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PROCESSO PENAL - AÇÃO PENAL

Fabiana Mendes Pereira

12/04/2023

Resumo. As ações penais são instrumentos utilizados para iniciar e conduzir processos
judiciais para apurar crimes e punir os responsáveis. As principais espécies de ações penais
são:

Ação Penal Pública: é aquela iniciada pelo Ministério Público, independentemente


da vontade da vítima. Pode ser incondicionada, ou seja, não depende da manifestação
de vontade da vítima, ou condicionada, que só pode ser iniciada se a vítima ou seu
representante manifestar interesse em prosseguir com o processo.

Ação Penal Privada: é aquela iniciada pela vítima ou seu representante legal. Pode
ser exclusiva, em que somente a vítima pode exercer o direito de ação, ou personalíssima,
em que somente a vítima pode exercer o direito de ação e não pode ser representada por
procurador.

É importante ressaltar que o processo penal deve seguir o devido processo legal,
que inclui o direito à ampla defesa e ao contraditório. Além disso, o Ministério Público deve
agir com imparcialidade e buscar a verdade real dos fatos, enquanto a defesa tem o papel
de proteger os interesses do acusado e garantir que seus direitos sejam respeitados. Em re-
sumo, entender as espécies de ações penais é fundamental para entender o funcionamento
do sistema processual penal e garantir que a justiça seja feita.

1 TIPOS DE AÇÕES PENAIS


AÇÃO PENAL PÚBLICA

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A ação penal pública é aquela que é iniciada pelo Ministério Público para apurar
crimes e punir os responsáveis, independentemente da vontade da vítima. Existem dois
tipos de ação penal pública: incondicionada e condicionada.

Ação Penal Pública Incondicionada

A ação Penal Publica incondicionada é um tipo de processo penal em que o Ministério


Público é responsável por levar adiante a acusação de um crime, independentemente da
vontade da vítima ou de terceiros. Isso significa que, se alguém comete um crime, O
Ministério Público pode iniciar um processo criminal contra essa pessoa mesmo que a
vítima não queira ou não esteja interessada em processá-la.

Esse tipo de ação penal é importante porque garante que o Estado possa agir em
defesa da sociedade, mesmo que a vítima não esteja disposta a fazê-lo. Dessa forma, o
Ministério Publico tem a responsab8olidade de investigar e processar crimes, mesmo que a
vítima não esteja colaborando.

Um exemplo de Ação Penal Pública Incondicionada é o caso de um indivíduo que


comete um homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar, contra outra pessoa. Nesse
caso, o Ministério Público é obrigado a oferecer a denúncia e seguir com o processo
penal, independentemente da vontade da vítima ou seus familiares. A razão para isso
é que o homicídio é considerado um crime grave que afeta não apenas a vítima, mas
toda a sociedade. Portanto, cabe ao Estado promover a justiça e a punição adequada do
perpetrador do crime.

Em resumo, a Ação Penal Pública Incondicionada é um instrumento que garante que


o Estado possa atuar na defesa da sociedade, independentemente da vontade da vítima ou
de terceiros.

Ação Penal Pública Condicionada à Representação

A Ação Penal Pública Condicionada à Representação é um tipo de processo penal


em que a abertura da ação penal depende da representação da vítima ou de seu represen-
tante legal. Isso significa que, para que o Ministério Público possa levar adiante o processo,
é necessário que a vítima ou seu representante legal apresente uma representação formal,
manifestando o interesse em processar o autor do crime.

Diferentemente da Ação Penal Pública Incondicionada, em que o Estado atua


independentemente da vontade da vítima, na Ação Penal Pública Condicionada à Repre-
sentação, é necessário que a vítima ou seu representante legal tomem a iniciativa de
representar contra o autor do crime, demonstrando o interesse em processá-lo.

Esse tipo de ação penal é importante para garantir o respeito à autonomia da vítima
e sua vontade em buscar a responsabilização do autor do crime. Além disso, a Ação Penal
Pública Condicionada à Representação também evita que o Estado inicie um processo penal
sem o interesse da vítima, garantindo a proteção aos direitos fundamentais do acusado.

Um exemplo de Ação Penal Pública Condicionada à Representação é o caso de um


homem que agride sua companheira com socos e chutes durante uma discussão. Nesse
caso, a vítima pode optar por representar contra o agressor e a ação penal só poderá ser
instaurada se houver a representação da vítima. Caso contrário, o Ministério Público não
poderá iniciar a ação penal.

Em resumo, a Ação Penal Pública Condicionada à Representação é um tipo de


processo penal em que a abertura da ação penal depende da representação formal da
vítima ou de seu representante legal, demonstrando o interesse em processar o autor do
crime.

Ação Penal Pública Condicionada à Requisição

A Ação Penal Pública Condicionada à Requisição é um tipo de processo penal em


que a iniciativa do processo depende da requisição de uma autoridade ou órgão público
competente. Isso significa que o Ministério Público só pode iniciar o processo se receber
uma requisição de outra autoridade.

Em outras palavras, nesse tipo de ação penal, a iniciativa do processo depende da


requisição de uma autoridade pública, como por exemplo, a Polícia Civil, Polícia Federal,
ou até mesmo um juiz. Essa autoridade deve requisitar ao Ministério Público que inicie o
processo penal contra o autor do crime.

A Ação Penal Pública Condicionada à Requisição é prevista em casos específicos,


como em crimes militares ou em crimes cometidos por funcionários públicos no exercício
da função.

Um exemplo de ação penal pública condicionada à requisição seria a acusação de


um crime de lesão corporal leve. Neste caso, o Ministério Público só poderia entrar com
a ação penal se a vítima requisitasse formalmente o processo. Se a vítima não fizer a
solicitação, o MP não poderá entrar com a ação penal.

Em resumo, a Ação Penal Pública Condicionada à Requisição é um tipo de processo


penal que depende da requisição de uma autoridade pública competente para ser iniciado.
O Ministério Público só pode iniciar o processo se receber essa requisição, que pode ocorrer
em casos específicos, como em crimes militares ou em crimes cometidos por funcionários
públicos.

AÇÃO PENAL PRIVADA

A ação penal privada é aquela que é iniciada pela vítima ou seu representante legal
para apurar crimes e punir os responsáveis. Existem dois tipos de ação penal privada:
exclusiva e personalíssima.

Ação Penal Privada Exclusiva


A Ação Penal Privada Exclusiva é um tipo de processo penal em que a iniciativa do
processo depende exclusivamente da vítima ou de seu representante legal. Isso significa
que somente a vítima pode promover a ação penal e o Ministério Público não tem poder
para atuar nesse caso.

Em outras palavras, nesse tipo de ação penal, a iniciativa do processo cabe exclusi-
vamente à vítima ou a seu representante legal, não havendo possibilidade de o Ministério
Público promover a ação penal. A vítima deve apresentar uma queixa-crime ao juiz, indi-
cando o autor do crime e as provas que possui para comprovar a sua acusação.

A Ação Penal Privada Exclusiva é prevista em casos específicos, como em crimes


de injúria, difamação e outros delitos que atingem a honra da pessoa. Em geral, esses
crimes têm menor potencial ofensivo e, por isso, são considerados de menor gravidade.

Um exemplo de Ação Penal Privada Exclusiva é o crime de difamação, que só pode


ser denunciado pelo próprio ofendido ou por seu representante legal. Nesse caso, é a vítima
quem deve contratar um advogado e acionar o Ministério Público para que a ação seja
movida em seu nome. Em outras palavras, o Estado não pode agir diretamente nesse tipo
de crime, e a denúncia só pode ser feita por quem foi caluniado ou difamado.

Em resumo, a Ação Penal Privada Exclusiva é um tipo de processo penal em que a


iniciativa do processo depende exclusivamente da vítima ou de seu representante legal. O
Ministério Público não tem poder para atuar nesse caso e a vítima deve apresentar uma
queixa-crime ao juiz, indicando o autor do crime e as provas que possui para comprovar a
acusação.

Ação Penal Privada Subsidiária da Pública

A Ação Penal Privada Subsidiária da Pública é um tipo de processo penal em que a


iniciativa do processo cabe ao Ministério Público, mas somente se a vítima não quiser ou
não puder promover a ação penal.

Em outras palavras, nesse tipo de ação penal, a vítima tem o direito de optar por
não promover a ação penal, mesmo que se trate de um crime de ação pública. Nesse caso,
cabe ao Ministério Público promover a ação penal em nome da vítima, como substituto
processual.

A Ação Penal Privada Subsidiária da Pública é prevista em casos específicos, como


em crimes de estupro, por exemplo. Nesses casos, a vítima tem o direito de optar por não
promover a ação penal, mas se ela não quiser ou não puder, o Ministério Público deve
promover a ação penal em seu lugar.

Suponhamos que uma pessoa tenha sido vítima de um crime de estupro e que o
Ministério Público, responsável pela ação penal pública, tenha decidido por algum motivo
não propor a ação penal. Nesse caso, a vítima poderá requerer a ação penal privada
subsidiária da pública, ou seja, ela poderá assumir o papel de acusadora e dar continuidade
ao processo criminal. Esse seria um exemplo de ação penal privada subsidiária da pública.

Em resumo, a Ação Penal Privada Subsidiária da Pública é um tipo de processo


penal em que a iniciativa do processo cabe ao Ministério Público, mas somente se a vítima
não quiser ou não puder promover a ação penal. Esse tipo de ação penal é previsto em
casos específicos, como em crimes de estupro, em que a vítima tem o direito de optar por
não promover a ação penal, mas se ela não quiser ou não puder, o Ministério Público deve
promover a ação penal em seu lugar, como substituto processual.

Ação Penal Privada Personalíssima

A Ação Penal Privada Personalíssima é um tipo de processo penal em que somente


a vítima pode promover a ação penal, não podendo ser substituída por outra pessoa, nem
mesmo por seu representante legal.

Em outras palavras, nesse tipo de ação penal, a iniciativa do processo cabe somente
à vítima, que deve apresentar uma queixa-crime ao juiz, indicando o autor do crime e
as provas que possui para comprovar a acusação. Não é possível que um advogado ou
qualquer outra pessoa represente a vítima no processo penal.

Ação Penal Privada Personalíssima é prevista em casos muito específicos, como em


crimes de violação de correspondência, por exemplo. Nesses casos, somente o destinatário
da correspondência violada pode promover a ação penal.

Um exemplo de Ação Penal Privada Personalíssima seria o caso de uma vítima de


estupro que decide não seguir adiante com o processo criminal contra o agressor. Nesse
tipo de ação penal, somente a vítima tem o poder de iniciar o processo e, caso ela desista,
a ação penal é extinta. Não é possível a outro representante processual assumir a ação
penal no lugar da vítima.

Em resumo, a Ação Penal Privada Personalíssima é um tipo de processo penal em


que somente a vítima pode promover a ação penal, sem possibilidade de ser substituída por
outra pessoa, nem mesmo por seu representante legal. Esse tipo de ação penal é previsto
em casos muito específicos, como em crimes de violação de correspondência, em que
somente o destinatário da correspondência violada pode promover a ação penal.

CONCLUSÃO

Conclui-se que as espécies de ações penais são fundamentais para a compreensão


do sistema processual penal. Compreender quem pode iniciar uma ação penal, bem como
as condições necessárias para isso, é essencial para que se possa defender e exercer
os direitos das partes envolvidas no processo. As ações penais públicas, iniciadas pelo
Ministério Público, podem ser incondicionadas ou condicionadas à manifestação de vontade
da vítima. Já as ações penais privadas são iniciadas pela própria vítima e podem ser
exclusivas ou personalíssimas. Cada espécie de ação penal possui suas particularidades
e é importante que sejam respeitadas para que se alcance uma justiça efetiva. Por fim, é
necessário destacar a importância do devido processo legal, que garante o direito à ampla
defesa e ao contraditório, independentemente da espécie de ação penal utilizada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. São


Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2020.

CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. São Paulo: Editora Saraiva, 2020.

MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. São Paulo: Editora Atlas, 2019.

COSTA, Álvaro Mayrink da. Ação Penal. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2018.

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