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O Ofendido, o Lesado e o Assistente

O Ofendido e o Lesado, surgem no processo penal como um dos sujeitos processuais que, como
já foi referido, são as pessoas e entidades sem a actuação das quais o processo penal pressupõe
sempre a sua existência, que poderá se constituir em assistente, e em parte acusadora.

O assistente distingue-se processualmente do ofendido e do lesado. O ofendido não é sujeito


processual, salvo se se constituir assistente; o lesado, enquanto tal, nunca pode constituir-se
assistente, mas parte apenas para efeitos de deduzir pedido de indemnização civil. Mas sendo
aquele que sofreu danos com o crime, pode coincidir e coincide muitas vezes com o ofendido e,
por isso, pode também constituir-se assistente, não por ser lesado, mas por ser ofendido.

O Ofendido

Conceito
O professor Jorge de Figueiredo Dias define em processo penal, como sendo”… a pessoa que
segundo o critério que se retira do tipo preenchido pela conduta criminosa, detêm a titularidade
do interesse jurídico-legal por aquela violado ou posto em perigo”

A Constituição de Assistente e a Posição Jurídica deste no Processo Penal.

Legitimidade Para Intervir como Assistente

O Ofendido e uma das pessoas com legitimidade para intervir como assistente em processo
penal. Não podem intervir no processo penal como assistentes, certas pessoas, por não serem
titulares dos interesses que a lei penal especialmente quis proteger com a incriminação, embora
pudessem ter algum interesse, varias razoes, em intervir de modo a colaborar na descoberta da
verdade e consequente realização da justiça.
Não podem intervir, a titulo exemplificativo, como assistentes no processo penal, aquele que e
mero detentor ou possuidor da coisa furtada ou descaminhada, uma vez que o interesse protegido
pela incriminação do furto ou do abuso de confiança e só do proprietário, o enganado, se não for
de forma simultânea aquele que e patrimonialmente lesado por um crime de burla; o
processualmente lesado por um falso testemunho, por isso que a incriminação protege só o
interesse da boa administração da justiça.

Em determinados crimes públicos ninguém pode considerar-se assistente, justamente por o


interesse protegido pela incriminação ser exclusivamente publico, a exemplo dos crimes de “
Alta Traição” e “ Espionagem” previstos e punidos pelos artigos 9 e 10 respectivamente, da Lei
19/91, de 16 de Agosto (Lei dos Crimes Contra o Estado).

Princípio Para Intervenção como Assistente

A legitimidade do ofendido para que se possa constituir em assistente em processo penal, e


considerado como sendo o principio geral em matéria de legitimidade para o efeito, que tem
como base o conceito estrito de ofendido em qualquer crime em geral, não perdendo de vista a
capacidade da pessoa para estar em juízo, porem sempre representado por advogado por forca da
lei.
Podem constituir-se como assistentes não apenas as pessoas físicas, como também as pessoas
jurídicas ou pessoas colectivas, a lei não distingue uma e outras, tanto que assim se pode
demonstrar através da intervenção nos processos penais de pessoas colectivas como assistentes
que se constituem como tais enquanto ofendidas.
Alargamentos Para Intervenção como Assistente

A legitimidade pode ser conferida a qualquer pessoa para que esta possa constituir-se assistente
nos processos que lhe dizem respeito. De acordo com o Prof. Jorge de Figueiredo Dias, a
legitimidade para se constituir em assistentes no processo penal aqueles de cuja acusação ou
denúncia depender o exercício da acção penal pelo MP, seriam os casos de crimes particulares ou
semi-públicos, respectivamente.

Forma de Constituição de Assistente

A forma de constituição de assistente, não se encontra determinada em termos rígidos. Uma


vez que o código Processual Penal prevê apenas tal seja feito por meio de declaração prestada no
processo ou meio de requerimento, declaração que e obrigatória tratando-se de crime particular.

Momento da Constituição de Assistente

Os assistentes só podem intervir em qualquer altura do estagio do processo, devendo aceita-lo


no estado em que se encontrar, caso o requeiram 5 dias antes da audiência de discussão e
julgamento, doutrina que de forma relativa não vale relativamente ao ofendido por crime
particular, visto o procedimento criminal neste caso, depender de acusação particular, o que
obriga o ofendido a constituir-se em assistente logo de inicio.

Representação de Assistente

Os assistentes são obrigados a ser representados por um advogado, devendo ser representados
por um só advogado, caso sejam vários, e caso haja divergência quanto a escolha do que deva
representa-los, decidira o juiz.
Os Poderes Processuais do Assistente

Quando o assistente, naturalmente na sua intervenção no processo penal exerce certos direitos
ou poderes processuais, co- actuando no processo penal, devem se apontar os seus poderes tendo
em conta cada uma das fases do processo, que são as fases de instrução preparatória, da instrução
contraditória, da acusação, do julgamento e dos recursos.
Apesar dos poderes processuais do assistente poderem se assemelhar aos do MP, parte dos
poderes conferidos ao assistente são exercidos pelo MP, mais existem os que somente podem ser
exercidos pelo MP.
O assistente não exerce autonomamente a acção penal e a sua actuação mesmo quando
condiciona o exercício da acção penal pelo Ministério Publico não lhe cabem nunca, para além
do direito de acusar, os poderes ou funções do Ministério Publico, nomeadamente os de
investigação. Para fundamentar, dizer que relativamente aos crimes públicos e semi-públicos a
posição de assistente e claramente a de colaborador do MP já que os poderes processuais de
dispõe se traduzem em formas de auxilio directo ao MP. No caso particular da fase de instrução
preparatória, em que a intervenção do assistente traduz-se uma função de colaboração probatória
com o MP, a de colaborador.

Intervenção do Assistente na Instrução Preparatória

A intervenção do assistente, nesta fase e limitada a uma função de colaboração probatória com
o MP, de cuja actividade a actuação do assistente esta completamente subordinado, delimitados
pelo artigo 13 do Decreto-Lei 35.007 que prevê a possibilidade de os assistentes,”… apresentar o
Ministério Publico memoriais ou requerimentos de diligencias de prova, que este tomara em
consideração ou deferira, na medida em que entenda que podem contribuir para a descoberta da
verdade, juntando porem aos autos, no prazo prescrito para a junção de documentos, todos os
papeis recebidos dos assistentes que respeitem ao processo”
O assistente ou o seu advogado pode consultar o processo, tem o direito de tomar
conhecimento das declarações do arguido, dos autos de diligências de prova a que pudessem
assistir e dos incidentes ou excepções em que devam intervir algumas partes, devendo disso
guardar segredo de justiça.

Intervenção do Assistente na Instrução Contraditória

A intervenção do assistente nesta fase do processo penal traduz-se, numa intervenção directa na
mesma, mediante oferecimento de provas e requerimento ao juiz das diligências convenientes.
Aqui a lei concede ao assistente o direito de assistir, através do seu advogado, aos actos desta
fase do processo penal; o direito de requerer ao juiz que sejam feitas as testemunhas quaisquer
perguntas para completar ou esclarecer os depoimentos; o direito de requerer que os peritos
prestem os esclarecimentos que foram necessários; e o direito de ser modificado para manter ou
não a acusação.

Intervenção do Assistente na Acusação

O assistente tem competência para formular a acusação independentemente da do MP, ou seja,


uma acusação deduzida em termos diferentes dos da acusação do MP e por factos diferentes dos
que constituem objecto de acusação do MP, quando a tenham deduzido, sem prejuízo ainda de o
assistente formula-lo mesmo que o MP não a tenha deduzido.
Para os efeitos de exercer o poder processual que se traduz na dedução da acusação no prazo
legal, o assistente deve notificado, pois dependendo da acção penal num crime desta natureza de
acusação da parte, a falta da acusação terá como consequência o arquivamento do processo.
Intervenção do assistente no julgamento

A lei confere ao assistente certos poderes processuais para exerce-los na fase de julgamento em
representação da acusação, desde logo o direito de contraditoriedade relativamente aos
requerimentos da defesa.
Tomando-lhes assim as declarações em qualquer altura durante a produção de prova, tem o
direito de interrogar e contra-interrogar as testemunhas.
Intervenção do Assistente nos Recursos

No que respeita aos recursos em processo penal, ao assistente compete recorrer do despacho de
pronúncia e da sentença ou despacho que ponha termo ao processo, ainda que o MP não o tenha
feito. Impedindo assim o assistente de recorrer da decisão do juiz se este receber a acusação do
MP, nos casos em que tenha formulado acusação por factos diferentes dos que constituem
objecto da acusação do MP. Portanto, aqui não pode o assistente impugnar a decisão do juiz que
tenha recebido a acusação do MP, sem prejuízo de recorrer da decisão que não receba a sua
própria acusação. “… a restrição só poderá querer significar que, apontando os assistentes e o
MP, nas suas acusações , diferentes objectos do processo, o assistente não pode recorrer da
decisão do juiz que receba a acusação do MP, mas já pode recorrer da decisão que não receba a
sua própria acusação.

O Lesado
O Lesado e a Reparação de Perdas e Danos Arbitrada em Processo Penal

O Lesado e o Processo De Adesão


Ao cometer uma infracção penal implica necessariamente a lesão ou o perigo para os bens
jurídicos fundamentais da comunidade protegidos pelo direito penal substantivo. Já, a prática da
infracção muitas vezes traz consigo, não só a lesão ou o perigo para bens jurídicos fundamentais
da comunidade, como também a lesão ou a violação de direitos civis patrimoniais de certas
pessoas, os quais podem ser tutelados em atenção ao disposto no artigo 483 do Código Civil.

Lesados são pessoas titulares de direitos civis patrimoniais normalmente violados em virtude
da prática de uma infracção, sendo o caso mais vulgar aquele em que da infracção resulta para o
lesado um direito civil de indemnização, Indemnização de perdas e danos. Fora a indemnização
por perdas e danos, a infracção penal por que alguém e responsável pode servir de fundamento,
no lugar daquela ou em paralelo. Sobre a intervenção ou não do lesado no processo penal como
assistente ou em outra qualidade, sendo: o lesado, aquele que sofreu danos ocasionados pelo
crime pode coincidir com o ofendido e, por isso, pode também constituir-se assistente.
Em razão da sua qualidade do lesado pode apenas intervir no processo como parte civil,
formulando pedido de indemnização civil.

Princípio da Adesão

Quando a dependência processual do pedido de indemnização civil face ao processo penal,


aquele pedido surge como uma verdadeira acção civil em processo penal, permitindo desse modo
obviar a possíveis decisões contraditórias caso as acções civil e penal fossem julgadas em
processos diferentes, e portanto, em separado.
Relativamente ao pedido de indemnização por perdas e danos (materiais e formais) devida por
um facto criminoso vigora o princípio da adesão obrigatória da acção civil a acção penal, com a
imposição legal de o direito a indemnização somente poder, ser exercido no próprio processo
penal, salvo os casos em que a lei excepcionalmente permite que o pedido seja feito
separadamente.
A inobservância do princípio da adesão obrigatória da acção civil a acção penal tem como
consequência a impossibilidade do uso de meios civis para obtenção do ressarcimento dos
prejuízos sofridos com o crime.

Excepções a obrigatoriedade de adesão da acção civil ao processo penal

o A acção civil de perdas e danos que não depender de acusação ou participação


particular pode propor-se em separado perante o tribunal civil, quando a acção penal
não tiver sido exercida pelo Ministério Publico dentro de seis meses, a contar da
participação e juízo ou estiver sem andamento durante esse lapso de tempo, quando o
processo tiver sido arquivado ou quando o réu tiver sido absolvido na acção penal;
o Se o processo penal tiver sido instaurado por infracção que dependa de participação ou
acusação particular, somente poderá intentar-se em separado a acção quando o
processo penal esteja sem andamento por seis meses ou mais, sem culpa da parte
acusadora, quando o processo tenha sido arquivado ou o réu tenha sido absolvido.
O Tribunal e o Juiz Penal

Sendo os tribunais órgãos de soberania a quem compete exercer a função jurisdicional (artigos
133 e 212 da Constituição da Republica de Moçambique) e por conseguinte ser através deles que
o Estado exerce o poder judicial, significando que somente aos tribunais compete conhecer e
decidir os casos de natureza criminal que tenham lhe sido presentes para o efeito por via de
processo. E porque as suas decisões prevalecem sobre as das demais autoridades (artigo 215 da
CRM), para exercer a referida função jurisdicional, os tribunais precisam de gozar de
independência material assim como de independência pessoal. Há que esclarecer a tal
independência pessoal,”.. Não se alude a uma qualidade pessoal, mas essencialmente as
condições objectivas criadas pelo sistema para assegurar que possam exercer a sua função apenas
em obediência a lei.”

Independência dos Tribunais


Independência Perante os Restantes Poderes do Estado

Os tribunais devem ser independentes aos demais órgãos de soberania, nomeadamente o


Chefe de Estado, a Assembleia da Republica e o Governo ou o Conselho de Ministros.
Resultando do princípio da separação de poderes do Estado de Direito como e o caso de
Moçambique, como tal definido pelo artigo 3 da CRM.

Independência Perante a Organização Hierárquica da Burocracia Judicial

Refere-se a ordens e instruções que possam ser dirigidas a um juiz por outros juízes
hierarquicamente superiores, ou pelos titulares dos órgãos do aparelho de direcção judiciário, as
quais por forca aludida independência não deve obediência ou incumprimento.
As ordens e instruções existem a que o juiz hierarquicamente inferior deve obediência, no caso
de Moçambique, tratando se de directivas e instruções de carácter genérico que podem ser dadas
pelo Presidente do Tribunal Supremo aos tribunais de escalão inferior, tendo por eficácia e
qualidade da administração da justiça (artigo 54, no 1, alínea g) da LOJ, aprovada pela Lei no
24/2007, de 20 de Agosto).

Independência Perante outros Tribunais

Apesar da independência perante outros tribunais e entre os tribunais da mesma espécie,


existe uma relação hierárquica. E de ressalvar que quanto ao sentido da independência existe o
dever de acatamento das decisões proferidas, em vias de recurso, pelos tribunais entre si, porque
tais decisões não representam ordens concretas ou directivas de actuação, nem tão pouco se
confundem com um mero poder de revogação nem supõem, nunca, um poder de avocação,
existentes, em regra, numa relação hierárquica.

Da existência do princípio da independência não resulta dai haver espaço para arbitrariedade
por parte do juiz, pois sobre este recai o dever de obediência a lei, dever que não pode ser
afastado sob pretexto de ser injusto ou imoral o conteúdo legislativo (artigo 217 da CRM e artigo
8, numero 2 do Código Civil). A garantia de irresponsabilidade significa que só pode haver lugar
a responsabilidade civil, criminal, e disciplinar do juiz por actos praticados no exercício das suas
funções nos casos especialmente previstos na lei (artigo 217 e 218, ambos da CRM de 2004).

Garantias de Imparcialidade dos Juízes


Impedimentos e Suspeições

A intervenção do Juiz num certo processo não pode ser encarada com desconfiança e suspeita
pela comunidade, de tal sorte que “ quando a imparcialidade da jurisdição possa ser posta em
causa, em razão da ligação do juiz com o processo ou porque nele já teve intervenção noutra
qualidade ou porque tem qualquer relação com os intervenientes que faca legitimamente
suspeitar da sua imparcialidade, há necessidade de o afastar do processo”.
Chamam se suspeições os fundamentos com base os quais seja dada aos sujeitos processuais a
possibilidade de, querendo, recusar a intervenção do juiz no caso em julgamento.
A dúvida da imparcialidade da actuação do juiz e que tem como efeito jurídico a
impossibilidade de o juiz funcionar num determinado processo penal, mesmo que não tenha sido
requerida pelos sujeitos processuais, chamam-se impedimentos.
Relativamente a incompatibilidade do exercício da advocacia, a lei admite a titulo excepcional
que o magistrado judicial possa exercer a advocacia em causa própria, do seu cônjuge,
ascendente ou descendente.

Impedimentos e o Regime de Declaração e Arguição

Os impedimentos consistem nas relações do juiz com o facto submetidos a julgamento, as suas
relações com o ofendido, o arguido, o assistente ou o civilmente lesado, sua relação com o
processo penal, com os sujeitos de um outro processo, seja a penal seja civil, que contra ele
esteja a correr por factos cometidos no exercício das suas funções ou por causa delas. Devendo
estes impedimentos ser declarados pelo juiz oficiosamente, a todo tempo, mediante despacho
exarado nos autos, sendo requerida pelo MP, podendo também faze-lo o assistente e o arguido.

Suspeições e Regime de Arguição e Declaração


As suspeições não podem ser voluntariamente declaradas pelo juiz, podendo sim o MP, o
assistente ou o arguido recusar a sua intervenção por considera-lo sujeito com base em alguns
dos fundamentos. Os fundamentos de suspeição estão relacionados com situações de relações de
parentesco e de interesse, ou de inimizade, relações de parentesco ou afinidade que liguem o juiz
ou seu cônjuge com os demais sujeitos processuais. Para o regime da arguição e no que toca ao
momento em que pode ser suscitada, a lei estabelece o prazo de 5 dias para a sua dedução.
O princípio do Juiz Natural
O principio do Juiz Natural e do Juiz Legal, salvaguarda necessariamente a garantia dos direitos
da pessoa, em termos de ser julgada por um tribunal independente e imparcial e , dessa forma,
assegurar se a confiança da comunidade na administração da justiça.
Ao princípio do Juiz Natural são apontados 3 princípios:

 Só a lei pode instituir o juiz e fixar-lhe a competência. Portanto a fonte de instituição do


juiz e da sua competência e a lei.
 A fixação do juiz e da sua competência dever ser feita por uma lei que se encontre em
vigor ao tempo em que foi praticado o facto criminoso ou com relevância penal que será
objecto do processo.
 O sentido do carácter taxativo da competência, em termos de que esta não pode ser fixada
de forma alternativa ou discricionária, resultando dai a proibição de criação de jurisdições
de excepção, criadas somente para conhecer e decidir, ou melhor, julgar determinado
caso concreto.

A Competência Penal e as suas Espécies


Ao evitar a confusão na divisão da jurisdição, de modo a determinar qual o tribunal que o
referido caso deve ser entregue, dentre os tribunais da mesma espécie de forma geral e abstracta,
o âmbito de actuação de cada tribunal, permitindo o diferimento de cada caso de natureza penal a
um único tribunal.
E nisto que consiste a determinação de competência em processo penal, alias, a determinação
por via geral e abstracta, através da lei, permite que a acusação saiba qual o tribunal perante ao
qual deve solicitar a apreciação e decisão do caso pena, permitindo também ao tribunal saber
quais os casos relativamente aos quais é competente, será chamado a resolver, o que obsta a que
a acusação possa eventualmente escolher o tribunal do qual possa esperar uma decisão favorável.
Competência material

Consiste na parte de jurisdição que e distribuição pelas diferentes espécies de tribunais com
base na natureza das causas a resolver, o que permite que tendo em conta as particularidades
decisivas na matéria ou na natureza dos assuntos a tratar sejam competentes órgãos jurisdicionais
dotados de uma organização. Para efeitos existem métodos de determinação da competência
material.

São este o método de determinacao abstracto da competência:


Aqui a competência material resulta imediatamente ou incondicionalmente da Lei, o que pode
ser materializado por duas vias: dando a cada tribunal competência para o conhecer e decidir de
certos tipos de crime.
Método de determinação concreta de competência: não se atende directamente ao tipo de crime
ou pena máxima que lhe seja aplicável.

A luz direito moçambicano vigente, sendo competentes para conhecer de matéria criminal os
tribunais judiciais, comuns em matéria criminal (artigo 224, numero 4, da CRM), uma vez que
são competentes para julgar as infracções criminais cujo conhecimento não seja atribuído a
outros tribunais, resultando dai que são tribunais de competência genérica nesta matéria, segue se
em regra o método da determinação abstracta da competência material, o qual segue também a
via da gravidade da infracção aferida ou indiciada através do máximo da pena aplicável.

Consoante maior ou menor for o máximo da pena aplicável, o tribunal competente será de
maior ou menor escalão ou classe, no caso dos tribunais distritais, podendo estes ser de 1ª ou 2ª
classe.
Competência Territorial

A razão de ser, o sentido, e a finalidade da competência territorial esta a relacionada com a


necessidade de que, dadas as suas ligações com o lugar do crime ou localização do arguido,
estejam em melhores condições de julgar o caso, nomeadamente pela facilidade de recolha de
elementos de prova, porquanto” a competência territorial delimita a jurisdição dos tribunais da
mesma espécie segundo a sua localização no território.

Existe uma distinção, na competência territorial, a sua determinação por factos cometidos em
território nacional e por factos cometidos no estrangeiro.

Competência Territorial por Factos Cometidos em Território Nacional

O critério da aferição da competência territorial e do lugar da infracção ou locus delicti. A


regra geral de determinação da competência territorial e afastada aplicando se as normas
especiais, naqueles processos em que sejam ofendidos juízes de direito ou magistrados do MP,
por infracções contra eles cometidas na área territorial sob jurisdição do tribunal a que
pertencem, ou em que participem seus parentes ou cônjuges que sejam partes ou ofendidos, pois
em tais casos e competente o tribunal territorialmente mais próximo e não aquele que em atenção
ao lugar da infracção, seria normalmente competente, o que se explica por razoes evidentes de
imparcialidade e prestigio de julgamento.

Competência territorial por factos cometidos no estrangeiro

Sendo aplicável a lei penal substantiva moçambicana por factos cometidos no estrangeiro, a
competência territorial e determinada para os casos das infracções cometidas no estrangeiro que
sejam contra a segurança e o credito do Estado moçambicano.

A conexão determinante da competência tem três vertentes: pessoal, subjacente, material ou


objectiva, e mista.
Conexão pessoal e subjectiva

Sempre que exista uma diversidade ou pluralidade de infracções, existe a conexão pessoal ou
subjectiva, que se encontrem relacionadas ou ligadas através da unidade do agente, a um só
agente. Havendo sempre um concurso real de infracções, e porque o seu cometimento de tais
infracções deve ser aplicada uma única pena, assim o tribunal competente para conhecer de tais
infracções será único, concretamente; o da infracção que corresponder pena mais grave e, no
caso, de infracções de igual gravidade, aquele em que o réu estiver preso, ou, não estando, o de
infracção mais recente, e sendo da mesma data, aquele em que o primeiro tiver sido proferido o
despacho da pronuncia ou equivalente.

Conexão material ou objectiva

Pressupõe sempre uma pluralidade de agentes, pode assumir a forma de conexão objectiva por
comparticipação criminosa ou conexão objectiva por infracções recíprocas e simultâneas.
Quando uma mesma infracção tiver sido levada a cabo por diversas agentes, e a conexão
objectiva por infracções recíprocas e simultâneas quando diferentes infracções tenham sido
cometidas na mesma ocasião ou por pessoas reunidas.
Na primeira modalidade, a lei confere competência para conhecer da infracção assim praticada
ao tribunal competente para o julgamento daquela a que couber penas mais graves, excepto se
algum dos agentes comparticipantes tiver foro especial, que respondera nesse foro.
Na segunda modalidade de conexão objectiva, tem competência o tribunal competente para
julgar a infracção mais grave, devendo assim todos os agentes das diversas infracções cometidas
na mesma ocasião reciprocamente, ou por varias pessoas reunidas, responder conjuntamente no
mesmo tribunal.
Competência funcional

Esta pode ser por graus, quando permite que as decisões penais, não adquirindo carácter
definitivo logo que são proferidas, possam em regra ser sucessivamente reexaminadas pelos
tribunais de segundo grau, ou de terceiro e do grau extraordinário.
Tratando se assim da competência em razão da hierarquia em que, tendo em atenção a estrutura
vertical dos tribunais, temos os de primeira e de segunda instancia em que a matéria de facto, e
somente permitido em regra um grau de recurso. Haverá desvios no que se refere a competência
na perspectiva vertical (competência em razão da hierarquia) naquelas em que o Tribunal
Supremo julga funcionar em segunda instancia ou julga em instância única.

Já na perspectiva horizontal, se pode verificar a competência funcional quando ao nível da


primeira instancia determinada questão deva ser conhecida ou seja da competência dum tribunal
diferente, tendo em conta a fase em que o processo se encontra, como seria o caso de se atribuir
competência para decidir questões relacionadas com execução da pena a um tribunal de
execução de penas, ressalvada assim a competência para decisão ou pratica de actos
jurisdicionais que se levantem durante a fase de instrução preparatória que pertence ao juiz de
instrução criminal. Fora os casos de actos jurisdicionais a praticar durante a instrução
preparatória em matéria criminal a competência para conhecer de questões que careçam de
decisão jurisdicional cabem aos tribunais comuns ou judiciais.
Conclusão
Bibliografia

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