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ANEXO II

1. A RELAÇÃO DA AUDITORIA E A CONTABILIDADE,

2. TIPOS DE AUDITORIA.

A Relação da Auditoria e a Contabilidade

A auditoria é processo de recolha de provas para atestar as asserções (efectuadas


pelo órgão de gestão), contidas nas demonstrações financeiras com vista à avaliação dos
mesmos tendo por base as normas contabilísticas (caso refere-se a auditoria financeira) e
outras referências comunicando as suas conclusões aos utilizadores das informações.

À nível da contabilidade, tratando-se da auditoria financeira, convém-nos


perceber a relação existente entre auditoria e a contabilidade tendo em conta as diferentes
funções por cada uma delas desempenhada.

Existe diferenças significativas entre a contabilidade e a auditoria, os objectivos,


os métodos e as responsabilidades pela sua realização não são iguais. A contabilidade
envolve a identificação, valorização dos acontecimentos e transações que envolvem a
entidade, sendo em última instância reflectidas nas demonstrações financeiras.

O objectivo da contabilidade é a comunicação de informação financeira relevante


para o processo de tomada de decisão. Á última responsabilidade pelas demonstrações
financeiras reside no órgão de gestão.

A auditoria às demonstrações financeiras, visa obter evidências sobre as asserções


do órgão de gestão. Ao contrário da contabilidade que parte do acontecimento para
chegar as demonstrações financeiras, a auditoria faz o caminho contrário. A auditoria
confere a credibilidade às demonstrações financeiras preparadas pelo órgão de gestão.

O objectivo do auditor é obter garantia razoável de fiabilidade sobre as


demonstrações financeiras, habilitando-o a expressar uma opinião e comunicando-o aos
utilizadores da informação financeira.

Portanto, a relação consiste:

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Contabilidade Auditoria

-Responsabilidade do Órgão de -Responsabilidade do Auditor


gestão. Condições de
compromisso

- O órgão de gestão
implementa um sistema de -Obtém e avalia as provas
Prova
controlo interno. relacionadas com as D.F.

- Analisa acontecimentos e
-Verifica-se as D.F refletem a
transacções.
imagem verdadeira e apropriada
-Valoriza, classifica e contabiliza da empresa.
os acontecimentos e
Asserções
transacções. -Expressa uma opinião sobre as
D.F entregando-a a entidade.

-Prepara as demonstrações
financeiras.

-Disponibiliza as demonstrações
financeiras aos utilizadores da
informação financeira.

Fonte:Adaptada de Almeida (2014, p.28)

PRINCÍPIOS DA AUDITORIA

A auditoria é um processo sistémico de objectivamente obter e avaliar prova a


cerca da correspondência entre informações, situações ou procedimentos e críticas pre-
estabelecidas, assim como comunicar conclusões aos interessados

Para que este cenário aconteça da melhor forma é necessário que o auditor,
desenvolva a sua actividade apegando-se aos seguintes princípios:

• Integridade;

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• Apresentação justa;

• Devido cuidado profissional;

• Confidencialidade;

• Independência

• Abordagem baseada em evidência

Integridade

Executar as auditorias de forma correcta, mantendo a imparcialidade e sem


desigualdade (honestidade, responsabilidade e dedicação).

Apresentação justa

Apresentação das conclusões das auditorias de forma verdadeira e objectiva, ter


uma comunicação clara e objectiva.

Devido cuidado profissional

Deve-se trabalhar com dignidade, diplomacia e agir de forma cautelosa para obter
a confiança dos clientes e demais partes interessadas.

Confidencialidade

Descrição que os auditores devem ter para proteger as informações obtidas nas
actividades executadas e também da preservação para que estas não sejam usadas de
forma inapropriada e/ou para ganhos pessoais. Tanto para o auditor quanto para o
auditado.

Independência

Imparcialidade e objectividade perante as conclusões da auditoria de forma que


possam realizar as actividadesde forma livre e não tendenciosa.

Abordagem baseada em evidência

As evidências devem ser possíveis de serem verificadas, geralmente baseadas nas


informações disponíveis no momento da auditoria e a amostragem de análise deve ser
coerente com a auditoria, afim de garantir a confiabilidade das conclusões obtidas.

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TIPOS DE AUDITORIA

A auditoria pode ser classificada atendendo a diferentes critérios:

a) Quanto ao conteúdo e fim

• -Auditoria das demonstrações financeiras

• -Auditoria de conformidade

• -Auditoria operacional

• -Auditoria de gestão

• -Auditoria estratégica

Auditoria das demonstrações financeira

Consiste num exame às D.F com objectivo de expressar uma opinião sobre a
conformidade ou não de acordo com os critérios pré-estabelecidos.

A auditoria financeira é um processo objectivo e sistemático, efectuado por um


terceiro independente, de obtenção e avaliação de prova em relação às asserções sobre
acções e eventos económicos, para verificar o grau de correspondência entre essas
asserções e os critérios estabelecidos, comunicando os resultados aos utilizadores da
informação financeira.

A auditoria das demonstrações contábeis constitui o conjunto de procedimentos


técnicos que tem por objectivo a emissão de parecer sobre a sua adequação, consoante os
Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas de Relato Financeiro local e, no
que for pertinente, a legislação específica (PGC, etc).

Por outra,: “é o tipo de auditoria relactiva ao plano da organização, aos


procedimentos e documentos que se referem à proteção dos activos e à confiabilidade das
contas e dos balanços financeiros”. Esta auditoria é, consequentemente, concebida com
a finalidade de fornecer uma garantia razoável que:

a) as transações e o acesso aos activos sejam efectuadas em conformidade com as


autorizações;

b) as transações sejam registradas quando necessário;

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c) a contabilização dos activos seja comparada com a existência física a intervalos
razoáveis e que sejam tomadas as medidas adequadas relactivamente as todas as
diferenças não justificadas.

A Auditoria Contabilística representa o conjunto de procedimentos técnicos


aplicados de forma independente por um profissional habilitado, segundo normas
preestabelecidas, com o objectivo de se emitir uma opinião sobre se as demonstrações
Contabilística tomadas em seu conjunto, em relação aos Princípios Fundamentais de
Contabilidade e as normas norma de relato financeiro local ou de acordo com a legislação
específica (PGC, etc), bem como sobre assuntos financeiros relacionados.

Portanto, o foco central dos trabalhos da auditoria contabilística são os exames


das demonstrações contabilística com o objectivo de se emitir uma opinião sobre sua
adequação. Isto se deve ao facto de que essas demonstrações objetivam retratar, em
determinada data, a situação orçamentária, financeira, económica e patrimonial de uma
organização, logo a sua adequada elaboração vai possibilitar um completo diagnóstico
das condições dessa mesma entidade.

O objectivo da auditoria contabilística é a emissão de um parecer independente,


que tem por limite os objectivos da auditoria (demonstrações contabilísticas) e não
representa garantia de viabilidade futura ou de eficácia da administração na gestão dos
negócios.

As demonstrações financeiras são disponibilizadas aos terceiros, que investiram o


têm intenções de investirem, que providenciaram recursos ou que têm quaisquer outros
interesses na organização.

Nesta linha de percepção, os auditores recolhem provas para determinar se as


demonstrações financeiras foram preparadas de acordo com as normas contabilísticas,
emitindo um relatório que é disponibilizado ao órgão de gestão aos terceiros interessados.

Assim, o auditor adiciona valores as demonstrações financeiras, atendendo a que:

- Obtém provas sobre adequada apresentação das demonstrações financeiras a luz


das normas contabilísticas;

-É independente em relação ao órgão de gestão e aos terceiros;

-Tem conhecimento sobre os riscos subjacentes à actividade da empresa.

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Auditoria de conformidade

Consiste na verificação do cumprimento pela entidade auditada, das condições,


regras e regulamentos específicos por diversas fontes, externas o internas

Obs: os resultados deste tipo de auditoria são comunicados geralmente à entidade que
estabelece os critérios a cumprir.

Este tipo de auditoria destina-se a verificar de uma forma sistemática, se a


empresa segue os procedimentos, regras, regulamentos, critérios, políticas, etc, quer
interno quer externo, que se encontram estabelecidos e aprovados superiormente.

Nesta definição inclui-se necessariamente, verificar não só se a empresa está a


cumprir com as disposições constante de todos os contratos que celebrou como também
com a diversa legislação (societária, laboral, contabilística, fiscal, ambiental, social, etc)
que afecta a sua actividade económica.

Auditoria operacional

Refere-se ao conjunto de procedimentos auditoriais que são aplicados com o


objectivo de se avaliar o desempenho e a eficácia das operações, dos sistemas de
informação e de organização, dos métodos de administração; examinar a propriedade e o
cumprimento das políticas administrativas da empresa auditada, além de analisar a
adequação e a oportunidade das decisões estratégicas.

É o exame que pode abranger todos os níveis de uma administração sob o ponto
de vista da economia, eficiência, eficácia e efectividade . É também denominada de
Auditoria de Otimização de Recursos, Auditoria de Desempenho ou de Resultados.
Segundo alguns, a auditoria operacional também é uma expressão sinónima para a
auditoria de gestão.

A auditoria operacional surgiu da necessidade de melhorar os informes


apresentados pelos auditores no que se refere aos resultados da gestão privada e pública,
em face das limitações das informações financeiras.

Os objectivos principais da Auditoria Operacional são: apresentar sugestões para


melhorar a gestão dos recursos e identificar aspectos de ineficiência, desperdícios,
desvios e abusos.

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Obs.: os resultados de uma auditoria deste tipo são comunicados somente à entidade que
a solicitou.

Este tipo de auditoria, que se socorre do conjunto das técnicas de julgamentos e


de apreciação das operações da empresa utilizadas na auditoria financeira, tem como
objectivo: auditar os controlos operacionais, auditar a gestão ou seja, as condições
internas de exploração e dos resultados e auditar a estratégia.

Auditoria de gestão

Consiste na avaliação da performance da entidade e desempenho dos gestores.

As técnicas de auditoria de gestão cobrem um espectro bastante amplo de


procedimentos, métodos de avaliação, políticas e tarefas, sendo concebidas para analisar,
avaliar e rever o desempenho da empresa ou entidade em relação a um conjunto pré-
determinado de standards.

O objectivo da auditoria de gestão é o de verificar e que medida é que o recurso


(cada vez mais limitados) postos a disposição dos gestores estão a ser aplicados com a
maior economicidade, eficiência e eficácia. Por outras palavras a auditoria de gestão
pretende medir e dar opinião sobre o desempenho dos gestores e sobre a rentabilidade da
empresa, ou seja, concluir sobre se os resultados por eles apresentados não poderiam ou
deveriam ser indiferentes (para melhor, obviamente). Por esta razão há, pois, muitos
pontos de contactos entre auditoria de gestão e sistema de controlo interno.

Auditoria estratégica

Consiste na avaliação da conformidade das decisões com as políticas estratégicas


previamente estabelecidas.

b) Quanto à amplitude

-Auditoria geral: envolve a entidade n sua globalidade.

-Auditoria parcial: envolve apenas uma parte da entidade, referindo-se a uma


actividade, operação ou um projecto.

c) Quanto à frequência

-Auditoria permanente: realiza-se de forma regular, permitindo um acompanhamento


continuado.

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-Auditoria ocasional: realiza-se de forma esporádica, por solicitação pontual.

d) Quanto ao período temporal

-Auditoria da informação histórica: o objecto é o conjunto da informação histórica,


cuja auditoria é elaborada “a posteriori”

-Auditoria da informação previsional ou prospectiva: o objecto é o conjunto da


informação previsional ou prospectiva, cuja auditoria é elaborada “a priori”, baseia-se
em técnicas de avaliação a cerca da validade de previsões.

e) Quanto à obrigatoriedade

-Auditoria de fonte legal: baseada em normativo legal, por exemplo em Angola, a


revisão legal de contas é uma auditoria exclusivamente financeira de fonte legal, no caso
das instituições financeiras.

-Auditoria de fonte contratual: baseada num contrato de prestação de serviços, seno


facultativa

f) Quanto ao Campo de atuação:


- Governamental

- Privada

AUDITORIA GOVERNAMENTAL

A auditoria governamental actua directamente sobre a administração da coisa pública.


Ela está directamente relacionada com o acompanhamento das acções empreendidas
pelos órgãos e entidades que compõem a administração directa e indirecta das três esferas
de governo.

Normalmente é realizada por entidades superiores de fiscalização, sob a forma de


Tribunais de Contas ou Controladorias, e organismos de controlo interno da
administração pública. Vale mencionar que alguns consideraram a actividade de
fiscalização – auditoria fiscal – realizada pelos órgãos responsáveis pela arrecadação dos
tributos como uma espécie de auditoria governamental.

A auditoria fiscal pode ser conceituada como o conjunto de procedimentos técnicos,


pautados em normas profissionais, aplicados por prepostos dos governos central,
ministerial e municipais com objectivo de verificar se os impostos, taxas e contribuições

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devidos aos cofres públicos estão sendo reconhecidos e recolhidos em conformidade com
a legislação pertinente, assim como outras funções correlatas.

Entre outras, os auditores fiscais podem possuir as seguintes atribuições:

• constituir créditos tributários por meio de lançamentos de ofício com lavratura de


autos de infração;

• planear, coordenar e executar actividades de fiscalização de receitas governamentais,


principalmente as relaccionadas com tributos; · efectuar revisões fiscais e
contabil´siticas; ·

• planear, coordenar e executar actividades de elaboração e divulgação de actos


normativos, de elaboração de pareceres sobre a interpretação e a aplicação da
legislação tributária e de orientação aos contribuintes.

AUDITORIA PRIVADA

A auditoria privada é toda aquela cujo campo de actuação se dá no âmbito da iniciativa


particular, que objectiva o lucro, de uma maneira geral.

g) Quanto ao sujeito que a efectua:

Au ditoria externa: efectuada por profissionais externos, não subordinados à


entidade. Normalmente são auditorias ocasionais.

Auditoria interna: efectuada por quadro da entidade ou não, normalmente


organizados num departamento, subordinados à autoridade máxima. São sempre
auditores permanentes.

Nota:

Auditoria interna tem a sua génese dentro da entidade para dar resposta a
determinadas necessidades, tais como: dar a conhecer à Direcção se as metas planificadas
estão a ser alcançadas, se os controlos internos implantados são suficientes para garantir
a protecção dos activos e a sua adequada utilização e analisar de forma contínua e
permanente se todas as transacções registadas de acordo os princípios contabilísticos
geralmente aceites (por exemplo), etc.

A auditoria interna é uma actividade independente de garantia objectiva e de


consultoria, destinada a acrescentar valor e melhorar as operações de uma organização.

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Jund (2001, p. 52), aponta que a ‘‘Auditoria Interna não é mais um instrumento
de controlo criado pela administração, mas sim um meio indispensável de confirmação
de que os procedimentos estão de acordo com o planeado, assegurando maior
tranquilidade para a própria administração, clareza para os investidores, para o fisco e
para a sociedade’’.

De acordo com os autores anteriores podemos evidenciar que, a Auditoria Interna


zela pela observância das políticas traçadas pela empresa, provocando melhorias em
sua administração, visto que ela fornece subsídios aos proprietários e administradores
para a tomada de decisão, visando ao cumprimento da missão da empresa.

2.1. Principais diferenças entre auditoria interna e externa.

Auditoria Externa: É efectuada por profissionais externos não subordinados à


entidade. Normalmente são auditores eventuais ou contratuais.

Auditoria Interna: Sendo o principal ponto de análise neste projecto, segundo Sá


(1998, p.41), efectuado por quadros da entidade ou não normalmente a organizado num
departamento, subordinados a autoridade máxima. São sempre auditores permanentes.

A fim de evidenciar as principais- diferenças entre as auditorias interna e externa,


através do quadro abaixo, Carvalho (2006) descreve o seguinte:

Tabela nº I- Diferença entre auditoria Interna & Externa

X Auditoria Interna Auditoria Externa

O Auditor Empregado da empresa Contratado

Finalidade Adequação do CI Emite parecer sobre a adequação das


demonstrações contabilísticas

Remuneração Recebe salário Recebe honorários

Testes Testa mais Testa menos

Grau de Liberdade Possui autonomia Possui independência

Fonte: Adaptado de Carvalho (2006, p. 71).

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