Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Oque discutimos dentro do processo penal? Determinadas condutas que causam prejuízo a
sociedade passaram a ser consideradas infrações penais. Então para que possamos ter uma
vida social aceitável, é preciso que as pessoas sigam determinadas condutas. Se com a minha
atitude, eu causar um prejuízo a terceiro, eu serei obrigada a reparar. Essa é a base do direito
Civil. Mas existem condutas que não atingem só terceiros, são mais graves, atingem toda a
sociedade. São atitudes que se muito repetidas, podemos ter a quebra da vida em sociedade, e
para evitar isso, o Estado disse: “essas condutas se praticadas não atingem somente a pessoa
prejudicada, vão atingir também a figura do Estado, e toda vez que essa conduta for praticada,
eu Estado terei o direito de punir”.
Essa punição com intuito de retribuição, prevenção
Aí surge o direito penal. Ele regula a pretensão punitiva do Estado, que é o direito que o Estado
tem de punir alguém que descumpre determinada lei. Se de um lado surge o direito de punir,
do outro lado a pessoa que está sendo acusada quer permanecer em liberdade, e aí vem a lide
penal
Oque é lide penal? Conflito entre o Estado que quer punir e o indivíduo que quer ficar em
liberdade.
Mas existem limites ao direito de punir do Estado, e o Art 5 traz a regrinha de ouro para isso,
que também é a regra de ouro do direito processual penal: “uma pessoa somente poderá
perder a sua liberdade e seus bens através do devido processo legal”.
É isso que estudaremos nessa matéria, como se desenvolve o devido processo legal.
O estado tem o direito de punir, mas como ele pune? O Estado precisa demonstra que aquela
pessoa praticou o crime, porque ninguém pode ser punido se não após a demonstração da sua
culpa, pois todos nós presumidamente somos inocentes. Para poder demonstrar a
responsabilidade criminal de alguém o Estado tem que praticar uma série de atos, investigar,
colher provas, apresentar as provas, etc.
Toda vez que surge a notícia que alguém cometeu uma infração, surge para o Estado o direito
de punir. A notícia chega e o delegado começa a verificar se aquilo tem procedência, o Estado
começa a se movimentar para ver se realmente o crime ocorreu. Aí descobrem que realmente
foi praticado aquele Crime. Então ele entrega toda essa investigação para o MP, e aí se inicia a
ação penal.
Esse movimento do estado, esses atos que ele pratica, para que depois possa efetivar o direito
de punir, é oque chamamos de persecução penal (então persecução penal são todos os atos
do Estado para que posteriormente aplica a pena a alguém, desde que comprovada autoria e
materialidade).
“Praticado o fato delituoso, o direito/dever de punir do Estado são de sua abstração hipotética
e potencial para buscar a existência concreta e efetiva”.
“A aparição do delito faz com que o Estado se movimente visando a satisfação de sua
pretensão”
PERSECUÇÃO PENAL
- caminho que o Estado tem que percorrer para punir alguém. “É o caminho percorrido pelo
Estado-Administração visando a aplicação de uma pena ou medida de segurança àquele que
cometeu uma infração penal”.
A persecução penal se divide em 2 fases:
1) Investigação criminal: delegado vai investigar se o crime ocorreu e quem cometeu. E
vai juntar as provas e entregar todo esse trabalho ao MP. Mas essa investigação não
torna a pessoa culpada, e sim suspeita, investigada, porque todo mundo é inocente
não até que se prove o contrário, mas sim até que seja dada sentença condenatória
transitada em julgado.
Principal instrumento: inquérito policial.
Nessa fase investiga-se a notícia da infração penal visando verifica sua real ocorrência
e quem seria seu autor. A ideia é fornecer elementos ao órgão acusador para a análise
da notícia criminal e, se for o caso, tomar providências, seja realizando acordos, seja
dando início a ação penal. Então só inicia a ação penal se a investigação for frutífera
2) Ação penal: aqui começa o processo. O órgão acusador, em regra, o Ministério Público
ou a vítima (dependendo da titularidade), ingressam com ação penal. Aqui devem se
fazer presentes o contraditório e ampla defesa.
Então essa é a linha:
Infração penal -> investigação preliminar-> ação penal
No fórum
Ao analisar o juiz pode tomar algumas atitudes:
5) Se ele entender que falta coisa, que precisa de mais algumas provas, ele pode devolver
o inquérito para o delegado é dizer que está faltando algo.
6) Pode ordenar o arquivamento quando:
e) Falta de pressuposto ou condição para o exercício da ação penal
f) Ausência de justa causa.
g) Excludente de ilicitude ou culpabilidade, salvo a inimputabilidade.
h) Causa extintivo da punibilidade
Como o arquivamento está previsto no CPP? Temos 2 redações que dispõe sobre o
arquivamento, uma que o pacote anticrime trouxe (novo Art 28, CPP) e outra do antigo
Art 28, CPP.
A redação do pacote anticrime está suspensa, então qual está valendo? A antiga
redação do Art 28, CPP: “Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a
denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
informação (promotor pede o arquivamento para o juiz), o juiz, no caso de considerar
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação
ao procurador-geral (se o juiz discordar do promotor, achar que não é caso de
inquérito, ele vai remeter ao procurador-geral), e este oferecerá a denúncia, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender (se o procurador
entender que o promotor estava correto, ele vai insistir no arquivamento e o juiz terá
que arquivar. Se ele achar que o promotor estava errado, que não é caso de
arquivamento, o procurador poderá ele mesmo oferecer a denúncia ou devolver o
processo para outro promotor entrar com a denúncia)”. Mas o juiz não poderia ele
mesmo decidir que não é caso de arquivamento e oferecer a denúncia? Não, só o MP
pode oferecer a denúncia. Por isso veio a redação do pacote anticrime, onde se o
promotor achasse que é caso de arquivamento, ele submeteria ao seu superior e não
ao juiz (porque o juiz não tem que analisar nada, ele tem que ser imparcial). Mas por
enquanto está suspenso o pacote anticrime, então vale esta antiga redação.
RESUMINDO:
*O Arquivamento é um ato complexo – pedido do promotor + homologação do juiz –
poder judiciário é quem determina o arquivamento.
*Não há previsão de recurso por parte da vítima
*Discordância do juiz – reanálise pelo PGJ (MPE) ou para a Câmara de Coordenação e
Revisão (MPF)
- Concordância – juiz é obrigado a arquivar
- Discordância – PGJ/PGR denuncia ou designa outro promotor para denunciar
O arquivamento do inquérito policial faz coisa julgada? Ou pode ser aberto novamente
o inquérito? A regra geral é que não faz coisa julgada material. Surgindo novas provas,
o inquérito policial pode ser reaberto pela autoridade policial (Art 18, CPP). Há apenas
coisa julgada formal (o inquérito em si está arquivado, mas nada impede que a matéria
seja revista).
Exceções: o arquivamento fará coisa julgada material, quando o arquivado:
- por atipicidade (se aquele fato que trata o inquérito não for crime)
- extinção da punibilidade (ex: seno inquérito foi arquivado por prescrição, não tem
como ser reaberto)
Súmula 524, SFT: arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento
do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
7) Acordo de não persecução penal (Art 28-A, CPP)
8) Denúncia – ingresso da ação penal (Art 24, CPP)
Ação penal é o instrumento que a parte possui para provocar o juiz para que a pena seja
aplicada.