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3.

O PROCESSO DE RECONHECIMENTO CONTABILÍSTICO


Neste capítulo será abordado o processo contabilístico, desde o ponto inicial, que serão as operações que os agentes económicos realizam,
passando pela fase de como se converter as operações em informação contabilística, até ao final, com a elaboração das demonstrações
financeiras para disponibilização de informação aos diversos utilizadores.

O processo contabilístico inicia-se com os factos patrimoniais que darão lugar a um registo contabilístico.
Geralmente, os documentos que suportam as operações são emitidos quando estas ocorrem e, assim, são coincidentes quanto ao momento.
Veremos mais à frente, porém, que nem sempre os documentos são emitidos quando as operações ocorrem. Poderão ser os documentos a
serem emitidos antes que as operações ocorram ou poderão as operações ocorrer antes da emissão dos documentos. Isto é importante na
medida em que se irão utilizar os acréscimos e os diferimentos para o cumprimento do pressuposto do regime do acréscimo (abordado no
ponto 5.5 deste E-Book).
O registo contabilístico iniciar-se-á com a etapa do reconhecimento (processo de incorporar nas demonstrações financeiras os itens que
satisfaçam a definição de um elemento e os critérios para o seu reconhecimento). A etapa do reconhecimento é muito importante por ser nesta
etapa que se irá identificar a qual a operação que ocorreu, recorrendo-se à obtenção de todas as informações necessárias para a sua correta
interpretação. Uma identificação incorreta da operação irá originar um erro nas demonstrações financeiras através de um reconhecimento
incorreto do património e/ou desempenho.
Dependente da etapa do reconhecimento está a etapa da mensuração (atribuição de valor), na medida em que as bases de mensuração
podem divergir consoante a operação ocorrida.
Por exemplo, se uma entidade que comercialize equipamentos informáticos, adquirir computadores, será necessário obter a confirmação
acerca da finalidade dos mesmos. Se forem adquiridos com a finalidade de serem vendidos, serão reconhecidos como inventários e a sua
base de mensuração será o custo ou o valor realizável líquido, dos dois o mais baixo. Caso algum computador adquirido seja para utilização
pela entidade, o mesmo será reconhecido como ativo fixo tangível e a sua base de mensuração será o modelo do custo ou o modelo de
revalorização.
Após a etapa do reconhecimento e da mensuração, para finalizar o registo será necessário atribuir uma conta contabilística (código) de modo a
que o reconhecimento (registo) das operações possa ser organizado. Será fundamental que as contas reflitam as operações em causa,
possibilitando uma melhor associação das mesmas às rubricas das demonstrações financeiras. Assim, uma conta representará um conjunto
de elementos patrimoniais com caraterísticas semelhantes, expresso em unidades monetárias. O nome da conta deverá representar o seu
conteúdo de modo a não ser confundido com o nome de outras contas.
O registo contabilístico das operações será efetuado num documento contabilístico, denominado de diário, por ordem cronológica.
Através dos diários, podemos depois obter, de forma sistemática, um respetivo extrato de cada conta, em que todos os movimentos efetuados,
a débito e a crédito, são indicados, bem como o saldo da respetiva conta.
Através do respetivo saldo de cada conta é possível construir um balancete, que consiste na apresentação de todas as contas que tenham sido
movimentadas, apresentando os montantes acumulados a débito e a crédito e também o saldo respetivo (devedor ou credor).
Com o balancete será possível a elaboração do Balanço e da Demonstração dos Resultados, visto que será a partir dos saldos das contas que
conseguimos efetuar essa elaboração.
De seguida serão abordadas algumas destas etapas com maior detalhe.

3.1. CLASSIFICAÇÃO CONTABILÍSTICA: CONTAS E CLASSES DE CONTAS


Neste subcapítulo serão abordadas as contas, classes de conta e regras de movimentação.
3.1.1. Definição de conta e sua representação gráfica
Nos registos contabilísticos será necessário atribuir uma conta (código) para que as operações possam ser agrupadas e organizadas.
Uma conta representará um conjunto de factos patrimoniais com caraterísticas semelhantes e que será expresso em unidades monetárias.
Deste modo, operações semelhantes estarão agregadas e tornará a divulgação nas demonstrações financeiras mais correta e eficaz por
existir uma ligação muito direta entre a conta e as rubricas das mesmas.
Uma conta será composta pelo seu código, título (nome) e valor.
O código de uma conta será único para um determinado tipo de operação, podendo ter o formato numérico ou alfanumérico. No SNC apenas
está previsto o formato numérico. Por exemplo, no SNC, as dívidas a receber de clientes têm associada a conta “21 – Clientes”, pelo que
qualquer operação relacionada com um cliente apenas será representada por esta conta. Será um erro se numa operação com um cliente uma
outra conta for utilizada em lugar da conta “21 – Clientes”.
Desta forma, torna-se muito importante a atribuição correta das contas às operações que pretendem representar.
A identificação de qual a conta correta a utilizar, em cada operação, será através do nome da conta. Assim, o nome da conta apresentará uma
importância extrema porque será através do mesmo que se possibilitará a ligação entre o código e a operação que se pretende codificar. O
nome deverá ser único, inconfundível e distinto das outras contas. Deverá representar o conteúdo, a natureza e a substância da operação, não
sendo representado por mais do que um código.
Por fim, o valor será uma medida quantificável e irá representar, em termos monetários, o total das operações realizadas e que serão
agregadas e codificadas com o código atribuído.
As contas devem apresentar algumas caraterísticas tal como homogeneidade, integralidade e constância.
A homogeneidade traduz-se que todos os elementos/operações que a conta representa, devem conter a mesma característica definida pelo
título. Por exemplo, a dívida a um fornecedor de mercadorias só poderá ser registada numa conta de obrigações a pagar a fornecedores –
conta “22 – Fornecedores”.
A integralidade traduz-se que todos os elementos que têm a mesma característica, definidos pela conta, devem ser incluídos. Por exemplo,
todos os bens que a empresa adquire para vender sem lhes alterar as características, só podem ser registados numa conta de bens
adquiridos para comercializar – conta “32 – Mercadorias”.
A constância traduz-se que cada conta pode ser definida de uma maneira mais ou menos ampla. Em função das necessidades de informação
as contas podem ser divididas por subcontas, ou repartidas por outras contas, em função da sua complexidade.
A movimentação das contas é realizada através de débitos (debitar uma conta) e de créditos (creditar uma conta) e a sua representação
gráfica assemelha-se a um “T”.
Debitar uma conta significa inscrever os valores no Débito (D) e creditar uma conta significa inscrever os valores no lado do Crédito (C).

A movimentação das contas terá um efeito diferente consoante o elemento da conta que estiver a ser movimentado.
As contas do Ativo serão debitadas pela sua extensão inicial e pelos aumentos de extensão e creditadas pelas diminuições de extensão.
A nível gráfico, temos:

As contas do Capital Próprio e do Passivo serão debitadas pelas diminuições de extensão e creditadas pela sua extensão inicial e pelos
aumentos de extensão.
A nível gráfico, temos:
As contas de gastos são movimentadas a débito sempre que suportamos e incorremos num gasto.
A nível gráfico, temos:

As contas de rendimentos são movimentadas a crédito sempre que obtemos um rendimento.


A nível gráfico, temos:

3.1.2. Classes de contas


As contas apresentam-se agrupadas por classes, tendo o SNC agrupado as contas em oito classes.
As classes de contas dividem-se entre o Balanço, que integra cinco classes de contas (da classe 1 à classe 5) e o Resultado Líquido do
Período (conta 818), e a Demonstração dos Resultados que integra três classes de contas (da classe 6 à classe 8).
A classe “1 – Meios Financeiros Líquidos” destina-se a registar os meios financeiros líquidos que incluem, quer o dinheiro e depósitos bancários
quer todos os ativos ou passivos financeiros mensurados ao justo valor, cujas alterações sejam reconhecidas na demonstração dos
resultados.
As contas que integram esta classe são:

11 – Caixa;
12 – Depósitos à ordem;
13 – Outros depósitos bancários;
14 – Outros instrumentos financeiros;
14 – Outros (para as ME).

A classe “2 – Contas a Receber e a Pagar” destina-se a registar as operações relacionadas com clientes, fornecedores, pessoal, Estado e
outros entes públicos, financiadores, acionistas, bem como outras operações com terceiros que não tenham cabimento nas contas anteriores
ou noutras classes específicas. Incluem-se, ainda, nesta classe, os acréscimos e os diferimentos (para permitir o registo dos gastos e dos
rendimentos nos períodos a que respeitam) e as provisões.
As contas que integram esta classe são:

21 – Clientes;
22 – Fornecedores;
23 – Pessoal;
24 – Estado e outros entes públicos;
25 – Financiamentos obtidos;
26 – Acionistas/Sócios;
26 – Fundadores/patrocinadores/associados/membros (para as ESNL);
27 – Outras contas a receber e a pagar;
28 – Diferimentos;
29 – Provisões.

A classe “3 – Inventários e Ativos Biológicos” inclui os inventários que são ativos detidos para venda no decurso da atividade empresarial, no
processo de produção para essa venda ou na forma de materiais consumíveis a serem aplicados no processo de produção ou na prestação de
serviços.
Inclui também os ativos biológicos (animais e plantas vivos), no âmbito da atividade agrícola, quer consumíveis no decurso do ciclo normal da
atividade, quer de produção ou regeneração. Os produtos agrícolas colhidos são incluídos nas apropriadas contas de inventários.
As contas que integram esta classe são:

31 – Compras;
32 – Mercadorias;
33 – Matérias -primas, subsidiárias e de consumo;
34 – Produtos acabados e intermédios;
35 – Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos;
36 – Produtos e trabalhos em curso;
37 – Ativos biológicos (conta inexistente para as ME);
38 – Reclassificação e regularização de inventários e ativos biológicos;
38 – Reclassificação e regularização de inventários (para as ME);
39 – Adiantamentos por conta de compras.

A classe “4 – Investimentos” inclui os bens detidos com continuidade ou permanência e que não se destinem a ser vendidos ou transformados
no decurso normal das operações da entidade, quer sejam de sua propriedade, quer estejam em regime de locação financeira.
As contas que integram esta classe são:

41 – Investimentos financeiros;
42 – Propriedades de Investimento;
42 – ……. (para as ME);
43 – Ativos fixos tangíveis;
44 – Ativos intangíveis;
45 – Investimentos em curso;
46 – Ativos não correntes detidos para venda (conta inexistente para as ME).

A classe “5 – Capital, Reservas e Resultados transitados” inclui o capital inicial e o capital adquirido pela entidade no desenvolvimento da sua
atividade, exceto o Resultado Líquido do Período (conta 818).
As contas que integram esta classe são:

51 – Capital subscrito;
51 – Fundos (para as ESNL);
52 – Ações (quotas) próprias;
52 – Excedentes técnicos (para as ESNL);
53 – Outros instrumentos de capital próprio;
54 – Prémios de emissão 65 Perdas por imparidade;
55 – Reservas;
56 – Resultados transitados;
57 – Ajustamentos em ativos financeiros (conta inexistente para as ME);
58 – Excedentes de revalorização de ativos fixos tangíveis e intangíveis;
59 – Outras variações no capital próprio;
59 – Outras variações nos fundos patrimoniais (para as ESNL).

A classe “6 – Gastos” inclui os gastos e perdas respeitantes ao período.


As contas que integram esta classe são:

61 – Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas;


62 – Fornecimentos e serviços externos;
63 – Gastos com o pessoal;
64 – Gastos de depreciação e de amortização;
65 – Perdas por imparidade;
66 – Perdas por reduções de justo valor (conta inexistente para as ME);
67 – Provisões do período;
68 – Outros gastos;
69 – Gastos de financiamento.

A classe “7 – Rendimentos” inclui os rendimentos e ganhos respeitantes ao período.


As contas que integram esta classe são:

71 – Vendas;
72 – Prestações de serviços;
73 – Variações nos inventários da produção;
74 – Trabalhos para a própria entidade;
75 – Subsídios à exploração;
75 – Subsídios, doações e legados à exploração (para as ESNL);
76 – Reversões;
77 – Ganhos por aumentos de justo valor (conta inexistente para as ME);
78 – Outros rendimentos;
79 – Juros e outros rendimentos similares.

A classe “8 – Resultados” destina-se a apurar o resultado líquido do período, podendo ser utilizada para auxiliar à determinação do resultado
integral tal como consta na Demonstração das Alterações no Capital Próprio.
As contas que integram esta classe são:

81 – Resultado líquido do período;


...;
89 – Dividendos antecipados.

3.2. RECONHECIMENTO CONTABILÍSTICO


Neste subcapítulo será abordado o reconhecimento contabilístico que consiste na realização dos lançamentos contabilísticos que irão
transformar as operações e os factos patrimoniais em informação contabilística.
3.2.1. Lançamento contabilístico
O lançamento contabilístico irá contribuir de modo a que as operações e os factos patrimoniais fiquem registados na contabilidade. No início
dos registos contabilísticos, apenas eram consideradas as contas que representavam pessoas, ou seja, dívidas a receber e a pagar. Este
método era designado como método das partidas simples (ou unigrafia) e apenas existia uma inscrição (registo) numa única conta em cada
lançamento.
Atualmente os lançamentos contabilísticos são efetuados tendo em conta o método das partidas dobradas (ou digrafia), cuja origem se atribui a
um matemático italiano, chamado Luca Pacioli. Este método consiste na inscrição de duas vertentes em cada lançamento: a Débito (D) e a
Crédito (C).
O lançamento contabilístico é composto pelos seguintes elementos:

Data – Deverá referir-se à data da operação;


Operação/Histórico – Deverá representar um sumário da operação;
Conta – Serão movimentas a débito e a crédito;
Montante – Expresso em unidades monetárias de cada conta movimentada.

Cada lançamento terá uma ou mais contas movimentadas a débito e uma ou mais contas movimentadas a crédito, sendo que a soma de cada
uma das vertentes será igual à soma da outra.
Poderão acontecer as seguintes formas de lançamentos:

Forma 1 – Um débito | Um crédito;


Forma 2 – Um débito | Vários (dois ou mais) crédito;
Forma 3 – Vários (dois ou mais) | Um crédito;
Forma 4 – Vários (dois ou mais) débitos | Vários (dois ou mais) créditos.

Exemplo da Forma 1
No dia 10 de janeiro de 200N foi efetuado um pagamento ao fornecedor ABC, Lda. através de transferência bancária s/ Banco XYZ, para
pagamento da s/ fatura n.º 456/2022, no montante de 1 000 €.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Pagamento de fatura 456/2022 ao ABC, Lda. 2211x Fornecedores gerais 1 000,00
12x Depósito à ordem 1 000,00
Total 1 000,00 1 000,00
f
Exemplo da Forma 2
No dia 10 de fevereiro de 200N foi efetuada uma prestação de serviço, no montante de 1 500 € + IVA à taxa normal, ao cliente CBA, Lda., tendo
sido emitida a fatura 654.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-02-200N Prestação de serviço a CBA, Lda., com emissão de fatura n.º 654 2111x Clientes gerais 1 845,00
72x Prestação de serviço 1 500,00
2433 IVA Liquidado 1 345,00
Total 1 845,00 1 845,00
f
Exemplo da Forma 3
No dia 11 de fevereiro de 200N foi recebido o montante de 1 845 € do cliente CBA, Lda., referente à fatura 654. Do montante mencionado, 1 145
€ foram recebidos através de multibanco e o remanescente em dinheiro.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-02-200N Recebimento de fatura-recibo 654 de CBA, Lda. 12x Depósito à ordem 1 145,00
11 Caixa 1 700,00
2111x Clientes gerais 1 845,00
Total 1 845,00 1 845,00
f
Exemplo da Forma 4
No dia 13 de março de 200N foi efetuada uma aquisição, de uma máquina industrial e de duas mesas para o escritório, ao fornecedor CDE, SA,
no montante total de 3 000 € e 500 €, respetivamente, mais IVA À taxa normal. O fornecedor emitiu a fatura n.º 789 no mesmo dia. No mesmo
dia ocorreu o pagamento de 20% do total em dívida, através de transferência bancária, e o remanescente será liquidado num prazo de 30 dias.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
13-03-200N Recebimento de fatura 654 de CBA, Lda. 433 Equipamento básico 3 000,00
435 Equipamento administrativo 3 500,00
2432 IVA Dedutível 3 805,00
12x Depósito à ordem 3 861,00
2711x Fornecedor de investimento 3 444,00
Total 4 305,00 4 305,00
f
É importante voltar realçar que cada lançamento deverá estar balanceado. A soma dos montantes movimentados a débito (por uma ou mais
contas) deverá ser igual ao montante movimentado a crédito (por uma ou mais contas).
3.2.2. Tipos de lançamento contabilísticos
Existem diversos tipos de lançamentos contabilísticos, consoante a natureza dos movimentos que se pretende realizar.
Os lançamentos contabilísticos podem ser:

Lançamentos de abertura: respeitam ao registo dos valores iniciais das contas no início da escrita ou de cada período económico;
Lançamentos correntes: respeitam ao registo das operações realizadas e dos acontecimentos ocorridos durante cada período
económico;
Lançamentos de estorno: têm por finalidade retificar as omissões, duplicações e erros cometidos nos lançamentos efetuados.
Efetua o lançamento exatamente ao contrário ao lançamento que pretende estornar;
Lançamentos de regularização: visam retificar o saldo das contas que não correspondam à realidade. Normalmente, efetuam-se no
fim de cada período económico antes de se proceder ao apuramento de resultados e à elaboração do balanço;
Lançamentos de transferência: têm por objeto transferir o saldo de uma conta para outra conta;
Lançamentos de apuramento: têm por objeto transferir os saldos de algumas contas para outra conta que irá agregar o saldo final
das contas apuradas.
Lançamentos de encerramento ou fecho: são efetuados depois do apuramento dos resultados e da elaboração do Balanço e
permitem fechar as contas que apresentam saldos (devedores ou credores);
Lançamentos de reabertura: registam, no início de cada período económico, os valores iniciais das contas (saldos finais das contas
no período anterior).

3.2.3. Documentos contabilísticos


Os lançamentos contabilísticos são efetuados num documento contabilístico chamado de Diário, que serve então para efetuar o registo
cronológico (por ordem de data) das operações e facto patrimoniais.
Quando nas organizações complexas, como as grandes empresas, se executam, diariamente, milhares ou milhões de operações, o Diário
pode encontrar-se dividido em Diários auxiliares, por categorias e por natureza de operações:

Diário de Caixa e Bancos;


Diário de Clientes;
Diário de Fornecedores;
Diário de operações diversas; etc.

Independentemente do seu formato, por não existir uma forma normalizada, o Diário deve conter, pelo menos, os seguintes elementos (alguns
são os mesmos referidos anteriormente nos lançamentos):

Nome – Indicação de qual o Diário que está a ser utilizado;


Data – Deverá referir-se à data da operação;
Operação/Histórico – Deverá representar um sumário da operação;
Conta – Serão movimentas a débito e a crédito;
Montante – Expresso em unidades monetárias de cada conta movimentada.

Exemplo de um Diário
Como referido anteriormente no processo contabilístico, após os lançamentos efetuados no Diário é possível obter um extrato de cada conta
que foi movimentada. O extrato de conta, também chamado de Razão, serve para fazer os registos das operações do Diário, por ordem de
contas, ordenadas a débito e crédito, em relação a cada uma das respetivas contas para se conhecer o estado e a situação de qualquer delas,
sem necessidade de recorrer ao exame e separação de todos os lançamentos cronologicamente escriturados no diário.
No extrato de conta, a diferença entre o total dos débitos e o total dos créditos representa o saldo da conta (devedor ou credor).
Através do extrato de conta é possível a analisar a conta de forma a confirmar que as operações reconhecidas nessa conta estão corretas, se
existem erros ou até se existem omissões de operações que deveriam estar reconhecidas e não estão. A análise da conta é importante para
ser possível confirmar e validar que o saldo final apresentado por essa conta está correto.
Independentemente do seu formato, por não existir uma forma normalizada, o extrato de conta deve conter, pelo menos, os seguintes
elementos:

Conta – Referir a conta a que aquele extrato diz respeito;


Período – Deverá referir o período a que diz respeito o extrato;
Data – Data de cada movimento efetuado naquela conta;
Natureza do movimento – Movimentos a débito e movimentos a crédito;
Montante – Expresso em unidades monetárias de cada conta movimentada;
Acumulados – Apresentação do total acumulado a débito e a crédito de cada conta;
Saldo – Apresentação do saldo devedor ou credor da conta.

Exemplo de um Extrato de Conta

Como referido anteriormente no processo contabilístico, após se obter o saldo de cada conta utilizada no período é possível construir um
balancete, que consiste na apresentação de todas as contas que tenham sido movimentadas, apresentando os montantes acumulados a
débito e a crédito e também o saldo respetivo (devedor ou credor).
O balancete é elaborado, normalmente, no final de cada período (mês, trimestre e ano).
Independentemente do seu formato, por não existir uma forma normalizada, o balancete deve conter, pelo menos, os seguintes elementos:

Período – Deverá referir o período a que diz respeito o balancete;


Contas – Constarão todas as contas utilizadas naquele período;
Montante – Expresso em unidades monetárias de cada conta movimentada;
Acumulados – Apresentação do total acumulado a débito e a crédito de cada conta;
Saldo – Apresentação do saldo devedor ou credor de cada conta.

Exemplo de um Balancete

3.2.4. Documentos comerciais de suporte às operações


As operações devem ter um suporte documental para que exista um comprovativo e documento legal de que a mesma existiu. A emissão do
documento legal tem também como objetivo a determinação das obrigações de cada uma das partes, fornecedor e cliente, tais como, por
exemplo, as modalidades de entrega de bens ou prestações de serviços, preços e prazo de vencimento. A emissão do documento legal
também importa para a determinação do momento em que os impostos associados às operações em causa possam ser tributados e depois
entregues ao Estado.
Os documentos mais usuais no desenrolar das operações são:

Fatura;
Recibo;
Fatura/Recibo
Fatura-Recibo;
Nota de crédito;
Nota de débito;

A Fatura irá descrever a operação que irá ocorrer entre duas partes, a indicação do que deve ser pago e quando será o momento do
pagamento. A sua emissão é, em regra, obrigatória sendo o Código do Imposto Sobre o Valor Acrescentado (CIVA) que determina as regras e
formalidades acerca dos elementos que compõem a fatura, nomeadamente. A fatura irá também ser um documento fundamental no que aos
impostos diz respeito. A emissão irá determinar acerca do momento em que os impostos sejam devidos ao Estado. Para o adquirente, será
um documento importante para conferir o direito à dedução de algum imposto contido na operação e, sem o documento, não será possível o
exercício desse direito.
Como referido, estão descritos no CIVA os prazos limites para a emissão da fatura e as respetivas formalidades nomeadamente, serem
datadas, numeradas sequencialmente e conterem:

Os nomes, firmas ou denominações sociais e a sede ou domicílio do fornecedor de bens ou prestador de serviços e do destinatário
ou adquirente, bem como os correspondentes números de identificação fiscal,
A quantidade e denominação usual dos bens transmitidos ou dos serviços prestados;
O preço, líquido de imposto, e os outros elementos incluídos no valor tributável;
As taxas aplicáveis e o montante de imposto devido;
O motivo justificativo da não aplicação do imposto, se for caso disso;
A data em que os bens foram colocados à disposição do adquirente, em que os serviços foram realizados ou em que foram
efetuados pagamentos anteriores à realização das operações, se essa data não coincidir com a da emissão da fatura.

O Recibo será o documento que servirá como comprovativo de liquidação.


A Fatura/Recibo (com uma / a separar as duas palavras) será um documento conjunto de uma fatura e de um recibo, quando a liquidação
ocorre no mesmo momento da emissão da fatura e da operação em causa.
A Fatura-Recibo (com um - a separar as duas palavras) será o documento emitido através do Portal das Finanças.
A Nota de Débito era utilizada frequentemente para debitar encargos por conta do cliente, despesas com serviços bancários, juros, taxas, etc.
Note-se então que este documento representa um acréscimo na dívida de um cliente (ou de outros devedores) ou uma diminuição na dívida a
um fornecedor (ou de outros credores). Atualmente, fiscalmente não se usa a Nota de débito. Deste modo é a Fatura que é usada para este
efeito.
A Nota de Crédito é utilizada frequentemente para reduzir ou eliminar o montante que o comprador tem de pagar ao vendedor, em relação ao
original da fatura emitida anteriormente, por conta de devoluções ou descontos comerciais concedidos. Note-se então que este documento
representa uma redução na dívida de um cliente (ou de outros devedores) ou um aumento na dívida a um fornecedor (ou de outros credores).

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