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Faculdade de Inhumas-FacMais

Docente: Jose Pacheco da Silva Junior


Discente: Jean Alex de Oliveira Júnior
Curso: Direito
Disciplina:Direito Penal II- Parte Geral do Código Penal

Ação penal
É a manifestação no poder judiciário. É a partir da ação penal que o processo
se inicia, ou seja, o poder judiciário está parado e necessita de uma ação, de uma
iniciativa para agir, para apreciar um caso concreto. Assim como diz Jesus e
Estefam (2020): “Ação penal é o direito de invocar o Poder Judiciário no sentido de
aplicar o Direito Penal objetivo”. Assim essa ação penal é um direito subjetivo do
indivíduo, um direito autônomo, ou seja, ele tem o poder de agir, quando tem algum
bem jurídico seu lesado, mas não pode punir o autor com as próprias mãos, uma
vez que o Estado é o único legitimado a apreciar o caso e a punir, se realmente o
réu for culpado, isso demonstra o caráter público da ação penal, uma vez que o
poder judiciário tem caráter público e somente ele pode apreciar a ação. A ação
penal da início ao processo, mas não necessariamente precisa da condenação para
ser efetivada, isso comprova que é um direito abstrato, pois não depende de um
resultado final concreto. Assim frisa Capez (2020):

(i) é um direito autônomo, que não se confunde com o direito material que
se pretende tutelar;
(ii) é um direito abstrato, que independe do resultado final do processo;
(iii) é um direito subjetivo, porque o titular pode exigir do Estado-Juiz a
prestação jurisdicional;
(iv) é um direito público, porque a atividade jurisdicional que se pretende
provocar é de natureza pública.

Além do mais, a ação penal possui algumas divisões especiais, quanto à


legitimidade e espécies.

A ação penal propriamente só nascerá em juízo, com o oferecimento de


denúncia pelo Ministério Público, em caso de ação pública, ou de queixa,
pelo particular, quando se tratar de ação penal privada. O recebimento, de
uma ou de outra, marcará o início efetivo da ação penal.(BITENCOURT,
2021)

Espécies de ação penal


Bem como conceitua Cunha (2015)

A classificação da ação penal mostre-se importante por força das diferentes


consequências jurídicas que lhe são inerentes, como seus legitimados,
aspectos procedimentais, princípios próprios e prazos.
A ação penal no Brasil pode ser classificada, inicialmente, em: de iniciativa
pública ou de iniciativa privada.
A ação penal de iniciativa pública é promovida pelo Ministério Público e
pode ser incondicionada ou condicionada (à representação da vítima ou
requisição do Ministro da Justiça).
A ação penal de iniciativa privada, por sua vez, subdivide-se em
exclusivamente privada, personalíssima e subsidiária da pública.

Assim, as ações penal podem ser públicas ou privadas, em um divisão simples,


mas ainda podem ser divididas no caso da ação penal pública em incondicionada ou
então condicionada. E no caso da privada em exclusivamente privada, em
personalíssima ou ainda em subsidiária da publicação.
Convém lembrar que é a própria lei que define qual tipo de ação cabe a cada
crime cometido. Assim diz Cunha (2015): “Da simples leitura do art. 100 do CP,
conclui-se: no silêncio da lei, a ação penal é pública incondicionada. Só será pública
condicionada ou de iniciativa privada quando a lei expressamente assim determinar.”

● Ação penal pública incondicionada: nesse tipo de ação o Ministério Público


pode oferecer a denúncia sem cumprir qualquer requisito, ou seja, basta
saber do ato criminoso para agir, não necessita de autorização.

A ação penal é pública incondicionada quando o seu exercício não se


subordina a qualquer requisito. Significa que pode ser iniciada sem a
manifestação de vontade de qualquer pessoa. Ex.: ação penal por crimes de
homicídio, aborto, infanticídio, lesão corporal grave, furto, estelionato,
peculato etc.(JESUS e ESTEFAM, 2020)

● Ação penal pública condicionada: já nesse tipo de ação é necessário que


alguns requisitos, condições específicas sejam cumpridas, como a
manifestação da vítima ou do ministro de justiça, nesse caso, o Ministério
Público somente age com autorização do interessado, cujo pede
representação ou por meio da requisição do ministro da justiça.

A ação penal é pública condicionada quando o seu exercício depende de


preenchimento de requisitos (condições). Possui duas formas:
a) ação penal pública condicionada à representação;
b) ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
Nos dois casos, a ação penal não pode ser iniciada sem a representação ou
a requisição ministerial. Exs.: arts. 7º,§ 3º, b; 153; 154; 156, § 1º; 176,
parágrafo único, 1ª parte etc.(JESUS e ESTEFAM, 2020)

● Ação penal exclusivamente privada: nesse caso a ação penal somente pode
ser iniciada pela vítima ou por seu representante legal, pois considerando o
crime em questão só pode a vítima ou seu representante instaurar a
queixa-crime.

A ação penal privada exclusiva somente pode ser proposta pelo ofendido ou
por quem tenha qualidade para representá-lo (art. 30 do CPP).
Denomina-se queixa-crime a peça pela qual se inicia a ação penal privada.
[...]
Em caso de morte do ofendido, ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do CPP).(ANDREUCCI,
2021)

● Ação penal privada personalíssima: nessa ação somente a vítima pode


propor a ação, não cabendo portanto que outra pessoa instaure a
queixa-crime no seu lugar, nem mesmo seu representante, cônjuge ou
parentes. Como explica Cunha(2015)

Aqui, o direito de agir é atribuído única e exclusivamente à vítima. Não há,


em nenhuma hipótese, a substituição do titular da ação penal. No caso de
morte do ofendido, extingue-se a punibilidade. Se o ofendido for incapaz,
deve-se aguardar a cessação da causa da incapacidade para que ele
próprio ajuíze a ação penal.

● Ação penal privada subsidiária da pública: a ação é proposta pela vítima ou


por seu representante nos casos em que caberia a ação penal pública, mas o
Ministério Público, que é o titular inicial, não propôs a denuncia no tempo
adequado, cabendo portanto a vítima fazê-lo por meio da queixa crime, nesse
caso a iniciativa privada somente compete em oferecer a queixa-crime, uma
vez que os demais atos serão de titularidade do Ministério Público, conforme
diz Andreucci(2021):

O Ministério Público, conforme já foi anotado, deve oferecer denúncia,


estando o réu preso, em 5 dias, e estando o réu solto, em 15 dias. Esses
prazos, conforme já mencionado, constituem a regra, havendo exceções na
legislação extravagante.
Assim sendo, se o Ministério Público não observar esses prazos para
oferecimento da denúncia, para requerer alguma diligência ou para requerer
arquivamento, não obstante a ação penal ser de iniciativa pública
incondicionada, poderá o ofendido ou seu representante legal intentar a
ação penal privada subsidiária por meio de queixa-crime (art. 5.º, LIX, da
CF, art. 100, § 3.º, do CP e art. 29 do CPP).
O prazo para oferecimento da queixa-crime, nesse caso, de acordo com o
art. 38 do Código de Processo Penal, será de 6 meses, contado da data em
que se esgotar o prazo para manifestação do Ministério Público (denúncia,
arquivamento ou diligência).
O Ministério Público, então, poderá aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal (art. 29 do
CPP).

Legitimidade para propor a ação penal


Conforme observado acima a respeito dos tipos de ação penal, percebe-se que
em regra os titulares legítimos podem ser o Ministério Público ou a própria vítima,
que podem propor respectivamente a denuncia e a queixa-crime, o que indica
tratar-se ou de ação penal pública ou de ação penal privada.

Na ação penal pública, a conduta do sujeito lesa um interesse jurídico de


acentuada importância, fazendo com que caiba ao Estado a titularidade da
ação, que deve ser iniciada sem a manifestação de vontade de qualquer
pessoa.
Assim, ocorrido o delito, deve a autoridade policial proceder de ofício,
tomando as medidas cabíveis. Em juízo, a ação penal pública deve ser
exercida privativamente pelo Ministério Público (art. 129, I, da CF).
[...]
A ação penal privada tem lugar quando o Estado transfere ao particular o
direito de acusar (jus accusationis), preservando para si o direito de punir
(jus puniendi). Nesse caso, o interesse do particular, ofendido pelo crime,
sobrepõe-se ao interesse público, que também existe.
Ocorre, assim, verdadeira hipótese de substituição processual, em que o
particular defende interesse alheio (interesse público na repressão dos
delitos) em nome próprio.(ANDREUCCI, 2021)
REFERÊNCIAS
ANDREUCCI, R. A. Manual de Direito Penal. 15 ed. São Paulo: Saraiva, 2021. 832
p. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786555598377/epubcfi/6/4[%
3Bvnd.vst.idref%3Dcopyright_3-0.xhtml]!/4/14/2/5:19[l%203%2C43]. Acesso em: 2
jun. 2022.

BITENCOURT, C. R. Tratado de direito penal 1: parte geral: arts. 1º a 120. 27. ed.
São Paulo: Saraiva, 2021. 568 p. 1 v. Revista e atualizada. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9786555590333/epubcfi/6/100
[%3Bvnd.vst.idref%3Dmiolo47.xhtml]!/4/2/52/5:257[%20de%2C%20pr]. Acesso em:
2 jun. 2022.

CAPEZ, F. Curso de direito penal: parte geral. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
784 p. 1 v. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619184/pageid/4.
Acesso em: 2 jun. 2022.

CUNHA, R. S. Manual de direito penal: Parte geral. 3. ed. Salvador: Editora


JusPodivm, 2015. 547 p. Revista, ampliada e atualizada.

JESUS, D. de; atualização: ESTEFAM, A. Direito Penal 1: parte geral. 37. Ed. São
Paulo: Saraiva, 2020. 767 p. 1 v. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788553619849/pageid/3.
Acesso em: 2 jun. 2022.

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