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1-R: O processo penal é dominado por uma série de princípios ou regras gerais que dão
significado às normas que o constituem, que fazem delas um todo orgânico orientado em
determinada direcção ou sentido, que dão expressão a valores de civilização, a interesses
fundamentais da comunidade, que permitem a compreensão e a solução doutrinária dos
problemas que no processo penal se levantam a cada passo.
A instrução do processo, actividade que tem por fim verificar a existência das infracções,
determinar os seus agentes e averiguar a sua responsabilidade, incumbe ao MP ( art. 12º e
14º Decreto-Lei 35.007 ), às entidades vom competência delegada pelo MP àquelas a
quem a lei especialmente atribui tal competência ( DNIC/SIC, Procuradoria Militar, etc.).
Os crimes semipúblicos são aqueles que para serem punidos, necessitam de serem
denunciados pelos ofendidos ou contra pessoas ligadas aos ofendidos. Nestes casos, a
denúncia ou participação do ofendido é pressuposto da instauração do procedimento
criminal. Ex: O crime de ofensas corporais previsto no art. 360, nº1 do C. Penal ou
crimes contra a honestidade arts. 391º e ss. Sem ela o MP ou as entidades de polícia
judiciária, isto é, de investigação ou instauração, ñ podem nem devem tomar a iniciativa
processual.
Nos crimes particulares, nem sequer basta a denúncia, é necessário que os ofendidos se
constituem no processo assistentes do MP, deduzam a acusação, exerçam eles próprios
a acção penal, sem ela, o processo não será introduzido em juízo e o agente ou agentes
não serão julgados. Ex:
Isto quer dizer que as autoridsdes de “polícia judiciária”, MP incluído, são obrigadas a
investigar o crime, sempre que dele tenham conhecimento e que o MP, como titular da acção
penal, tem o dever funcional de formular a acusação, sempre que haja indícios suficientes da
sua existência e conheça a pessoa que o praticou.
Mas era o juiz que preisidia à formação do corpo do delito, ordenando e executando
actividades de investigação e de instrução, pelo que o princípio do acusatório tinha no código
uma expressão meramente formal ( daí a designação de << acusatório formal>> agravada
pela circunstância de a acusação ainda poder ser controlada pelo juiz. O Decreto-lei nº
35 007 veio impor, de forma relativamente satisfatória ( ao menos em teoria ), o princípio
do acusatório ou da acusação em processo penal. A partir da sua publicação, a instauração
passou a ser dirigida pelo MP e já não pelo juiz – art. 14º.
Quer estes arts. Dizerem que, na hipótese do o MP promover que o processo se arquive ou
aguarde produção de melhor prova que e o juiz entender que há elementos para o processo
prosseguir ou, havendo acusação, o juiz entender que provam factos, diversos dos apontados,
de que resulte uma alteração substancial da acusação, deve ordenar que o processo volte ao
MP para que ele possa acusar o arguido por esses factos. Também aqui sustenta um sector
importante da doutrina que a “ordem” dada ao MP para acusar transforma o acusador
público em acusador formal, materialmente, o verdadeiro acusador é o juiz.
Quem julga?
R: Em boa verdade, o juiz que julga não é um juiz singular, mas sim um juiz colectivo,
formado por aquele e por dois assessores populares, com os mesmos direitos e deveres.
2-R: Os factos que não constam da acusação ou da pronúncia só podem ser tomados em
consideração para atenuar ou diminuir a responsabilidade do réu.
2-a)R: Por outro lado, os factos incluídos na acusação, e mais tarde, julgados, não podem
ser objecto de nova acusação nem de nova decisão. O caso não pode repetir-se e deve
manter-se o mesmo desde a acusação até que a sentença transite em julgado. Acusação não
pode ser modificada, salvo no caso do art. 351º do CPP.
2-b)R: O princípio do acusatório permite, deste modo, não apenas o respeito pela estrutura
contraditória da fase judicial do processo e um aceitável grau de imparcialidade e de
objectividade do julgador, como constitui uma efectiva garantia do direito de defesa do arguido,
colocando-o ao abrigo de surpresas resultantes de alargamentos de última hora dos poderes de
conhecimento do tribunal, com a consequente impossibilidade de se defender.
1-R: Ele significa que compete ao tribunal toda a ação necessária ao apuramento da existência da
infraccão, à determinação dos seus agentes e à averiguação da sua responsabilidade,
independentemente da actividade que, nesse sentido, possam desenvolver as partes processuais.
Ao tribunal compete oficiosamente inquirir (de onde o termo inquisitório) ou investigar (daí o
termo «investigação») a verdade sobre os factos objecto do processo e a pessoa que os cometeu.
1-a)R: O juiz não se limita a apreciar as provas que lhe são apresentadas pelas partes. Tem
o dever de ir mais além. É um juiz activo. Investiga e procede à produção da prova necessária à
descoberta da verdade sem necessidade de as partes lhe requererem.
1-b)R: Nesta acepção, o princípio inquisitório opõe-se. ao princípio do dispositivo, que domina o
processo civil. No processo penal, o propósito marcante é a descoberta da verdade material e
objectiva. As partes não dispõem da relação jurídica nem dos direitos processuais. Não podem
impedir que o tribunal prossiga na descoberta da verdade e leve o processo até ao fim. No
processo penal, as partes não têm possibilidade de renunciar, desistir ou transigir sobre o
objecto do processo. A única excepção é a dos crimes particulares que admitem o perdão de
parte (art.° 3.°, § único do Decreto-Lei n.º 35.007 e art. 125.°, n.º 4.° e § 6.° do Código
Penal).
1-c)R: A natureza do processo e do direito substantivo a cuja realização ele serve de meio, o
carácter da sanção penal e a consequente indisponibilidade da pretensão punitiva pelos sujeitos
nele envolvidos são os elementos fundamentadores mais importantes do princípio do
investigatório ou da inquisição oficiosa.
A actividade inquisitória e investigatória do juiz dominava odiosamente todas as fases do
processo de tipo inquisitório, negando aos restantes sujeitos processuais qualquer papel
significativo.
Assim, o juiz que preside à instrução contraditória fixa a ordem das diligências, conforme for
mais conveniente para o apuramento da verdade e as que considere úteis ou indispensáveis.
Identicamente, no julgamento, poderão ser interrogadas testemunhas não indicadas pelas partes,
assim como ordenar-se a produção de novos elementos de prova.
1-f)R: O poder de inquisição do tribunal varia ao ponto de tomar em consideração factos não
alegados nem incluídos na acusação e pronúncia desde que tenham por efeito dirimir a
responsabilidade ou diminuir a pena - art.° 448.º do C. P. Penal. Mas também já vimos que,
por força do princípio do acusatório, o tribunal não pode tomar em consideração no
julgamento factos não constantes da acusação que tenham como resultado a agravação da
responsabilidade do réu.
De há muito se entendeu, porém, que o arguido tem o direito de (tanto ele, como qualquer outra
parte ou sujeito processual) influir, através da sua audição, na formação do processo e na
descoberta da verdade. A justiça é a «resultante» da actividade de todos os sujeitos
processuais e não apenas da actividade do juiz.
2-b)R: Ninguém pode ser condenado sem que se lhe conceda o direito de se fazer ouvir
(direito de audiência). O princípio da audiência é a primeira das expressões do princípio do
contraditório.
2-c)R: O princípio do contraditório assume a sua forma mais acabada, entretanto, no direito de
contestação concedido ao réu. Contestação dos factos alegados contra ele acompanhada da
faculdade de, ao mesmo tempo, requerer diligências de prova e de à prova da acusação opor
a prova da defesa, faculdade que é a outra das expressões do princípio do contraditório.
2-d)R: A estrutura contraditória de certas fases do processo não significa, no entanto, que ele se
transforme num debate entre as partes e que o juiz se reduza a um assistente passivo da
luta que se trava entre elas. Já vimos que no processo penal se observa o princípio do
inquisitório, que dá ao tribunal a primazia na descoberta da verdade material, relativa
quer à existência da infracção quer à determinação da pessoa do seu agente.
Os dois princípios não são, todavia, inconciliáveis. O processo é inquisitório, no que se refere à
procura da verdade material. Neste domínio o primado é do tribunal que não se encontra
limitado pela iniciativa das partes processuais.
2-e)R: Mas, quanto ao modo como se produz a prova no decurso do processo ou em certa fase
dele, ao modo como se apura a verdade objectiva, no fundo, à forma como se realiza o princípio
do inquisitório, o processo assume uma estrutura contraditória de partes processuais (acusação e
defesa), que são admitidas a participar, cada uma a partir da sua própria perspectiva, cada
uma com as suas iniciativas de investigação e de produção de prova, cada uma com os seus
pontos de vista diferentes, opostos e contraditórios, sem prejuízo dos poderes de inquisição ou
investigação do tribunal, que mantém, repete-se, a supremacia na direcção do processo e na
actividade processual conducente à realização do fim do processo.
3-R: O princípio do contraditório foi acolhido pelo processo penal vigente em Angola, embora
não de maneira uniforme e variando, de harmonia com as fases processuais. Assim, na fase
instrutória, determinada quase integralmente pelo propósito e o espírito de investigação e
inquisição, o princípio do contraditório mal se manifesta. A instrução preparatória é
secreta, dispõe o art.° 13.º do Decreto-Lei n.º 35.007 e esse carácter secreto é incompatível
com a contradição própria de um processo de partes.
E, por outro lado, a audiência deverá ser contínua, só podendo o juiz interrompê-la, quando
for absolutamente necessário - art.°414.° do C. P. Penal.
3-a)R: Também se lhe chama, por esta razão, principio da continuidade. A concentração é um
princípio de aplicação específica à audiência de discussão e julgamento, embora a ideia que
traduz-conveniência de que o processo não seja perturbado nem interrompido no seu curso-deva
presidir à formação e decurso do processo penal, no seu todo.
4-a)R: Por detrás da concentração e da continuidade estão, ainda, razões ligadas ao prestígio da
organização judicial e dos tribunais, a exigências de prevenção criminal e à necessidade de
acautelar os interesses das partes, em especial, os do arguido, seriamente afectados pela sua
situação processual.
5-R: A concentração é princípio que nem sempre se pode aplicar. Há audiências de julgamento
que demoram dias, semanas e até meses, que terão de ser interrompidas, por impossibilidade
humana e prática de funcionamento contínuo. Outras vezes serão adiadas pelo tempo
necessário até que se resolva um incidente processual, um exame, por exemplo, ou por falta de
um sujeito ou participante. Outras vezes, ainda, poderá ser suspenso o próprio processo, até à
resolução de uma questão prejudicial - art.° 3.º do C. P. Penal.
5-a)R: Por outro lado, nem sempre é possível concentrar os actos processuais da fase de
julgamento num mesmo local, numa sala de audiências. Torna-se, por vezes, necessária e,
frequentemente, será prática correcta e desejável, a realização das audiências ou parte delas no
local em que o crime foi cometido. De qualquer modo, o julgamento deverá obedecer, na
medida do possível, ao princípio da continuidade ou concentração processual.
1-R: De harmonia com este princípio, no processo penal resolver-se-ão todas as questões que
interessam à decisão da causa, qualquer que seja a sua natureza. No fundo, é uma
consequência lógica da necessidade de concentração processual.
1-b)R: Não é princípio absoluto, tem limites (art.° 3.º do C. P. Penal). O juiz pode
discricionariamente entender que não é conveniente resolver questões de natureza civil,
administrativa, fiscal, etc. no processo penal. Outras vezes, essa inconveniência é presumida pela
lei. Nesse caso, o juiz é obrigado a suspender o processo penal «para que se intente e se julgue
a respectiva acção no tribunal competente».
1-R: A «verdade material» é aquela que se opõe à chamada «verdade formal» (jurídica ou
processual»), estreitamente ligada esta última ao princípio ou sistema de provas formais ou legais
do velho processo inquisitório e essencialmente obtida a partir de atitudes processuais dos
respectivos sujeitos, em especial, do arguido ou réu, da confissão ou da forma que ela revestia,
do valor de presunções previamente estabelecidas, de ónus probatórios não cumpridos etc. No
fundo, porém, a verdade não é nem material nem formal. A forma ou método de chegar a
verdade é que pode assentar num critério material ou num critério formal.
1-a)R: O princípio da verdade formal parte do princípio de que as partes processuais são as
senhoras da relação jurídica material em discussão, podendo dispor do objeto do processo,
de confessar o pedido, de desistir inclusivamente dele, sem que o juiz possa, por qualquer
forma, opor-se; que é às partes e só às partes que compete trazer ao processo os factos que
tenham interesse para a discussão da causa e as provas que queiram utilizar para fazer
valer os seus pontos de vista. Ainda de harmonia com o princípio da verdade formal, sobre as
partes recaem os riscos inerentes a certas atitudes processuais.
1-b)R: Assim, por exemplo, no processo civil, onde aquele princípio domina, se uma das partes
alegarem facto e a outra não o impugnar, não o contradisser, dentro do prazo legal, é como se o
confessasse. O juiz tem de o dar como provado, independentemente de saber se é verdadeiro ou
falso, se existe ou não existe formalmente e como se existisse. Existe em termos processuais. A
verdade «formal», ou jurídica» é a que vale. A verdade real poderá ser outra sem que isso possa
interessar ou influir nas decisões do tribunal. Mas a verdade é só uma, é aquela a que terá de
chegar-se através de um exame exaustivo das provas, da investigação dos factos e das
circunstâncias reais e concretas em que ocorreram.
1-c)R: Só essa verdade, verdade objectiva, poderá conduzir à realização dos fins do processo
penal, isto e, à aplicação do direito penal, pela cominação de uma pena, aos factos que
efetivamente coincidam com a hipótese ou tipo abstrato de crime, desenhado na norma penal.
Essa verdade é que é necessário apurar. E terá de ser o tribunal a fazê-lo.
1-d)R: Terá de ser o tribunal a investigar e a provar a verdade objectiva dos factos trazidos ao
processo, independentemente da colaboração que lhe possa ser dada pelas partes ou os
participantes processuais. Nisto consiste o «princípio da verdade material» que, no fundo, a
doutrina reconduz ao princípio do inquisitório. A procura da verdade material é a razão de
ser dos poderes de inquisição e de investigação concedidos ao tribunal.
2-R: O princípio da verdade material esta expressamente consagrado no art. 9. ° do Código do
Processo Penal e em muitas outras disposições, no fundo, em todas aquelas que consagram o
princípio da investigação ou do inquisitório e permitem ou obrigam o Juiz a esclarecer
oficiosamente os factos que constituem o objecto do processo, de modo a que sejam reais
considerações de justiça a presidir às decisões dos tribunais.
Como resultado da aplicação do princípio da verdade material, as provas não têm valor legal
predeterminado e não existe em processo penal o ónus de impugnação dos factos alegados pela
acusação. Impugne-os ou não o réu, eles terão de ser provados.
2-a)R: Há, no entanto, algumas (poucas) exceções ao principio da verdade material em processo
penal. E o caso do valor probatório atribuído aos documentos autênticos. Segundo o §' único do
art. 468.º do C. P. Penal, os factos constantes de documentos autênticos ou autenticados
consideram-se provados e sobre eles não haverá quesitos, salvo o caso de falsidade. O
mesmo se consagra hoje no art.° 11.º-2. da Lei n. 20/88, de 31 de Dezembro.
2-b)R: A sua convicção tem que ter fundamento objectivo, tem de ser motivada. O Código do
Processo Penal não põe obstáculos de carácter geral à livre apreciação da prova, nem fixa
critérios para a sua valoração, salvo no que se refere ao valor da confissão do arguido (art.174. °
do C.P. Penal). Todavia, o princípio está expressamente consagrado não na legislação processual
penal, mas no art.° 655.º do Código do Processo Civil, aplicável, a título subsidiário, ao processo
penal.
2-R: Ao sistema da prova livre opõe-se o sistema da prova vinculada, formal ou legal que era
o dominante nos direitos mais antigos e no domínio do processo inquisitório.
No sistema de prova legal, o valor das provas (as conclusões que o juiz deve extrair das
provas que lhe são apresentadas) é predeterminado e antecipadamente fixado pela lei. A lei
impõe de fora a sua verdade (verdade legal ou formal) ao juiz, independentemente ou mesmo
contra a sua própria convicção.
Foi neste sistema decisiva a influência das instituições probatórias dos antigos processos
germânicos e das regras do processo canónico. Um dos alegados fundamentos do princípio da
prova legal era a certeza e a segurança das decisões judiciais e a necessidade de o arguido e
a sociedade ficarem precavidos contra o arbítrio dos juízes. Exemplo de uma regra típica de
prova legal era a expressa pela máxima «unus testis nullus testis».
Não era possível provar fosse o que fosse com um só testemunho. Para um facto ser digno de fé
teria de ser testemunhado, pelo menos, por duas pessoas («testibus dubus fide dignun
credendun )
O sistema da «livre apreciação da prova», de harmonia com o qual o juiz era inteiramente livre
de apreciar a prova como bem entendesse, sem ter de obedecer a outros ditames para além dos
provenientes da sua consciência, floresceu no direito romano (período da República), o seu papel
apagou-se na época do Império e entrou em colapso durante a Idade Média europeia, assim se
mantendo até aos alvores do século XIX.
Reapareceu, entretanto, com a Revolução Francesa, para a partir daqui se impor como princípio
fundamental do processo penal contemporâneo. Modernamente, porém, o princípio é entendido
de outro modo; com o mesmo sentido, mas com outro conteúdo.
3-R: O juiz é livre, mas não incondicionalmente livre de apreciar a prova e decidir como
entender. O juiz tem a faculdade de decidir, dando ou não dando os factos como provados, de
acordo com a sua livre convicção, mas a convicção pessoal do juiz terá de obrigatoriamente
formar-se a partir da prova produzida no processo (e só dela) e na condição, naturalmente,
de, na produção da prova, se terem respeitado as regras aplicáveis de direito probatório.
3-a)RL O princípio da livre apreciação da prova não significa, pois, que o juiz actue de forma
arbitraria, subjectiva e voluntarista. Significa, isso sim, que o juiz deve dar os factos como
provados ou não provados, de harmonia (exclusivamente de harmonia) com o
convencimento pessoal que formar a partir das provas produzidas no processo.
3-b)R: A sua convicção tem que ter fundamento objectivo, tem de ser motivada. O Código do
Processo Penal não põe obstáculos de carácter geral à livre apreciação da prova, nem fixa
critérios para a sua valoração, salvo no que se refere ao valor da confissão do arguido (art.° 174.º
do C.P. Penal). Todavia, o princípio está expressamente consagrado não na legislação processual
penal, mas no art.° 655.º do Código do Processo Civil, aplicável, a título subsidiário, ao processo
penal.
1-R: Sempre que a prova produzida seja insuficiente e não conduza à formação de um juízo de
certeza sobre a existência da infracção ou de que foi o arguido que a cometeu, deve ser
absolvido. Na dúvida, decide-se a favor do réu. são consagrações deste princípio os artigos
148° e 150. ° do Código do Processo Penal.
1. O princípio da publicidade
1-a)R: Esta publicidade pode ser entendida no sentido de que os actos processuais,
nomeadamente, as audiências de julgamento, são abertas ao público e a eles podem assistir,
em princípio, quaisquer pessoas ou de que deles deve ser dado conhecimento ao público, através
da sua divulgação massiva pelos meios habituais (imprensa, rádio, televisão, etc.).
É no primeiro sentido que a publicidade assume a categoria de princípio autónomo do direito
penal. A divulgação, em termos compatíveis com os fins do processo, com a ordem dos trabalhos
e com as garantias de defesa do arguido, não deixa de ser, todavia, uma extensão e
desenvolvimento do princípio da publicidade e de contribuir para a sua aplicação.
1-c)R: A publicidade do processo constitui, como vimos atrás (V.«Obiecto e fim do processo»)
factor importantíssimo da realização da prevenção criminal, de educação e disciplina social, da
defesa da ordem e da legalidade, do prestigio da função jurisdicional e da constituindo formação
da consciência jurídica popular, constituindo simultaneamente uma garantia de defesa para o
arguido.
1-d)R: Nos termos do art.° 407.° do C. P. P., a audiência de julgamento é pública, salvo se o
tribunal entender que a publicidade pode ofender «a moral, o interesse ou a ordem
publica», porque nestes casos declarará a audiência secreta.
1-e)R: Em qualquer caso. porém. a leitura da sentença é sempre pública. A moral a que o artigo
se refere é a moral social e o interesse e a ordem pública são o interesse e a ordem refletidos na
Lei Constitucional, com vista à consolidação do Estado democrático de direito e à edificação de
uma sociedade livre, democrática, de paz, justiça e progresso social.
2. O princípio da oralidade
1-R: O julgamento em processo penal é dominado pelo princípio da oralidade. Quer isto dizer
que a decisão sobre o objecto do processo deve ser tomada com base na discussão oral da
causa, em audiência de julgamento.
1-a)R: Todas as provas e todos os factos terão de ser objecto da discussão oral. A prova escrita,
produzida quer na instrução preparatória quer na instrução contraditória, não pode, só por si,
servir de fundamento à condenação, se não for discutida oralmente na audiência.
A oralidade, isto é, a discussão oral da causa em audiência, é de resto, a base necessária do
princípio da publicidade. Mal se entenderia uma justiça pública sob a forma escrita. A
oralidade garante um efectivo conhecimento público do julgamento.
2-R: O carácter oral da discussão não prejudica, por outro lado, a redução a escrito ou o registo
magnético dos depoimentos do réu, das testemunhas e dos declarantes, para efeitos
nomeadamente, de recurso- Ver art.º 532.º do C. P. Penal.
É que, não obstante essa redução a escrito, o juiz recolhe-os oralmente, assiste ao debate oral
entre as partes e é, com base em tal recolha e em tal debate que forma a sua convicção.
São expressão do princípio da oralidade as regras hoje consagradas no artigo 6.° da Lei n.º 20/88,
de 31 de Dezembro, que, nessa parte, substituiu o diploma que regulava a assessoria popular nos
tribunais (Lei n.º 11/82, de 7 Outubro - art. 16.° e 17°; ver ainda Os art." 3.9 e 4. do Decreto
Executivo n.º 3/78, de 24 de Maio).
3. O princípio da imediação
1-R: Significa este princípio que, entre os meios de prova submetidos a apreciação, devem ser
escolhidos os mais próximos e directos, isto é, os imediatos. E que deve ser o tribunal da causa,
na medida do possível, a recolher a prova.
1-a)R: Entre uma testemunha que viu e uma que ouviu dizer deve preferir-se a primeira. Só na
impossibilidade de recolha directa, será admissível a recolha indirecta da prova: V. art. os 438. °
e 439.° do C. P. Penal. O princípio da imediação está estreitamente relacionado com o
princípio da concentração ou da continuidade ( Princípio da Concentração ).