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PROCESSO PENAL – AULA 1 – 12/08/2021

Oque discutimos dentro do processo penal? Determinadas condutas que causam prejuízo a
sociedade passaram a ser consideradas infrações penais. Então para que possamos ter uma
vida social aceitável, é preciso que as pessoas sigam determinadas condutas. Se com a minha
atitude, eu causar um prejuízo a terceiro, eu serei obrigada a reparar. Essa é a base do direito
Civil. Mas existem condutas que não atingem só terceiros, são mais graves, atingem toda a
sociedade. São atitudes que se muito repetidas, podemos ter a quebra da vida em sociedade, e
para evitar isso, o Estado disse: “essas condutas se praticadas não atingem somente a pessoa
prejudicada, vão atingir também a figura do Estado, e toda vez que essa conduta for praticada,
eu Estado terei o direito de punir”.
Essa punição com intuito de retribuição, prevenção
Aí surge o direito penal. Ele regula a pretensão punitiva do Estado, que é o direito que o Estado
tem de punir alguém que descumpre determinada lei. Se de um lado surge o direito de punir,
do outro lado a pessoa que está sendo acusada quer permanecer em liberdade, e aí vem a lide
penal
Oque é lide penal? Conflito entre o Estado que quer punir e o indivíduo que quer ficar em
liberdade.
Mas existem limites ao direito de punir do Estado, e o Art 5 traz a regrinha de ouro para isso,
que também é a regra de ouro do direito processual penal: “uma pessoa somente poderá
perder a sua liberdade e seus bens através do devido processo legal”.
É isso que estudaremos nessa matéria, como se desenvolve o devido processo legal.

O estado tem o direito de punir, mas como ele pune? O Estado precisa demonstra que aquela
pessoa praticou o crime, porque ninguém pode ser punido se não após a demonstração da sua
culpa, pois todos nós presumidamente somos inocentes. Para poder demonstrar a
responsabilidade criminal de alguém o Estado tem que praticar uma série de atos, investigar,
colher provas, apresentar as provas, etc.
Toda vez que surge a notícia que alguém cometeu uma infração, surge para o Estado o direito
de punir. A notícia chega e o delegado começa a verificar se aquilo tem procedência, o Estado
começa a se movimentar para ver se realmente o crime ocorreu. Aí descobrem que realmente
foi praticado aquele Crime. Então ele entrega toda essa investigação para o MP, e aí se inicia a
ação penal.
Esse movimento do estado, esses atos que ele pratica, para que depois possa efetivar o direito
de punir, é oque chamamos de persecução penal (então persecução penal são todos os atos
do Estado para que posteriormente aplica a pena a alguém, desde que comprovada autoria e
materialidade).
“Praticado o fato delituoso, o direito/dever de punir do Estado são de sua abstração hipotética
e potencial para buscar a existência concreta e efetiva”.
“A aparição do delito faz com que o Estado se movimente visando a satisfação de sua
pretensão”

PERSECUÇÃO PENAL
- caminho que o Estado tem que percorrer para punir alguém. “É o caminho percorrido pelo
Estado-Administração visando a aplicação de uma pena ou medida de segurança àquele que
cometeu uma infração penal”.
A persecução penal se divide em 2 fases:
1) Investigação criminal: delegado vai investigar se o crime ocorreu e quem cometeu. E
vai juntar as provas e entregar todo esse trabalho ao MP. Mas essa investigação não
torna a pessoa culpada, e sim suspeita, investigada, porque todo mundo é inocente
não até que se prove o contrário, mas sim até que seja dada sentença condenatória
transitada em julgado.
Principal instrumento: inquérito policial.
Nessa fase investiga-se a notícia da infração penal visando verifica sua real ocorrência
e quem seria seu autor. A ideia é fornecer elementos ao órgão acusador para a análise
da notícia criminal e, se for o caso, tomar providências, seja realizando acordos, seja
dando início a ação penal. Então só inicia a ação penal se a investigação for frutífera
2) Ação penal: aqui começa o processo. O órgão acusador, em regra, o Ministério Público
ou a vítima (dependendo da titularidade), ingressam com ação penal. Aqui devem se
fazer presentes o contraditório e ampla defesa.
Então essa é a linha:
Infração penal -> investigação preliminar-> ação penal

AGORA ENTRAMOS REALMENTE NA MATÉRIA DESSE SEMESTRE

1 Fase – Investigação preliminar – Fase Administrativa


Multiplicidade de órgãos: vários órgãos podem investigar (varia de caso pra caso), ex: a polícia
(inquérito policial), poder legislativo (comissão parlamentar de inquérito), MP também pode
investigar (inquérito civil; procedimento de investigação criminal), polícia militar (inquéritos
policiais militares – julgam Crimes militares), advogado (investigação defensiva). Nós vamos
estudar todas? Não, só o inquérito policial.
Quem faz o inquérito policial no Brasil? A Polícia Judiciária (nome que o CPP da para a Polícia
Civil): procedimento a cargo da Polícia Civil – Polícia Estadual (crimes estaduais) e Polícia
Federal (crimes de competência da Justiça Federal). Então a função da Polícia Judiciária é
auxiliar o poder judiciário e realizar o inquérito policial.
Tem algum outro elemento que a Polícia Judiciária utiliza para investigar? Tem, nos casos de
infrações de menor potencial ofensivo (crime que não ultrapassa dois anos de pena). Nesse
caso não tem inquérito, tem o chamado Termo Circunstanciado.
Oque significa a palavra polícia? Conjunto de serviços organizados pela Administração Pública
para assegurar a ordem pública e garantir a integridade física e moral das pessoas, mediante
limitações impostas a atividade pessoal.
Espécies de polícia:
A) Administrativa/preventiva: é a polícia que tem a função de evitar/impedir que o crime
ocorra. É a polícia militar. Ou seja, o crime ainda não ocorreu – prevenção.
B) Judiciária/repressiva: uma vez que o crime já ocorreu, aí é outra polícia, a Judiciária.
Então, polícia militar não faz inquérito policial, não investiga crimes (só em casos muito
específicos). O crime já ocorreu – repreensão.
Então quem investiga é a polícia e quem faz o inquérito policial é o Delegado.

AÇÃO PENAL – AULA 2 – 19/08/2021

RESUMO DA AULA PASSADA:


O Estado tem o direito de punir, mas só pode punir desde que tenha condições de demonstrar
através do devido processo legal que a pessoa praticou o crime. Então quando o Estado recebe
a noticia de um crime, ele busca saber se aquele crime realmente ocorreu, como ocorreu e
quem seria o autor (vai investigar). Essa primeira fase nós chamamos de fase preliminar, nela
ocorre a investigação preliminar.
Dentro do nosso ordenamento jurídico várias pessoas podem investigar: poder legislativo,
polícia civil, polícia militar, MP, etc.
O principal instrumento de investigação de crimes que temos no Brasil é o inquérito policial. O
inquérito penal tem previsão no CPP.
Quando falamos em investigação preliminar eu estou dizendo as várias que o Estado pode
investigar um crime (seja o através do poder legislativo, polícia militar…)
Os crimes comuns são investigados pelos polícia civil através do inquérito policial
Temos 2 espécies de polícia no Brasil: Polícia administrativa e judiciária
1) Polícia administrativa/ostensiva – tem por função a prevenção (evitar a ocorrência de
crimes. É a polícia que tá na rua, a polícia que aparece, para colocar temor nas pessoas
para que elas não cometam crimes): polícia militar, polícia rodoviária, polícia
ferroviária, polícia marítima. Essas polícias visam persuadir (visam fazer com que as
pessoas fiquem assustadas e não cometam crime). A guarda municipal por exemplo
entra onde? Entraria colo preventiva mas ela tem a principal função de proteger o
bens públicos (escolas, etc).
2) Polícia civil judiciária (ela presta serviços ao poder judiciário, por isso esse nome, mas
não faz parte do poder judiciário. É a polícia que investiga, que faz o inquérito policial.
Também é chamada de polícia repressiva, pois entra em ação APÓS o crime ter
ocorrido): polícia civil (gênero):
a) polícia civil estadual: investiga crimes de competência da justiça estadual
b) polícia civil federal: investiga crimes de competência da justiça federal

INQUÉRITO POLICIAL (Art 4 ao 23 do CPP)


Conceito: trata-se de um conjunto de diligências (conjunto de atos) realizadas pela polícia
judiciária para a apuração de uma infração penal (para verificar se o crime realmente ocorreu)
e sua autoria (quem praticou o crime), a fim de que o titular da ação (MP ou querelante) possa
ingressar em juízo ou tomar outra providência relacionada a persecução penal (inquérito
policial não serve para aplicar pena em ninguém, não é processo é procedimento
administrativo. O IP angaria elementos para que o autor da ação penal possa com esses
elementos pedir a condenação de alguém)
Autoridade policial: o delegado de polícia só instaura inquérito policial? não tem outros
instrumentos? Tem, exs:
1) VPI – verificação de procedência de informações: Art 5, parágrafo 3 do CPP
(informativo 580 do STF). Quando o delegado não consegue instaurar naquele
momento o IP porque as evidências estão muito fracas. Ex: “ah, parece que está
ocorrendo tráfico de drogas naquela casa”. Aí com a VPI ele chegaria e falaria: “olha,
vai lá, vê se parece questão tendo tráfico de drogas mesmo, vê quem está na casa, etc.
2) Termo circunstanciado: infrações de menor ofensivo – Lei 9.099/95: quando se tratar
de crimes de menor potencial ofensivo (infrações penais cuja pena não ultrapasse 2
anos ou contravenções penais).
Outro conceito: Procedimento administrativo e inquisitivo a cargo do Delegado de Polícia (ele
que faz o inquérito). Não resulta na imposição de aplicação de uma sanção como resultado
imediato das investigações, razão pela qual inexige contraditório e ampla defesa (não é
processo, então não precisa ficar naquela coisa de a cada prova precisa ouvir a parte contrária.
O delegado vai atrás da provas, faz a investigação, etc). Exceções: inquérito para a expulsão de
estrangeiro e 14-A CPP
O inquérito é sigiloso (tem que ser sigiloso porque imagina se ficar falando tudo que estão
fazendo, poderia comprometer as investigações. Ex: “a partir de amanhã Fernando nós vamos
procurar a arma na sua casa tá?” Não tem como. Art 20, CPP), escrito (Art 9) e não obrigatório
(eu posso entrar com ações penais sem inquérito policial, ele é dispensável. Ex: promotor pode
entrar com ação com base numa investigação feita por ele mesmo. Art 12)
É constituído de uma série de diligências (atos) cuja finalidade é a obtenção de elementos
informativos para o titular da ação penal formar a sua opinião e tomar providências visando a
pretensão punitiva, seja propondo ação penal ou realizando acordos com o possível autor da
infração penal.
Competência e atribuição: quem faz o IP é o Delegado de Polícia. E qual a competência? Tem 3
critérios:
1) Territorial: cada delegado de cada município é quem vai poder apurar a infração penal
que ocorreu naquele município.
2) Material: delegacias especializadas em alguns tipos de infração. Ex: Delegacia da
mulher – investiga crimes praticados contra a mulher. Então só o delegado da
delegacia da mulher poderá investigar
3) Em razão da pessoa (vítima): delegacias especializadas em crimes praticados contra
determinados tipos de pessoas. Ex: crimes praticados contra crianças e adolescentes
Não há nulidade na fase de inquérito por desobediência a atribuição da Autoridade Policial
(não existe aquela coisa de “ah, esse inquérito tem que ser anulado porque o delegado não é
competente, tinha que ser o delegado da outra cidade”, como ocorre no caso de processos,
que o juiz deve ser competente para julgar aquela causa).
Finalidade do inquérito: inquérito policial é para investigar e não para formar o
convencimento do juiz. Oque vai formar o convencimento do juiz é o processo, as provas que
vai ser apresentadas, o contraditório, etc. então é uma investigação e não uma instrução
processual.
Objeto da investigação: obtenção de dados informativos para que o órgão da acusação
verifique ser viável ou não a ação penal ou ANPP. É a apuração das circunstâncias, da
materialidade e da autoria das infrações penais.
Duas acepções:
1) Oportunizar a responsabilização de quem contribui para o crime
2) Evitar que inocentes sem alocados no polo passivo de demanda penal.
Ex: estamos na sala e o professor encontrou uma cola. Ele vai fazer uma investigação. Se a
investigação for bem feita e conseguir definir quem é o autor da cola, ela vai ser por um
lado para responsabilizar o autor e por outro lado para excluir/retirar os demais alunos
que não tiveram nenhum tiveram nenhum tipo de participação.
Ainda serve para dar justa causa para medidas cautelares durante o processo penal (serve
para dar uma base, porque processar alguém é algo muito sério, então não pode alguém
chegar e falar: “ah eu acho que aquela pessoa cometeu o crime” e o processo já ser
instaurado. O IP serve para dar essa base, para verificar se realmente existem evidências
da prática do crime).
O inquérito sozinho pode condenar alguém? O juiz pode somente com base no inquérito
condenar alguém? Não, porque não houve contraditório e ampla defesa, tem que ter
processo! É importante verificar que a prova vertida para o inquérito policial não tem por
finalidade o convencimento do juiz (valor probatório do IP - Art 155, CPP: “O juiz formará sua
convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”).
Mas o juiz não pode utilizar nenhum prova do inquérito? Pode, tem 3 tipos de provas que o
juiz pode utilizar (exceções):
1) Provas cautelares: toda prova produzida antes do momento oportuno porque existe
possibilidade dessa prova desaparecer (risco de desaparecimento da prova). Ex: uma
escuta telefônica feita na investigação, não dá pra gravar de novo. Ex2: busca e
apreensão. REGRA GERAL: toda prova cautelar que será produzida no IP deve ser
pedida autorização do juiz antes. Contraditório diferido: a parte só ficará sabendo e
poderá contestar depois da prova ter sido colhida
2) Não repetíveis: uma vez produzida, não tem tem como ser repetida. Ex: laudos
periciais (laudo necroscópico – é o laudo feito em alguém falecido). Contraditório
diferido: a parte só ficará sabendo e poderá contestar depois da prova ter sido colhida
3) Antecipadas: produzidas antes do momento oportuno, na frente das partes
(advogados/juiz) em razão da urgência e relevância. Ex: oitivas de testemunhas com
risco de morte (porque pode ser que se esperar até o o momento do processo em si,
essa pessoa pode estar morta). Contraditório real: a prova está sendo produzida na
frente das duas partes e pode ser contradita por elas.
Destinatários do IP:
Os destinatários imediatos são o MP, titular da ação penal pública e o ofendido, titular da ação
penal privada.
Destinatário mediato é o juiz de garantias (verifica se o inquérito policial está sendo conduzido
dentro da lei. E pode inclusive decretar prisão preventiva do investigado dependendo das
“provas”) – utilizará dos elementos de informação para o recebimento da peça inicial
acusatória e formação do seu convencimento quanto a necessidade de decretação de medida
cautelares, dentre elas e prisão preventiva.
Características
1) Escrito: não precisa ser escrito à mão, pode ser digitado, gravado, etc
2) Sigiloso: é sigiloso para a imprensa. O MP podem ter acesso ao inquérito e os
advogados TEM acesso
3) Inquisitivo e discricionário
4) Oficialidade (é um instrumento oficial) e autoritariedade (o delegado é uma
autoridade, tem poder garantido pela lei para interferir na liberdade de outros, mas só
dentro da lei).
5) Oficiosidade: delegado age de ofício, não precisa esperar ser provocado.
6) Indisponibilidade: o delegado não pode arquivar o inquérito, só o Juiz pode arquivar a
pedido do promotor.
7) Dispensabilidade do inquérito: embora seja o instrumento mais importante pra
investigar crimes no Brasil, existem outros instrumentos.
Prazo para conclusão: tem prazo para começar e terminar? Geralmente começa quando o
delegado recebe a notícia do crime.
Vale ressaltar que o prazo é menor quando a pessoa está presa, pois a pessoa pode estar presa
injustamente.
- Regra geral – polícia civil estadual: prazo de 10 dias se o indiciado tiver sido preso em
flagrante ou preventivamente, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança
ou sem ela (Art 10 do CPP)
- Prorrogações: investigado solto – sem problemas- atentar ao prazo prescricional.
Investigado preso: pode ser prorrogado uma única vez por até no máximo 15 dias. Se passar
dos 45 dias (30 + 15), a prisão será imediatamente relaxada (Art 3, parágrafo 2)

AÇÃO PENAL – AULA 3 – 26/08/2021

INQUÉRITO POLICIAL – CONTINUAÇÃO


Prazos para conclusão
Regra geral
Polícia civil estadual: 10 dias quando a pessoa está presa e 30 dias quando está solto (Art 10,
CPP). Se a pessoa estiver presa e o inquérito demorar mais de 10 dias para terminar, o
advogado do preso poderá ingressar com pedido de Habeas Corpus, e ele será solto porque
essa prisão se torna ilegal.
Em 2019 nós tivemos o pacote anticrime. O PA trouxe diversas disposições, e entre elas o Art
3, parágrafo 2. Esse parágrafo diz que o juiz das garantias poderá numa situação excepcional
conceder mais 15 dias para a finalização do inquérito. Só que esse Art está suspenso por uma
ADI (6298/DF). Mas só foi suspenso para que as comarcas tivessem tempo para se acertar
nessa questão do juiz das garantias.
Polícia civil federal: prazo de 15 dias para indiciado preso, prorrogável por mais 15 dias.
Quando se tratar de indiciado solto o prazo é de 30 dias e pode ser prorrogado
Crime de tráfico de drogas: 30 dias para indiciado preso e 90 dias para indiciado solto. Um
ponto importante é que esses prazos podem ser duplicados (pra réu solto pode ser prorrogado
por mais 30 dias – 60 no total, e para réu preso por mais 90 dias – 180 dias no total).
Inquérito policial militar: para indiciado preso 20 dias, e para indiciado solto 40 dias
prorrogáveis por mais 20 dias.
Contagem do prazo
inclui o dia do início e exclui o do final. Se estiver solto começará a correr no dia seguinte, se
tiver preso no mesmo dia.
Existe contraditório e ampla defesa no inquérito?
Contraditório e ampla defesa são princípios próprios do Processo Penal. O inquérito tem mais
o caráter inquisitivo, então não é exigido contraditório e ampla defesa.
Não são exigidos no inquérito policial por se tratar de procedimento administrativo de
natureza inquisitória e informativa. Vide Art 14 do CPP. Mas tem exceções (casos em que tem
contraditório e ampla defesa):
- inquérito instaurado a pedido do ministro da justiça, visando a expulsão de um estrangeiro
que está ilegalmente aqui no Brasil
- investigação em relação a agentes de segurança pública e das forças armadas em
investigação criminal (quando essas pessoas se envolvem em crimes com resultado letal. Ex:
quando um policial mata alguém).
O promotor e o advogado podem participar do inquérito? Em casos específicos sim:
- participação do ministério público: quem preside o inquérito policial é o delegado de polícia,
porém o MP pode participar de diligências, busca e apreensão, perícia no local, etc. é comum a
colaboração entre as autoridades polícias e ministeriais, como por exemplo a formação de
forças tarefas.
- participação do advogado no inquérito policial: o Art 7 do estatuto da OAB assegura ao
advogado uma série de prerrogativas, dentre elas: ingressar nas dependências da delegacia de
polícia; examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem
procuração, autos de flagrante e de infrações de qualquer natureza, fundos ou em andamento,
ainda que conclusos a autoridade, podendo copiar peças (tirar xerox, foto, etc) e tomar
apontamentos, em meio físico ou digital (mas se estiver tramitando em segredo de justiça, aí o
advogado só poderá ter acesso aos documentos mediante procuração). Súmula vinculante 14
– é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Art 14-A – nos casos em que servidores vinculamos as instituições no Art 144, CF (instituições
vinculadas a segurança pública) figuraram como investigados em inquéritos policiais, cujo
objeto cor a investigação de fatos relacionados ao uso de força legal cujo objeto for a
investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de
forma consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940”. Então nesses casos essas pessoas tem direito a um
advogado para acompanhar o inquérito. O investigado será “citado” e poderá constituir
advogado dentro de 48 horas. Cessado o prazo, se não for nomeado o advogado, a autoridade
deverá intimar a instituição a que pertence o investigado (ex: se for policial militar, intimarão a
polícia militar), pra em 48 horas indique um defensor para a representação do investigado.
As disposições se aplicam a: polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária
federal, polícia civil, polícia militar e corpo de bombeiros militar, polícias penais federal,
estadual, distrital e aos servidores vinculados as forças aramadas, desde que os gastos digam
respeito a missões GLO (missões que envolvam as operações de garantia da lei da ordem)
Notitia Criminis
Toda investigação parte de uma Notitia Criminis (notícia do fato criminoso). A pessoa que
chega na delegacia não faz queixa, ela apresenta a notícia de um fato criminoso. Existem 3
tipos de notitia criminis:
1) Notitia criminis de cognição imediata ou direta: quando você delegado recebe
diretamente aquela notícia, sem que ninguém precise pedir nada pra você. Ou seja é o
conhecimento direto da autoridade, pela imprensa ou através de comunicação
informal ou anônima. Ele pode estar passando na rua e ver o crime, ou alguém chega
nele e fala: “meu Deus aconteceu um crime, temos que investigar”. Ninguém foi pedir
que fosse aberto o inquérito, mas o delegado ficou sabendo.
2) Notitia criminis de cognição mediata ou indireta: quando alguém faz o pedido para
você instaurar o inquérito. Como alguém pede pro delegado instaurar o inquérito? A
vítima faz um documento colocando que quer que o crime seja investigado ou o
próprio promotor de justiça (as vezes até o ministro da justiça). Então esse tipo de
notícia chega ao delegado através da requisição do MP, requerimento da vítima,
delação (quando alguém que não é vítima faz o pedido. Ex: alguém que estava
passando na rua e viu o crime acontecendo), representação da vítima ou requisição do
Ministro da justiça. Então é uma provocação de terceiro. Qual a diferença entre
requisição e requerimento? Requisição – feito por autoridade, o delegado é obrigado a
abrir o inquérito (se não abrir pode ser julgado por crime de prevaricação).
Requerimento – feito pela vítima, o delegado PODE abrir, não é obrigado (ele pode ver
que não tem provas suficientes, que não teve crime nenhum, etc). Se o delegado
decide não abrir o inquérito, a vítima pode recorrer ao chefe de polícia.
3) Notitia criminis de cognição coercitiva: quando o delegado recebe a notícia do crime e
o suposto criminoso já está preso. Então é quanto tem um auto de prisão em flagrante
delito.
Etapas do inquérito
1) Instauração: a partir da Notitia criminis
2) Atos de instrução: providências que o delegado toma (ouve testemunhas, faz busca e
apreensão, etc).
3) Conclusão: relatório
Peças inaugurais do inquérito policial (o juiz pode instaurar o inquérito através de diferentes
peças) – toda instauração deve ser comunicada ao juiz das garantias:
1) Portaria: é a mais comum. Peça escrita que a início ao IP. Quando o juiz faz de ofício.
2) Auto de prisão em flagrante: quando o suposto criminoso foi preso em flagrante.
3) Requerimento do ofendido ou de seu representante legal: quando abre o IP a
primeira coisa que tem é o pedido da vítima
4) Requisição do MP: quando abre o IP a primeira coisa que tem é a requisição do MP.
5) Requisição do ministro de justiça
6) Representação do ofendido ou de seu representante legal.
Diferenças entre requisição, requerimento, comunicação, representação e requisição do MJ:
1) Requisição do MP: crimes de ação pública, !/9 pode indeferir a requisição.
2) Requerimento: postulação da vítima ou seu representante para a instauração do IP. Se
indeferido cabe recurso ao chefe de saúde (ex: em SP é o secretário de segurança
pública)
3) Comunicação/delação: fornecimento de informações feito por qualquer um. É válido
nos crimes de ação penal pública incondicionada.
4) Representação: crimes de ação penal pública condicionada. A vítima autoriza a
tomada de providências.
5) Requisição do MJ: ações penais públicas condicionadas a pedido do ministro da
justiça.
Hipóteses de não cabimento de instauração de inquérito policial:
1) Fato não constituir crime: uma pessoa denúncia alguém por incesto. Incesto não é
crime no Brasil.
2) Se extinta a punibilidade do investigado. Ex: prescreveu, a pessoa morreu, etc
3) A parte requerente é ilegítima ou incapaz no caso de ação penal privada ou pública
condicionada. Ex: a mulher é ameaçada e a vizinha dela fica inconformada e pede a
instauração do inquérito. Não pode, porque precisa da autorização da vítima (ou quem
a represente).
4) Requerimento não atender os requisitos legais
5) Autoridade a quem for dirigido for incompetente.
AÇÃO PENAL – AULA 4 – 02/08/2021

INQUÉRITO POLICIAL – CONTINUAÇÃO


Providências (Art 6 e 7, CPP): o delegado não está obrigado a tomar todas as providências
previstas nesses artigos. Ele tem uma discricionariedade de identificar quais providências são
necessárias naquele caso concreto.
1) Dirigir-se ao local, providenciando para que não alterassem o estado e a conservação
das coisas, até a chegada dos peritos. Ex: foi encontrado um corpo no local. É
importante que seja preservado o local daquela forma, pra que os peritos vejam como
está o corpo, procurar as evidências, vestígios, etc.
2) Apreender os instrumentos e todos os objetos que tiverem relação com o fato. Ex:
foi achado uma faca perto do corpo, apreende a faca.
3) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias. Como ouvir testemunhas, realizar acareações (colocar duas
testemunhas cara a cara quando as duas tem versões diferentes do fato, para verificar
quem está falando a verdade), requisitar documentos, reprodução simulada dos
fatos, etc.
4) Determinar a realização de exame de corpo de delito. Ex: eu tenho uma arma e
utilizei para praticar o delito. A arma é o corpo delito, então eles pegam para realizar o
exame de corpo delito
5) Ouvir o indiciado (suposto autor do crime – existem indícios que ele é o autor, por isso
indiciado), ordenando a sua identificação pelo processo datiloscópico (endereço,
nome, se a pessoa tem tatuagens, cicatrizes, etc), se possível, e fazer juntar aos autos
sua folha de antecedentes.
6) Averiguar a vida pregressa do indiciado (vai verificar se essa pessoa já teve
envolvimento em outros crimes) de forma abrangente.
7) Colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem
alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos
filhos, indicado pela pessoa presa.
8) Indiciamento: quem indicia é o delegado de polícia. Esse é um ato privativo do
delegado de polícia e fundamentado (explica o porquê está indiciando). Se dá após
análise técnico-jurídica do fato, na qual deverá indicar a autoria, materialidade e as
circunstâncias do crime. A autoridade policial sai do juízo de probabilidade e passa ao
de possibilidade. Pode ser direto (quando o delagado colhe as informações
diretamente do indiciado – tem contato direto) ou indireto (quando o delegado pega
as informações com outra pessoa. Seria o caso do indiciado ter fugido). Oque pode ser
feito se o delegado estiver indiciando sem ter fundamento, sem ter indícios? O
advogado pode impetrar um habeas corpus. Se o delegado indiciou, o MP é obrigado a
entrar com ação? Não, o indiciamento não vincula o MP (se o MP entender que não
tem elementos necessários para entrar com ação, ele arquivará).
9) O indiciado deverá ser interrogado pela autoridade policial, que poderá, para tanto,
conduzi-lo coercitivamente a sua presença, no caso de descumprimento injustificado
da intimação (Art 260). Mas aqui temos um ponto: ninguém é obrigado a produzir
provas contra si mesmo. Pergunta: o delegado pode mandar buscar a pessoa
obrigatoriamente pra ser interrogado? Parte da doutrina diz que é inconstitucional.
10) Quando o indiciado for interrogado, ele precisa de advogado? O delegado é obrigado
a providenciar advogado para ele? Não, a autoridade policial não é obrigada a
providenciar advogado. Porém se o indiciado disser que tem um advogado, e quiser a
presença do advogado, o delegado tem que providenciar sim a comunicação entre o
indiciado e seu advogado, para que o mesmo comparece no interrogatório. Curador –
somente para o investigado inimputável (então o curador acompanha o investigado
inimputável durante o inquérito).
11) Desindiciamento: vamos supor que o delegado indiciou e depois de uns dias surgiram
novas evidências que comprovam que aquela pessoa não comentou o crime. Oque
pode ser feito? O desindiciamento. Pode se dar pela própria Autoridade policial
(revendo sua decisão) ou por Habeas Corpus (determinação judicial).
12) O Art 6, VIII reproduz como deve ser feito o processo de identificação do indiciado
(aquela identificação feita pela digital da pessoa – identificação datiloscópica). A CF/88
trouxe que a pessoa que já tiver sido civilmente identificada (que possui algum
documento civil comprovando que é ele – ex: passaporte), não precisar tirar a
impressão digital. A Lei 12.037/09 dispõe sobre a identificação criminal do civilmente
identificado, ou seja, ela traz quais são os documentos válidos para essa identificação
(RG, carteira profissional, etc) regulamentando o Art 5, inciso LVIII, CF.
EXCEÇÕES (casos em que será coletada a impressão digital): documentos com rasura
ou indícios de falsificação ou insuficientes para seu fim; documentos da mesma pessoa
com dados divergentes; necessidade da identificação para investigação, com
autorização judicial; pessoas com outros registros e qualificações; na conservação ou
expedidos em tempo e locais distantes
IDENTIFICAÇÃO: datiloscópica, fotográfica, genética.
13) Ao inquérito deve ser ainda juntada a sua folha de antecedentes, sendo averiguada a
sua vida pregressa, e se for conveniente, procedida a identificação mediante tomada
fotográfica. É importante ser averiguada a vida pregressa e os antecedentes do
indiciado para posterior fixação da pena pelo Magistrado (na primeira fase da
dosimetria de pena).
Outras funções da polícia judiciária (Art 13, CPP)
1) Fornecer ao juiz as informações necessárias a instrução e julgamento dos processos.
2) Realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo MP.
3) Cumprir os mandados de prisão.
4) Representar acerca da prisão preventiva (ou seja, ele pode pedir a prisão preventiva
de alguém se identificar que é necessário para prosseguir com a investigação)
Crimes ligados a sequestro e cárcere privado, tráfico de pessoas e de criança ou adolescente
para o exterior: nesses crimes é lógico que é necessário saber quem cometeu o crime, mas o
mais importante é descobrir onde a vítima está, onde é o cativeiro, pra salvar a pessoa.
Nesses casos tanto o MP quando o delegado podem requisitar, de quaisquer órgãos públicos
ou de empresas da iniciativa privada, dados e informações devastaria da vítima ou de
suspeitos que deverá ser atendida no prazo de 24h (pode pedir pra empresa telefônica
daquela pessoa que fale se foi feita alguma ligação pra aquele número, etc).
Se necessário o MP ou o delegado poderão requisitar, mediante autorização judicial, as
empresas prestadoras de serviço telefônico que disponibilizem imediatamente os meios
técnicos adequados – como sinais (sinal do celular), informações (quem ligou, qual a última
localização do celular, etc) e outros – que permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do
delito em curso.
Encerramento
O juiz encerra o inquérito através do relatório.
Relatório: peça final na qual a AP relata o que foi apurado no IP, as principais diligências, as
testemunhas que não foram localizadas, etc. não é recomendado juízo de valor (o delegado.
Ao pode colocar no relatório: “eu acho que deve ser absolvido, “eu acho que deve ser
condenado”). Só tem um crime que ele tem que fazer isso (dizer oque ele entende, e porque
ele entende isso): tráfico de drogas (o delegado que vai dizer se entende que aquela droga é
pra consumo pessoal ou pra venda). Segundo doutrina majoritária o relatório é descritivo
Feito o relatório, o delegado pegará o inquérito, os instrumentos do crime, o FA, e
encaminhará ao juiz de Direito. O próprio delegado pode arquivar o inquérito, por entender
que não tem provas suficientes? Não. Mesmo que depois do inquérito ele tenha chegado à
conclusão que não tem elementos suficientes, ele tem que encaminhar isso para o juiz.
No fórum
O juiz vai verificar se é um crime de ação penal pública (MP provoca) ou privada (ofendido
provoca, da início).
Nos crimes de ação penal privada, os autos aguardam o oferecimento de queixa-crime
durante o prazo decadencial (06 meses). Mas vamos supor que durante o inquérito a vítima
saiba, quem é o indiciado e o inquérito demorou 3 meses pra ser concluído, quando chegar no
fórum a pessoa terá 3 meses pra entrar com ação.
Não há necessidade do ofendido solicitar o arquivamento do inquérito. Se entender que não
há elementos para dar início ao processo, baixa deixar escoar o prazo decadencial. Não
oferecida a queixa ocorre a extinção da punibilidade.
Nos crimes da ação penal pública, o MP é o responsável por entrar com a ação.
O promotor pega o inquérito e começa a analisar para formar sua opinião. Ao analisar ele pode
tomar algumas atitudes:
1) Se ele entender que falta coisa, que precisa de mais algumas provas, ele pode devolver
o inquérito para o delegado é dizer que está faltando algo. O juiz então, ao seu pedido
vai falar para o delegado complementar as provas, requisitar jubas diligências. Se uma
pessoa estiver presa, e o promotor devolver o inquérito pra juntar mais provas, essa
pessoa tem que ser solta.
2) Pode ordenar o arquivamento quando:
a) Falta de pressuposto ou condição para o exercício da ação penal
b) Ausência de justa causa. Ex: o cara roubou um sabonete de 3 reais numa farmácia.
c) Excludente de ilicitude ou culpabilidade, salvo a inimputabilidade. Ex: agiu em
legítima defesa.
d) Causa extintivo da punibilidade
Então delegado não arquiva inquérito policial, quem arquiva é o promotor (função
exclusiva do MP).
Como o arquivamento está previsto no Pacote anticrime (Art 28, CPP)? O promotor
analisa o caso e verificando a impossibilidade de ingresso da ação penal, ordena o ser
arquivamento, comunicando os interessados (vítima, investigado e autoridade
policial). Sua decisão deverá ser reanalisada (porque vai que o promotor é corrupto)
por um órgão superior no próprio MP é a vítima poderá recorrer do arquivamento
(num prazo de 30 dias). Mas e nos crimes onde a vítima não é uma pessoa específica,
como um crime contra o município (ex: queimaram um patrimônio público)? Pode o
próprio ente federativo recorrer (união, estados, DF, e municípios).
Porém, essa redação do pacote anticrime está suspensa, então é outra norma que está
valendo. Vamos estudar na próxima aula qual redação está valendo no momento.
3) Acordo de não persecução penal (Art 28-A, CPP)
4) Denúncia – ingresso da ação penal (Art 24, CPP)

AÇÃO PENAL – AULA 5 – 09/09/2021

No fórum
Ao analisar o juiz pode tomar algumas atitudes:
5) Se ele entender que falta coisa, que precisa de mais algumas provas, ele pode devolver
o inquérito para o delegado é dizer que está faltando algo.
6) Pode ordenar o arquivamento quando:
e) Falta de pressuposto ou condição para o exercício da ação penal
f) Ausência de justa causa.
g) Excludente de ilicitude ou culpabilidade, salvo a inimputabilidade.
h) Causa extintivo da punibilidade
Como o arquivamento está previsto no CPP? Temos 2 redações que dispõe sobre o
arquivamento, uma que o pacote anticrime trouxe (novo Art 28, CPP) e outra do antigo
Art 28, CPP.
A redação do pacote anticrime está suspensa, então qual está valendo? A antiga
redação do Art 28, CPP: “Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a
denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação (promotor pede o arquivamento para o juiz), o juiz, no caso de considerar
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação
ao procurador-geral (se o juiz discordar do promotor, achar que não é caso de
inquérito, ele vai remeter ao procurador-geral), e este oferecerá a denúncia, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender (se o procurador
entender que o promotor estava correto, ele vai insistir no arquivamento e o juiz terá
que arquivar. Se ele achar que o promotor estava errado, que não é caso de
arquivamento, o procurador poderá ele mesmo oferecer a denúncia ou devolver o
processo para outro promotor entrar com a denúncia)”. Mas o juiz não poderia ele
mesmo decidir que não é caso de arquivamento e oferecer a denúncia? Não, só o MP
pode oferecer a denúncia. Por isso veio a redação do pacote anticrime, onde se o
promotor achasse que é caso de arquivamento, ele submeteria ao seu superior e não
ao juiz (porque o juiz não tem que analisar nada, ele tem que ser imparcial). Mas por
enquanto está suspenso o pacote anticrime, então vale esta antiga redação.
RESUMINDO:
*O Arquivamento é um ato complexo – pedido do promotor + homologação do juiz –
poder judiciário é quem determina o arquivamento.
*Não há previsão de recurso por parte da vítima
*Discordância do juiz – reanálise pelo PGJ (MPE) ou para a Câmara de Coordenação e
Revisão (MPF)
- Concordância – juiz é obrigado a arquivar
- Discordância – PGJ/PGR denuncia ou designa outro promotor para denunciar
O arquivamento do inquérito policial faz coisa julgada? Ou pode ser aberto novamente
o inquérito? A regra geral é que não faz coisa julgada material. Surgindo novas provas,
o inquérito policial pode ser reaberto pela autoridade policial (Art 18, CPP). Há apenas
coisa julgada formal (o inquérito em si está arquivado, mas nada impede que a matéria
seja revista).
Exceções: o arquivamento fará coisa julgada material, quando o arquivado:
- por atipicidade (se aquele fato que trata o inquérito não for crime)
- extinção da punibilidade (ex: seno inquérito foi arquivado por prescrição, não tem
como ser reaberto)
Súmula 524, SFT: arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento
do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
7) Acordo de não persecução penal (Art 28-A, CPP)
8) Denúncia – ingresso da ação penal (Art 24, CPP)

Procedimento investigativo – juizado especial – lei 9.099/95


Termo circunstanciado (o instrumento do delegado em casos de infrações de menor potencial
ofensivo é o termo circunstanciado)
É o procedimento de investigação simplificado para apurar as infrações de menor potencial
ofensivo (crimes com penas máximas não superiores a 02 anos e todas as contravenções
penais) – Art 69, Lei 9.099/95
Características
1) Termo de compromisso de comparecimento – não há prisão em flagrante e aplicação
de fiança (porque mesmo que essa pessoa for condenada, raramente ela irá para a
prisão. No pior dos casos ele pegará um regime aberto. Então se de qualquer jeito ele
não será preso quando acabar o processo, não ter porque ser preso agora)
2) Simplificação da prova pericial
3) Envio para o juizado especial criminal – composição e a transação penal (tentam ao
máximo que o a vítima e o autor da infração entrem em um acordo)
Observações (casos em que não poderá ser feito o termo circunstanciado mesmo sendo crime
de menor potencial ofensivo):
- Pode haver instauração de IP, quando houver complexidade do caso ou o ator do for
desconhecido
- não cabe em casos de violência doméstica contra a mulher (Art 41, Lei 11340/06 – casos de
violência doméstica não são considerados infrações
de menor potencial ofensivo) e em infrações penais militares (Art 90-A)
É bem mais simples o termo circunstanciado, já manda a vítima pro hospital, pega o laudo
médico, chama o autor e a vítima na delegacia e faz o TC.

DA AÇÃO PENAL (Art 24 a 62 do CPP)


Conceito: é o direito público subjetivo do Estado-Administração (todos nós somos proibidos de
fazer justiça com as próprias mãos, não podemos aplicar pena a alguém. Quem tem o
monopólio da justiça é o Estado através do poder judiciário. Então no direito de ação, o Poder
Judiciário está inerte, e a parte prejudicada provoca o poder judiciário. É um direito público,
porque eu exerço contra o Estado, e subjetivo porque é meu, eu tenho o direito), titular do
poder-dever de punir, ou do ofendido de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal
objetivo, com a consequente satisfação da pretensão punitiva.
Fundamento: Art 5, XXXV, CF que diz: “a lei não excluída da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito”. Então toda vez que o poder judiciário é provocado, ele terá que
responder.
Características:
1) Direito público: exercido contra um ente público, que é o Poder Judiciário
2) Subjetivo: somente o titular pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional. No
caso da ação penal pública o titular é o MP, e no caso da ação penal privada é o
ofendido.
3) Instrumental: meio de alcançar o direto material
4) Autônomo: não depende da existência efetiva do direito material. A história que eu
narro para o juiz (“João cometeu tal crime”) é necessária pra entrar com ação, mas não
necessariamente isso levará à condenação do réu, o réu pode se absolvido no final.
Então o direito de ação não necessita que o caso realmente tenha ocorrido.
5) Específico: apresenta um conteúdo – pretensão que se deduz em juiz. Quando você
pede algo ao juiz, você tem que esclarecer oque você está pedindo. Em qualquer ação
que você entrar, na petição inicial terá o pedido, porque o juiz julgará aquilo que você
pediu (nem mais nem menos, ele tem que ficar restrito ao seu pedido)
6) Abstrato: independe do resultado final do processo. Mesmo que no final do processo
a gente perca, nós exercemos o direito de ação
Condições da ação
1) Genéricas:
a) Possibilidade jurídica do pedido: a possibilidade jurídica do pedido em uma ação
penal, é narrar para o juiz um fato que é crime (não é possível entrar com ação
pelo crime de baraticidio, porque a lei não considera crime)
b) Legitimatio ad causam: quem tem legitimidade? Se for ação penal pública, o MP, e
se for ação penal privada, o ofendido.
c) Interesse para agir: qual é o seu interesse quando você entra com ação penal? Que
a pessoa pague pelo que ela fez, que seja penalizada. Tem que ter todos os
elementos para entrar com ação, a pessoa/MP entra com ação sabendo que existe
a possibilidade de ganhar (ninguém entra com ação já sabendo que vai perder).
d) Justa causa: tem que trazer um sentimento de justiça pra sociedade. Se não traz
aquele sentimento de justiça, falta justa causa. Não pode ser algo insignificante.
Ex: uma pessoa que furtou de outra 2 latinhas de cerveja. Isso é uma justa causa?
Vai trazer paz pra sociedade essa pessoa ser presa?
2) Específicas (necessárias em alguns crimes específicos, não em todos) – condições de
procedibilidade (se aquela condição não se faz presente eu não posso ingressar com
ação)
a) Representação do ofendido
b) Requisição do ministro da justiça
c) Laudo provisório de drogas (Lei 11343/06)
Pressupostos processuais
Requisitos de admissibilidade pra o conhecimento de um conflito pelo Poder Judiciário
1) Existência
a) Subjetivos: um órgão jurisdicional e da capacidade de ser parte (aptidão de ser
sujeito processual. Ex: não posso entrar com ação na prefeitura, tem que ser em
juízo.
b) Objetivo: é a própria demanda (ato que instaura um processo, ato de provocação
2) Validade
a) Subjetivos: dizem respeito ao juiz (competência e imparcialidade) e as partes
(capacidade processual e postulatória)
b) Objetivos: pressupostos necessários para o correto desenvolvimento do processo,
como por exemplo ausência de coisa julgada, litispendência, etc.
Classificação das Ações – titularidade – Art 100e 24 do CPP
As ações penais são promovidas em rega pelo MP ou então pelo ofendido, seus
representantes, ou seus sucessores (CADI – cônjuge ou companheiro, ascendente,
descendente, irmão).
A pretensão punitiva pertence ao Estado, logo é um órgão estatal quem busca, em juízo, a
satisfação deste pretensão. No caso o MP
Ofendido – titularidade inicial (Ex: ameaça, ofensa à honra, injúria, etc) ou, subsidiária (quando
o MP não faz nada – ação penal privada subsidiária da pública). Art 5, LIX, CF e Art 29, CPP.
Legitimação extraordinária ou substituição processual. Ex: ameaça, ofensa à honra, injúria, etc.
Classificação da ações – quanto a titularidade
*Ação penal pública -> MP -> denúncia
*Ação penal privada -> ofendido -> queixa
Ação penal pública (noções gerais e conceito)
Conceito: é a proposta pelo MP, através da denúncia. A ação penal pode ser promovida com
base no inquérito policial (regra geral) ou com base em outros documentos escritos,
fornecidos por qualquer pessoa (ver artigo 27 do CPP)
Prazo: o MP tem prazo para propor a ação penal, caso inerte, a legitimidade passa também ao
ofendido – Art 5, LIX, CF e Art 100, parágrafo 3, CP e Art 29, CPP (ação penal privada subsidiária
da pública). Regra geral – 5 dias réu preso/ 15 dias réu solto.

AÇÃO PENAL – AULA 6 – 16/09/2021

Ação penal é o instrumento que a parte possui para provocar o juiz para que a pena seja
aplicada.

Ação penal pública (noções gerais e conceito)


Conceito: é a proposta pelo MP, através da denúncia. A ação penal pode ser promovida com
base no inquérito policial (regra geral) ou com base em outros documentos escritos (tem que
estar fundamentada em documentos, quase sempre o Inquérito Policial, mas podem ser
outros), fornecidos por qualquer pessoa (ver artigo 27 do CPP)
Prazo: o MP tem prazo para propor a ação penal, caso inerte, a legitimidade passa também ao
ofendido – Art 5, LIX, CF e Art 100, parágrafo 3, CP e Art 29, CPP (ação penal privada subsidiária
da pública). Regra geral – 5 dias réu preso (se ele ultrapassar esse prazo, no caso do réu preso,
nós temos uma situação de constrangimento ilegal, e constrangimento gera habeas corpus) /
15 dias réu solto.
Espécies:
1) Incondicionada: quando o seu exercício não se subordina a qualquer requisito. Pode
ser iniciada sem a manifestação de vontade de qualquer pessoa. O promotor decide se
vai ou não entrar com ação penal sem precisar consultar a vítima ou seu
representante. Ex: violência física doméstica contra a mulher (lei Maria da Penha)
2) Condicionada: exercida também pelo MP mas só mediante representação
(autorização) do ofendido (a vítima pede) ou requisição (requerimento lastreado em
lei) do Ministro da Justiça (em se tratando de chefe de Estado do Brasil ou chefe de
Estado estrangeiro - Art 100, parágrafo 1, CP).
Nesse tipo de ação, as expressões “somente se procede mediante representação”,
“somente se procede mediante requisição do Ministro da justiça” são previstas na lei.
São condições de procedibilidade para o exercício da ação.
a) Representação do ofendido: é a autorização que a vítima da para que a ação penal
possa ser iniciada pelo MP, através de denúncia. Inexistindo representação, falta
condição específica para a ação penal. Condição de procedibilidade (se tem
representação o promotor pode proceder com ação, e se não tem ele não pode
proceder) – natureza jurídica
Características: não exige formalidades, deve apenas expressar, de maneira
inequívoca, a vontade da vítima de ver seu ofensor processado (ex: a vítima chega
no delegado e fala: “eu quero que ele pague pelo que ele fez, que ele seja preso”.
Isso já vale como representação. Ele não precisa chegar e falar: “estou aqui
representando”). Pode ser dirigida ao MP ou Autoridade Policial (Art 39, CPP) e ser
escrita (regra) ou oral, a ser reduzida a termo (a pessoa fala que quer que o
ofensor seja processado e preso, e aí o promotor/delegado escreve oque a vítima
falou e pede pra ela assinar).
Quem pode representar?
- ofendido com 18 anos ou capaz: somente ele.
- ofendido menor ou incapaz – seus representantes (e se uma adolescente de 14
anos foi ameaçada, e o pai quiser representar e a mãe não? Prevalece o interesse
do que quer representar).
- procurador
- morte ou ausência – CADI (cônjuge ou companheiro, ascendente, descendente, e
irmão) – Art 24, parágrafo 1, CPP
- PJ – indicados no estatuto social – Art 37
Prazo: Art 38, CPP – 06 meses a contar da data que a vítima ou seu representante
legal tomar ciência de quem é o autor do crime. Passado o prazo, não poderá mais
retratar e consequentemente não poderá mais entrar com ação.
Destinatários: MP e autoridade policial
Retratação: seria o caso da vítima ter oferecido representação e depois desistiu,
quer se retratar (não quer mais que entrem com processo). Mas tem prazo, a
vítima só pode se retratar até o oferecimento da denúncia, depois que o promotor
oferece a denúncia não pode mais. Pode haver retratação da retratação? Ex: eu fui
ameaçada, representei e depois desisti (não quis mais entrar com ação) e me
retratei. Mas aí depois eu quis entrar de novo com ação. Eu posso entrar? Há uma
discussão doutrinária mas a grande maioria diz que não (pois cria insegurança
jurídica).
Lei Maria da Penha (aqui não estamos tratando de violência física doméstica
contra mulher, porque é incondicionada. Um exemplo que cabe aqui é a violência
psicológica no ambiente doméstico contra a mulher, como ameaça): retratação
somente perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade,
antes do recebimento da denúncia e ouvido o MP (Art 16, Lei 11.340/06).
b) Requisição do Ministro da Justiça: ato político e discricionário pelo qual o o
Ministro da Justiça autoriza o MP a propor a ação penal pública nas hipóteses
legais. Não tem prazo para seu oferecimento – prescrição. É necessário em crimes
contra a honra praticados contra o Presidente do Brasil ou contra chefes de Estado
de outros países que estejam no Brasil
Natureza jurídica: condição de procedibilidade. Eficácia objetiva – ofertado em
relação a um, vale contra todos. Ex: eu, o Vladimir e o Paulo xingamos o
presidente. Se o Ministro da Justiça requisitar contra mim, ele tem que
obrigatoriamente requisitar contra o Vladimir e o Paulo.
Destinatário: somente o MP, na pessoa do Procurador Geral
Retratação da Requisição: não se admite retratação.
Princípios:
1) Oficialidade: o autor da ação é um órgão oficial (órgão do poder público) – o MP
2) Obrigatoriedade/legalidade: o promotor não age por vontade própria, ele age por
vontade da lei, vai fazer oque manda a lei (o promotor não pode chegar e falar: “esse
aqui eu não vou oferecer denúncia porque é meu amigo”). Tem uma
discricionariadade parcial (em alguns casos pode arquivar, oferecer acordo de não
persecução penal, etc. mas tudo dentro da lei).
3) Indisponibilidade: o MP a partir do momento que entra com ação tem que levar até o
final (não pode parar no meio). Art 42, CPP.
4) Autoritariedade: são autoridades públicas e órgãos encarregados da ação penal
5) Oficiosidade: o MP age de ofício, não precisa ser provocado
6) Intranscendência/pessoalidade: a ação penal somente pode ser proposta contra o
autor da infração penal. Eu não posso promover ações penais em face de outras
pessoas que não sejam o suposto autor. Ex: eu pratiquei um crime. A minha irmã pode
ser processada pelo crime que eu cometi? Não.

Ação penal privada


Conceito: é a ação proposta pelo ofendido ou seu representante. Substituição processual ou
legitimação extraordinária (a vítima ingressa com ação pedindo um direito que não é dela, que
é do Estado – o direito de punir. Ela pede que seja aplicado o direito de punir). O autor que
entra com essa ação se chama querelante e o réu querelado. A lei especifica – “somente se
procede mediante queixa”.
Titularidade:
- ofendido capaz: ele próprio
- ofendido incapaz ou menor de 18 anos: representante
- morte ou ausência do ofendido: Art 31 – CADI
- PJ – Art 37. Representantes nos estatutos ou diretores e sócios gerentes.
Espécies:
1) Ação penal exclusivamente privada: é aquela em que o ofendido pode entrar, se a
vítima for incapaz, os seus representantes. E se a vítima for menor de 18 anos, e o
representante não entrar? Quando a vítima completar 18 anos ela pode entrar? Pode,
se o crime não estiver prescrito (se não estiver prescrito, ela tem 6 meses pra entrar)
2) Ação penal privada personalíssima (Art 236, CPP): somente a vítima pode entrar. Se ela
for incapaz, o representante não pode entrar por ela, e se ela morrer o CADI não pode
entrar. Só tem uma hipótese no CP, a do Art 236: a pessoa foi enganada para se casar
com outra.
3) Ação penal privada da pública (Art 29, CP): quando o MP não ingressou com a ação
penal pública dentro do prazo (5 dias réu preso / 15 dias réu solto), a vítima pode
ingressar no seu lugar.
Prazo: 06 meses a partir do conhecimento da autoria. Prazo decadencial.
Princípios:
1) Conveniência ou oportunidade: a vítima entra se ela quiser, não é obrigada.
2) Disponibilidade: ofendido pode desistir ou abandonar a ação penal privada (diferente
do promotor)
3) Indivisibilidade: se a vítima entrar com ação, ela tem que entrar contra todos os
ofensores. Ex: 4 pessoas injuriaram Maria. Se ela entrar com ação, tem que ser contra
as 4 (não pode ser contra 1 só). Art 48, CPP
4) Intranscendência: a ação penal somente pode ser proposta contra o autor da infração
penal, não podendo abranger os responsáveis civis.
Causas extintivas da punibilidade na Ação penal privada: a vítima pode perder o direito de
entrar com ação? Sim, nos seguintes casos:
1) Decadência: perda do direito de ação pelo decurso do prazo temporal. Passou os 6
meses e a pessoa não entrou com ação. Art 38.
2) Renúncia: ato unilateral do ofendido que dispõe (abre mão) sobre o exercício do
direito de ação. Pode ser expressa (Art 50) ou tácita (pratico atos incompatíveis de
quem quer entrar com queixa – Art 57) e feita a um dos autores, estende a todos (Art
49). Ocorre antes do processo. Então eu abro mão do meu direito e não entro com
ação.
3) Perdão: ato bilateral e ocorre quando a ação já esta proposta. Depende da aceitação
por parte do querelado, que se for incapaz e não tiver um representante, será feito por
curador. Feita a um, estende a todos, com exceção daquele que não o aceitar (Art 51).
Pode ser processual ou extraprocessual é expresso (Art 58) ou tácito (Art 57). A
aceitação pode ser também expressa ou tácita (Art 58). Então seria o caso de eu
chegar no autor do crime e dizer: “vem aqui, eu te perdoo pelo que você fez” e aí
acaba com a ação.
Perempção: pena imposta ao querelante negligente. Imposta a quem não toca o processo
como deveria tocar. Hipóteses (Art 60, CPP):
“I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante
30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em
juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das
pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do
processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas
alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor”

AÇÃO PENAL – AULA 7 – 23/09/2021

Jurisdição – juris dictio (dizer o direito)


Conceito: poder-dever do Estado Juiz de resolver, mediante o processo, um conflito penal,
surgido entre o direito de punir do Estado (o estado quer exercer seu direito de punir) e o
direito de liberdade do indivíduo (o indivíduo que está sendo acusado quer permanecer em
liberdade). Quando eu digo que o poder judiciário tem jurisdição, eu estou dizendo que ele
tem o poder de aplicar a Lei ao caso concreto (eu não posso fazer justiça com as próprias
mãos, pois eu não tenho jurisdição, só o Poder Judiciário tem)
Características:
1) Existência de uma lide
2) Inércia: o juiz não sai procurando problemas para aplicar a jurisdição, ele não fica
caçando os problemas. O Poder Judiciário tem que ser provocado pela parte através
do direito de ação.
3) Função/atuação do Direito: o juiz não julga o caso de acordo com oque ele acha certo
ou errado. Ele faz a aplicação da Lei ao caso concreto.
4) Definitividade/imutabilidade: em regra, aquilo a decisão do juiz, se nenhuma das
partes recorreu, gera coisa julgada, sendo portanto definitiva.
5) Substutividade: q partir do momento em que há uma decisão, prevalece a vontade do
Estado no caso concreto, a vontade do estado substitui a das partes. Quando o juiz
julga um caso ele não diz: “olha B, é a sua vontade que vai prevalecer”. Quando o
Poder Judiciário julga um caso, não é a vontade de cada uma das partes, é a vontade
do Estado que se faz presente.
Princípios
1) Investidura: exercida por juiz, investido do Poder de Julgar
2) Inércia: seu exercício depende da provocação através da ação.
3) Indelegabilidade: o juiz não pode delegar tal função (ou seja, o juiz não pode transferir
o seu poder de julgar para outra pessoa. Ex: eu sou juíza e falo: “tô casada hoje, vou
pedir pra minha irmã julgar no meu lugar”, não pode)
4) Inevitabilidade: após provocação, ela é exercida independente da vontade das partes,
que devem a ela se sujeitar. Somente não terá decisão se houver alguma causa
extensiva de punibilidade.
5) Inafastabilidade: a lei não pode excluir, da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou
ameaça de lesão a direito. As decisões do juiz são inafastáveis. Se alguém se sentir
lesado ou não concordar com a decisão, ele só poderá recorrer pras instâncias
superiores do próprio poder judiciário (o vereador não pode mudar a decisão do juiz
por exemplo)
6) Juiz natural: veda-se o seu exercício por juízes ou tribunais de exceção e por juizes
parciais, suspeitos ou incompatíveis. A lei já definiu qual tribunal julgada cada caso,
não pode ser criado um novo juízo para julgar um caso que aconteceu (tem que ser
julgado por um que já existe e que tem jurisdição para julgar aquela causa).
7) Correlação: deve haver correspondência entre a sentença e o pedido feito na inicial (o
juiz está adstrito aquilo que lhe foi pedido). O juiz somente pode julgar aquilo que lhe
é apresentado, então a sentença que ele da tem que estar ligado ao pedido.
Competência
Todo juiz tem jurisdição, mas um juiz não pode julgar todos os tipos de casos que existem. Para
delimitar oque cada juiz pode ou não julgar, existe a competência.
Poder do juiz de exercer sua jurisdição sobre certas matérias, certas pessoas e em certo lugar.
Medida da jurisdição.
Competência material
- ratione materiae (em razão da matéria – Art 69, III). Ex: um juiz eleitoral não pode julgar
crimes militares.
- ratione personae (em razão da pessoa – Art 69, VI). Ex: se você é um juiz estadual você não
pode julgar um deputado federal. Ex2: presidente da República só pode ser julgado pelo
Supremo.
- ratione loci (em razão do lugar – Art 69, I e II) ex: se você é juiz em Ribeirão Preto, você
julgará crimes em Ribeirão Preto, não pode julgar crimes do Amazonas.
Competência funcional (competência distribuída de acordo com a função do juiz naquele
processo. Em determinados processos eu tenho mais de um juiz atuando, aí entra a
competência funcional)
- fases do processo: ex: juiz da ação e juiz da execução.
- objeto do processo: ex: juízes e jurados (tem o juiz, e os jurados do tribunal do júri. O jurados
decidindo se a pessoa é culpada ou não, e o juiz julga quanto a pena, etc)
- grau de jurisdição: ex: juiz e tribunais (competência de juiz de 1 grau, é diferente da
competência de juiz de 2 grau).
Prorrogação
É a possibilidade de substituição da competência de um juízo por outro (então um juiz vai
julgar um caso que seria de competência de outros juízes). Ocorre nos casos de competência
relativa.
Necessária
- conexão
- continência
Quando 2 ou mais causas criminais estão ligadas umas com as outras, e não se pode correr o
risco de ter decisões controversas, por isso apenas um juiz julga. Ex: alguém furtou um carro. E
aí essa pessoa vendeu esse carro pro amigo, e esse amigo sabia que esse carro era furtado. Ai
temos 2 crimes, um furto e uma recepção (amigo que comprou o carro sabendo que era
furtado). É interessante que apenas um juiz julgue, porque vamos supor que o juiz decide que
não teve furto, logo não houve receptação também. Imagina se são 2 juízes diferentes, e o do
furto absolve e o da receptação condena, olha o problemão que ia dar.
(Art 76 e 77)
Voluntária
- ocorre nos casos de competência territorial, quando não alegada em momento oportuno (Art
108, CPP)
- ação penal exclusivamente privada – querelante pode optar pelo foro do local da infração ou
do domicílio do réu (Art 73, CPP)
Distribuição da competência – justiça especial x justiça comum
Justiça especial (militar e eleitoral)
1) Eleitoral: crimes eleitorais e conexos
a) STF
b) TSE
c) TER
d) Juiz eleitoral
2) Militar: crimes militares
a) Federal (crimes praticados pelos membros das forças armadas): STM e juízes
federais
b) Estadual: TJM e Juízes de Direito e Conselhos de Justiça.
Justiça comum: oque não for justiça especial e federal, será comum (o juiz de direito julgará)
1) Federal: Art 108 e 109, CF
a) TRF
b) Juízes federais
2) Estadual: competência residual
a) TJs
b) Juízes estaduais
*Juri – a depender do caso pode ser federal ou estadual. Crimes dolosos contra a vida
(Homicídio, aborto, infanticídio, induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio), tentados
ou consumados (Art 74, parágrafo 1) e conexos (ex: a pessoa matou, e depois picotou o
cadáver. Os 2 crimes serão julgados pelo júri. O homicídio vai puxar a ocultação de cadáver
pois estão ligados).
Competência – fixação da justiça e juízo – Art 69
Primeiro vamos definir qual a justiça, e depois o juízo.
6 critérios pra fixação (o que consta no 5 item não é critério para fixação da competência, por
isso só 6 e não 7):
1) Lugar da infração: 3 teorias – resultado, da atividade e da ubiquidade
- Regra geral: competência determinada pelo lugar da consumação (teoria do
resultado), sendo irrelevante a prisão ter ocorrido em outro local (Art 70, primeira
parte). Ou seja, o local do crime é onde ocorreu o resultado, onde a infração produziu
efeitos, onde o crime se consumou (isso é oque diz a teoria do resultado, e é a que
adotamos como regra geral). Foi adotada essa teoria porque é mais fácil de apurar o
crime no lugar em que ele produziu resultados e porque a população/sociedade que
foi atingida foi a daquele local, daquela cidade.
- Exceções: crimes tentados (Art 70, in fine), crimes dolosos contra a vida (porque
muitas vezes o resultado é produzido bem depois da ação, e em um lugar nada a ver
com oque foi praticado. Ex: alguém levou um tiro em Bauru, e essa pessoa foi
transferida para um hospital em SP, e morreu no hospital em SP. Não faria sentido
nenhum o crime ser julgado em SP) e outros preterdolosos com resultado em locais
distintos e crimes de menor potencial ofensivo (Art 63, Lei 9.099/95) – Teoria da
Atividade – lugar onde foi praticada a infração
- Crimes a distância (Art 70, parágrafos 1 e 2): aqueles em que as condutas e a
consumação ocorrem em territórios diferentes (em países diferentes) – teoria da
ubiquidade. Ex: crime de tráfico internacional, a pessoa sai com drogas do Brasil e vai
pro Paraguai pra distribuir. Vai ser apurado onde? Envolveu situação que o Brasil tem
interesse, será apurado aqui, independente se o Brasil foi o local da atividade ou do
resultado.
*Local incerto ou limite entre duas ou mais jurisdições (ex: um crime que ocorre na
divisa entre duas cidades, sem especificação (Art 70, parágrafo 3) – critério da
prevenção: o primeiro juiz que tiver conhecimento do fato, que atuar no processo, é
que ficará competente.
*Crimes permanentes (o primeiro juiz que tomar conhecimento será competente) ou
continuados (no local do crime mais grave. Se não houver mais grave, no local onde
foram praticados mais crimes. Se todos os crimes que a pessoa cometeu foram iguais e
a mesma quantidade em todos os lugares, o juiz que tomar conhecimento primeiro
terá competência para julgar) – critério da prevenção (Art 71)
2) Domicílio ou residência do réu
3) Natureza da infração
4) Distribuição
5) Conexão ou continência – não são critérios de fixação e sim
modificação/prorrogação
6) Prevenção
7) Prerrogativa de função

AÇÃO PENAL – AULA 8 – 30/09/2021

Competência – fixação da justiça e juízo – Art 69


6 critérios pra fixação:
8) Lugar da infração
9) Domicílio ou residência do réu (no Direito Penal são sinônimos, não faz diferenciação
igual no Direito Civil): é uma exceção. O domicílio do réu (foro subsidiário) será
utilizado para fixar a competência quando não se sabe onde o crime ocorreu.
Se tiver mais de uma residência ou domicílio, aplica-se a prevenção (vamos ver daqui a
pouco – Art 72, parágrafo 1).
Foro de eleição: na ação penal privada exclusiva, o querelante poderá escolher
(critério optativo) entre o ligar da infração e o domicílio ou residência do réu (Art 73),
10) Natureza da infração: em razão da matéria envolvida. Ex: temos a justiça militar para
julgar crimes militares.
Critério utilizado para fixação da Justiça competente (justiças militar, eleitoral, federal
e, subsidiariamente, estadual).
Serve também para, após fixação do foro, definir qual o Juiz competente (ex: tem
comarcas onde tem um juiz específico que julga crime patrimonial).
É a lei de organização judiciária, estadual ou federal, que irá determinar a competência
do juiz, fixando critérios variados para sua determinação.
Crimes dolosos contra a vida – regra geral: tribunal do júri.
11) Distribuição: No caso de existência de vários juízes na comarca, deve-se verificar se
todos possuem competência plena ou não para conhecimento das infrações penais.
Caso esteja presente a competência plena em todos os juízes, se procede a fixação do
juiz competente pela distribuição (Art 75). A distribuição dos casos quando tem vários
juízes é feita de forma eletrônica e aleatória.
12) Conexão ou continência – não são critérios de fixação e sim
modificação/prorrogação:
Eles apenas modificam a competência pois tiram de um juiz e passam para outro.
Conexão (Art 76, CPP): é o vínculo entre 2 ou mais infrações penais (crimes), que, em
regra, enseja a união entre o feitos para facilitar a produção da prova e evitar decisões
contraditórias. Então nos casos onde houver conexão, um só juiz julgará aqueles 2 ou +
crimes (geralmente juntam tudo no mesmo inquérito, e consequentemente no mesmo
processo). Espécies:
a) Material: a matéria do crime é a mesma
- intersubjetiva: oque vai ligar o julgamento são as pessoas que cometeram o
crime. Então temos vários crimes, e várias pessoas envolvidas que estão ligadas.
Essa ligação pode ser por:
• simultaneidade: várias pessoas praticando crimes ao mesmo tempo, mas não
há prévio ajuste entre os agentes. Ex: um caminhão contendo cerveja sofreu um
acidente (capotou), e todas aquelas embalagens de cerveja ficaram espalhadas
pela estrada. Ai várias pessoas que viram aquilo, ao invés de providenciarem
socorro para o motorista, começaram a pegar (furtar) aquelas cervejas que caíram,
e também as que ainda estavam no caminhão. As pessoas não combinaram de ir
todo mundo e pegar, mas acabaram ocorrendo vários furtos ao mesmo tempo por
várias pessoas. Todos esses furtos serão julgados pelo mesmo juiz. Imagina se
fossem julgados por juízes diferentes e alguns fossem absolvidos e outros
condenados, ia ser contraditório. Então é julgado por um só juiz, para que ou
condene todo mundo ou absolva todo mundo.
• concurso: ex: eu, você e mais 3 pessoas combinamos de sair e praticar vários
crimes. Todos nós precisamos ser julgados pelo mesmo juiz. Então aqui difere do
simultaneidade porque aqui as pessoas combinam de cometer aqueles crimes
todas juntas, na simultaneidade não, é uma coincidência.
• reciprocidade: ex: aquelas brigas onde todo mundo bate e apanha ao mesmo
tempo (tipo briga de time em final de jogo). Ai apura tudo num processo só. Ex2:
calúnias praticadas de forma recíproca – eu viro pra você e falo: “seu filho de tal”,
e você vira pra mim e fala: “você que é filho de tal”
- objetiva (Art 76, II): eu pratico mais de um crime sendo que um pode ser para
esconder/amenizar o outro ou pode ser para ter subsídios para a prática do
próximo crime (facilitar a prática do próximo crime).
• teleológica: eu cometo o crime já querendo no futuro cometer o outro (então
eu pratico um crime com o objetivo de praticar outro, para possibilitar a prática do
outro). Ex: eu compro uma arma ilegalmente para matar alguém. Então eu cometo
o primeiro crime já com a intenção de praticar o outro.
• sequencial: ex: o cara mata alguém e depois destrói o corpo na sequência.
Então ele destruiu para esconder que matou.
b) Instrumental/probatória: quando a prova de uma infração influir (interferir) na
prova de outro crime. Ou seja, pra provar um dos crimes, eu preciso primeiro
provar o outro. Ex: eu furtei um veículo, e o Vladimir comprou de mim sabendo
que era Furtado. Eu cometo furto e ele cometeu receptação. Então para provar a
recepção eu preciso provar o furto, logo, têm que ser julgados pelo mesmo juiz no
mesmo processo.
Continência: ocorre quando um fato criminoso engloba outro fato de desta natureza. É
o vínculo que une vários infratores a uma única infração (concurso de agentes), ou a
ligação de várias infrações por decorrerem de conduta única, ou seja, resultarem do
concurso formal de crimes.
Quando uma situação abrange outra, uma coisa está contida na outra. Exemplos:
a) Continência subjetiva: uma infração praticada por duas ou mais pessoas em
concurso. Se uma dessas pessoas tiver prerrogativa de função, todos os outros vão
ter também.
b) Continência objetiva:
- quando com uma ação a pessoa prática diversos crimes. Ex: uma pessoa dirigindo
embriagada acaba matando 2 pessoas e ferindo outras 3. Então foram 2
homicídios e 3 lesões corporais = 5 crimes. Cada um desses crimes vai pra um juiz
diferente? Não, vão todos para o mesmo juiz.
- aberractio delicti: quando eu quero cometer um crime, mas a minha ação gera 2
ou mais crimes (ex: eu atiro um tijolo pra quebrar a janela da casa do meu inimigo
mas acabo acertando a cabeça de uma pessoa lá dentro e essa pessoa morre).
Esses crimes serão julgados pelo mesmo juiz.
- aberratio ictus: eu quero cometer um crime contra uma pessoa, mas por um erro
cometo contra outra.
**Foro prevalente (Art 78, CPP):
a) Competência do juri e de outro órgão da jurisdição comum prevalecerá a do
júri: então se tiver conexão/continência e um dos crimes tiver que ser julgado
no tribunal do júri, todos os outros serão puxados para o tribunal do júri. A
não ser que no meio desses tenha um crime eleitoral, aí o eleitoral terá que
ser julgado separadamente pela justiça eleitoral
b) Concurso de jurisdições de mesma categoria: prepondera o local da infração a
qual for cominada mais grave (reclusão é mais grave que detenção, que é mais
grave que prisão simples). Se a pena máxima formigão, usa-se a que tem a
maior pena mínima
c) Sendo iguais as penas, prevalece o local onde foi praticado o maior número de
crimes
d) Critério de prevenção: quando não der pra aplicar nenhum dos outros critérios
aplica-se esse: o primeiro juiz que tomar conhecimento do caso puxada para si
todos os outros
e) Concurso entre jurisdições diversas: prevalece a mais graduada: ex: se um dos
crimes tem que ser julgado pelo TJ, todos serão puxados para o TJ.
Se tiver uma conexão entre justiça estadual e justiça federal, puxa pra justiça
federal.
f) Concurso entre jurisdição comum e jurisdição especial (eleitoral): prevalecerá
a especial
***Tem casos em que não dá para os crimes serem julgados juntos no mesmo
foro, um não puxa o outro, são eles:
- jurisdição comum (crimes comuns) e jurisdição militar (infrações militares)
- jurisdição comum (maiores de idade) e a do juízo da infância e juventude
(menores de idade)
- superveniência de doença mental: se o agente ficar inimputável, o processo
ficará suspenso, aguardando-se recuperar a sanidade, e o outro agente que está
são seria julgado.
- fuga de correu que não pode ser julgado à revelia: havendo outros réus, separa-
se os processos
13) Prevenção
14) Prerrogativa de função: fixar a competência em razão da pessoa que praticou o crime.
Pessoas com alto grau de poder (dentro do poder executivo/legislativo), com um cargo
muito alto, devem ser julgados por um juiz específico, que está num nível mais
elevado. Ex: deputado federal – só pode ser julgado pelo STF.

AÇÃO PENAL – AULA 9 – 07/10/2021

Competência – fixação da justiça e juízo – Art 69


6 critérios pra fixação:
15) Lugar da infração
16) Domicílio ou residência do réu
17) Natureza da infração
18) Distribuição
19) Conexão ou continência – não são critérios de fixação e sim
modificação/prorrogação:
Separação de processos – facultativa (nesses casos o juiz escolhe separar ou não) – Art
80, CPP
- Quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou lugares
diferentes
- Quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão
provisória (imagina se tem 10 réus, e cada um chama 8 testemunhas. O juiz vai levar
pelo menos uns 15 dias pra ouvir todo mundo, vai demorar. Por isso ele pode escolher
separar os processos, pra ser mais célere).
- Outro motivo relevante que o juiz reputar conveniente a separação
20) Prevenção: critério residual aplicado quando dois ou mais juízes poderiam conhecer o
caso, ou quando não se estabeleceu a competência por outros critérios. Então é um
critério coringa, você utiliza quando não conseguir encaixar nenhum dos outros
critérios (ex: quando o crime for cometido numa fronteira entre estados – eu não
tenho como dar certeza se foi cometido no estado 1 ou 2).
O primeiro juiz que tomar ciência do caso (que primeiro decidir algo naquele processo)
é oque será competente para julgar o processo.
Casos em que será aplicado o critério da prevenção:
- quando for incerto o limite territorial
- se o crime for continuado ou permanente e se estender pelo território de mais de
uma jurisdição (ex: num crime de sequestro o réu foi levado para campinas, Santa
Catarina, Minas Gerais)
- quando não se sabe o local do delito e o réu tem mais de uma residência, não possui
residência, ou é desconhecido seu paradeiro.
- quando há conexão entre 2 ou mais infrações e não ocorrendo a solução pelas regras
do Art 78, II, a e b, a competência também é fixada pela prevenção
- quando não se sabe qual critério aplicar.
21) Prerrogativa de função: porque temos essa regra? Colocaram esse critério para que o
juiz não se sentisse diminuído ao julgar uma autoridade, porque imagina por exemplo
um juiz de uma cidadezinha no interior ter que julgar o Presidente da República, o juiz
pode se sentir pressionado, afetado na sua imparcialidade. Então tem que ser
colocado um juiz que esteja no mesmo patamar de poder que essa autoridade que vai
ser julgada. Quanto maior a autoridade, maior o tribunal que a julga. Mas isso só se
aplica se a pessoa estiver exercendo sua função, se for um ex promotor por exemplo,
ele vai ser julgado por um juiz comum (por que não exerce mais o cargo de
autoridade).
Pela regra de conexão muitas vezes pessoas comuns são julgadas pelo tribunal. Ex: se
eu sou promotora e pratico um crime junto com o meu estagiário, nós dois seremos
julgados no TJ, porque o meu cargo de autoridade vai puxar o meu estagiário (que
deveria ser julgado por um juiz comum) para lá também.
- STF: é o maior tribunal que nós temos, o mais importante. Julga:
• no poder executivo: presidente e vice presidente, ministros de estado, AGU,
presidente do banco central e o controlador geral da União.
• no poder legislativo: deputados federais e senadores
• no poder judiciário: membros do STF e dos tribunais superiores.
• procurador geral da república, comandantes das forças armadas, membros do TCU e
chefes de missão diplomática permanente
- STJ: julga:
• no poder executivo: governadores
• no poder legislativo: não há
• no poder judiciário: membros do TRF, do TER, TJs e TRT
• membros dos tribunais de contas do Estado e município, membros do MP da união
que atuam nos Tribunais.
- TJ:
• executivo: prefeitos
• legislativo: deputados estaduais
• judiciário: juízes de direito
• membros do ministério público estadual
- TRF: julga
• executivo: prefeitos – crimes federais
• legislativo: deputados estaduais – crimes federais
• judiciário: juízes federais, do trabalho e militares da União
• membros do MP da União (MPF, MPT, MPM, MP do DF)
Generalidades
- inexistência de prerrogativa de função por ato de improbidade administrativa (então
esses casos são julgados por um juiz comum).
- se a pessoa perdeu o cargo ela será julgada por um juiz comum (ex: se o prefeito
comete crime ele é julgado pelo TJ. Vamos supor que ele está sendo julgado por um
crime no TJ e aí ele não é reelegido e o processo ainda está rolando. O processo vai
sair do TJ e vai para o juízo de primeiro grau – juiz comum).
- renúncia ao mandato ou aposentadoria voluntária, visando deslocar a competência e
frustrada o princípio do juiz natural, não elide o foro por prerrogativa de função. Ex: a
autoridade está sendo julgada no TJ, vê que vai ser condenada e aí renuncia o cargo
para que o processo seja julgado novamente no juízo comum. Se for percebido isso, o
processo continuará na instância que ele está.

Sujeitos processuais (Art 251 a 281, CPP)


São as pessoas que atuam no processo. Se dividem em:
1) Principais: aqueles que fazem parte da relação jurídica processual – o juiz e as partes
(aquele triângulo que sempre estudamos: juiz, autor e réu)
2) Secundários: são as outras pessoas que atuam no processo mas que não fazem parte
da relação jurídica processual (ou seja, todo mundo que faz parte do processo e não é
juiz, autor e réu): são os peritos, assistente do MP, servidores de justiça, testemunhas,
etc.
Juiz penal (Art 251 a 256, CPP): é o sujeito imparcial (o juiz é SUJEITO imparcial e não PARTE
imparcial. Não tem como algo ser parte e ser imparcial, é a mesma coisa que dizer que algo é
claro e escuro ao mesmo tempo), o órgão técnico, monocrático (primeira instância) ou
colegiado (tribunais), que substituindo a vontade das partes irá dizer o direito. Para garantir a
imparcialidade são cabíveis as exceções de parcialidade e suspeição (vamos estudar isso).
É importante observar que o juiz só age mediante provocação (órgão inerte), entretanto, uma
vez provocado, não pode declinar do poder-dever de entregar a prestação jurisdicional
(princípio da inafastabilidade da jurisdição).
Como se tornar juiz no Brasil?
- Regra geral: o acesso à magistratura de 1 grau (juiz comum) ocorre através de concurso
público de provas (4 fases) e títulos (existem títulos que contam pontos. Por exemplo, se você
tem mestrado, doutorado, conta pontos – pode servir para desempate) – Art 93, I, CF.
- Tribunais (sem contar o STJ e STF): são compostos tanto por juízes de carreira vindos do
primeiro grau (quando o juiz comum é “promovido”), como por membros do MP e da
advocacia – é a regra do 1/5: um quinto dos membros de cada tribunal tem que ser composto
por advogados e membros do MP.
- Outros critérios de composição: STF e STJ – os ministros são escolhidos pelo Presidente da
República (tem que ser maior de 35 e menor de 65 anos), após a aprovação do Senado
Federal. Art 101 a 104, CF.
- Eleição: Juiz de Paz (juiz que faz casamento, pode julgar pequenas causas, etc. Aqui em SP
não tem ainda). Art 98, II, CF.
**Impeditivos: rol taxativo – causa objetivas.
O juiz deve ser competente e absolutamente imparcial. Então para que seja garantida a
imparcialidade, a lei coloca alguns freios – impedimento, suspeição, e incompatibilidade:
Impedimento (ele não pode julgar nesses casos): Art 242, CPP: “o juiz não poderá exercer
jurisdição no processo em que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral
até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, órgão do Ministério Público,
autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito;
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou servido como testemunha;
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou de direito,
sobre a questão;
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em linha reta ou colateral
até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito (ex: não posso
julgar um caso onde minha mãe é réu)”
Incompatibilidade:
Não podem servir no mesmo processo juízes que sejam parentes (consanguíneos). Não
podemos eu, meu pai e minha irmã sermos juízes num tribunal.
Complementando a regra estatuída pelo Art 252 do CPP, o Art 253 ainda assinala que “nos
juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre si parentes,
consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive”.
Existe previsão de hipóteses de incompatibilidade, ainda, no Art 462 do CPP, que trata da
incompatibilidade entre jurados.

AÇÃO PENAL – AULA 10 – 14/10/2021

Voltando na matéria de competência, o professor esqueceu de passar um slide quando


estávamos estudando isso, e passou agora. Então segue:
Transferência de valores bancários ou cheque sem fundo.
Art 70, parágrafo 4, CPP: “§ 4º Nos crimes previstos no art. 171 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 (Código Penal), quando praticados mediante depósito, mediante
emissão de cheques sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado ou com o
pagamento frustrado ou mediante transferência de valores, a competência será definida pelo
local do domicílio da vítima, e, em caso de pluralidade de vítimas, a competência firmar-se-á
pela prevenção”. Ex: golpes no WhatsApp que fazem a vítima depositar dinheiro em contas
com a promessa de que vai receber em dobro porque é está comprando uma ação.
Nesses casos o local do crime será o local de domicílio do réu.

Sujeitos processuais (Art 251 a 281, CPP)


Juiz penal (Art 251 a 256, CPP):
Suspeição
Presunção relativa de parcialidade. O juiz deve se declarar suspeito ou pode ser recusado pelas
partes. Se diferencia do impedindo pois no impedindo é objetivo, fácil de identificar. Já na
suspeição é preciso uma investigação mais a fundo, é mais difícil de provar.
Deve ser alegado de ofício pelo juiz. Se ele não alegar, qualquer das partes pode fazê-lo.
Art 254, CPP.
Causas de suspeição:
I – por amizade íntima ou inimizade capital (com qualquer das PARTES – autor/réu);
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato
análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia (porque o juiz pode querer absolver a
pessoa de forma a criar uma jurisprudência para que ele também seja absolvido);
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,
sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes;
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
Observações: não há suspeição por amizade íntima ou relacionamento, entre juiz, promotor e
advogados da comarca (só se for com as partes, aí sim haverá suspeição) e nem se considera
aconselhamento da parte a natural troca de opiniões técnicas de teses jurídicas, ainda que
relacionada com casos concretos.
O impedimento ou suspeição, decorrente de parentesco por afinidade cessará pela dissolução
do casamento, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o casamento sem
descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado
de quem for parte no processo (Art 255)
A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de
propósito der motivo para criá-la (ou seja, se a parte gerar uma inimizade com o juiz de
propósito só pro juiz ser tirado daquele caso, isso não ocorrerá, o juiz julgada aquele
processo).
Poderes
Concedidos ao juiz para o exercício de suas funções
1) Poderes de polícia ou administrativos: consistentes em atos mantenedores da ordem
do processo (limita a atuação dos indivíduos para que o processo ocorra normalmente.
Ex: uma das partes se exalta, e aí o juiz bate na mesa e fala: ordem no tribunal. Então
não tem nada a ver com o julgamento em si, serve para dar andamento ao processo).
São poderes instrumentais utilizados para limitar a atuação dos indivíduos, com o
escopo de assegurar a ordem, impondo assim disciplina, para o coreto
desenvolvimento dos trabalhos
2) Poderes jurisdicionais:
A) Poderes meios: são aqueles que visam conduzir os atos processuais até a
sentença. Podem ser ordinatórios (destinados a dar sequência aos atos
processuais) e instrutorios (destinados a colheita de provas). Então são os atos que
o juiz pratica para manter a ordem do procedimento, para conhecer o processo.
B) Poderes fins: compreende os de decisão (julgamento) e os de execução
(cumprimento efetivo do decidido)
Prerrogativas:
1) Autonomia administrativa e financeira (Art 99, CF)
2) Independência funcional ou jurídica: quando o juiz vai julgar ele não pergunta pros
outros como ele tem que julgar. Ele decide se vai absolver, condenar, etc, de acordo
com oque ele entende (ou seja, ele não tem um “chefe” pra ficar perguntando oque
tem que fazer)
3) Ingresso na carreira mediante concurso público de provas e títulos (Art 93, I, CF)
4) Foro especial (o juiz será julgado em foro especial – já estudamos)
5) Promoção para entrância superior por antiguidade e merecimento (Art 93, II, CF)
6) Art 95, CF: vitaliciedade (após 2 anos de exercício do cargo, ele somente pode ser
mandado embora através de uma ação judicial), inamovibilidade (em regra ele não é
retirado de uma cidade/comarca por estar desagradando alguém), irredutibilidade de
vencimentos (independente de quantos processos ele julgar, o salário será o mesmo
todo mês, não pode receber menos em um mês porque julgou poucos processos
Vedações (Art 95, parágrafo único, CPP)
1) Vedados de exercerem outro cargo ou função, salvo magistério (professor).
2) Receber a qualquer título ou pretexto, distas ou participação em processos (ele não
recebe uma porcentagem do valor de cada processo, igual um advogado)
3) Dedicar a atividade político partidário
4) Receber, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas
5) Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 anos
do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração (então se ele se aposentou
em 2020, não pode atuar como advogado naquela comarca antes de 2023).
Ministério público (Art 257 a 258, CPP):
É o autor da maioria das ações (visto que a maioria das ações são públicas incondicionais). É
essencial ao poder judiciário (sem a provocação do MP o juiz não pode julgar) mas não é parte
dele.
Conceito: é uma instituição permanente, essencial a função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático (porque a Lei é produto da
democracia) e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, ex: direito à vida (Art 127, CF).
Na esfera penal, o MP é a instituição de caráter público que representa o Estado-
Administração, expondo ao Estado-Juiz a pretensão punitiva.
CF – autor da ação penal e o controle externo da atividade policial – é o MP que recebe todo o
trabalho da polícia para decidir se vai ou não ingressar com ação ou não, é ele que vê se a
polícia está agindo dentro da lei, etc (Art 129, I e VII). Pode requisitar diligências e a
instauração de inquérito policial. As funções somente podem ser exercidas por integrantes da
carreira, não se admitindo a figura do Promotor ad hoc.
Ao MP cabe: promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste
código e fiscalizar a execução da Lei (costumasse dizer que o MP é uma parte imparcial, mas
ele não é imparcial, ele quer que seja aplicada a lei ao caso concreto, quer que seja
reconhecido o direito de punir) – Art 257.
O MP é parte do processo mas não pode ser movido por paixão, raiva, tristeza, etc. O
promotor tem que ser profissional (ele deve ter uma antipatia com o crime e não com a pessoa
que supostamente cometeu o crime).
Isenção: como a possibilidade de impetrar habeas corpus; recorrer em favor do réu; seus
membros estão sujeitos a disciplina das suspeições e impedimentos, etc.
Os mementos do MP não se encontram subordinados, quer ao Poder Executivo, que ao
Judiciário, possuindo total independência (assim como o juiz).
Atuação:
Parte principal (autor ou substituto processual, titular da ação pública e preponente da ação
civil ex delicto, quando for pobre o ofendido) e parte secundária (assistente na Ação Penal
Privada – Art 45, CPP).
O MP poderá, também, impetrar mandado de segurança contra ato judicial.
Princípios: independência funcional, unidade (você pode ter 4 promotores trabalhando no
mesmo processo, um pode substituir o outro, etc), indivisibilidade (o promotor ao atuar no
processo representa todo o MP).
Requisitos para ingresso na carreira
São exigíveis as mesmas condições exigidas para o cargo do magistrado (juiz).
O ingresso na carreira se da mediante concurso público de provas e títulos, sendo exigido
bacharelado em Direito e 3 anos de atividade jurídica.

AÇÃO PENAL – AULA 11 – 21/10/2021

Sujeitos processuais (Art 251 a 281, CPP)


Juiz penal (Art 251 a 256, CPP)
Ministério público (Art 257 a 258, CPP):
Vedações (Art 128, II, CF):
- receber percentagens e custas processuais (o MP não pode receber vantagens, honorários,
nos processos que ele atua)
- exercer advocacia
- participar de sociedade comercial (não pode ter uma empresa onde será diretor, sócio, etc)
na forma da lei
- exercer qualquer outro cargo ou função, salvo de magistério
- exercer atividade político partidária (não pode ocupar cargo político)
- exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 3 anos do
afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
- não podem, também, representar judicialmente entidades públicas e nem lhes prestar
consultoria (o promotor não pode chegar e dizer oque o município deve fazer juridicamente,
ou atuar como representante judicial do município)
- possuem ainda o dever de obedecerem a atos processuais (tocar o processo de forma
adequada); desempenhar com zelo e presteza suas funções, etc (tem que atender as pessoas,
conhecer os processos, estudar).
- o CPP dispõe que aos membros do MP as mesmas vedações, no que toca aos impedimentos e
suspeições dos juizes, visando garantir a sua imparcialidade (Art 258)
Querelante
É a vítima ingressando com a ação na ação penal privada, ou seja, é o autor.
Conceito: é o autor nas ações penais privadas (pouco importa a espécie), sendo o ofendido,
seus representantes ou sucessores (no caso da vítima ter falecido) quem assumem o polo ativo
da relação processual. Tem-se aqui a legitimação extraordinária ou substituição processual.
Acusado e defensor (Art 259 a 267 do CPP)
O acusado é o réu e o defensor é o advogado dele. Porque temos essas duas figuras juntas?
Para garantir a ampla defesa e a paridade de armas (quem acusa em regra geral é o promotor,
que é bacharel de Direito e foi aprovado no concurso, já a maioria dos acusados são pessoas
leigas, que não conhecem o Direito. Portanto estes precisam de um advogado, para poder
equilibrar a situação).
Acusado: é aquele em face de quem se deduz a pretensão punitiva; é o sujeito passivo da
relação processual penal. Nota-se que a qualidade de réu é personalíssima, somente pode ser
acusado quem praticou ou participou do crime (ex: eu não posso responder por um crime que
meu pai cometeu)
Expressões utilizadas: acusado, imputado ou réu (ação penal pública) e querelado (ação penal
privada). Somente adquire esta qualidade após oferecimento da denúncia ou queixa.
A pessoa jurídica pode ser sujeito passivo de processo criminal – Art 3 da Lei 9.605/98
Podem ser acusados dentro do processo penal, a pessoa física (maior de 18 anos) e jurídica
(em crimes ambientais)
A ação penal somente pode ser oferecida em face de pessoa individualizada (preciso deixar
claro pro juiz quem é a pessoa que estou acusando. Se eu vi quem praticou o crime, mas não
sei o nome, eu farei uma descrição para a polícia identificar) e devidamente identificada (Art
41, CPP)
Identificação: é a individualização do acusado perante as demais pessoas. São dados que
individualizam a pessoa: o nome, o prenome, o estado civil, a profissão, a filiação, o apelido, a
residência e a idade. Eventual erro quanto a identificação nominal, desde que certa a
identidade física do acusado, não impede a propositura nem o desenvolvimento da ação penal,
mas havendo erro o processo é nulo.
A impossibilidade de identificação não impede a propositura da ação penal, quando certa a sua
identidade física (Art 259)
Presencial do acusado (Art 260): é direito de toda pessoa que está respondendo processo
criminal, estar presente naquele processo.
Não é obrigatória, ficando a critério da defesa a decisão. Ele será citado, e fica a critério dele
comparecer. Entretanto, a presença poderá contribuir para sua defesa, quer apresentando a
versão sobre os fatos, quer auxiliando o advogado nas perguntas.
A presença é um ônus processual (ele não é obrigado a exercer esse direito, mas se não
exercer poderá ser um pouco prejudicado na sua defesa) e não uma obrigação. Em nenhuma
hipótese a ausência gera presunção de sua culpabilidade.
O Art 260 do CPP dispõe que o juiz poderá determinar a condução coercitiva do acusado,
quando entender que sua presença é indispensável. Há uma discussão muito grande se isso é
ou não inconstitucional.
Defensor
É o representante do acusado em juízo, que age em nome e no interesse dele. Defensor realiza
os atos que consubstanciam a defesa técnica (onde é necessário o conhecimento do Direito),
sendo este indisponível. Defesa é a atividade de oposição a pretensão punitiva.
Natureza jurídica: é a de representante do réu, cuja função é assisti-lo tecnicamente,
garantindo a paridade das partes, em como representá-lo no processo. Ele não é parte.
A defesa técnica é indispensável (Art 261), enquanto é a autodefesa é dispensável.
Espécies:
Constituído: nomeado pelo réu por procuração ou indicado por ele de viva voz (constituição
apud acta – ex: o juiz pergunta: “você é advogado dele?” Aí o advogado responde que sim e o
juiz pede a procuração. O advogado do réu vira e fala pro réu: “você me constitui seu
advogado?” E o réu diz que sim. O juiz não poderá exigir a procuração), ou seja, o réu escolhe
o advogado. Aqui temos a figura do procurador.
Dativo: é o advogado “dado”pelo juiz quando o réu não constitui seu advogado. Nomeado pelo
juiz ao teu e ocorre geralmente após a citação, em face da inércia dele indicar advogado para a
defesa. Não depende da situação econômica do réu, tendo como pressuposto, apenas, a não
constituição de procurador. Porém que não for pobre será obrigado a pagar os honorários do
defensor dativo arbitrados pelo juiz.
Ad hoc: nomeado pelo juiz para atos processuais determinados na hipótese do defensor dativo
ou constituído, apesar de intimado, não comparecer e nem apresentar justificativa para a
ausência (Art 261, parágrafo único). Ou seja, o réu já tem um advogado mas no momento de
realizar determinado ato processual o advogado não comparece e não da justificativa. O juiz
para não adiar, nomeia um advogado só para aquele ato específico (para os outros atos, volta
o advogado constituído pelo réu).
Observações:
O defensor deve ser advogado ou defensor público. Ele deve sempre buscar uma decisão
favorável ao seu constituinte (Art 2, parágrafo 2, Estatuto da OAB) – pode até pedir a
condenação do réu, mas sempre buscando um benefício a situação deste.
O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo imperioso, comunicado
previamente o juiz, sob pena de multa de 10 a 100 salários mínimos, sem prejuízo das demais
sanções cabíveis. Em abandonada a causa, o advogado deverá ficar à disposição da parte
durante o prazo de 10 dias.
Não funcionarão como defensores os parentes do juiz.
Assistente de acusação (do MP) – Art 268 a 273, CPP
Se em uma ação penal pública (autor é o MP) uma vítima tiver interesse em ser feita justiça, ou
tem interesse patrimonial, ela pode contratar um advogado e entrar como assistente de
acusação para atuar junto com o MP nesse caso (então a vítima que entra, mas é claro que é o
advogado que vai representá-la, que intermediará, que será o assistente)
Conceito: é a posição ocupada pelo ofendido, quando ingressa no feito, atuando, ao lado do
MP, no polo ativo.
Na ação penal pública (não há na ação privada), o ofendido, seu representante, ou na falta
deste, cônjuge/companheiro, o ascendente, o descendente e o irmão, podem intervir como
assistente do MP, por intermédio de advogado, para reforçar a acusação e acautelar a
reparação civil.
É possível assistente de acusação em delito na qual a Administração Pública seja vítima.
Interesse: público (combate à criminalidade e auxílio na administração da justiça) + particular
(interesse na reparação civil – ou seja, dinheiro, indenização)
Âmbito de atuação: em todas as ações penais públicas, do oferecimento da denúncia até o
trânsito em julgado.
Tribunal do júri: somente será admitido se tiver requerido sua habilitação até 5 dias antes da
data da sessão na qual pretenda atuar (Art 430, CPP)
Habilitação:
- pedido de admissão (a vítima, pede ao juiz para que o advogado seja assistente de acusação)
- oitava do MP
- decisão do juiz (o juiz não pode dizer não, o único motivo que cabe uma negativa é se a
pessoa que está pedindo não for réu)
- da decisão dada pelo juiz não cabe recurso, mas cabe mandado de segurança.
Atividades:
- Propor meios de prova e reperguntar as testemunhas, depois do MP.
- Aditar (acrescentar algo) a manifestação do MP em sede de júri, arrolando testemunhas
- Aditar articulados (peça)
- Participar de debate oral
- Arrazoar recursos interpostos por ele e pelo MP
- Contrarrazoar recursos da defesa

AÇÃO PENAL – AULA 12 – 28/10/2021

Sujeitos processuais – continuação


Auxiliares da justiça (Art 274 a 281, CPP)
Servidores do Poder Judiciário, ou por dever funcional ou eventualidade de determinada
situação.
a) Permanentes
- distribuidor
- escrivão
- escreventes
- oficial de justiça: presta serviços fora do fórum
- auxiliares
b) Eventuais (auxiliam em alguns processos específicos, não em todos)
- peritos: auxiliar especialista em determinada matéria, que deve esclarecer ao juiz
matérias fora da área jurídica. Pode ser oficial ou não oficial. Perito é do juiz e não das
partes (então o perito auxilia o juiz em temas específicos. Ex: se tem em caso que
precisa ser analisado um tipo de ferimento pra saber as possíveis causas, etc. ai o
perito tem que ser o médico). Só tem um tema que o juiz não pode pedir perícia: a
área jurídica (pois considera-se que o juiz é exímio conhecedor do Direito).
Não podem ser peritos: os que estiverem sujeitos a interdição de direito mencionada
no Art 47, I e II, CP; os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado
anteriormente sobre o objetivo da perícia; os analfabetos e os menores de 21 anos.
- tradutores: aquele que faz a tradução de um documento em língua estrangeira para
o português
- intérpretes: também faz a tradução mas atua mais na fala. Ex: o réu só fala inglês,
então o intérprete vai ficar fazendo a tradução simultânea.
Aplicam-se as mesmas causas de ser suspeição do juiz aos servidores processuais
Assistente de defesa
Está colocado no estatuto da ordem dos advogados (Art 49, parágrafo único, Lei 8907/94).
Existe em poucos processos.
Sujeito processual que visa garantir a paridade de armas, reforçando a defesa já efetuada por
um advogado. Então seria basicamente um sujeito que vai auxiliar o advogado da parte, para
garantir mais igualdade.
Outros casos citados pela doutrina: o responsável civil, que auxilia a defesa do réu para que
possa ser beneficiado na esfera civil. Ex: se um motorista de uma empresa atropela alguém no
horário do serviço, a vítima pode querer pedir indenização da empresa em si. Então se isso
acontecer, o futuro réu (dono da empresa, sócio), pode pedir um responsável civil para ajudar
na sua defesa.

Questões prejudiciais (Art 92 a 94, CPP)


Existem casos em que, para o juiz decidir se a pessoa cometeu o crime ou não, ele precisa
resolver uma outra questão antes. Se não resolver a questão, não tem como dar a sentença.
Ex: eu aviso o Carlos de ter furtado o meu carro, aí o Carlos vira e fala que tirou sim o carro de
mim mas não foi furto porque o carro era dele. Antes do juiz decidir se houve ou não furto, ele
precisa determinar quem era o proprietário do carro.
Conceito: questões de fato e de direito que, por necessidade lógica, devem ser analisadas
antes da principal e podem, em tese, ser objeto de processo autônomo. Elas se apresentam no
curso da ação e devem ser resolvidas antes da questão principal discutida.
Características:
1) Anterioridade lógica: decide-se ou aguarda-se a decisão da questão incidente e,
posteriormente, julga-se o mérito
2) Necessariedade: a questão prejudicial sempre subordina o exame da questão principal
(não tem como resolver a questão principal se não resolver primeiro a prejudicial).
3) Autônoma: pode ser objeto de processo autônomo
4) Competência: é julgada pelo próprio juiz penal, mas pode, excepcionalmente, ser
julgada pelo juízo civil.
Natureza: homogênea (pertence ao mesmo ramo do direito da questão principal – quando as
duas questões são de direito penal. Ex: uma pessoa está sendo acusada de receptação. Antes
da pessoa ser condenada pela receptação, o juiz tem que definir se realmente aquele objeto
foi furtado/roubado) e heterogênea (pertence o ramo de direito distinto)
Efeito: obrigatória/necessária (suspende o processo e o juiz criminal não pode julgá-la. O juiz
vai ter que esperar a questão ser resolvida no civil e depois julga o processo criminal Ex:
questão de estado de pessoas – se alguém é filho de alguém, se alguém é casado com alguém)
e facultativa (suspensão facultativa, pois o juiz criminal pode ou não analisá-la. Ex: questão de
propriedade).
Abrangência: total (condiciona a existência do crime. Ex: receptação – furto/roubo anterior. Se
não tiver ocorrido o roubo/furto, ele não cometeu o crime de receptação) e parcial
(circunstância do tipo penal).
Competência: não devolutiva (o juiz criminal decide), devolutiva absoluta (o juiz civil deve
obrigatoriamente decidir), devolutiva relativa (pode ou não ser julgado pelo juiz criminal, que
pode remeter a questão para o civil)
Soluções – sistema eclético juiz penal ou juiz civil (ou seja, em alguns casos será decidido pelo
juiz penal e eu outros pelo civil)
Questões simples: juiz penal decide.
Art 92 – prejudicialidade obrigatória: o juiz deve suspender o processo e remeter ao juiz civil.
Estado civil das pessoas + elementar ou circunstância do crime + controvérsia seria e fundada
Art 93 – prejudicialidade facultativa (juiz pode ou não suspender): não versar sobre estado da
pessoa + competência do juízo civil + difícil solução + não sofrer restrições da lei civil quanto a
prova + ação civil em andamento no momento da suspensão. Marca-se o prazo para a
suspensão. Decorrido sem solução, o juiz penal resolve a questão.
Observações:
- prescrição: suspende-se o prazo durante a suspensão do processo (Art 116, CP)
- atos instrutórios: embora suspenso, o juiz criminal poderá inquirir testemunhas ou
determinar produção de provas que considere urgentes.
- recursos: a decisão que determina a suspensão do processo – RSE (Art 581, XVI, CPP). Da
decisão negatória – não cabe recurso.
- efeito: a decisão do juízo cível vincula o criminal.

Exceções – Art 95, CPP


Uma defesa direta é quando são rebatidas as acusações. A exceção são as defesas indiretas
Conceito: formas de defesas indiretas feitas pelo réu visando extinguir o processo, sem
solução do mérito, ou dilatar o seu exercício (defesa que o advogado do réu faz para que o
direito de ação do autor não seja exercido, ou para que pare e comece de novo – para
conseguir uma prescrição).
Espécies
1) Peremptória: vida por termo a ação (coisa julgada e litispendência)
2) Dilatória: vida postergar/retardar o curso do processo (suspeição, incompetência e
ilegitimidade da parte).

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