AS CONTAS INTEGRADAS (CEI) E AS TABELAS DE RECURSOS DE USOS
(TRU)
Neste novo capítulo iremos abordar de forma mais clara e descritiva o
Sistema de Contas Nacional (SCN) de 1993 (sua primeira divulgação acorreu no ano de 1997) e apresentar as contas do Brasil na nova base. Há muito se havia a necessidade de padronização das contas, a fim de facilitar o entendimento e de certa forma orientar o planejamento, no caso do Brasil a construção e divulgação das contas ficou a cargo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e posteriormente assumida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Agora voltando um pouco na origem histórica do SCN para que possamos entender como foi sua evolução até o que conhecemos hoje. A primeira versão surgiu na Inglaterra por volta de 1953, sendo atualizado em 1993 e a sua versão final alterada em 2008. O primeiro modelo SCN que fora apresentado detinha sua base formulada na divisão econômica em três agentes, família, empresas e administração pública e para cada qual definiram-se quatro contas especificas, são elas, contas de produção, conta de apropriação e uso da renda, formação bruta de capital fixo e transações com o exterior. Já os agregados de produção, renda e despesa, sejam públicos e privados, eram estimados e contabilizados por meio de um sistema padronizado que possibilitava a comparação dos desempenhos em níveis globais. O SCN visa como já mencionado a padronização da apresentação das contas e integrar vários sistemas contábeis, como o Balanço de Pagamentos, as contas monetárias e financeiras e as fiscais em um único sistema denominado de Contas Econômicas Integradas (CEI), as CEI são apresentadas por setores institucionais se fazendo como base central do sistema. Ainda, o SCN integra informações de como a produção e a geração de renda por setores de atividade produtiva através das Tabelas de Recursos e Usos (TRU), as quais vem a se tornar a base para construção do modelo matriz de insumo-produto e apresentar os resultados dos agregados macroeconômicos pelos setores da economia, mas, entraremos nesse tópico um pouco mais a frente. Como já mencionado as CEI constituem a base central do SCN, uma vez que elas são formuladas em torno de outras contas de fluxos que se inter- relacionam com o patrimônio, essas contas de fluxos abordam o que acontece em diferentes atividades econômicas em um determinado espaço temporal, já as contas consideradas de patrimônio apresentam os valores de ativos e passivos que são obtidos pelos setores no inicio e no fim do período, então, em suma a ligação entres as contas que integram as CEI é dada pelo saldo transacionado das contas de um período para o outro. Estas contas estão estruturadas em três subconjuntos: Contas correntes: produção, distribuição e utilização de renda. Estas são as contas que vem a representar a atividade de produção e as suas distribuições e redistribuições de rendimentos pelas instituições e a alocação final entre o consumo e a poupança. Contas de acumulação: variação de ativos e passivos e do patrimônio líquido (PL). Essas contas são aquelas que se abrem com a poupança e registram as mudanças nos ativos, passivos ou PL através dos “fluxos de transações” e ademais “fluxos”. As contas de acumulação se subdividem-se em conta de capital e conta financeira onde evidencia-se o saldo contábil, ou seja, se há ou não a necessidade/capacidade de financiamento e conta de outras variações no volume dos ativos e conta de reavaliação, que são responsáveis por registrar a variação que ocorre nos ativos, passivos e PL que não foram registradas no item anterior. Essas escriturações são usadas na formação das contas do Balanço Patrimonial (BP) para registro das variações. Contas de patrimônio: estoques de ativos e passivos e PL. As contas de patrimônio são aquelas que dão visibilidade aos valores iniciais e finais do período apresentadas no BP, ainda há uma subdivisão dessas contas, são as patrimoniais iniciais, variação patrimonial e patrimônio final, e, são nessas contas que registramos as variações ocorridas nos ativos financeiros e não financeiros e dos passivos financeiros e não financeiros, e as variações que ocorreram no PL. Vale salientar que no SCN as contas consideradas como patrimoniais são aquelas que são tangíveis (bens patrimoniais físicos desconsiderando aqueles bens duráveis possuídos pelas famílias), os intangíveis (como as marcas e patentes) e os financeiros (ações e títulos). Agora como mencionado abordaremos os aspectos das Tabelas de Recursos e Usos, ou TRU, estas estão diretamente ligadas as CEI através dos resultados de oferta e demanda e a renda agregada por setores de atividade, nas TRU as unidades produtivas são classificadas segundo as atividades econômicas o que permite que haja uma visualização entre os setores sob as três óticas, e estão subdivididas em: Tabela de Recursos de bens e serviços: é aquelas que tem por intuito representar a oferta total de bens e serviços na economia, seja produção ou importação. Tabela de usos de bens e serviços: representar o consumo intermediário e a demanda final, sendo exportação, consumo final e formação bruta de capital, o gera a demanda total econômica. Componentes do valor adicionado por setor de atividade. Como já contextualizamos as CEI e as TRU, neste momento entraremos em outro âmbito das contas nacionais, as operações de bens e serviços, ou, contas 0 como são classificadas no SCN. As contas de operações de bens e serviços são apresentadas em separado das CIE e são consideradas como a base do sistema, pois, retratam toda e qualquer atividade de produção e o destino desta pelas categorias de demanda final. Tão logo estas contas têm a tendencia de se igualarem e para tanto não há saldo a ser considerado, assim deve ser interpretada como um resumo obtido nas TRU. As contas de produção segundo o SCN são subdivididas em três categorias, sendo elas a de produção mercantil que é a que considera todos os bens e serviços produzidos com a intenção de comercialização a preços economicamente significativos, ou seja, é expresso em valor de mercado, já a produção por conta própria para o uso final que é aquela definida como a produção que é retida para consumo por parte do produtor, ou formação de renda bruta de capital e seu valor é moldado a partir dos custos de produção (consumo intermediário (aquele que é utilizado na produção de outros bens e serviços mercantis ou não), remuneração dos assalariados, impostos e depreciação), e, por fim a produção de não mercado, que se apresenta os bens e serviços individuais ou coletivos produzidos pelo governo ou instituições sem fins lucrativos a serviços das famílias, que são fornecidos gratuitamente ou a preços mais baixos em relação ao mercado. Já sabemos que o SCN passou por atualizações e que a mais recente se deu no ano de 2008 e trouxe algumas mudanças como a incorporação dos chamados Benefícios (são aqueles ganhos obtidos por determinada atividade), a contextualização da Propriedade legal (como o próprio nome já menciona, a propriedade legal é a real propriedade de um ser, ou seja, detentor de seus direitos e deveres) e da Propriedade econômica (aquele com direito aos benefícios e riscos associados ao uso). Em concluso observamos as atualizações do SCN, as definições das CEI e das TRU, quem vem em auxílio do entendimento sobre as evoluções e retrações econômicas e como analisa-las.