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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Conceitos Introdutórios e Sistemas Processuais Penais


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CONCEITOS INTRODUTÓRIOS E SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS

CONCEITOS INTRODUTÓRIOS

O Direito Penal nada mais é do que condutas que serão atribuídas a determinadas pes-
soas diante da prática de crimes.
O Direito Penal prevê condutas e, se alguém praticar algumas dessas condutas, estará
sujeito a uma sanção penal estabelecida para quem comete aquela conduta delituosa, para
quem pratica uma infração penal.
O Direito Penal traz a previsão de sanções penais para quem pratica infrações penais –
entretanto, para que o Estado exerça o seu jus puniendi (o direito do Estado de punir em face
do pacto social existente), ele tem que exercer o direito de punir em razão daquelas pessoas
que vierem a praticar fatos definidos como infrações penais.

Como o Estado exerce esse jus puniendi?


Como o Estado irá, efetivamente, punir alguém que pratica um fato definido como crime?
Ele precisa seguir uma série de ritos e procedimentos, ele tem que seguir um caminho – o
Estado está limitado a seguir um caminho para exercer o seu jus puniendi, existe um caminho
a ser seguido, um rito a ser seguido para que o Estado exerça o seu direito de punir alguém
que pratica uma infração penal.
O Direito Processual Penal, mais do que caminhos e ritos a serem seguidos pelo Estado,
é uma GARANTIA ao cidadão de que os seus direitos e garantias fundamentais serão res-
peitados: o cidadão sabe que o Estado que quer puni-lo terá que seguir determinados proce-
dimentos, determinados ritos para que venha a puni-lo.
O Direito Processual Penal, como um todo, é, por si só, uma garantia para o cidadão,
uma garantia de que o Estado respeitará os seus direitos e garantias fundamentais para que
possa vir a puni-lo.
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Relação com o Direito Penal



O Direito Penal, muitas vezes, é chamado de Direito Material, é onde estão previstas as
condutas e essas condutas geram sanções penais. Para que essas sanções penais venham
a ser aplicadas é preciso se valer do Direito Processual Penal, muitas vezes chamado de
Direito Instrumental – porque são os instrumentos que o Estado vai utilizar para aplicar as
sanções penais àquelas pessoas que praticaram condutas definidas como infrações penais.
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Propósito do Direito Processual Penal: estabelecer direitos e garantias conferidos a



todo aquele que sofre persecução penal
Por exemplo, Tício praticou uma conduta definida como crime, art. 121 do Código Penal
(crime de homicídio) que prevê pena de reclusão de 6 a 20 anos. A partir do momento da prá-
tica do crime surge para o Estado o seu jus puniendi, o direito do Estado de punir Tício pela
conduta praticada – tem que seguir o processo penal para então efetuar a sua prisão, para
condená-lo por essa conduta.
A PERSECUÇÃO PENAL é tudo aquilo que está compreendido a partir do momento em
que alguém pratica um fato definido como crime, como uma infração penal até o momento
em que há o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
O Direito Processual Penal será utilizado a partir do momento em que alguém pratica um
crime até o momento em que esse alguém é condenado em uma sentença irrecorrível, uma
sentença sobre a qual não cabe mais recurso, porque após a sentença condenatória transi-
tada em julgado o Estado executará a pena – o réu Tício agora inicia o cumprimento da sua
pena e entra em cena um novo Direito, o da Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210).
A persecução penal é a “perseguição” para que Tício venha a ser punido pelo crime que
ele praticou. Essa persecução penal terá algumas fases, umas distintas das outras:
• Fase investigatória – inicia-se a investigação desse delito praticado por Tício;
• Fase do Inquérito Policial (IP) – esta fase se vale da investigação criminal anterior.
Muitas vezes e é perfeitamente comum que isso aconteça, uma investigação criminal
só tem início a partir da instauração do IP: o delegado de polícia instaura o IP e a partir
daí inicia-se a investigação e ambos caminharão juntos. O IP nada mais é do que a
formalização, a documentação do que é investigado. Na maioria dos casos, a investi-
gação se inicia e logo depois se inicia o IP – se há IP também há investigação, mas é
possível que a investigação comece antes numa investigação preliminar;
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• Ação Penal – O delegado de polícia relata o IP, encaminha para o Ministério Público
(MP), por exemplo, um relatório, e este formará a sua opinião, opinio delicti, momento
em que o MP conclui que, de fato, houve crime, há materialidade e indícios de autoria,
e oferece a denúncia. A opinio delicti nada mais é do que a convicção do membro do
MP para oferecer a denúncia. A denúncia é como se fosse a petição inicial da ação
penal, é uma peça encaminhada ao Poder Judiciário (juiz) para que se dê início a ação
penal. O MP também pode optar por determinar o arquivamento do IP.

O juiz pode receber a denúncia e dar início à ação penal. O juiz pode rejeitar a denúncia,
pode concluir que não há indícios de autoria, de materialidade, pode entender que não há
fundamento para instaurar uma ação penal, para receber essa denúncia.
Se o juiz receber a denúncia é porque reconhece indícios de autoria e de materialidade.

A ação penal pode tramitar na 1ª instância, o juiz sentencia, as partes recorrem, segue
para a 2ª instância – o tribunal pode proferir acórdão (sentença colegiada), as partes recor-
rem, pode chegar ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Uma vez que a ação penal condenatória transita em julgado, encerra-se a persecu-
ção penal.
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No Direito Penal, Tício (referido no exemplo), aquele que praticou o crime, é chamado de
autor, de agente, de sujeito ativo.
No Direito processual Penal esse agente, esse autor, sujeito ativo, vai receber diferentes
denominações a depender do momento na persecução penal: durante a fase investigatória
e mesmo durante a fase do IP é chamado de INVESTIGADO ou SUSPEITO; avançando no
IP, pode ser chamado de INDICIADO, quando o delegado de polícia tiver a convicção de que
aquele suspeito, aquele investigado, é quem praticou o delito, o indiciamento só pode ocorrer
no âmbito do IP; na fase da Ação Penal, na fase do processo penal propriamente dito, passa
a ser chamado de RÉU ou de ACUSADO.
• Objeto do Direito Processual Penal: busca pela autoria, materialidade e circunstâncias
do delito.
A busca pela autoria é desvendar, é entender quem praticou a conduta delituosa, quem
praticou a infração penal. O jus puniendi só pode ser exercido sabendo a autoria.
A materialidade é a prova da existência de uma infração penal.
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Como condenar alguém por homicídio se não se sabe que aquela pessoa morreu? No
caso do goleiro Bruno e de Elisa Samudio não havia um corpo, sequer uma filmagem, sequer
uma prova de que tenha sido morta, não havia materialidade definida nesse caso e essa foi
a grande dificuldade enfrentada pelo MP. Mais tarde provou-se a existência dessa materiali-
dade, que havia sido praticado um homicídio, mas não foi tarefa fácil para o MP.
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A persecução penal tem o propósito de buscar a autoria, a materialidade e as circunstân-
cias do crime.
Alguém que pratica um homicídio para ficar com a herança da vítima está numa circuns-
tância X; alguém que pratica um homicídio porque a vítima daquele homicídio havia estu-
prado a sua própria filha, a circunstância é Y – numa há uma qualificadora do homicídio e, na
outra, talvez, um privilégio daquele homicídio, uma diminuição da pena.

SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS

Sistema inquisitório.

• Sistema acusatório.
• Sistema misto ou francês.
O Brasil adota o sistema acusatório, mas não de maneira pura, de uma maneira MITIGADA.
O sistema acusatório puro impede que o juiz realize qualquer ato investigatório, venha a
propor qualquer ato que incida nessa relação processual.
O Código de Processo Penal (CPP) vai de encontro, é contrário ao sistema acusatório.
O art. 5º do CPP permite que o juiz requisite a instauração de IP – o sistema acusatório puro
não admite isso porque o juiz, ao requisitar a instauração de um IP, está se valendo por uma
das partes.
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Inquisitório Acusatório Misto/Francês


• Juiz equidistante das partes (igual-
dade de tratamento entre as partes)
• Juiz, defensor e acusador — 3 per-
• Juiz inquisidor: concentra as fun-
sonagens
ções de julgar, acusar e defender
• Contraditório e ampla defesa
• Ausência de contraditório
• Processo público
• Processo sigiloso • 1ª. fase) inquisitorial
• Provas produzidas pelas partes e
• Processo instaurado pelo juiz e 2ª. fase) acusatória
não pelo juiz
provas produzidas por ele • Não é adotado no Brasil!
• Adotado no Brasil — CF, Art. 129,
• Não é adotado no Brasil
I e CPP, Art. 3-A. O processo penal
• Não respeita princípios e garantias
terá estrutura acusatória, vedadas a
fundamentais
iniciativa do juiz na fase de investi-
gação e a substituição da atuação
probatória do órgão de acusação.

O novo Pacote Anticrime (Lei n. 13.964/2019) traz de maneira expressa no art. 3º-A que
o Brasil adota o sistema acusatório e, em alguns artigos, retira algumas funções do juiz, que
estavam relacionados ao sistema inquisitório como, por exemplo, a prisão preventiva, que
antigamente podia ser decretada de ofício pelo juiz com base na Ação Penal.
Hoje, o juiz não pode mais decretar a prisão preventiva em nenhuma fase.
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DIRETO DO CONCURSO
1. (CESPE/2018/ABIN/OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA) Acerca dos princípios ge-
rais, das fontes e da interpretação da lei processual penal, bem como dos sistemas de
processo penal, julgue o item que se segue.
A publicidade, a imparcialidade, o contraditório e a ampla defesa são características
marcantes do sistema processual acusatório.

COMENTÁRIO
No sistema acusatório os processos são públicos garantidas a imparcialidade, o con-
traditório e a ampla defesa.
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2. (FEMPERJ/2012/TCE-RJ/TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO/TÉCNICO DE NOTI-


FICAÇÕES) NÃO constitui característica do sistema processual acusatório:
a. separação de funções de acusar e julgar;
b. contraditório na atividade das partes;
c. publicidade dos atos processuais, como regra;
d. poderes investigatórios iniciais do juiz;
e. liberdade probatória.

COMENTÁRIO
a. Separação de funções de acusar e julgar (acusatório).
b. Contraditório na atividade das partes (acusatório).
c. Publicidade dos atos processuais, como regra (acusatório, com algumas exceções).
d. No sistema acusatório o juiz é equidistante das partes. Quem investiga é o delegado
de polícia na fase inquisitorial e o Ministério Público na fase da Ação Penal. O juiz não
pode investigar.
e. Liberdade probatória, desde que as provas sejam lícitas.

3. (FUNCAB/2014/PC-RO/DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL) Assinale a alternativa em que


se encontra uma característica do sistema acusatório.
a. O julgador é protagonista na busca pela prova.
b. As decisões não precisam ser fundamentadas.
c. A atividade probatória é atribuição natural das partes.
d. As funções de acusar e de julgar são concentradas em uma pessoa.
e. As decisões são sempre sigilosas.
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COMENTÁRIO
a. O julgador é protagonista na busca pela prova (inquisitorial).
b. As decisões precisam ser fundamentadas.
c. A atividade probatória é atribuição natural das partes (acusatório).
d. As funções de acusar e de julgar não são concentradas em uma pessoa.
e. As decisões são públicas.
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GABARITO
1. C
2. d
3. c

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Érico de Barros Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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