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3 As demonstrações financeiras

As demonstrações financeiras traduzem, eventualmente, a parte mais visível do relato financeiro.


Procuram proporcionar informação de natureza económica, financeira e fiscal que seja útil para a
tomada de decisões. Tal como expresso na estrutura conceptual do SNC, essas informações têm como
objetivo suportar as mais diversas decisões empresariais das quais se destacam:

a) Decidir quando comprar, deter ou vender um investimento em

capital próprio;

b) Avaliar a capacidade da entidade solver os seus compromissos;

c) Determinar as políticas fiscais;

d) Determinar a política de dividendos;

e) Preparar as estatísticas nacionais e internacionais;

f) Regular a atividade das entidades.

O suporte a estas decisões está dependente do conhecimento numa base tempestiva do


posicionamento financeiro da entidade, do desempenho das suas atividades e das alterações na sua
posição financeira. Na prossecução destes objetivos, devem as entidades, em função do seu nível de
normaliza-ção contabilistica, preparar as seguintes demonstrações financeiras, tal como previsto na
NCRF 1 - Estrutura e Conteudo das Demonstrações Financeiras:

• BALANÇO: evidencia a posição financeira da entidade em determinado momento. Nela se especificam


os seus ativos, passivos e capital pró-prio. Esta última massa patrimonial representa o interesse residual
sobre os ativos da entidade.

• DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS: evidencia o desempenho da entidade num determinado período.


São detalhados nesta demonstração financeira os gastos (genericamente associados as diminuições nos
benefícios económicos do período ou ao deperecimento de ativos) e os rendimentos (análoga e
genericamente associados a aumentos nos benefícios económicos do período).

• DEMONSTRAÇÃO DAS ALTERAÇÖES NO CAPITAL PRÓPRIO: tal como expresso no 540 da NCRF 1, as
alterações no capital próprio verificadas no período entre duas datas do balanço, refletem o aumento
ou a redução nos seus ativos liquidos durante esse período. Para além disso, "... a alteração global no
capital próprio durante um período representa a quantia total de rendimentos e gastos, incluindo
ganhos e perdas, gerada pelas atividades da entidade durante esse período". Estas altera-ções
evidenciam igualmente o resultado integral, entendido este como a agregação direta do resultado
líquido do exercício com as restantes variações nos capitais próprios não diretamente associadas aos
detentores do capital num facto patrimonial em que agem como tal.
• DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA: evidencia as alterações históricas de caixa e seus
equivalentes, identificando os fluxos de caixa (entradas e saidas) do período provenientes de atividades
operacionais, de investimento e de financiamento'.

• ANExo: divulgações de natureza diversa, apresentadas de forma siste.mática e com referenciação


cruzada, têm como principal objetivo assegurar as características da informação financeira, em
particular a característica da compreensibilidade.

Figura 5 - Características qualitativas da informação

Caracteristicas Qualitativas da Informação Financeira

Compreensibildiade

Relevância

Materialidade

Comparabildiade

Fiabilidade

Representasçio fidedigna

Plenitude

Caracterizar o que se entende por "qualidade do relato financeiro" é uma discussão de âmbito amplo e
cujos entendimentos são afetados pela multiplicidade percetiva e pela diversidade de necessidades
informativas. Associamos a essa qualidade, a utilidade da informação ao concorrer para o suporte de
decisões, independentemente do seu utilizador. Ainda que a teoria económica estabeleça que a
assimetria da informação tenha sempre consequências privadas e sociais adversas, a procura de um
relato financeiro de qualidade tem como objetivo mitigar essa mesma assimetria.

As dificuldades emergentes nos normativos ao nível da mensuração e valorização dos ativos e passivos
não podem constituir uma escusa para a sua não inclusão nos relatos financeiros (Lev, 2001). Neste
contexto, assumimos como um relato financeiro de qualidade, aquele cujas caracteristicas da
informação seguem o estipulado na estrutura conceptual do SNC, ou seja: compreensibilidade,
relevância, fiabilidade e comparabilidade.

A característica da compreensibilidade, até agora omissa de forma expressa nos normativos


contabilísticos nacionais, procura dotar os utentes da informação de um razoável conhecimento das
atividades e da contabilidade da organização. Independentemente da sua complexidade e amplitude,a
informação deve ser divulgada para que os utentes possam suportar as suas decisões. Claro está que,
neste contexto, emerge a problemática da materialidade, atributo secundário da informação, porém
intrinsecamente associado à relevância informativa. Tal como as demais características, consideramos
que tanto a suficiência como a adequação da informação, determinam a qualidade do relato financeiro.
Sublinhamos a esse propósito, a evolução positiva introduzida pelas normas internacionais e continuada
no SNC. As divulgações preconizadas em cada norma são o exemplo de que a amplitude e substância do
relato aparece agora com uma qualidade manifestamente superior.

Influenciar as decisões de gestão, tanto na perspetiva histórica como prospetiva, incute à informação a
sua relevância. Na verdade, a relação dicotómica entre o seu caráter confirmatório e preditivo, são
estruturantes numa análise integrada do relato financeiro. A fiabilidade surge associada ao facto da
informação estar desprovida de erros materiais, de omissões(plenitude), de preconceitos ou juízos de
valor prévios (neutralidade) capazes de manipular a representação fidedigna. Porém, os preparadores
dessa informação não podem ser alheios a incertezas fundamentais (prudência)nem à substância
económica das transações, ainda que a sua forma legal seja secundarizada (postulado da substância
sobre a forma).

A utilidade da informação surge igualmente associada à possibilidade desta ser comparada, quer no
tempo quer no espaço. A entidade necessita compreender a sua posição financeira, o seu desempenho
económico e as alterações que se verificaram naquela posição financeira. A este propósito,estabelece a
NCRF 1, a estrutura e o conteúdo das demonstrações financeiras

Ilídio Tomás Lopes

Contabilidade Fins.

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