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Tema 1: A Auditoria

1. Ambiente económico e necessidade de informação

A escolha pode basear-se na intuição….


…. Mas o conhecimento profundo das circunstâncias que envolvem o problema reduz a incerteza e,
consequentemente, aumenta a probabilidade de escolher a melhor alternativa.

2. Utentes da informação contabilística


A quem interessa a informação contabilística?

Para que serve a informação contabilística?


Necessidades dos utilizadores externos
 Decidir quando comprar, deter ou vender um investimento;
 Despedir/contratar/controlar a Gestão;
 Concessão de um empréstimo pelas entidades de crédito;
 Mudar de trabalho, negociar condições salariais;
 Estabelecimento de decisões comerciais com a empresa;
 Concessão de subsídios ou incentivos fiscais;
 Comprar, ou não, produtos da empresa.

Necessidades dos utilizadores internos


 Expandir o negócio, procurar novos mercados, encerrar centros de trabalho;
 Contratar ou despedir pessoal;
 Investir em novos equipamentos de produção;
 Definir políticas de cobrança e pagamento de clientes e fornecedores;
 Definir políticas de financiamento.

1. Tendências do Mundo Empresarial


 Crescente separação entre a propriedade e a gestão;
 Globalização;
 Complexidade Organizacional;
 Velocidade e desmaterialização.
 Necessidade de informação financeira credível

1. O Relato Financeiro
Os documentos de Prestação de Contas continuam a ser um veículo fundamental de avaliação do
desempenho dos gestores e de ponderação do valor da empresa nas várias perspetivas.
No entanto, tem se assistido a um crescimento da importância de outras fontes de informação para a
tomada de decisões dos stakeholders.

2. Importância das Demonstrações Financeiras


 Afetam a distribuição da riqueza entre os vários grupos de interesse envolvidos;
 Afetam o grau de formação do capital na economia;
 Afetam o acesso aos capitais públicos disponíveis
 Afetam a evolução das cotações na Bolsa;
 Afetam o nível de recursos gasto na busca de informação pelos utilizadores.
1. A Estrutura Conceptual (IASB)

2. Objetivos da informação
Satisfazer as necessidades dos utilizadores é o objetivo da informação contabilística. Da síntese das
necessidades anteriores serão definidos os objetivos da informação.
Proporcionar informação fiável acerca da posição financeira, desempenho e alterações na
posição financeira de uma entidade que seja útil aos utentes na tomada de decisões económicas.

Características qualitativas da informação contabilística (EC-SNC)


Revisão da Estrutura Concetual (EC) do IASB (2010)

O conceito de Fiabilidade deixa de ser mencionado e a ênfase é colocada no conceito de Representação


Fidedigna – informação livre de erros ou omissões na descrição do fenómeno e no processo utilizado para
produzir a informação - não significa informação precisa em todos os aspetos (EC – IASB, 2010)

Conceito novo - Verificabilidade – significa que diferentes usuários da informação financeira com e sem
preparação técnica chegam a um consenso (não necessariamente a concordância plena) de que a “imagem”
reportada pelas DFs é uma representação fidedigna da realidade.

3. Limitações da Contabilidade
 Limitações decorrentes do modelo contabilístico
 Limitações de fiabilidade
o Preparação das demonstrações financeiras aproveitando a ausência de normativos claros
ou opções permitidas pelas normas para influenciar o resultado apresentado e/ou a imagem
propiciada pelo balanço

Conflito entre os vários grupos de interesse envolvidos na empresa

o Interesses dos gestores em não informar corretamente


 Fisco
 Bancos
 Acionistas, ...

O papel do Auditor consiste em fiabilizar a informação financeira


1. O que é a Auditoria? Para que serve?

2. O Processo de Produção da Informação Financeira

Responsabilidades:
 Órgão de gestão: responsável máximo pelas DFs e pelas asserções nelas contidas
 CC: Responsável pela preparação, elaboração e divulgação das DFs
 ROC: Responsável pela “Certificação” das DFs – é um garante da qualidade e fiabilidade das DFs.

1. Auditoria financeira/ contabilística/externa – Conceito


Auditoria é o processo sistemático de obter e avaliar evidência a respeito das asserções contidas nas
demonstrações financeiras acerca de situações e transações económicas da entidade, com vista a certificar
o grau de correspondência entre essas asserções e as normas de referência e comunicar os resultados
dessa avaliação aos interessados.
(American Institute of Certified Public Accountants - AICPA, 1972)
Conceitos associados:
 Evidência ou prova de auditoria corresponde à informação usada pelo auditor para chegar às
conclusões sobre as quais se baseia a sua opinião. A evidência inclui a informação contida nos
registos contabilísticos subjacentes às DFs e outras informações, tais como documentos,
depoimentos, observação de rotinas e outros procedimentos que possibilitem ao auditor expressar
uma opinião sobre as DFs.

 Asserções contidas nas demonstrações financeiras – afirmações ou preposições que se adiantam


como verdadeiras aquando da preparação e elaboração das DFs
isto é, afirmações/preposição da responsabilidade do órgão de gestão que são incluídas de
forma implícita ou explícita nas DFs.

Asserções contidas nas DFs (da responsabilidade do Órgão de Gestão) que o auditor terá de analisar e
sobre as quais expressará uma opinião:
 Ocorrência - as transações e acontecimentos que estão registados ocorreram e têm a ver com a
entidade.
 Existência - ativos, passivos e interesses no capital próprio existem e dizem respeito à entidade; a
entidade detém ou controla os direitos e as obrigações.
 Plenitude - todas as transações, acontecimentos, os ativos, passivo, interesses no capital próprio,
rendimentos e gastos foram de facto registados e no período contabilístico a que respeitam. Todas as
divulgações necessárias foram incluídas nas DFs.
 Reconhecimento – todos os itens incluídos nas DFs cumprem a definição de ativo, passivo, capital
próprio, rendimento e gasto conforme definido na estrutura conceptual da contabilidade.
 Valorização (mensuração) e imputação - ativos, passivos, capitais próprios, rendimentos e gastos
estão incluídos nas DFs por quantias apropriadas e os ajustamentos resultantes da valorização ou
imputação estão apropriadamente registados e divulgados.
 Exatidão - as quantias e outros dados relativos a transações e acontecimentos registados foram
apropriadamente registados e divulgados;
 Classificação, apresentação e compreensibilidade - as transações e acontecimentos foram
registados nas contas apropriadas e a sua apresentação nas DFs respeita a ordem definida na
normalização contabilística. As divulgações estão expressas de forma clara.
 Divulgação - forma sistemática e cruzada como deve ser proporcionada informação nas DFs de
modo que a todos interessados seja proporcionada uma adequada compreensão do significado de tal
informação.
Asserções contidas nas DFs - conceitos a relembrar:
 Ativo - recurso controlado pela empresa, resultante de acontecimentos passados e do qual se espera
que fluam para a empresa benefícios económicos futuros.
 Passivo - obrigação presente, resultante de acontecimentos passados, de cuja liquidação se espera
que resulte uma saída de recursos que incorpore benefícios económicos.
 Capital próprio - interesse residual nos ativos da entidade após a dedução de todos os passivos.
 Rendimentos - aumentos nos benefícios económicos durante o período contabilístico, na forma de
influxos, aumentos de ativos ou diminuições de passivos, que resultem em aumentos no Capital
Próprio e que não sejam os relacionados com as contribuições dos participantes no Capital Próprio.
Engloba quer os réditos (resultam da atividade corrente) quer os ganhos (resultam da atividade
extraordinária).
 Gastos - diminuições nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de
exfluxos, deperecimentos de ativos ou na incorrência de passivos que resultem em diminuições no
Capital Próprio, que não sejam as relacionadas com distribuições aos participantes no Capital
Próprio. Engloba quer os gastos (resultam da atividade corrente) quer as perdas (resultam da
atividade extraordinária)

A auditoria financeira …
…consiste no exame sistemático das DFs de uma entidade, na recolha e avaliação de evidência e na
expressão de uma opinião, sobre se as DFs estão preparadas, em todos os aspetos materiais, de acordo
com um referencial de relato financeiro aplicável e se dão uma imagem verdadeira e apropriada sobre
a situação financeira da empresa e o resultado das suas operações e os fluxos de caixa.

Auditoria financeira
– objetivo
…tem como
objetivo obter
garantia razoável
de fiabilidade sobre se as DFs como um todo
estão isentas de distorções materiais,
devido a fraude ou erro, habilitando assim o auditor a expressar uma opinião sobre se as DFs foram
preparadas, em todos os aspetos materiais, de acordo com um referencial de relato financeiro aplicável.
(International Standard on Auditing - ISA 200 – IFAC

Justificação da Auditoria Financeira


 Motivação e Interesse público
o A simples ideia de que as contas vão ser auditadas por um perito independente, motiva os
preparadores da informação a serem mais rigorosos na preparação das demonstrações financeiras
e no cumprimento das normas de qualidade.
o O auditor surge como catalisador da qualidade da informação financeira a produzir,
ajudando a promover a transparência e segurança entre os agentes económicos;
 Necessidade de informação credível para a tomada de decisão pelos usuários das DFs e para o
público em geral;
 Transparência e segurança entre os agentes económicos;
 Dificuldades de acesso dos utilizadores à fonte de informação, de interpretação e confirmação da
informação – dificuldade em controlar diretamente a qualidade da informação;
 Complexidade do processo de preparação e elaboração das DFs e da necessidade da sua verificação;
 Minimizar o potencial conflito de interesses entre quem produz a informação e quem a utiliza:
o Existem conflitos de interesse entre os gestores e os proprietários resultantes das
diferentes motivações, procurando cada um dos grupos otimizar os seus próprios ganhos.
o Assume-se que gestor valoriza a credibilidade aportada pela auditoria às DFs (que
refletem a sua gestão) para diminuir a conflitualidade possível com os proprietários do negócio.

Utilidade da Auditoria para as empresas


 Dá cumprimento a uma obrigação legal, estatutária ou contratual;
 Contribui para a qualidade e fiabilidade das DFs e do sistema de contabilidade que as suporta;
 É uma visão exterior sobre o funcionamento da empresa, podendo contribuir para a melhoria do seu
controlo interno e para uma maior eficiência e eficácia da gestão;
 É um elemento de controlo interno proporcionando o cumprimento mais rigoroso das normas
internas e uma gestão mais económica, eficiente e eficaz;
 É um fator dissuasor de fraudes;
 Reduz o risco de ilegalidades e consequentes penalidades;
 Permite uma redução de conflitualidade entre sócios;
 Facilita a entrada de novos sócios e negociação da própria empresa;
 Contribui para um mais fácil relacionamento dos gestores com os acionistas e mais objetiva
avaliação do seu desempenho;
 Facilita as relações com os stakeholders, nomeadamente os intervenientes nos mercados financeiros,
podendo influenciar a classificação de risco e logo a taxa de juro;
 Acresce fiabilidade e autoridade às DFs apresentadas à administração fiscal.

1. Limitações da Auditoria Financeira


 O parecer do auditor não dá uma garantia absoluta sobre a verdade das DFs, mas sim uma segurança
razoável, porque o processo de auditoria sofre de algumas limitações:
o A recolha e validação de evidência é feita numa base de amostragem – atendendo à
dimensão e complexidade da empresa auditada a verificação de 100% da informação torna-se
quase impossível para o auditor;
o O processo de recolha e validação de evidência e a expressão de uma opinião sobre as
DFs envolve o conceito de materialidade (relevância) e o julgamento profissional do auditor,
com base na sua experiência e conhecimento.
 A probabilidade de o auditor reportar uma irregularidade depende:
o Probabilidade do auditor descobrir essa irregularidade – em função da sua competência e
da
o Probabilidade do auditor revelar no seu relatório essa irregularidade – em função da sua
independência
 Limitação do sistema contabilístico e normativo (lacunas, diversidade na interpretação, conflitos,
omissões…);
 Complexidade crescente do meio envolvente e a incerteza crescente nos negócios

Limitações da Auditoria – Conclusão


O resultado da auditoria e o parecer do auditor podem não ir de encontro às expectativas dos usuários das
DFs:
 Auditing Expectation Gap - “diferença de expectativas” - diferenças entre o que os usuários da
informação financeira e o público em geral esperam que a auditoria lhes possa fornecer e o que
efetivamente a mesma pode facultar.
Serviço (valor) que a auditoria efetivamente pode fornecer

GAP
Expectativas dos usuários sobre o serviço (valor) que a auditoria lhes pode facultar (e a perceção sobre o
valor do serviço prestado pela auditoria)
Será uma verdadeira limitação?

1. (Outros)Tipos de Auditoria
 Auditoria Externa/Financeira/Contabilística: genericamente, consiste na auditoria às DFs de
âmbito alargado ou limitado, tendo por base os normativos contabilísticos, comerciais, fiscais,
laborais… e as normas de auditoria.
É desempenhada por auditores externos (em Portugal - Revisores Oficiais de Contas) à organização
mediante a celebração de um contrato de prestação de serviços. Emite relatórios de conformidade
entre as DFs e as normas de referência.
 Auditoria Interna/Operacional/Gestão: É normalmente desempenhada por empregados da
empresa devidamente qualificados (departamento de auditoria interna), mas pode também ser
contratada a auditores externos à organização.
«É uma atividade independente, de segurança objetiva e de consultoria, destinada a acrescentar valor e a
melhorar as operações das organizações. Ajuda uma organização a atingir os seus objetivos facultando-lhe
uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gestão dos
riscos, controlo e governação» (Institute of Internal Auditors – EUA, 1999).

o Avaliação global do funcionamento da entidade, da gestão dos recursos, da sua estratégia,


dos seus objetivos, dos riscos associados, da eficiência e eficácia …examina o comportamento
das pessoas e as atividades desenvolvidas. Função de apoio à gestão da organização:
 Verificação dos cumprimentos das normas e procedimentos internos da organização –
conduz à elaboração de um manual de controle interno e ao desenvolvimento de um sistema
de controlo interno na organização (atendendo às leis, regulamentos e normas vigentes).
 Avaliação acerca da eficácia das atividades de gestão de risco da organização -
assegurando que os principais riscos do negócio são geridos de forma apropriada.
 Auditoria às condições de exploração e resultados, aos sistemas de informação, de
organização, aos métodos de direção e à estratégia (aos controlos operacionais, à gestão
operacional e estratégica).
o Emite relatórios sobre a conformidade do funcionamento e do comportamento
organizacional com as normas internas e externas e sobre o desempenho da gestão.

 Auditoria Previsional ou Prospetiva - consiste na análise da coerência dos sistemas de previsão e


da informação financeira previsional ou prospetiva (futura) elaborada com base na informação
financeira histórica. É feita pelo auditor externo (ROC).
 Auditoria Informática - verifica se existem controlos apropriados, certifica que os mesmos estão a
ser implementados e procede à avaliação da sua eficácia de forma a poder tirar conclusões sobre o
desempenho de todo o sistema informático. Pode ser desempenhada por técnicos internos ou
externos à empresa
 Auditoria Social - auditoria às responsabilidades sociais da empresa – Balanço Social.
 Auditoria Ambiental - verificação do cumprimento das normas ambientais pelas organizações.

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