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INQUÉRITO POLICIAL:
ATOS DE INSTAURAÇÃO/PEÇAS INAUGURAIS (ART. 5º, CPP):
O inquérito é instaurado através de alguns atos chamados de peças inaugurais.
1) Portaria (ex officio): é a portaria que instaura o inquérito policial de ofício. A autoridade policial pode
fazer isso nos casos de ação penal pública incondicionada.
2) Auto de prisão em flagrante: nesse caso todo e qualquer tipo de ação penal, o crime pode ter prisão
em flagrante. Alguns fatos não podem ter prisão em flagrante devido a sua natureza. Se for crime de
ação pública incondicionada, o flagrante é lavrado independentemente da vontade da vítima, mas se
for um crime de ação penal condicionada ou de ação penal privada, só poderá ter lavratura do
flagrante se a vítima autorizar.
OBS 1: nos crimes de ação penal privada, o flagrante só poderá ser lavrado se a vítima
autorizar, mas o auto de prisão em flagrante deve ser efetuado independentemente disso.
Após o APF, caso a vítima não deseje a persecução, ela se encerra nesse exato momento.
OBS 2: a ação penal pública incondicionada pode começar ou de ofício ou porque o sujeito
fez o requerimento.
3) Requerimento do ofendido: as ações penais privadas só podem começar mediante requerimento do
ofendido.
4) Requisição do MP ou autoridade judiciária: o MP e o juiz podem requisitar a instauração de um
procedimento investigativo quando a ação é pública condicionada (quando há representação) ou
incondicionada.
OBS 1: o CPP de 1941 traz expressamente o poder de requisição tanto do MP como do Juiz,
mas a CF/88 trouxe apenas a previsão do poder de requisição para o MP e ela faz isso com o
intuito de preservar a imparcialidade do juiz.
OBS 2: requisição é uma ordem, enquanto representação é pleito.
5) Representação do ofendido (ou representante legal) ou Requisição do Ministro da Justiça: as ações
penais públicas condicionadas começam mediante representação do ofendido, ou mediante
requisição do Ministro da Justiça quando essa for uma condição para a sua instauração.
a) Requisitar novas diligências: o MP pode entender que os elementos contidos no IP não são
suficientes para que ele forme a sua opinio delict, se isso acontecer, o MP faz retornar o IP
para a delegacia e apresenta quais são as suas requisições. Quando o MP faz alguma
requisição, o delegado de polícia está obrigado a cumprir. Conforme a CF/88 no art. 129, VIII,
todos os atos praticados pelo MP devem ser fundamentados, ou seja, o MP deve
fundamentara sua requisição. O MP deve dizer quais são as diligências necessárias que a
polícia deve cumprir.
b) Parecer de arquivamento: o delegado de polícia não pode solicitar o arquivamento (art. 17,
CPP), mas o arquivamento do inquérito pode acontecer conforme dispõe o modelo do art.
28, CPP (alterado pela Lei nº 13.964/19, mas com eficácia suspensa em virtude de decisão do
Ministro Luiz Fux).
c) Oferecer a denúncia: é justamente o oferecimento da peça acusatória, a petição inicial da
ação penal pública. Deve ser feita em juízo e tal como a queixa, deve estrar de acordo com o
art. 41 do CPP.
Ação Penal Privada Subsidiária à Pública – cabe a ação penal privada subsidiária à
ação penal pública quando o Ministério Público fica inerte ao prazo previsto em lei.
O MP é obrigado a se pronunciar nos prazos previstos, e essa pronúncia dele pode
acontecer de três formas como vimos acima (requisitar novas diligências, requisitar
arquivamento e oferecer denúncia), mas caso o MP não se pronuncie no prazo,
hipoteticamente, cabe para a vítima ingressar com a ação penal privada subsidiaria à
pública (não é sempre assim que ocorre pois existem crimes em que a vítima não
pode ingressar com a ação).
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL E PEÇAS INFORMATIVAS:
O modelo de arquivamento pensado pelo legislador não foi um modelo pensado apenas para o Inquérito
Policial, mas também para todas as peças informativas. Além do IP, existem outras peças informativas como
por exemplo o Inquérito Parlamentar, o Termo Circunstanciado e outros procedimentos informativos que não
têm nome específico (ex.: procedimentos oriundos de corregedoria). Existem algumas espécies de
arquivamento a serem estudadas.
Arquivamento expresso, explícito, direto e legal: é o arquivamento previsto no art. 28 do CPP (dispositivo
modificado com o Pacote Anticrime). É expressamente definido que o promotor requer arquivamento e que
o juiz homologa, ou seja, é explícito que a persecução penal não irá persistir.
1) Arquivamento expresso estadual: O promotor de justiça natural (ou seja, aquele que tem atribuição
para o caso) faz o parecer de arquivamento fundamentado e submete ao Magistrado competente
(juiz natural). O juiz deverá fazer uma avaliação e se concordar com o Promotor, homologa o parecer
de arquivamento. Se o Juiz discordar do Promotor ele não homologa. Essa discordância deve ser feita
de maneira fundamentada e em seguida, remetida ao dissenso ao chefe do Ministério Público
(Procurador Geral de Justiça). Cabe ao PGJ resolver a divergência entre o Juiz e o Promotor. O PGJ
pode concordar com o Promotor de justiça, devendo apresentar suas razões para tanto
(fundamentar) e insistir no arquivamento, requerendo que o Juiz homologue o arquivamento. O PGJ
pode também discordar do Promotor e concordar com o Juiz. Nessa segunda situação, O PGJ pode
ele mesmo oferecer a denúncia ou designar outro membro do Ministério Público para atuar naquele
caso (à luz do Princípio da Independência Funcional).
2) Arquivamento expresso federal (Lei Complementar nº 75/93): O Procurador da República (com
atribuição natural para o caso) faz o parecer de arquivamento (esse que deve ser fundamentado) e
submete ao Juiz Federal competente (juiz natural) para aquele caso concreto. O JF deverá fazer uma
avaliação e se concordar com o Procurador ele deve homologar o parecer de arquivamento. Mas se o
Juiz discordar do Procurador ele não homologa e remete o dissenso (feito de forma fundamentada) à
instância superior do Ministério Público Federal através do Procurador Geral da República. na esfera
federal não existe a possibilidade de o próprio PGR (e nem a CCR) oferecer a denúncia.
3) Arquivamento implícito (doutrinário): não existe previsão legislativa para esse tipo de
arquivamento, ele é o efeito jurídico decorrente do silêncio do MP diante de uma situação fática que
envolva um autor com o não agir do poder judiciário. É uma espécie de arquivamento discutido na
doutrina, mas não é amplamente consagrado e aceito pelos tribunais.
No caso hipotético em que o promotor de justiça não se pronuncia sobre o suposto
autor do fato, o juiz deverá fazer um controle de legalidade sobre o ato e solicitar
que o promotor se pronuncie ou pode encaminhar diretamente ao PGJ para que
esse tome as devidas providências. Caso o juiz não se pronuncie e permaneça
também em silêncio, a doutrina progressista entende que há um arquivamento
implícito (promotor e juiz viram o fato e ambos entenderam não haver elementos
suficientes para a denúncia, considerando-se assim, arquivado implicitamente).
Para a doutrina progressista, quando o IP for arquivado implicitamente, não poderá
o fato ser objeto de denúncia sem que existam novas provas.
O contra-argumento da doutrina clássica é de que esse arquivamento implícito
estaria violando o Princípio da Obrigatoriedade da Ação Penal Pública e além disso, o
arquivamento deve ser justificado, deve ter suas razões expostas. Para esse
posicionamento, diante de não haver o arquivamento expresso, enquanto não
prescrever o fato, pode ele ser objeto de denúncia.
4) Arquivamento originário legal (efeitos intramuros): pode ter efeitos internos ou não. As causas
criminais, via de regra iniciam na primeira instancia, porém existem algumas autoridades que tem a
prerrogativa de função para o julgamento, onde as ações irão se originar nos tribunais (ex:
presidente, vice-presidente, senadores, PGR, membros do STF...).
Quem tem prerrogativa de função, tem a ação criminal iniciada em um dos tribunais, logo
quem ajuíza a ação é o órgão do Ministério Público que tem atribuição naquele tribunal (Ex.:
PGR, PGJ), este também é o que tem atribuição para requerer o arquivamento (homologado
pelo tribunal que é o juiz natural do caso). Logo, o arquivamento que se dá nesse âmbito é
chamado de arquivamento originário em tribunais.
Como regra geral, os arquivamentos só serão concluídos se o MP fizer o parecer e houver
homologação pelo tribunal competente. Mas, quando o arquivamento é feito pelo
Procurador Geral da República (inicia-se no STF) ele sozinho tem efeitos que geram o
arquivamento, independente de homologação ou não e esses são os chamados efeitos
intramuros ou internos. Não há como haver nova avaliação sobre o parecer de arquivamento
dessas últimas instâncias do MP se não surgirem novas provas. Como não existe autoridade
superior ao PGR pra corrigir o seu ato de arquivamento, dizemos que os efeitos do seu
parecer são intramuros, o arquivamento já tem efeito jurídico independente de
homologação.
5) Arquivamento ex officio: previsto no regimento interno do STF, é quando o relator do caso arquiva
de ofício, sem o pedido do PGR. Isso não violaria o sistema acusatório? Se entendermos como um
Habeas Corpus ex officio para trancamento da ação penal não haveria problema algum.
6) Arquivamento indireto (doutrinário): é o efeito jurídico decorrentes do hipotético conflito entre um
membro do MP e um membro do Poder Judiciário a respeito de competência jurisdicional, sem que
haja mecanismos de soluções.
CONFLITO DE COMPETÊNCIAS:
O conflito de competências pode ser positivo ou negativo. A regra é que no conflito entre membros
vinculados ao mesmo tribunal, quem decide é o tribunal ao qual eles estão vinculados (Ex.: Juiz Federal de
FSA x Juiz Federal de FSA – TRF da 1ª Região). Já no conflito entre membros de tribunais distintos ou entre
tribunais distintos que não sendo tribunais superiores, quem decide é o STJ.
Quando o conflito é entre tribunais superiores quem decide é o STF (Ex.: STJ x TST).
Exemplos:
Juiz Federal de FSA x Juiz Federal de SSA quem resolve é o TRF da 1ª Região pois ambos estão
vinculados a ele.
Juiz Federal de SSA x Juiz Federal de Aracajú por estarem vinculados a TRF’s distintos quem
resolve é o STJ.
Juiz Estadual de Petrolina (PE) x Juiz Estadual de Juazeiro (BA) por estarem vinculados a TJ’s de
estados diferentes, quem resolve é o STJ.
Juiz Estadual de SSA x Juiz Estadual de Amélia Rodrigues quem decide é o TJ BA porque ambos
estão vinculados a esse (ambos são cidades da Bahia).
TRF x TJ quem decide é o STJ pois não são tribunais superiores.
CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES:
PEÇAS ACUSATÓRIAS:
Denúncia: é a deflagração da ação penal pública (condicionada ou incondicionada) pelo Ministério Público. É
quando o MP exercita o seu dever de ação, a propositura da ação pública é dever do MP e não um direito. É a
peça que inaugura a ação penal pública.
Queixa: é a deflagração da ação penal privada pelo ofendido/pela vítima. É o exercício do direito de ação
pela vítima pautado pelo juízo de conveniência e oportunidade. É a peça que inaugura a ação penal privada.
ELEMENTOS DA PEÇA ACUSATÓRIA:
Qualificar o denunciado ou querelado;
Narrar os fatos;
Classificar juridicamente o crime;
Arrolar testemunhas.
Art. 41 – CPP: A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.
Art. 395 – CPP: A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Rito da lei de drogas: máximo que se pode arrolar são 5 testemunhas. Já no rito do júri, na 1ª fase só
pode ser arrolado o máximo de 8 testemunhas e na 2ª fase o máximo de 5 testemunhas.
ADITAMENTO:
Quando termina o inquérito policial e ele chega as mãos do promotor de justiça, este tem al gumas
possibilidades para atuar e no mesmo inquérito o promotor pode tomar decisões diversas de acordo com o
sujeito. O aditamento subjetivo é quando há a inclusão de pessoa nova na peça acusatória. O aditamento
objetivo é quando há a inclusão de fato novo. Em um mesmo caso concreto pode haver tanto o aditamento
objetivo quanto o aditamento subjetivo. Por fim, não se aditará quando gerar prejuízo.
Enquanto não houver sentença pode haver aditamento para que sejam evitadas decisões contraditórias (se o
promotor está aditando é porque existe conexão e/ou continência).
Duas coisas impedem o aditamento: a sentença e quando o processo está tão adiantado que a inclusão de
uma nova pessoa irá bagunçar completamente o processo, gerando um prejuízo (art. 80 do CPP, - separação
facultativa).
AÇÃO PENAL:
As ações penais latu sensu são é tudo aquilo que permite resolver questões sobre a área penal, essas se
subdividem em ações de impugnação (Habeas Corpus, Mandado de Segurança e Revisão Criminal) e em as
ações penais condenatórias (ou em sentido estrito), as quais serão estudadas. As ações penais condenatórias
se subdividem em: Ação Penal Pública (incondicionada, condenada a representação do ofendido e
condicionada à requisição do Ministro da Justiça) e Ação Penal Privada (exclusiva, personalíssima e
subsidiária à publica).
Revisão Criminal: desconstituição da coisa julgada no âmbito do processo penal (apenas em favor do réu).
Ação Penal Consensual = Transação Penal
CONDIÇÕES DA AÇÃO:
Tendo como base a Teoria Geral do Processo Civil, a maior parte da doutrina considera que devem estar
presentes as seguintes condições cumulativas:
Interesse de agir
Pedido juridicamente possível
Legitimidade
No caso de crimes ambientais, nem sempre a vítima imediata é a coletividade, uma vez que, em algumas
ocasiões, o dano ambiental pode recair sobre um bem particular (o proprietário passa a ser a vítima
imediata).
Quando o Estado vai a juízo contra um estupro, por exemplo, visa-se a proteger os interesses da coletividade:
a dignidade sexual e a proteção contra a relação sexual não consentida. O Estado aplica a pena, o que muda
apenas é o legitimado que propõe a ação penal: o MP (ordinário) ou ofendido (extraordinário).
A ação penal, como regra, é pública e quem classifica a ação penal é a lei. O MP é o legitimado para ajuizar
ação penal pública (incondicionada ou condicionada à representação/à requisição), já o ofendido, para a
ação penal privada
Caso somente a vítima possa ir a juízo, tem-se uma ação penal privada personalíssima, não se admitindo a
substituição processual (caso a vítima seja incapaz, por exemplo, quem atua é o representante legal) ou
sucessão processual (CADI – cônjuge, ascendente, descendente ou irmão).
Quando a ação penal for pública e o acusador público foi inerte, a vítima é legitimada a atuar por meio de
uma ação penal privada subsidiária à pública (art. 5º, LIX, CF; art. 29, CPP; art. 100, § 3º, CP).
QUESTÕES INCIDENTAIS:
TEORIA GERAL DAS PROVAS: