Você está na página 1de 10

RESUMO AV2 – PROCESSO PENAL I

INQUÉRITO POLICIAL:
ATOS DE INSTAURAÇÃO/PEÇAS INAUGURAIS (ART. 5º, CPP):
 O inquérito é instaurado através de alguns atos chamados de peças inaugurais.
1) Portaria (ex officio): é a portaria que instaura o inquérito policial de ofício. A autoridade policial pode
fazer isso nos casos de ação penal pública incondicionada.
2) Auto de prisão em flagrante: nesse caso todo e qualquer tipo de ação penal, o crime pode ter prisão
em flagrante. Alguns fatos não podem ter prisão em flagrante devido a sua natureza. Se for crime de
ação pública incondicionada, o flagrante é lavrado independentemente da vontade da vítima, mas se
for um crime de ação penal condicionada ou de ação penal privada, só poderá ter lavratura do
flagrante se a vítima autorizar.
 OBS 1: nos crimes de ação penal privada, o flagrante só poderá ser lavrado se a vítima
autorizar, mas o auto de prisão em flagrante deve ser efetuado independentemente disso.
Após o APF, caso a vítima não deseje a persecução, ela se encerra nesse exato momento.
 OBS 2: a ação penal pública incondicionada pode começar ou de ofício ou porque o sujeito
fez o requerimento.
3) Requerimento do ofendido: as ações penais privadas só podem começar mediante requerimento do
ofendido.
4) Requisição do MP ou autoridade judiciária: o MP e o juiz podem requisitar a instauração de um
procedimento investigativo quando a ação é pública condicionada (quando há representação) ou
incondicionada.
 OBS 1: o CPP de 1941 traz expressamente o poder de requisição tanto do MP como do Juiz,
mas a CF/88 trouxe apenas a previsão do poder de requisição para o MP e ela faz isso com o
intuito de preservar a imparcialidade do juiz.
 OBS 2: requisição é uma ordem, enquanto representação é pleito.
5) Representação do ofendido (ou representante legal) ou Requisição do Ministro da Justiça: as ações
penais públicas condicionadas começam mediante representação do ofendido, ou mediante
requisição do Ministro da Justiça quando essa for uma condição para a sua instauração.

ATOS DE INVESTIGAÇÃO (DILIGÊNCIAS):


 Depois que o processo é instaurado, é preciso chegar a uma conclusão por meio da elucidação dos fatos.
Para isso é necessário produzir atos investigativos, as diligências, são elas, todas que não violem a lei, o limite
é a legislação brasileira. O art. 6º do CPP traz um rol exemplificativo de diligências que o delegado pode fazer.
 O delegado de polícia faz esses atos com uma discricionariedade, escolhendo ou não o que fazer, salvo nos
casos de crimes materiais, porque neles a perícia é obrigatória.
 Na Lei de Drogas temos a infiltração policial como meio investigativo. Existe também a possibilidade de ação
controlada – monitoramento de uma pessoa para pegá-la em flagrante, disfarce.
ENCERRAMENTO:
 O encerramento do inquérito policial se dá através de um documento chamado relatório. Da data da
instauração até a data da conclusão do IP, existem prazos previamente definidos por lei. É a lei que determina
o prazo para que o inquérito seja concluído.
 Os prazos são contados como dias corridos e não dias úteis.
 Em regra, na esfera estadual e federal, quem autoriza a prorrogação dos prazos é o juiz sendo ouvido o MP.
Mas na esfera estadual, na Central de Inquéritos, muitas vezes a prorrogação acaba nem passando pelo juiz,
sendo definido pelo MP.
 Exceções:
1) Os prazos previstos acima sofrem mudanças nos casos de prisão temporária: atualmente, o que
persiste é a prisão em flagrante, em que ou o preso é solto em audiência de custódia ou tem a sua
prisão convertida em preventiva. A prisão temporária é uma prisão com requisitos mais simples, que
pode acontecer somente na fase investigativa (a prisão preventiva pode acontecer tanto na fase
investigativa quanto na judicial), e que só acontece quando é imprescindível para investigações
policiais, além de que serve para garantir uma apuração adequada do fato que só poderá durar 5 dias
prorrogáveis por igual período. O juiz só pode decretar a prisão temporária se houver um pedido do MP
ou da Polícia. E da mesma forma, a prorrogação não é automática, deve haver pedido do MP/ Polícia. O
juiz tem um prazo de 24 horas, a partir do pedido, para decretar ou não a prisão temporária.
2) Crimes hediondos (Lei 8.072/90): a lei dos crimes hediondos autoriza a prisão temporária por 30 dias,
prorrogáveis pelo mesmo período. Por interpretação, esse prazo também será o de conclusão do IP
nessas situações. O IP é concluído com o relatório e também deve ser encaminhado dentro do prazo de
conclusão.
 O relatório é o ato em que o delegado de polícia apresenta os caminhos investigativos, quais
foram e como foram as diligências praticadas para poder chegar na conclusão, que é se o
delegado entende pelo indiciamento ou não do indivíduo. É justamente a posição do delegado
sobre o fato.
 O indiciamento é justamente quando o delegado diz que para a administração pública (polícia),
que há elementos em face de alguém. É um procedimento administrativo. O indiciamento pode
acontecer fora do relatório, o sujeito pode ser indiciado antes da produção e conclusão deste. O
normal é que o indiciamento se dê no relatório, mas não é obrigatório que aconteça apenas
nele.
ENCAMINHAMENTO:
 Depois de encerrado o inquérito, indiciado ou não o sujeito, este deve ser encaminhado para o juízo
competente (órgão jurisdicional competente), segundo o CPP, junto com o relatório. O juízo competente será
a subseção federal (esfera federal) ou a comarca (esfera estadual) respectiva. Os crimes eleitorais são
encaminhados para as zonas eleitorais respectivas. Pelo CPP, dentro dessas esferas, o juízo competente há de
ser a Vara Crime de cada cidade. Nas ações penais privadas, o inquérito policial é encaminhado para a vara
competente, ficando disponível para que a parte tome as devidas providências (lembrar do prazo
decadencial de 6 meses). Apenas os crimes de ação penal pública é que vão para a Central de Inquéritos.
POSSIBILIDADES:
 Recebido o IP, a vítima ou o MP terão as seguintes possibilidades:
1) Ação penal privada – possibilidades da vítima:
a) Renunciar ao direito de queixa: a denuncia é um ato que não precisa de
motivação/fundamentação, independe da vontade de outrem. Como a ação só inicia com a
provocação do devido legitimado, caso este não a provoque, ela não será instaurada. A
renúncia, portanto, tem como pressuposto que a ação penal ainda não se iniciou. A renúncia
pressupõe também que a vítima ainda está dentro do prazo decadencial, porque só
podemos renunciar aquilo que temos direto e se passado o prazo decadencial, não teremos
mais o direito de ação, logo não há que se falar em renúncia. Nos casos em que existem mais
de um sujeito indiciado como suposto autor do fato, a renúncia feita em relação a um
indiciado se estende para todos. Além disso, a renúncia do direito de queixa leva a extinção
da punibilidade.
 Renúncia ≠ Perdão: o perdão pressupõe um ato bilateral, uma pessoa oferece o
perdão e só existirá seus efeitos se o outro aceitar. O perdão é um ato que pressupõe
a existência de um processo em curso. A renúncia e o perdão atingem a todos, mas
os efeitos são distintos pois o perdão pode não ser aceitado por todos, aí não haverá
a extinção da punibilidade daqueles que não o aceitaram (sendo que a renúncia não
pressupõe a aceitação, acontecendo ela, a punibilidade de todos é extinta). O perdão
só leva a extinção da punibilidade quando o sujeito aceita.
b) Deixar passar o prazo decadencial: quando a vítima fica inerte. O prazo decadencial, em
regra, é de 6 meses contados a partir do conhecimento da autoria (salvo exceções legais), ele
não se interrompe, não se suspende ou se prorroga. Por exemplo, se a vítima só demonstrou
interesse 5 meses depois de conhecida a autoria, restará apenas um mês para que a queixa
seja feita e com a queixa se faz a investigação, logo, restaria 1 mês para investigar. Caso a
vítima demonstre interesse logo no 1º dia que conheceu a autoria do fato e a investigação
demore demais, quando chegar perto de completar os 6 meses, a atuação mais pertinente
do advogado é oferecer a queixa mesmo sem a investigação ter concluído e declarar a sua
demora, pois o advogado deve resguardar o prazo. Deste modo, conclui-se que o inquérito
policial não suspende o prazo decadencial.
 O prazo prescricional, via de regra começa a contar da data do fato (salvo exceções
legais). Às vezes, a autoria é conhecida no mesmo dia do fato e sendo assim, o prazo
decadencial e o prazo prescricional irão começar a contar no mesmo dia.
 A prescrição é interrompida (prazo zera e começa a contar de novo do início) quando
o juiz recebe a denúncia e cita o réu. Isso não acontece na decadência.
c) Oferecer a queixa: a vítima pode oferecer a queixa crime, essa é uma peça processual que
deve estar de acordo com o art. 41 do CPP. Esse dispositivo traz o que deve constar numa
inicial acusatória.
2) Ação penal pública – possibilidade do MP: o art. 46 do CPP, estabelece que quando o indivíduo está
preso, o MP deve se manifestar no prazo de 5 dias e quando o indivíduo está solto, o MP deve se
pronunciar num prazo de 15 dias. Esse prazo é para que o MP, ao receber o inquérito policial e forme
a opinio delict sobre aquele fato posto no IP. Nesse prazo o MP tem que requisitar novas diligências
ou arquivar ou denunciar.

a) Requisitar novas diligências: o MP pode entender que os elementos contidos no IP não são
suficientes para que ele forme a sua opinio delict, se isso acontecer, o MP faz retornar o IP
para a delegacia e apresenta quais são as suas requisições. Quando o MP faz alguma
requisição, o delegado de polícia está obrigado a cumprir. Conforme a CF/88 no art. 129, VIII,
todos os atos praticados pelo MP devem ser fundamentados, ou seja, o MP deve
fundamentara sua requisição. O MP deve dizer quais são as diligências necessárias que a
polícia deve cumprir.
b) Parecer de arquivamento: o delegado de polícia não pode solicitar o arquivamento (art. 17,
CPP), mas o arquivamento do inquérito pode acontecer conforme dispõe o modelo do art.
28, CPP (alterado pela Lei nº 13.964/19, mas com eficácia suspensa em virtude de decisão do
Ministro Luiz Fux).
c) Oferecer a denúncia: é justamente o oferecimento da peça acusatória, a petição inicial da
ação penal pública. Deve ser feita em juízo e tal como a queixa, deve estrar de acordo com o
art. 41 do CPP.
 Ação Penal Privada Subsidiária à Pública – cabe a ação penal privada subsidiária à
ação penal pública quando o Ministério Público fica inerte ao prazo previsto em lei.
O MP é obrigado a se pronunciar nos prazos previstos, e essa pronúncia dele pode
acontecer de três formas como vimos acima (requisitar novas diligências, requisitar
arquivamento e oferecer denúncia), mas caso o MP não se pronuncie no prazo,
hipoteticamente, cabe para a vítima ingressar com a ação penal privada subsidiaria à
pública (não é sempre assim que ocorre pois existem crimes em que a vítima não
pode ingressar com a ação).
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL E PEÇAS INFORMATIVAS:
 O modelo de arquivamento pensado pelo legislador não foi um modelo pensado apenas para o Inquérito
Policial, mas também para todas as peças informativas. Além do IP, existem outras peças informativas como
por exemplo o Inquérito Parlamentar, o Termo Circunstanciado e outros procedimentos informativos que não
têm nome específico (ex.: procedimentos oriundos de corregedoria). Existem algumas espécies de
arquivamento a serem estudadas.
 Arquivamento expresso, explícito, direto e legal: é o arquivamento previsto no art. 28 do CPP (dispositivo
modificado com o Pacote Anticrime). É expressamente definido que o promotor requer arquivamento e que
o juiz homologa, ou seja, é explícito que a persecução penal não irá persistir.
1) Arquivamento expresso estadual: O promotor de justiça natural (ou seja, aquele que tem atribuição
para o caso) faz o parecer de arquivamento fundamentado e submete ao Magistrado competente
(juiz natural). O juiz deverá fazer uma avaliação e se concordar com o Promotor, homologa o parecer
de arquivamento. Se o Juiz discordar do Promotor ele não homologa. Essa discordância deve ser feita
de maneira fundamentada e em seguida, remetida ao dissenso ao chefe do Ministério Público
(Procurador Geral de Justiça). Cabe ao PGJ resolver a divergência entre o Juiz e o Promotor. O PGJ
pode concordar com o Promotor de justiça, devendo apresentar suas razões para tanto
(fundamentar) e insistir no arquivamento, requerendo que o Juiz homologue o arquivamento. O PGJ
pode também discordar do Promotor e concordar com o Juiz. Nessa segunda situação, O PGJ pode
ele mesmo oferecer a denúncia ou designar outro membro do Ministério Público para atuar naquele
caso (à luz do Princípio da Independência Funcional).
2) Arquivamento expresso federal (Lei Complementar nº 75/93): O Procurador da República (com
atribuição natural para o caso) faz o parecer de arquivamento (esse que deve ser fundamentado) e
submete ao Juiz Federal competente (juiz natural) para aquele caso concreto. O JF deverá fazer uma
avaliação e se concordar com o Procurador ele deve homologar o parecer de arquivamento. Mas se o
Juiz discordar do Procurador ele não homologa e remete o dissenso (feito de forma fundamentada) à
instância superior do Ministério Público Federal através do Procurador Geral da República. na esfera
federal não existe a possibilidade de o próprio PGR (e nem a CCR) oferecer a denúncia.
3) Arquivamento implícito (doutrinário): não existe previsão legislativa para esse tipo de
arquivamento, ele é o efeito jurídico decorrente do silêncio do MP diante de uma situação fática que
envolva um autor com o não agir do poder judiciário. É uma espécie de arquivamento discutido na
doutrina, mas não é amplamente consagrado e aceito pelos tribunais.
 No caso hipotético em que o promotor de justiça não se pronuncia sobre o suposto
autor do fato, o juiz deverá fazer um controle de legalidade sobre o ato e solicitar
que o promotor se pronuncie ou pode encaminhar diretamente ao PGJ para que
esse tome as devidas providências. Caso o juiz não se pronuncie e permaneça
também em silêncio, a doutrina progressista entende que há um arquivamento
implícito (promotor e juiz viram o fato e ambos entenderam não haver elementos
suficientes para a denúncia, considerando-se assim, arquivado implicitamente).
 Para a doutrina progressista, quando o IP for arquivado implicitamente, não poderá
o fato ser objeto de denúncia sem que existam novas provas.
 O contra-argumento da doutrina clássica é de que esse arquivamento implícito
estaria violando o Princípio da Obrigatoriedade da Ação Penal Pública e além disso, o
arquivamento deve ser justificado, deve ter suas razões expostas. Para esse
posicionamento, diante de não haver o arquivamento expresso, enquanto não
prescrever o fato, pode ele ser objeto de denúncia.
4) Arquivamento originário legal (efeitos intramuros): pode ter efeitos internos ou não. As causas
criminais, via de regra iniciam na primeira instancia, porém existem algumas autoridades que tem a
prerrogativa de função para o julgamento, onde as ações irão se originar nos tribunais (ex:
presidente, vice-presidente, senadores, PGR, membros do STF...).
 Quem tem prerrogativa de função, tem a ação criminal iniciada em um dos tribunais, logo
quem ajuíza a ação é o órgão do Ministério Público que tem atribuição naquele tribunal (Ex.:
PGR, PGJ), este também é o que tem atribuição para requerer o arquivamento (homologado
pelo tribunal que é o juiz natural do caso). Logo, o arquivamento que se dá nesse âmbito é
chamado de arquivamento originário em tribunais.
 Como regra geral, os arquivamentos só serão concluídos se o MP fizer o parecer e houver
homologação pelo tribunal competente. Mas, quando o arquivamento é feito pelo
Procurador Geral da República (inicia-se no STF) ele sozinho tem efeitos que geram o
arquivamento, independente de homologação ou não e esses são os chamados efeitos
intramuros ou internos. Não há como haver nova avaliação sobre o parecer de arquivamento
dessas últimas instâncias do MP se não surgirem novas provas. Como não existe autoridade
superior ao PGR pra corrigir o seu ato de arquivamento, dizemos que os efeitos do seu
parecer são intramuros, o arquivamento já tem efeito jurídico independente de
homologação.
5) Arquivamento ex officio: previsto no regimento interno do STF, é quando o relator do caso arquiva
de ofício, sem o pedido do PGR. Isso não violaria o sistema acusatório? Se entendermos como um
Habeas Corpus ex officio para trancamento da ação penal não haveria problema algum.
6) Arquivamento indireto (doutrinário): é o efeito jurídico decorrentes do hipotético conflito entre um
membro do MP e um membro do Poder Judiciário a respeito de competência jurisdicional, sem que
haja mecanismos de soluções.

CONFLITO DE COMPETÊNCIAS:
 O conflito de competências pode ser positivo ou negativo. A regra é que no conflito entre membros
vinculados ao mesmo tribunal, quem decide é o tribunal ao qual eles estão vinculados (Ex.: Juiz Federal de
FSA x Juiz Federal de FSA – TRF da 1ª Região). Já no conflito entre membros de tribunais distintos ou entre
tribunais distintos que não sendo tribunais superiores, quem decide é o STJ.
 Quando o conflito é entre tribunais superiores quem decide é o STF (Ex.: STJ x TST).
 Exemplos:
 Juiz Federal de FSA x Juiz Federal de SSA  quem resolve é o TRF da 1ª Região pois ambos estão
vinculados a ele.
 Juiz Federal de SSA x Juiz Federal de Aracajú  por estarem vinculados a TRF’s distintos quem
resolve é o STJ.
 Juiz Estadual de Petrolina (PE) x Juiz Estadual de Juazeiro (BA)  por estarem vinculados a TJ’s de
estados diferentes, quem resolve é o STJ.
 Juiz Estadual de SSA x Juiz Estadual de Amélia Rodrigues  quem decide é o TJ BA porque ambos
estão vinculados a esse (ambos são cidades da Bahia).
 TRF x TJ  quem decide é o STJ pois não são tribunais superiores.
 CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES:

 Promotor de justiça de Ilhéus x Promotor de justiça de Salvador: PGJ


 Procurador da república da BA x Procurador da república de SE: CCR, com recurso possível para o
PGR
 Procurador da República x Procurador do Trabalho: PGR
 Promotor de justiça da BA x Promotor de justiça de SE: CNMP
 Promotor de justiça da BA x Procurador da república: CNMP

PEÇAS ACUSATÓRIAS:
 Denúncia: é a deflagração da ação penal pública (condicionada ou incondicionada) pelo Ministério Público. É
quando o MP exercita o seu dever de ação, a propositura da ação pública é dever do MP e não um direito. É a
peça que inaugura a ação penal pública.
 Queixa: é a deflagração da ação penal privada pelo ofendido/pela vítima. É o exercício do direito de ação
pela vítima pautado pelo juízo de conveniência e oportunidade. É a peça que inaugura a ação penal privada.
ELEMENTOS DA PEÇA ACUSATÓRIA:
 Qualificar o denunciado ou querelado;
 Narrar os fatos;
 Classificar juridicamente o crime;
 Arrolar testemunhas.
Art. 41 – CPP: A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.
Art. 395 – CPP: A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

 Rito da lei de drogas: máximo que se pode arrolar são 5 testemunhas. Já no rito do júri, na 1ª fase só
pode ser arrolado o máximo de 8 testemunhas e na 2ª fase o máximo de 5 testemunhas.
ADITAMENTO:
 Quando termina o inquérito policial e ele chega as mãos do promotor de justiça, este tem al gumas
possibilidades para atuar e no mesmo inquérito o promotor pode tomar decisões diversas de acordo com o
sujeito. O aditamento subjetivo é quando há a inclusão de pessoa nova na peça acusatória. O aditamento
objetivo é quando há a inclusão de fato novo. Em um mesmo caso concreto pode haver tanto o aditamento
objetivo quanto o aditamento subjetivo. Por fim, não se aditará quando gerar prejuízo.
 Enquanto não houver sentença pode haver aditamento para que sejam evitadas decisões contraditórias (se o
promotor está aditando é porque existe conexão e/ou continência).
 Duas coisas impedem o aditamento: a sentença e quando o processo está tão adiantado que a inclusão de
uma nova pessoa irá bagunçar completamente o processo, gerando um prejuízo (art. 80 do CPP, - separação
facultativa).
AÇÃO PENAL:
 As ações penais latu sensu são é tudo aquilo que permite resolver questões sobre a área penal, essas se
subdividem em ações de impugnação (Habeas Corpus, Mandado de Segurança e Revisão Criminal) e em as
ações penais condenatórias (ou em sentido estrito), as quais serão estudadas. As ações penais condenatórias
se subdividem em: Ação Penal Pública (incondicionada, condenada a representação do ofendido e
condicionada à requisição do Ministro da Justiça) e Ação Penal Privada (exclusiva, personalíssima e
subsidiária à publica).
 Revisão Criminal: desconstituição da coisa julgada no âmbito do processo penal (apenas em favor do réu).
 Ação Penal Consensual = Transação Penal

CONDIÇÕES DA AÇÃO:
 Tendo como base a Teoria Geral do Processo Civil, a maior parte da doutrina considera que devem estar
presentes as seguintes condições cumulativas:
 Interesse de agir
 Pedido juridicamente possível
 Legitimidade
 No caso de crimes ambientais, nem sempre a vítima imediata é a coletividade, uma vez que, em algumas
ocasiões, o dano ambiental pode recair sobre um bem particular (o proprietário passa a ser a vítima
imediata).
 Quando o Estado vai a juízo contra um estupro, por exemplo, visa-se a proteger os interesses da coletividade:
a dignidade sexual e a proteção contra a relação sexual não consentida. O Estado aplica a pena, o que muda
apenas é o legitimado que propõe a ação penal: o MP (ordinário) ou ofendido (extraordinário).
 A ação penal, como regra, é pública e quem classifica a ação penal é a lei. O MP é o legitimado para ajuizar
ação penal pública (incondicionada ou condicionada à representação/à requisição), já o ofendido, para a
ação penal privada
 Caso somente a vítima possa ir a juízo, tem-se uma ação penal privada personalíssima, não se admitindo a
substituição processual (caso a vítima seja incapaz, por exemplo, quem atua é o representante legal) ou
sucessão processual (CADI – cônjuge, ascendente, descendente ou irmão).
 Quando a ação penal for pública e o acusador público foi inerte, a vítima é legitimada a atuar por meio de
uma ação penal privada subsidiária à pública (art. 5º, LIX, CF; art. 29, CPP; art. 100, § 3º, CP).

CONDIÇÕES ESPECÍFICAS OU CONDIÇÕES DE PROCEDIBILIDADE, APLICÁVEIS A ALGUNS CRIMES APENAS:

AÇÕES PENAIS CONDENATÓRIAS:


 Ação penal pública (denúncia  Prazo: 5 dias c/ o réu preso e 15 dias com o réu solto)):
 Incondicionada – a omissão nesse tipo de ação penal. A denúncia (peça acusatória) deve conter os
requisitos do art. 41 do CPP e não conter os requisitos do art. 395 do CPP.
 Condicionada à representação – por meio da representação da vítima ou requisição do Ministro da
Justiça. Pode ser feita pela vítima ou representante (como, advogado).
 Ação penal privada (queixa-crime  Prazo: 6 meses contados a partir do conhecimento da autoria):
 Exclusiva – exclusiva do particular (ofendido, representante legal e sucessores).
 Personalíssima – não admite a atuação de representante legal.
 Privada subsidiária à pública – é acidentalmente privada, surgindo em decorrência da omissão do
MP.
o Os crimes que não apresentam vítimas individualizadas não admitem ação penal privada
subsidiária à pública. Essa regra comporta exceções: crimes e contravenções penais
tipificados ou não no CDC e que envolvam relações de consumo.
o A ação penal privada subsidiária a pública é oportuna, indisponível, intranscedente,
suficiente e indivisível.
o Os legitimados para ajuizar esse tipo de ação são entidades da Adm. Pública direta ou
indireta e associações legalmente constituídas há pelo menos 1 ano e que incluam entre
seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos pelo CPP.
 Princípios que regem a ação penal privada:
o Princípio da oportunidade – permite o não ajuizamento da ação e, portanto, a renúncia do
direito a queixa);
o Princípio da disponibilidade – o ofendido não quer mais seguir a persecução penal;
o Princípio da indivisibilidade (art. 48, CPP) – o ofendido tem que comportar ação penal em
relação a todos os autores, cabendo ao MP a fiscalização, ou seja, deve ser ajuizada de forma
indivisível, em relação a todos. Tal princípio não se aplica à ação penal pública;
o Suficiência e Intranscedência.
 OBS 1: A renúncia (unilateral, tácita ou expressa e anterior ao processo, se estende aos réus) X perdão
(bilateral, expresso ou tácito, já existe o processo, se estende aos réus).
 OBS 2: A perempção está associada a ideia de disponibilidade, razão pela qual não se aplica à ação penal
privada subsidiária à pública, mas apenas no que concerne à ação penal tipicamente privada. A perempção
se resume a uma falta de cuidado/selo com o processo. São as hipóteses de perempção:
 Deixar de movimentar a ação injustificadamente por mais de 30 dias seguidos;
 Morte ou torna-se incapaz, não aparecendo substituto em 60 dias;
 Deixa de comparecer a ato sem justificativa;
 Deixa de pedir condenação nas alegações finais;
 Pessoa Jurídica é extinta sem deixar sucessor.
 Outros tipos de ações penais (questões controvertidas):
 Ação penal consensual: É a transação penal (ação penal não condenatória).
 Ação penal preventiva: Aplica-se medida de segurança, não pena (não é uma ação penal
sancionatória).
 Ação penal ex officio: Apelido do HC, já que o art. 26, CPP, que prevê a possibilidade do juiz iniciar
uma ação penal, não foi recepcionado pela CF/88.
 Ação penal pública subsidiária da pública/suplementar: não existe mais, estava prevista no DL
201/67 (Estatuto dos Crimes Praticados por Prefeitos e Vereadores).
 Ação penal popular: Quando uma pessoa do povo inicia o pedido de impeachment de um
parlamentar, por exemplo (termo impróprio, já que se trata de uma infração político-administrativa,
distinguindo-se dos crimes comuns). Trata-se, na verdade, de uma ação que visa a uma sanção
política para um crime de natureza política.

QUESTÕES INCIDENTAIS:
TEORIA GERAL DAS PROVAS:

Você também pode gostar