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Portanto, o professor irá sempre trazer o modelo vigente, e comparar com o modelo a ser
adotado após a queda da suspensão por Fux dada ao Pacote anticrime (Lei 13.964/2019).
A nova redação do art. 28 do CPP transforma o ato, que antes era judicial, em um ato IN-
TEIRAMENTE ADMNISTRATIVO, pelo fato de retirar a atuação do Juiz. Ocorre a DESJUDI-
CIALIZAÇÃO DO ARQUIVAMENTO. Ocorre portanto, a depuração do sistema acusatório, consi-
derado o art. 129 I da CRFB/88, porque o MP é o titular da ação penal. Isso serve também para que
o juiz não se imiscua na sua atuação.
Curso Preparatório de Carreiras Jurídicas – AMPERJ
Direito Processual Penal
Prof. Marcos Paulo
SURGE ENTÃO UMA DÚVIDA ACADÊMICO-DOUTRINÁRIA:
Tratar-se-á de um ato administrativo complexo ou composto?
Quando se fala em ato administrativo composto considera-se apenas orgãos em instâncias di-
ferentes avaliando o arquivamento. Seria o MP e a instância revisora. Professor ressalva que quando
se fala em chancela da Instância revisora como um ato composto, seria feito de forma pro-forme, ou
seja, de forma automárica/vinculante.
E, para o professor, pelo entendimento da nova redação do artigo 28 não há um efeito vincu-
lante, de mera chancela; trata-se de um controle independente. Portanto, continua a concorrer dois
órgãos distintos, sem ser automática => portanto ato administrativo complexo.
ESPÉCIES DE ARQUIVAMENTO
QUANTO AO OBJETO, pode ser objetivo ou subjetivo. O arquivamento objetivo recai so-
bre crimes, sobre qualificadoras... O arquivamento subjetivo recai sobre as pessoas. Nada impede
que haja o arquivamento tanto objetivo como subjetivo.
Ex. furto com rompimento de obstáculo por Odair. Imagine que tenha sido feito o arquiva-
mento do primeiro furto => objetivo.
Ex. Imagine que tenha outro crime de furto de Odair em concurso com Astolfo. Se for feito
o arquivamento em relação ao Astolfo, tratar-se-á de um arquivamento subjetivo.
STJ/STF: apenas entendem arquivada a investigação se for explícito. Isso com a combinação
dos artigos 93 inciso IX, c/c129 VIII 2a parte. Ambos referem que as decisões deverão ser funda-
mentadas, seja do magistrado ou do MP respectivamente. E o arquivamento é uma manifestação de
cunho processual, ainda que em fase pré-processual. E portanto tem que ser feita de forma expressa.
Em nível infraconstitucional, vide art. 28 do CPP, se o juiz julgar improcedente as razões in-
vocadas=> portanto há a necessidade de ser explícito.
o artigo 28, se o juiz julgar improcedente,
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Esta-
tuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas to-
das as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Esta súmula nos diz, que uma vez arquivado o inquérito, somente poderá ser desarquivado
se sobrevierem provas novas. Provas novas não são provas formalmente novas. É preciso provas
inéditas, desconhecidas do MP. => Provas materialmente novas.
Entretanto, ao ver do STF/STJ, só pode falar em arquivamento explícito. Sem isso, o inqué-
rito permanece em aberto em relação à crimes e aos investigados.
E PORQUE HOUVE ESSE DEBATE?
Esse debate veio a partir de um vício que ocorre na prática.
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Ex. imagine uma investigação, com muitos investigados. E o MP não denunciou Asdrubal.
Mas tampouco se manifestou sobre o arquivamento para o Asdrúbal, ou que as investigações se-
guiam para Asdrúbal. E O QUE DEVERIA SER FEITO PELO JUIZ? Receberia a denuncia e reme-
teria os autos para o MP se manifestar sobre Asdrúbal. Se o Juiz não o fizer, Asdrúbal fica no lim-
bo, mas para o STJ/STF, ele fica ali, apto a qualquer momento ser aditada a denuncia para incluí-lo.
Imagine que um outro membro do MP perceba que já houvesse justa-causa para Asdrúbal.
Ele poderia incluir o Asdrúbal independentemente de provas novas. => não incorre a Sumula 524
do STF. => neste caso inexiste investigação efetiva em curso, logo, tem-se uma quadra de INÉR-
CIA INJUSTIFICADA ESTATAL, a permitir a ação penal privada subsidiária da pública.
1a consequência de se permitir apenas arquivamento explícito => não incide S. 524 do STF
2a consequência de se permitir apenas arquivamento explícito => permite a ação penal priva-
da subsidiária da pública pela inércia injustificada estatal
OBS: EUGÊNIO PACCELI => quando um membro do MP declina atribuição por acreditar
que não tem atribuição para isso. =>Passou a chamar isso de Arquivamento indireto (para o
professor é uma definição/nomenclatura equivocada do Ilustre doutrinador)> incidência da S. 524
STF/ação penal privada subsidiária da pública (
Ex. quando o MPE está investigando um caso de tráfico interestadual. Em determinado
momento o MPE percebe que há implicação de tráfico internacional e remete a investigação para o
MPF. O MPF por sua vez não entende desta forma, porque acredita que não há elementos para um
tráfico internacional. Até haver a definição de atribuição, ocorrerá o que se chama de arquivamento
indireto!
Arquivamento indireto é uma nomenclatura ruim, porque assim que se define a atribuição
=> já remete para a denúncia.
Neste caso não há nem a incidência da Súmula 524 do STF, nem tampouco a possibilidade
de ação penal privada subsidiária da pública.
OBS: Essa nomenclatura é capciosa e há doutrinadores renomados que incorreram no erro
de dizer que cabe neste caso, tendo o membro do MP declinado de sua atribuição, poderia o Juiz
realizar a aplicação do artigo 28 do CPP. Para que este declínio seja revisto pelo Procurador Geral
como se fosse uma revisão de um suposto arquivamento. => MAS NÃO CABE!!!!!!!!!!
Ex voltando o caso do tráfico internacional. Esse declínio de atribuição por esta lógica
remeteria ao PGJ. => isso claramente afeta o pacto federativo. Porque o PGJ estaria decidindo sobre
um conflito de atribuição entre MPE e MPF; que de fato deve ser dirimido pelo CNMP.
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* o prazo para denúncia fica suspenso nos casos de declínio de competência? Não se trata
de suspensão, mas vai permitir o relaxamento da prisão, caso o investigado esteja preso. Então
passaríamos a tratar de prazo para indiciado solto, já comentado em aula passado. No entanto, esse
prazo é um prazo impróprio, não acarretando maiores consequências práticas, já que não se tratando
de inércia do MP, não cabe o provimento da ação penal privada subsidiária da pública.
Arquivamento indireto independe em relação ao modelo atual e o modelo da novel redação
suspensa.
OBS: Isso NORMALMENTE não cai em prova, principalmente objetiva. Cairia em uma
prova subjetiva ou oral.
INTRUMENTALIZAÇÃO DO ART. 28 DO CPP COM A NOVA REDAÇÃO:
Quanto ao novel art. 28 do CPP > IDÊNTICA instrumentalização, EXCETO quanto à
denúncia, pois a instância revisora NÃO tem atribuição para ofertá-la, resolvendo-se pela
DESIGNAÇÃO, quadra na qual se potencializa a argumentação favorável à recusa pelo promotor
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indicado, ponderando-se, em sentido contrário, notadamente a hierarquia, à semelhança do já
verificado no MPF. A Câmara de Revisão não poderia delegar, porque ela não teria essa atribuição
=> não delega aquilo que não se tem!
Novel art. 28 do CPP = NEUTRO = CCRMPF já é naturalmente a instância revisora > a
única diferença é que a remessa passa a ser automática, e não mais via provocação
INTERVALO
Outra aplicação possível diante desses casos anômalos => Aplicar, por analogia, o art. 12, XI
da Lei 8625/93, por ser o MP uno e indivisível (art. 127, §1º da CRFB/88). Se temos essa
possibilidade de controle externo noâmbito estatual, seria lógico a sua aplicação para o MPF.
Hipótese na qual sequer se admitiria a recusa à promoção de arquivamento pelo STF ou pelo STJ,
pois, se pudesse aplicar a recusa à promoção de arquivamento, traria a possibilidade do
comprometimento/vulnerabilidade do sistema acusatório. E isso traz a solução para a impunidade,
já que o legítimo interessado poderá provocar o Colégio de Procuradores.
=> Para PROVA: Para o STF/STJ => Âmbito Federal: STF poderia rever a promoção de
arquivamento, por ser a última trincheira. No âmbito Estadual: arquivamento inafastável por ser
inaplicável o art. 28 do CPP. Mas pode ser revisto administrativamente pelo colégio de
Procuradores de Justiça, após provocação do legítimo interessado.
Atualmente, o prof. fala que o Conselho Superior do MP não teria capacidade atualmente
de realizar essa interpretação, a não ser que pudesse ser feito de forma monocrática.
*A expressão latina de lege lata significa da lei criada, enquanto que de lege ferenda refere-se a uma lei a ser
criada.
Professor acredita que esse posicionamento majoritário ainda pode mudar, por conta
da própria redação nova do art. 28:
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informati-
vos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autori-
dade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação,
na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) (Vigência) (Vide ADI
6.298) (Vide ADI 6.300) (Vide ADI 6.305)
DESLEGALIZAÇÃO > “lei” aqui dever ser interpretada em sentido amplo = pode ser
mudada por ato normativo do próprio CNMP. Inclusive mudando a questão da decisão
monocrática, possibilitando que seja decidido por meio de decisão monocrática.