ao mesmo tempo) ou sucessivamente (é o que vem em seguida), partes contrárias (pessoas que possuem interesses contrapostos numa relação processual, tais como ocorre entre autor e réu). Exige-se, no entanto, que o advogado ou procurador pratique algo concreto, não bastando o mero recebimento de procuração ou a nomeação feita pelo juiz. Conferir o capítulo XIII, item 2.1, da Parte Geral. Elemento subjetivo do tipo específico Não há. Elemento subjetivo do crime É o dolo. Classificação Próprio; material; de forma livre; comissivo ou omissivo; conforme o caso; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa É admissível na forma comissiva. Momento consumativo Quando houver o ato de traição, ainda que inexista prejuízo material efetivo para o Estado ou para terceiros.