Você está na página 1de 10

Capítulo 3

As Contas Econômicas Integradas e as Tabelas de Recurso e Uso

 Introdução

Neste capítulo vamos conhecer as principais características e descrever as principais


contas do Sistema de Contabilidade Nacional – (IBGE).

O Sistema de Contas Nacionais (atual), que representa uma síntese da realidade


econômica de um país e um determinado momento no tempo, está centrado
nas Contas Econômicas Integradas (CEIs) e nas Tabelas de Recursos e Usos
(TRUs).

i) CEIs: constituem o corpo central do Sistema de Contas Nacionais e são formadas por
um conjunto de contas de operações e contas de ativos e passivos dos setores
institucionais (Empresas Financeiras e Não-Financeiras, Famílias, Administração
Pública, Instituições Sem Fins Lucrativos a Serviço das Famílias) e do Resto do
Mundo;

Obs.: cada setor institucional tem um peso diferente na economia


de um país.

ii) TRUs: representam as informações de produção e de geração da renda por setores


de atividade produtiva (comércio, agropecuária, indústria extrativa mineral,
construção, atividades imobiliárias e aluguel etc.).

A integração entre as partes (CEIs e TRUs) garante que


os saldos obtidos pela classificação de setores
institucionais, nas CEIs, sejam idênticos aos obtidos pela
classificação de atividades econômicas nas TRUs.

Ou seja, os agregados macroeconômicos são os


mesmo tanto pela metodologia das CEIS ou das
TRUS.

 As Contas Econômicas Integradas (CEIs)

As CEIs se constituem na estrutura central do Sistema de Contas Nacionais. Essas contas são
construídas em torno de uma sequência de contas de fluxo inter-relacionada com as contas de
patrimônio.

O termo Usos e Recursos e os Saldos:


i) O termo Usos (antigo débito) se refere às operações que reduzem o montante do
valor econômico de um setor, e por convenção são lançados do lado esquerdo das
contas correntes;

ii) O termo Recursos (antigo crédito) é usado para designar o lago das contas-correntes
onde figuram operações que aumentam o valor econômico de um setor, sendo
lançados no lado direito;

Obs.: as remunerações são um recurso par quem as recebe, porém um uso


para o setor que as pagar.

iii) Os saldos são obtidos de forma residual, ou seja, é a diferença entre o total dos
Recursos e dos Usos registrados nos dois lados das contas, representando o
resultado líquido das atividades.

É através dos saldos que a sequência de contas se articula. Ademais, os


Saldos representam agregados econômicos importantes, por exemplo, o PIB,
a RNB, RND etc.

Linhas e Colunas

i) Cada linha das CEIs corresponde a uma operação, na qual são apresentados os
montantes a pagar e a receber pelos vários setores institucionais e pelo resto do
mundo;

ii) Nas colunas estão os setores institucionais (famílias, empresas, governos etc.), de
ambos os lados, que representam instituições que se caracterizam por autonomia
de decisão e unidade patrimonial e são classificadas de acordo com sua atividade
econômica principal;

a. A coluna Total da Economia refere-se à soma dos setores institucionais,


excluindo o resto do mundo;

b. A coluna Bens e Serviços representam um caso especial, pois é apresentada sem


abertura por setor institucional, ou seja, explicita totais das operações de bens e
serviços para o conjunto da economia.
As CEIs são estruturadas em três subconjuntos de contas

i) Conta Corrente (Produção, Distribuição e Utilização da Renda)

Essas contas representam a atividade de produção de bens e serviços, a


geração de renda na produção e a subsequente distribuição e
redistribuição dos rendimentos pelas unidades institucionais e a
alocação final entre consumo e poupança.

Obs.: EOB é o lucro do capitalista.

ii) Conta de Acumulação (Variação de Ativos e Passivos e do Patrimônio Líquido)

As contas de acumulação abrem com a poupança e registram os “fluxos


de transações” e “outros fluxos”, que representam mudanças nos ativos
(do lado esquerdo) e mudanças nas obrigações/passivos e no patrimônio
líquido (lado direito).
No primeiro grupo de contas (capital e financeira) evidencia-se o saldo
contábil capacidade/necessidade de financiamento do setor
institucional. No segundo grupo de contas (outras variações no volume
de ativos e de reavaliação), registram-se as variações de ativos, passivos
e patrimônio líquido resultantes de operações não registradas no grupo
anterior. As informações dos dois grupos de contas são utilizadas na
construção das contas de patrimônio para registrar a variação
patrimonial do setor institucional.

iii) Contas de Patrimônio (Estoques de Ativos e Passivos e Patrimônio Líquido)

Estas contas mostram os valores de balanço dos ativos e dos passivos


dos setores institucionais no início e no fim de um período.

Resumo

1. Contas Correntes
Conta de produção
Conta de geração da renda
Conta de distribuição primária da renda
Conta de distribuição secundária da renda
Conta de uso da renda
2. Contas de Acumulação
Conta de capital
Conta financeira
Conta de variação dos ativos
Conta de reavaliação
3. Contas de patrimônio
Conta de patrimônio inicial
Conta de variação patrimonial
Conta de patrimônio final

(continuação)

 Conta de Operações de BENS E SERVIÇOS

A conta de Operações de Bens e Serviços é apresentada separa das CEIs


(é identificada no Sistema de Contas Nacionais como Conta 0) e é
considerada a base de todo o sistema, pois retrata a atividade de
produção e importação e o destino da produção pelas categorias de
demanda final. Apresenta o equilíbrio entre oferta e demanda.
Os recursos e usos se equilibram, não havendo, portanto, saldo contábil
como nas contas seguintes, devendo assim ser interpretada como um
resumo dos resultados obtidos nas tabelas de recursos e usos.

Essa conta é gerada a partir da identidade entre valor do PIB


obtido pela ótica da produção e do consumo/gasto.

Obs.: Os recursos são lançados do lado esquerdo e os usos do lado direito, diferentemente do
restante das contas.

Obs.: VE – Variação de Estoque (ver PDF p. 97)


Equação de identidade:

Total da Oferta de Bens e Serviços (PIB) = VP pb – CIpc + Ip


Total da Demanda por Bens e Serviços (PIB) = C pc + FBCFpc + VE + Xfob – Mcif

Igualando:

VPpb – CIpc + Ip = Cpc + FBCFpc + VE + Xfob – Mcif

Alterando algebricamente temos a identidade entre recursos e usos:

VPpb + Mcif + Ip = CIpc + Cpc + FBCFpc + VE + Xfob

Total da Oferta de Bens e Serviços (PIB) = VP pb + Mcif + Ip


Total da Demanda por Bens e Serviços (PIB) = CI pc + Cpc + FBCFpc + VE + Xfob

 As Contas Econômicas Integradas:

CONTAS CORRENTES

1. Conta de Produção (conta 1)

O objetivo dessa conta é deduzir o Valor Adicionado Bruto (ou seja, o PIB) como um dos
principais saldos do Sistema de Contas Nacionais.

Algebricamente:

(VPpb + Ip) – CIpc = PIB


O PIB é um recurso de onde provêm os rendimentos, sendo transportado para a conta de
Geração de Renda.

2. Conta de Renda (conta 2)

Subdivide-se em 3 contas, a saber:

1. Conta de Distribuição Primária da Renda;


2. Conta de Distribuição Secundária da Renda; e
3. Conta de Uso da Renda.

2.1 Conta de Distribuição Primária da Renda (conta 2)

Sendo que a Conta de Distribuição Primária da Renda se subdivide em 2 contas, a saber:

2.1.1 Conta de Geração da Renda; e


2.1.2 Conta de Alocação da Renda

i) Conta de Geração da Renda

Nesta conta discriminam-se os componentes do PIB na ótica da remuneração dos trabalhadores


e do empresariado.

Temos como saldo Excedente Operacional Bruto

Algebricamente:

PIB - [(W + Wnr) + (Im –Sb)] = EOB


ii) Conta de Alocação da Renda

Esta conta apresenta como saldo a RNB, que é o conceito de valor adicionado pela ótica da
renda. Como vimos, para passarmos do conceito de interno para o de nacional, devemos
deduzir do PIB as rendas líquidas enviadas para o exterior.

Algebricamente:

EOB + (W + Wr) + (Im –Sb) + RLP = RNB

Portanto, a RNB equivale ao total líquido dos rendimentos recebidos por residentes (excedente
operacional bruto e remunerações), inclusive o governo (impostos sobre a produção e sobre a
importação, líquido dos subsídios).

2.2 Conta de Distribuição Secundária da Renda (conta 2)

O saldo desta conta é a RND e diferencia-se, para a economia como um todo da RNB por incluir
o saldo líquido das transferências correntes recebidas do exterior (transferências sem
contrapartida com o processo de produção).
Algebricamente:

RNB + Tr = RDB

Em suma, a RDB é o total de renda que os residentes dispõem para consumir ou poupar.

2.3 Conta de Uso da Renda (conta 2)

A Poupança Bruta é o saldo desta conta que é transferido para a Conta Capital, no bloco
seguinte das Contas de Acumulação.

Algebricamente:

RDB – Cpc= Sr

CONTA DE ACUMULAÇÃO

1. Conta de Capital
Nesta conta a Poupança Bruta é o recurso que deve financiar a Formação Bruta de Capital
Fixo e a Variação de Estoque. O saldo representa a Capacidade ou Necessidade de
Financiamento da economia nacional.

Algebricamente:

Sr – ( FBCFpc + VE) = +/– Sext

Exercícios:

Você também pode gostar