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A conduzia sob efeito de álcool. A atropelou B. C injuriou A.

Indique a quem compete a promoção processual, Voltando ao 49º do CPP, este diz-nos que a queixa pode ser apresentada diretamente ao MP ou então em qualquer outra
justificando doutrinal e legalmente. entidade que tenha obrigação legal de a transmitir ao MP (ex: órgãos de polícia criminal - 1º f) CPP - que terá depois de
transmitir ao MP no prazo de 10 dias (245º CPP)).
PRINCIPIO DA OFICIALIDADE O artigo 49º/3 CPP diz-nos, ainda, que a queixa pode ser apresentada pelo ofendido ou por um seu mandatário, munido
de poderes especiais ou mandatário judicial.
Quando abordamos a questão da promoção processual, temos de pegar no princípio da oficialidade. Este princípio vai Os crimes semipúblicos trazem uma limitação ao princípio da oficialidade porque o MP só pode promover a ação penal,
dizer-nos quem é que tem legitimidade para iniciar o processo, no sentido de iniciar uma investigação sobre a prática de fazer a investigação, após a apresentação de queixa (que é facultativa e renunciável – 116º CP) pelo seu respetivo titular.
uma infração e, posteriormente, submeter a causa a julgamento. Ora, o princípio da oficialidade encontra-se no art. 219º O ofendido poderia apresentar queixa e não fazer mais nada no processo – poderia só deixar as coisas correrem porque
CRP e no art. 48º CPP. O art. 48º CPP diz-nos que o MP é quem tem legitimidade para promover o processo penal, com as quem vai investigar e quem vai decidir se acusa ou não vai ser o MP e não o ofendido.
restrições dos art. 49º a 52º CPP. O princípio da oficialidade atribui a uma entidade pública e estadual legitimidade para Quanto aos crimes particulares, temos de olhar para o 50º CPP. Este, na alínea 1, diz-nos que, quando o procedimento
dar início ao processo penal. Portanto, o MP é o titular da ação penal. criminal depender de acusação particular do ofendido ou de outras pessoas é necessário que essas pessoas se queixem, se
Para além disto, no art.53º/2, a) CPP, nós vemos que compete ao MP receber as denúncias, as queixas, as participações e constituam assistentes e deduzam acusação particular.
apreciar o seguimento a dar-lhes. Portanto, quando o MP adquire a notícia de um crime, nos termos do art 241º CPP, à Portanto, nos crimes particulares, temos de ter preenchidos três requisitos: A apresentação de uma queixa (tal como os
partida, irá abrir um inquérito (art. 262º/2 CPP). Vai investigar os factos, no sentido de averiguar se houve a prática de semipúblicos, aplicando-se as mesmas normas). À luz do artigo 113º/1 CP (…). Contudo, é facultativa e ele podia desistir
crime e, em caso afirmativo, de quem foi o seu agente. (116º CP), a qualquer momento, mas antes da publicação da decisão da primeira instância, tendo de cumprir o prazo que
Ora, como sabemos, o nosso processo penal tem uma estrutura acusatória, por força do 32º/5 CRP. Mas esta estrutura está no 115º CP. Para além da queixa, tem de se constituir assistente. No nosso processo intervêm sujeitos processuais e
acusatória não é uma estrutura acusatória pura – ela é mitigada por um princípio de investigação. Contudo, participantes processuais. Os sujeitos processuais são (FD): “entidades que têm direitos autónomos de conformação de
essencialmente, desta estrutura acusatória que a nossa CRP impõe resulta que a entidade que julga é diferente daquela tramitação do processo como um todo, em vista da sua decisão final” e são 5 os sujeitos processuais do nosso processo, o
que investiga e que acusa. E a entidade que investiga e depois acusa vai ser precisamente o MP. tribunal, o MP, o arguido, o defensor do arguido e o assistente. Têm um estatuto que lhes confere poderes-deveres que
Iniciado o inquérito, o MP vai exercer um conjunto de atos no sentido de apurar a verdade dos factos, e se há ou não lhes permitem conformar a dinâmica do processo. Ou seja, dentro dos limites legais, eles têm verdadeiramente um papel
indício da prática de crime, pois é essa a finalidade do inquérito. Mas o MP não está sozinho, desde logo, ele vai ser constitutivo do direito do caso. Depois, temos os meros participantes processuais, que são pessoas que vão praticar atos
ajudado pelos órgãos de polícia criminal (55º/1 e 263º/1 CPP) sempre na sua dependência funcional e de acordo com a singulares cujo conteúdo processual se esgota na própria atividade. Ou seja, eles não vão ter o poder de dominar, de
sua direta orientação, como resulta do 56º CPP e do 263º CPP) e também, podemos contar com a intervenção de um juiz conformar o processo. O ofendido, não se constituindo assistente, é um mero participante.
de instrução criminal (JIC), onde atua como juiz das liberdades, isto porque há certos atos que, por contenderem com DFs Portanto, no nosso caso, o ofendido tem de se constituir assistente para se tornar um verdadeiro sujeito processual. O
do cidadão, apenas poderão ser exercidos ou ordenados por um juiz, no sentido de esses DFs serem verdadeiramente estatuto de assistente está regulado nos art. 68º a 70º CPP. (ao abrigo de que alíneas do 68º se pode constituir
tutelados. assistente) Contudo, tem de respeitar os prazos legais – 68º/2 CPP. O requerimento para constituição como assistente
O princípio da oficialidade tem uma limitação e uma exceção. A limitação diz respeito aos crimes de natureza tem lugar no prazo de 10 dias a contar da advertência 246º/4 CPP. A apresentação deste requerimento vem
semipública, de acordo com o 49º CPP. A exceção diz respeito aos crimes de natureza particular (stricto sensu), de acordo acompanhada do pagamento de uma taxa (519º CPP). Para além de se constituir assistente e de apresentar queixa, esse
com o 50º CPP. Assim é necessário avaliar a natureza dos crimes em causa, se são crimes públicos, semipúblicos ou assistente tem ainda de deduzir acusação particular.
particulares. (…) O MP pode fazer a sua investigação a partir do momento em que ele se constitui como assistente. No final da
No caso dos crimes públicos, vai funcionar sem qualquer limitação ou exceção. Isto significa que basta o MP adquirir investigação, o MP deve notificar o assistente de que tem 10 dias para deduzir acusação particular (285º/1 CPP). Ele tem
notícia do crime, seja por conhecimento próprio, seja porque houve uma denúncia (facultativa ou obrigatória), ele pode de incluir na sua notificação se foram recolhidos indícios suficientes da verificação do crime ou não e quem foram os seus
logo atuar, podendo promover o processo, abrindo inquérito (262º/2 CPP). Nos casos agentes, ficando depois na mão do assistente dar um desfecho ao inquérito. Se assim entender, então, o assistente
crimes semipúblicos, o procedimento criminal depende de queixa, pelo que temos de olhar para o 49º CPP, que nos diz poderá deduzir acusação particular contra o agente. Perante a dedução de acusação particular pelo assistente, o MP pode
que quando o procedimento criminal depender de queixa do ofendido ou de outras pessoas, é necessário que essas fazer várias coisas: pode acompanhar essa acusação, acusando também pelos mesmos factos, por parte deles ou por
pessoas deem conhecimento do facto ao MP para que este promova o processo. Ou seja, a queixa é uma condição de outros que não importem uma alteração substancial desses factos, ou pode nada fazer, não acompanhando essa acusação
procedibilidade. Sem que seja apresentada uma queixa por quem tem legitimidade para o fazer, o MP não pode promover particular.
a ação penal, sendo que a queixa é diferente da denuncia. A denúncia é uma mera manifestação de conhecimento, ou Se ele quiser acompanhar a acusação particular, ou seja, se ele também quiser acusar, terá de o fazer nos 5 dias
seja, consiste, essencialmente, na transmissão dos factos eventualmente penalmente relevantes à entidade que tem posteriores à apresentação da acusação particular, como resulta do 285º/4 CPP.
legitimidade para promover o processo. Já a queixa consiste numa manifestação de vontade, pelo que não basta a
transmissão dos factos a quem tem legitimidade para promover o processo, é necessário também que exista uma
manifestação de vontade para que haja uma perseguição criminal do agente pelo facto por ele praticado.
(a quem é que é a Lei atribui a legitimidade de apresentar uma queixa). O 113º/1 CP diz-nos que, quando o
procedimento criminal depender de queixa, tem legitimidade para a apresentar, salvo disposição em contrário, o
ofendido, que é o titular dos interesses que a Lei especialmente quis proteger com a incriminação. (…) A queixa teria de
ser apresentada no prazo legal previsto no 115º CP. O direito de queixa extingue-se no prazo de 6 meses a contar da data
em que o titular tiver conhecimento do facto e dos seus autores (…)

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