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CONTABILIDADE 1

Licenciatura em Gestão e Negocios (EaD)

Docente: Paulo Pintassilgo

Email: paulopintassilgo@abs.pt
CONTABILIDADE
=> Regista os meios e as transações de uma unidade económica;
=> Sistema de recolha, classificação, interpretação e exposição de
dados económicos;
=> SISTEMA DE INFORMAÇÃO PARA A GESTÃO.
DESTINATÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTABILÍSTICA
Gestores
Investidores
Mutuantes
Empregados
Fornecedores e Outros Credores
Clientes e Outros Devedores
Governo e seus Departamentos
Público
DIVISÕES DA CONTABILIDADE

Contabilidade Geral, Externa ou Financeira

Contabilidade Analítica, Interna, de Custos ou de Gestão


PATRIMÓNIO
Conjunto de bens, direitos e obrigações redutíveis a valor pecuniário,
afeto a determinada pessoa singular ou coletiva que é o titular do
património.
Facto patrimonial é toda a alteração na composição e ou no valor do
património.
Componentes do Património
Componente positiva – Bens e direitos
Componente negativa – Obrigações

Valor do Património – diferença entre o conjunto de bens e direitos e


o conjunto de obrigações
Facto Patrimonial – é toda a operação ou
acontecimento que imprime qualquer variação na
composição e ou no valor do património.
Facto patrimonial permutativo ou qualificativo é
aquele que altera a composição sem alterar o valor
do património.
Facto patrimonial modificativo ou quantitativo é
aquele que altera a composição e o valor do
património. Os factos patrimoniais modificativos
podem ser positivos ou negativos.
INVENTÁRIO
Relação discriminativa de elementos patrimoniais ativos e
passivos com a indicação das quantidades e/ou valores
desses elementos.
Na elaboração de um inventário devemos considerar 3
fases:
- Identificação – em que se verifica quais os elementos
patrimoniais existentes;
- Descrição e classificação – em que os elementos são
descritos e repartidos pelas classes a que respeitam;
- Valorização – em que a cada elemento patrimonial é
atribuído um valor.
BALANÇO
Peça contabilística que nos fornece o valor e a
composição do património.

A equação fundamental do balanço traduz-se na


seguinte igualdade:

ATIVO = PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO


CAPITAL PRÓPRIO = ATIVO - PASSIVO
A CONTA
Designa-se por conta ao conjunto de elementos
patrimoniais expressos em unidade de valor.
Numa conta há que considerar:
- o título ou denominação;
- o valor ou extensão;
Os registos contabilísticos são efetuados nas contas.
A DIGRAFIA
Técnica contabilística que obriga que cada
movimento a débito numa conta origina um
movimento a crédito noutra.
Débito – por convenção debitar é inscrever um
valor na coluna da esquerda da conta.
Crédito – por convenção creditar é inscrever um
valor na coluna da direita da conta.
Regra de movimentação das contas:
As contas do Ativo e os Gastos debitam-se pelos aumentos e
creditam-se pelas diminuições, as contas do Passivo, do Capital
Próprio e os Rendimentos creditam-se pelos aumentos e debitam-se
pelas diminuições.
Os Lançamentos
As alterações ao património são registados em livros por ordem
cronológica e por ordem sistemática.
O registo cronológico é efetuado no Diário.
O registo sistemático é efetuado no Razão.
Os Balancetes
O Balancete é um quadro recapitulativo de todas as contas do Razão,
onde a soma do débito e do crédito de cada conta são iguais e os
respetivos saldos (devedores e credores) também são iguais.
O total do balancete tem de coincidir com o total do diário e do
razão.
FLUXOS DA EMPRESA
Fluxos Financeiros => Despesa e Receita
Fluxos Económicos => Gastos e Rendimentos
Fluxos de Tesouraria => Pagamentos e Recebimentos
A Normalização em Portugal
Em Portugal a normalização generalizada surge em
1977 com o primeiro Plano Oficial de Contabilidade
(POC), posteriormente redenominado de POC/77.
Em consequência da adesão de Portugal à
Comunidade Económica Europeia, surge um novo
Plano que se passou a designar de POC/90.
A partir de 1 de Janeiro de 2010 entrou em vigor o
Sistema de Normalização Contabilística (SNC), com
ligeiras alterações em 2016.
SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA
Conceptualmente, o SNC caracteriza -se pelas linhas
mestras essenciais adiante explicitadas.
Trata -se de um corpo de normas coerente com as normas
internacionais de contabilidade em vigor na UE e, por outro
lado, com as atuais versões das quarta e sétima diretivas
comunitárias sobre contas, respetivamente, de
entidades individuais e grupos de sociedades. …
… Tendo em conta as entidades a que se destina o SNC, no
processo de adaptação das normas internacionais de
contabilidade houve a preocupação de, sem distorcer a
homogeneidade, a qualidade e a coerência globais, eliminar
tratamentos pouco ou nada aplicáveis à realidade nacional e
evitar níveis de exigência informativa porventura excessivos. …
… É criada, deste modo, uma estrutura que pretende assegurar
a coerência horizontal entre as normas, e, quanto às
entidades a que se aplica, viabilizar uma fácil comunicabilidade
vertical sempre que alterações na sua dimensão impliquem
diferentes exigências de relato.
As “Normas Contabilísticas e de relato financeiro”
(NCRF), núcleo central do SNC, adaptadas a partir
das normas internacionais de contabilidade
adotadas pela UE, cada uma delas constituindo um
instrumento de normalização onde, de modo
desenvolvido, se prescrevem os vários tratamentos
técnicos a adotar em matéria de reconhecimento,
de mensuração, de apresentação e de divulgação
das realidades económicas e financeiras das
entidades.
Um conjunto completo de demonstrações financeiras inclui:
- Um balanço;
- Uma demonstração de resultados;
- Uma demonstração de alterações na posição financeira;
- Uma demonstração dos fluxos de caixa;
- Um anexo em que se divulguem as bases de preparação e políticas
contabilísticas adotadas e outras divulgações exigidas pelas NCRF.
As demonstrações financeiras não incluem, porém, elementos
preparados pelo órgão de gestão, tais como relatórios, exposições que
possam ser incluídos num relatório financeiro ou anual.
Pressupostos subjacentes
- Regime de acréscimo (periodização económica);
- Continuidade;
Regime do acréscimo (periodização económica)
Através deste regime, os efeitos das transações e
de outros acontecimentos são reconhecidos
quando eles ocorram (e não quando caixa ou
equivalentes de caixa sejam recebidos ou pagos)
sendo registados contabilisticamente e relatados
nas demonstrações financeiras dos períodos com os
quais se relacionem.
Continuidade
As demonstrações financeiras são normalmente preparadas
no pressuposto de que uma entidade é uma entidade em
continuidade e de que continuará a operar num futuro
previsível. Daqui que seja assumido que a entidade não tem
a intenção nem a necessidade de liquidar ou de reduzir
drasticamente o seu nível de operações; se existir tal
intenção ou necessidade, as demonstrações financeiras
podem ter de ser preparadas segundo um regime diferente
e, se assim for, o regime deverá ser divulgado.
Características qualitativas das demonstrações financeiras
- Compreensibilidade;
- Relevância;
- Materialidade;
- Fiabilidade;
- Representação fidedigna;
- Substância sobre a forma;
- Neutralidade;
- Prudência;
- Plenitude;
- Comparabilidade;
Compreensibilidade
Uma qualidade essencial da informação proporcionada nas demonstrações
financeiras é a de que ela seja rapidamente compreensível pelos utentes.
Para este fim, presume-se que os utentes tenham um razoável
conhecimento das atividades empresariais e económicas e da contabilidade
e vontade de estudar a informação com razoável diligência.
Relevância
Para ser útil, a informação tem de ser relevante
para a tomada de decisões dos utentes. A
informação tem a qualidade da relevância quando
influencia as decisões económicas dos utentes ao
ajudá-los a avaliar os acontecimentos passados,
presentes ou futuros ou confirmar, ou corrigir, as
suas avaliações passadas.
Materialidade
A informação é material se a sua omissão ou
inexatidão influenciarem as decisões económicas
dos utentes tomadas na base das demonstrações
financeiras.
A materialidade depende da dimensão do item ou
erro julgado nas circunstâncias particulares da sua
omissão, ou distorção.
Fiabilidade
Para que seja útil, a informação também deve ser fiável.
A informação tem a qualidade da fiabilidade quando estiver
isenta de erros materiais e de preconceitos, e os utentes possam
dela depender ao representar fidedignamente o que ela ou
pretende representar ou pode razoavelmente esperar-se que
represente.
A informação pode ser relevante mas tão pouco fiável que o seu
reconhecimento pode ser potencialmente enganador.
Representação fidedigna
Para ser fiável, a informação deve representar fidedignamente as
transações e outros acontecimentos que ela ou pretende representar ou
possa razoavelmente esperar -se que represente.
A maior parte da informação financeira está sujeita a algum risco
de não chegar a ser a representação fidedigna daquilo que ela pretende
retratar. Isto não é devido a preconceito, mas antes a dificuldades
inerentes seja na identificação das transações e outros acontecimentos
a serem mensurados seja na conceção e aplicação de técnicas de
mensuração e apresentação que possam comunicar mensagens que
correspondam a essas transações e acontecimentos.
Substância sobre a forma
Se a informação deve representar fidedignamente as transações
e outros acontecimentos que tenha por fim representar, é
necessário que eles sejam contabilizados e apresentados de
acordo com a sua substância e realidade económica e não
meramente com a sua forma legal. A substância das transações
ou de outros acontecimentos nem sempre é consistente com a
que é mostrada pela sua forma legal ou idealizada.
Neutralidade
Para que seja fiável, a informação contida nas demonstrações financeiras
tem de ser neutra, isto é, livre de preconceitos. As demonstrações
financeiras não são neutras se, por via da seleção ou da apresentação da
informação, elas influenciarem a tomada de uma decisão ou um juízo de
valor a fim de atingir um resultado ou um efeito predeterminado.
Prudência
A prudência é a inclusão de um grau de
precaução no exercício dos juízos necessários ao fazer as estimativas
necessárias em condições de incerteza, de forma que os ativos ou os
rendimentos não sejam sobreavaliados e os passivos ou os gastos
não sejam subavaliados.
Plenitude
Para que seja fiável, a informação nas demonstrações financeiras
deve ser completa adentro dos limites de materialidade e de custo.
Uma omissão pode fazer com que a informação seja falsa ou
enganadora e por conseguinte não fiável e deficiente em termos da
sua relevância.
Comparabilidade
Os utentes têm de ser capazes de comparar as
demonstrações financeiras de uma entidade ao longo do
tempo a fim de identificar tendências na sua posição
financeira e no seu desempenho. Os utentes têm também
de ser capazes de comparar as demonstrações financeiras
de diferentes entidades a fim de avaliar de forma relativa a
sua posição financeira, o seu desempenho e as alterações na
posição financeira.
Elementos das demonstrações financeiras

Os elementos das demonstrações financeiras são os


seguintes:
- Ativo
- Passivo
- Capital Próprio
- Rendimentos e Gastos
Um Ativo não é mais do que um recursos controlado pela entidade
como resultado de acontecimentos passados e do qual se espera que
fluam para a entidade benefícios económicos futuros.
Os benefícios económicos futuros incorporados num ativo são o
potencial de contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa da
entidade. Os benefícios económicos incorporados nos ativos podem fluir
para a entidade:
- Usando o ativo isoladamente ou em combinação com outros ativos
para a produção e venda de bens e serviços;
- Tocando o ativo por outros ativos;
- Usando o ativo para liquidar um passivo;
- Distribuindo o ativo aos proprietários da entidade.
Um Passivo é definido como sendo uma obrigação presente da entidade,
proveniente de acontecimentos passados, da liquidação da qual se espera um
exfluxo de recursos da entidade, incorporando benefícios económicos. Para
isso é necessário que a entidade tenha uma obrigação presente para
reconhecer um passivo, sendo que estas podem ser impostas como
consequências de contratos vinculativos.
As obrigações podem também ser resultado de práticas comerciais. A
liquidação das obrigações presente envolve a cedência de recursos
incorporando benefícios económicos, como por exemplo:
- Pagamento em dinheiro;
- Transferência de outros ativos;
- Prestação de serviços;
- Substituição da obrigação por outra;
- Conversão da obrigação em capital próprio.
Capital Próprio – é o interesse residual dos ativos da entidade depois
de deduzir todos os seus passivos. O montante dos capitais próprios
está dependente da mensuração dos ativos e dos passivos, sendo
que a classificação dos vários itens do capital próprio, fornece
informação relevante.
Ativos correntes – o conceito de ativo corrente assume especial
importância no seio do SNC, em virtude da distinção entre corrente e
não corrente influenciar a construção do balanço da entidade e, ao
mesmo tempo, a visão que o utilizador das demonstrações financeiras
terá das contas. Assim, é importante perceber o conceito subjacente,
sendo que um ativo, para que seja considerado corrente é necessário
que satisfaça qualquer um dos seguintes critérios:
- Espera-se que seja realizado ou pretende-se que seja vendido ou
consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade;
- Seja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado (ex:
ações podem ser contabilizadas como instrumentos financeiros detidos
para negociação ou investimentos financeiros);
(continua)
(continuação)
- Espera-se que seja realizado num período até 12 meses
após a data de balanço; ou
- É caixa ou equivalente, a menos que lhe seja limitada a
troca ou uso para liquidar um passivo durante pelo menos
12 meses após a data do balanço.
- Todos os outros ativos devem ser classificados como não
correntes, sendo que a expressão “não corrente” aplica-se a
ativos fixos tangíveis, intangíveis e financeiros cuja natureza
seja de longo prazo (superior a 12 meses), ou seja, fora do
ciclo operacional.
Passivos correntes – A importância referida para o ativo corrente no
âmbito do SNC aplica-se também ao conceito de passivo corrente.
Assim, um passivo é considerado corrente se satisfizer um dos seguintes
critérios:
- Espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da
entidade;
- Seja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;
- Deva ser liquidado num período até 12 meses após a data de balanço,
ou
- A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação
do passivo durante pelo menos 12 meses pós a data de balanço;
(continua)
(continuação)
Todos os outros passivos devem ser classificados como não
correntes. As dívidas a pagar comerciais, embora com prazo
de pagamento superior a 12 meses dado estarem
relacionadas com o ciclo operacional normal da entidade,
devem ser classificados como “passivos correntes”. Um
exemplo desta situação será uma compra a um fornecedor
com um prazo acordado de vencimento da fatura de ano e
meio (continua)
(continuação)
Outra questão que a norma também clarifica é a
possibilidade de refinanciar ou substituir uma obrigação,
durante pelo menos 12 meses após a data de balanço por
parte da entidade. Logo esta obrigação deverá ser
classificado como “não corrente”, exemplo as contas
correntes caucionadas. Se o critério de refinanciamento não
depender da entidade, a obrigação deve ser considerada
como “corrente”, exemplo o caso de empresas sem poder
negocial junto da banca (continua)
(continuação)
Regra geral, os incumprimentos no pagamento de
empréstimos de longo prazo implicam a
classificação de toda a dívida como corrente, exceto
se acordado com o credor em sentido contrário. No
entanto, se após, a data do balanço e até à data de
emissão das demonstrações financeiras, um passivo
corrente passar a ser considerado não corrente, tal
deverá ser divulgado no anexo.
Rendimentos e gastos
Os rendimentos são aumentos nos benefícios económicos durante o
período contabilístico na forma de influxos ou aumentos de ativos ou
diminuições de passivos que resultem em aumentos de capital próprio
que não sejam resultantes de contribuições dos participantes no capital.
Os gastos são diminuições nos benefícios económicos durante o período
contabilístico na forma de exfluxos ou deperecimentos de ativos ou na
incorrência de passivos que resultem em diminuições do capital próprio
que não sejam as relacionadas com distribuições aos participantes no
capital.
A noção de rendimentos engloba quer réditos quer
ganhos
Os réditos provêm do decurso das atividades
ordinárias de uma empresa.
Os ganhos representam outros itens que satisfaçam
a definição de rendimentos e podem, ou não provir
do decurso das atividades ordinárias de uma
empresa. Os ganhos representam aumentos em
benefícios económicos e como tal não são de
natureza diferente do rédito.
A definição de gastos engloba perdas assim como aqueles
gastos que resultem do decursos das atividades ordinárias
da empresa.
Os gastos que resultem do decurso das atividades ordinárias
da empresa e tomam geralmente a forma de um exfluxo ou
deperecimento de ativos tais como dinheiro e seus
equivalentes, existências e ativos fixos tangíveis.
As perdas representam outros itens que satisfaçam a
definição de gastos e podem, ou não, surgir no decurso das
atividades correntes da empresa. As perdas representam
diminuições em benefícios económicos e como tal não são
na sua natureza diferentes de outros gastos.
As bases de mensuração na Estrutura Conceptual
A estrutura conceptual define diversos critérios base de
mensuração. Estes critérios são utilizados em variadas
combinações, donde resulta compatível a aplicação de todos
eles nas mesmas demonstrações financeiras, mas
necessariamente a rubricas distintas.
- Custo histórico
- Custo corrente
- Valor realizável
- Valor presente
- Justo valor
Custo histórico – os ativos são registados pela
quantia de caixa paga ou pelo justo valor da
retribuição dada no momento da aquisição. Os
passivos são registados pelas quantias de caixa que
se espera venham a ser pagas para satisfazer a
obrigação;
Custo corrente – os ativos são registados pela
quantia de caixa que teria de ser despendida se o
ativo fosse correntemente adquirido;
Valor realizável (de liquidação) – os ativos são registados
pela quantia de caixa que possa ser correntemente obtida
na venda do ativo numa alienação ordenada;
Valor presente – os ativos são escriturados pelo valor
presente descontado dos futuros influxos líquidos de caixa
que se espera que o item gere no decurso normal dos
negócios;
Justo valor – quantia pela qual um ativo pode ser trocado ou
um passivo liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas
a isso, numa transação em que não existe relacionamento
entre elas.

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