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Processo Penal I (incompleto)

Ana Carolina Guimarães Machado

DIREITO PROCESSUAL PENAL I

Princípios:
● VERDADE REAL - art. 197/CPP: O juiz civil se contenta com a verdade ​formal​,
enquanto o juiz penal deve buscar a verdade ​real​, o que não impede a existência da
transação no Juizado Especial (apenas nesse caso e para crimes com pena de
até 2 anos), mas que no processo penal de fato não há. Como não pode se contentar
com a verdade ​formal​, o juiz deve buscar, a todo custo, levar todo o conteúdo
fático e que probatório aos autos.
O problema se relaciona com a iniciativa probatória do juiz, pois onde se localiza o limite
para o juiz chegar à verdade ​real​? Lembrando que o juiz não tem que participar das
alegações de acusação, mantendo-se equidistante.
● IMPARCIALIDADE DO JUIZ - art. 95/CF:​ Atributo irrenunciável do trabalho e da
atuação jurisdicional, em que o juiz é o terceiro o qual não tem interesse na resolução
do conflito. Lembrando que os juízes possuem três garantias constitucionais que visam
fortalecer sua imparcialidade: ​vitaliciedade, imobilidade e estabilidade​, sabendo que
essas garantias não os tornam blindados para punições quando estas devem ser
aplicadas.

PORTARIA/APFD

Diligências: oitiva de testemunhas e etc

Conclusão: relatório final

MP pode:
- oferecer denúncia
- requerer diligências complementares
- pedir o arquivamento

JUIZ
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O juiz pode discordar do pedido de arquivamento? ​Resposta:


Art. 28, CPP​. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de
considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de
informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então
estará o juiz obrigado a atender.

Se o juiz discordar, remeterá os autos à procuradoria e o procurador designará novo


órgão ministerial, o novo promotor terá autonomia para opinar, novamente, pelo
arquivamento?​ ​Resposta:
Sim, pelo princípio constitucional da autonomia do Ministério Público, art.127, CF. Se o
promotor substituto insiste no arquivamento o juiz fica obrigado a arquivar.

O Ministério Público, como órgão acusatório, após o relatório final do inquérito possui 3
hipóteses para a conclusão do IPL. Lembrando que o relatório do inquérito não vincula o MP,
bem como não vincula o Juiz e nem a conclusão do promotor vincula o Juiz.
O promotor de justiça vai oferecer denúncia, mas sabendo que para efeitos de
prescrição, observa-se a data do recebimento da denúncia. Pode requerer diligências
complementares (o juiz é quem autoriza, ou seja, depende do crivo jurisdicional e quem realiza
é o delegado), bem como solicitar o arquivamento do inquérito policial. Em todas as três
opções há a determinação do juiz, tendo em vista ser ele a autoridade, inclusive a
manifestação de arquivamento do MP pode ser contestada (artigo 28), devendo, neste caso,
enviar ao Procurador Geral de Justiça para que este designe outro promotor ou que ele mesmo
análise o inquérito para oferecer denúncia, se necessário.
O promotor substituto pode pedir o arquivamento ou ele é obrigado a oferecer
denúncia? Ele pode pedir o arquivamento, não sendo obrigado a seguir o que o Juiz entende,
visto que o MP possui autonomia, entre outras características de sua independência funcional
(artigo 127, CF).
No caso do procurador substituto insistir no arquivamento, o Juiz, o qual é prevento, não
pode aplicar o artigo 28 de novo, senão viraria um ciclo interminável e vicioso. Sobre a
prevenção do juiz, uma vez que um se manifesta, este se torna prevento, isto é, se vincula
àquela ação.

Sistema acusatório:
Característica fundamental é a divisão de tarefas. MP acusa, Juiz decide, advogado
defende.

Crítica ao art.28​:
Considerando as características do sistema acusatório, a competência do MP como
titular da ação penal, o princípio da imparcialidade do julgador, percebe-se que há um
pré-julgamento, em que o juiz já manifesta ser tendencioso à acusação. Após o processo do
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art. 28 os autos retornam ao mesmo juiz que indeferiu o arquivamento, sendo juiz prevento, o
que submete o julgamento ao mesmo juiz que tende à acusação.
Mistura de funções, em que o Juiz tende pro lado da acusação, tomando a função do
Promotor para si, desequilibrando a balança ao sair da sua função julgadora. Não há a tomada
de função formalmente, mas se observa que o Juiz já se convenceu sobre o investigado.

ARTIGO 14
​ ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será
Art. 14, CPP​: O
realizada, ou não, a juízo da autoridade.

MP requisita, defesa faz requerimento apenas.

ARTIGO 15
​ e o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.
Art. 15, CPP: S

Considerando que, à época, a maioridade civil era alcançada aos 21 anos e a penal aos
18 anos, o Código de Processo Penal cria um mecanismo (Art.15 CPP) para abranger essa
fase entre os 18 e 21 anos. O mecanismo consiste na nomeação de um curador para assisti-lo
quando do inquérito policial e da fase judicial.
Quando há a reforma do CC com a equiparação da maioridade civil, o dispositivo do
art.15 perde efeito vez que abolida a causa que justificava sua incidência.

ARTIGO 19
Art. CPP: ​Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos ao juízo
competente, onde aguardarão a i​ niciativa d
​ o ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues
ao requerente, se o pedir, mediante traslado.

Ação Penal Privada: Prazo decadencial de 06 meses (o prazo decadencial começa a


contar a partir do conhecimento da AUTORIA. Não confunda a decadência com
prescrição.)
Queixa-crime​: peça que corresponde à PI no cível ou denúncia na AP Pública.

Se o delegado já tiver enviado o inquérito ao juiz antes de terminar o prazo de 06


meses, o ofendido tem que tomar a iniciativa de oferecer a queixa-crime. A lei não obriga o juiz
a intimar o ofendido para fazê-lo. Por outro lado, caso inquérito ainda não esteja concluído,
deverá o ofendido oferecer a queixa, pedindo com que o juiz requisite a conclusão e remessa
do inquérito à justiça.
O indiciamento é o ato pelo qual o delegado de polícia entende indício de autoria do
acusado. A ação penal começa com o oferecimento da queixa (ou da denúncia), transformando
o investigado em réu, sendo, entretanto, completada a formação do processo no momento da
citação do acusado (art.363 CPP).
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Valor probatório do inquérito policial


O inquérito, fase pré processual, é, ainda, um processo administrativo, produzindo
apenas ELEMENTOS DE INFORMAÇÃO, vez que produzidos sem a devida submissão ao
contraditório. É apenas o início da formação do convencimento, trazendo os elementos
necessários ao oferecimento da denúncia. Em juízo, confirmados pelo contraditório, os
elementos atingem a qualidade de PROVA.

Art. 155. ​O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não
podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
​ omente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil.
Parágrafo único. S
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)

Lembrando que provas que não podem ser repetidas, por exemplo o Exame de Corpo
de Delito que deve ser feito imediatamente para não sair as marcas da agressão.

Vícios do inquérito
O processo penal diz respeito, fundamentalmente a formas, estipulando uma estrutura
normativa para reger os atos praticados. As formalidades, no entanto, não tem um fim em si
mesmo, são, na verdade, garantias. A não observância da forma prescrita em lei não significa
necessariamente que o ato seja considerado nulo, ​observando o princípio da instrumentalidade
das formas.

Vícios: inobservância formal das formalidades de um ato processual

A princípio o vício na fase de inquérito policial não tem o condão de tornar nulo o ato
processual. Entretanto, existem hipóteses em que o vício na fase de inquérito gera nulidade.
Como por exemplo no caso de uma denúncia baseada numa interceptação telefônica ilícita.
Entende-se, portanto, que vícios provenientes de ​provas ilícitas contaminam o inquérito. O que
não ocorre, em contrapartida, em relação às ​provas ilegítimas.

● Prova ilícita​: contraria uma norma de conteúdo material


● Prova ilegítima​: só contraria dispositivos de conteúdo processual

Teoria dos frutos da árvore envenenada


Quando a prova que foi produzida não é permitida pelo ordenamento jurídico ou não teve
permissão para ser produzida. Assim, mesmo que a prova dê o fruto que seja a prova da culpa
do sujeito ou de qualquer ilegalidade, a árvore se encontra envenenada por conta da prova não
ser legal.

Prisões provisórias/cautelares/processuais

CONCEITO DE PRISÃO: Prisão é a privação da liberdade mediante cárcere/clausura.


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Crítica à expressão provisória já que toda prisão no Brasil é provisória. Diferenciação


entre as prisões provisórias e a prisão sanção, visto que a natureza é distinta:

● Prisão-pena: ​Tem a natureza satisfativa da sanção. Serve para o cumprimento


de pena de ​sentença condenatória transitada em julgado. Essa modalidade de
prisão se assenta na culpa stricto sensu, para cumprir pena o indivíduo deve ser
culpado.
● Prisão provisória: ​Tem natureza genuinamente processual. É uma prisão
cautelar.

O princípio da presunção da inocência impede com que alguém seja preso antes da
sentença condenatória com fundamento na sua culpa. Nesse caso é incabível a prisão sanção
impondo um cumprimento antecipado de pena. Entretanto, antes de qualquer sentença, é
possível ser decretada a prisão baseada em razões processuais
O processo penal não tem processo cautelar, existem apenas as medidas cautelares:

● Medida cautelar real:​ recai sobre a coisa. Ex: arresto, sequestro.


● Probatória: ​recai sobre a prova. Ex: produção antecipada de prova.
● De incidência pessoal:​ recaem sobre a pessoa. Ex: prisão.

No direito penal não se aplica o ​fumus boni iures ​e o periculum in mora para determinar
uma prisão cautelar. A presunção no direito penal é de inocência. Utiliza-se aqui o ​fumus
​ o ​periculum libertatis
comissi delicti e

● Fumus comissi delicti: materialidade do ilícito penal (aparência do fato


delituoso)
● Periculum libertatis (cautelaridade): perigo na liberdade do indivíduo:
necessidade.

Prisão em flagrante delito:


Partindo do pressuposto de que o estado não é onisciente, é dado ao povo a faculdade
de prender qualquer indivíduo que seja encontrado em flagrante delito, dada a necessidade de
intervenção imediata. O Código de Processo Penal, em seu artigo 302, delimita a tipicidade da
conduta que comporta prisão em flagrante:

Art. 302. ​Considera-se em flagrante delito quem:


I -​ está cometendo a infração penal; (Flagrante propriamente dito)
II - acaba de cometê-la;
​ erseguido​, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça
III - é p
presumir ser autor da infração;
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da
infração.
Flagrante propriamente dito: ver a pessoa praticando o delito
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Perseguição
Abordagem policial ou de qualquer pessoa, constituída em ir no encalço do autor,
mesmo que tenha momentaneamente o perdido de vista, típico em estado de flagrante, comum
em assalto a banco (caso clássico). Ocorre o lançamento da informação na rede da polícia, em
que a situação autoriza o presumir que aquele sujeito que se encaixa nas informações dadas
sejam os autores do delito, ou seja, é ir no encalço ​LOGO APÓS ​(o código não define quando
seria esse logo após. A DOUTRINA define: prazo entre a comunicação do fato criminoso e a
perseguição, conforme as circunstâncias fáticas)
O complicador se constitui na hipótese de logo após (não existindo prazo definido pelo
código, mas a doutrina define como a comunicação do fato criminoso e o início da perseguição,
dependendo do caso concreto e não é verdade a ideia de que o sujeito não pode ser preso em
flagrante após 24 horas, visto que ele pode ser preso em flagrante enquanto durar a
perseguição, desde que seja ininterrupta, a qual pode durar mais que esse prazo erroneamente
apontado)

MITO: não existe a ideia de que depois de 24h não pode haver a prisão em flagrante. O flagrante vai durar
enquanto persistir a perseguição, desde que ela seja ininterrupta.

​ e o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor poderá
Art. 290. S
efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de
lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso.
§ 1o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando:
a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista;
b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual
direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço.
§ 2o Quando as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da legitimidade da pessoa do executor
ou da legalidade do mandado que apresentar, poderão pôr em custódia o réu, até que fique esclarecida a dúvida.

Prisão em flagrante
artigos 302/304.
Pelo artigo 306 do CPP, em até 24 horas uma cópia do auto de prisão em flagrante
delito será enviada ao juiz e fará dois juízos:
a) Juízo de ​legalidade​: ​análise se foi cumprida dentro dos limites legais:
I. Se entender que não foram respeitados os limites legais, ordenará o ​relaxamento
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da prisão.
II. Se entender que foram respeitados, partirá para o próximo juízo:
b) Juízo de ​necessidade​: ​se é necessário manter ou não esse sujeito preso. Isso é
sinônimo de cautelaridade (a prisão deve se justificar não por culpa – cumprimento de pena –
mas por motivos de ordem processual);
I. Se existir motivo para prendê-lo, o juiz definirá que ele deve permanecer preso,
convertendo a prisão em flagrante em prisão preventiva.
II. Se o juiz entender que não há motivo, colocará o sujeito em ​liberdade​.
Alguns falam que é uma prisão cautelar, pois ela acautela as provas (art. 304) que
comprovam o delito, mas vai do entendimento de cada um. A prisão não tem o poder de
projetar uma prisão que vai continuar se sustentando única e exclusivamente pelo flagrante,
visto que o flagrante tem como função intervir diante daquela prática do delito, o qual atinge um
bem jurídico tutelado, depois disso a missão dele está cumprida. Tanto que se não surgir outro
motivo para continuar a prisão do sujeito, é necessário libertá-lo, porque ocorre a variação do
princípio da necessidade da prisão do sujeito. A prisão em antes do trânsito em julgado tem
que se sustentar numa razão de cautela, pois se não ocorrer é necessária a sua liberdade, a
qual é a regra, sendo a prisão uma medida de exceção (art. 310).
O juiz após analisar os autos, ao decretar a ​prisão preventiva​, deve fundamentar a
sentença que converte a prisão em flagrante em preventiva e só por 4 motivos: ​garantia da
ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e
garantia da aplicação da lei (art. 312). Já no caso do sujeito que é posto em liberdade,
percebe-se que é uma liberdade provisória (art. 310, III), em que se paga fiança, utiliza-se das
medidas cautelares diversas da prisão (como a tornozeleira eletrônica, art. 310, II).

Audiência de custódia
Quando o sujeito é preso deve ser imediatamente levado a um juiz, segundo resolução
do CNJ e pacto internacional. Essa audiência se destina exatamente para que o juiz possa
fazer o seu juízo de valor sobre audiência manutenção ou não da prisão do sujeito, em que
anteriormente era feito apenas com base na cópia dos autos da prisão era flagrante, hoje é
feito com a presença do conduzido.
O juiz avalia se a prisão é ou não é necessária, propiciando que ele tenha posições
mais robustas sobre o caso concreto, sendo vedada qualquer discussão de mérito. Existe o
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prazo de 24 horas para que o juiz receba uma cópia dos autos, sendo que, com a realização da
audiência, o juiz decide na hora sobre a manutenção da prisão ou não.

Flagrante no domicílio
Art. 5°, XI, CF/88 e art. 293, CPP. Casa é asilo inviolável, mas como essa inviolabilidade
do domicílio é tratada em face do estado flagrancial do delito? Não significa que há pura e
extrema liberdade, pois a inviolabilidade do domicílio cede diante do flagrante do delito,
autorizando a prisão no domicílio sem que se caracterize o crime, podendo ser dia ou noite,
sem restrição. Diferencia-se da prisão com mandado judicial, pois este só pode ser cumprido
durante o dia (sendo que se entende como noite quando se precisa de luz artificial)

Flagrante Esperado
É aquele em que o sujeito que vai prender simplesmente espera que o indivíduo
pratique o crime por livre espontânea vontade, efetuando a prisão. É lícito e apto a produzir
seus efeitos jurídicos. A conduta acontece espontaneamente.

Flagrante forjado
Auto-explicativo. A situação não aconteceu efetivamente mas é forjada. É crime
proveniente da corrupção na autoridade policial. Nessas ocasiões a prova dirá se o flagrante
produzirá seus efeitos jurídicos

Flagrante Provocado/Preparado
A conduta acontece no plano da realidade, assim como no flagrante esperado.
Acontece, entretanto, mediante intervenção de terceiros, a qual é determinante. Originada de
uma provocação.

POLÊMICA: ​Súmula 145: ​Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a sua consumação​.
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Art. 17 CP - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Ex: ​Tráfico​. Crime contra a saúde pública. Policial vai à boca para comprar droga e
efetuar o flagrante. Sabendo que o policial não comprou a droga para consumo (e sim para
prender), tem-se um crime impossível, diante da falta de lesão ao bem jurídico tutelado.
O entendimento até então era que o flagrante não produz seus efeitos nesse tipo de
flagrante. Entretanto, atualmente, cresce o entendimento de que produz sim: ​A
fundamentação é que o traficante não sabe que o consumidor é policial, vendendo com o
dolo necessário ao crime. Tem-se, portanto, um fato típico, ilícito e culpável​.

Flagrante Postergado/ Ação controlada


Se autoriza que o policial não prenda o sujeito em flagrante delito no momento da
prática delitiva, postergando para um momento posterior (geralmente para permitir que se
detecte os envolvidos em uma organização criminosa). Isso não pode ser feito por mera
liberalidade da autoridade policial, devendo ser determinado pelo juiz.

Prisão Preventiva
Art. 311 a 316 CPP
Esta é verdadeiramente a prisão cautelar do processo penal brasileiro. ‘’A pedra angular
do nosso sistema de prisões provisórias’’.
Prisão que decorre de uma decisão judicial (reserva de jurisdição). Essa decisão poderá
ser proferida tanto na fase de inquérito (apenas a requerimento) quanto na fase judicial (de
ofício ou a requerimento).

Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva
decretada pelo juiz​, ​de ofício, se no curso da ação penal, ​ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou
do assistente, ou por representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).

Prisão que decorre de uma decisão judicial (reserva de jurisdição). Essa decisão poderá
ser proferida tanto na fase de inquérito (apenas a requerimento) quanto na fase judicial (de
ofício ou a requerimento).
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TIPICIDADE PROCESSUAL​: O juiz penal em matéria de cautelar de incidência pessoal


não tem poder geral de cautela. Não pode, portanto, decretar prisão preventiva fora dos casos
expressamente previstos no código de processo penal. Só pode decretar a prisão invocando os
4 fundamentos do artigo 312 CPP e nas hipóteses do artigo 313 CPP.

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