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CAPÍTULO 1: Aspectos Introdutórios de Auditoria

1.1. O conceito de auditoria


A auditoria é um tipo de actividade que tem como objetivo verificar
se os controles internos, procedimentos e regras estabelecidas pela
entidade se estão sendo cumpridas, e, se os documentos, registros e
papéis estão regulares. Os trabalhos exercidos durante o período de
desenvolvimento da auditoria serão relatados de maneira formal,
onde, deverá conter os resultados dos exames aplicados, as opiniões
e recomendações que forem sugeridas para os responsáveis das
entidades, para que os mesmo tomem as medidas e mudanças
necessárias.

Dentre vários conceitos de auditoria, percebe-se alguns pontos em


comuns entre as definições dos doutrinadores. Entre eles é evidente
que é uma técnica de avaliação, sendo uma função especializada, que
na contabilidade tem a finalidade de obter um parecer sobre os
princípios fundamentais de contabilidade.

Assim, temos alguns conceitos:

Para Willian Attie (1998, p.25) a Auditoria é uma especialização


contábil voltado a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial
implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre
determinado dado.

Já Franco e Marra (2000, p.26), define a auditoria como a técnica


contábil que através de procedimentos específicos que lhe são
peculiares, aplicados no exame de registros e documentos, inspeções,
e na obtenção de informações e confirmações, relacionados com o
controlo de uma entidade. Objectiva obter elementos de convicção
que permitam julgar se os registros contabilísticos foram efectuados
de acordo com os princípios fundamentais e normas da contabilidade,
e, se as demonstrações financeiras deles decorrentes reflectem
adequadamente a situação econômico-financeira do património, os
resultados do período administrativo examinado e as demais
situações nelas demonstradas.

Assim define Cavalcanti (2010): A auditoria é uma especialização


contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial
implantado com o objectivo de expressar uma opinião sobre
determinado dado.

Vale ressaltar, o conceito de Crepaldi (2010), que ensina: a auditoria


das demonstrações financeiras constitui o conjunto de procedimentos
técnicos que tem por objetivo a emissão de parecer sobre sua
adequação, consoante os Princípios Fundamentais de Contabilidade e
pertinente à legislação específica.

Dessa maneira, a auditoria é um ramo de estudo das ciências de


negócios, que avalia determinadas informações com o objetivo de
trazer maior eficácia e eficiência, seguindo princípios e normas com
aplicações próprias e direcionando a entidade a melhores resultados.

1.2. Objectivos
A auditoria tem como objectivo de examinar as demonstrações
financeiras, dar opinião acerca das mesmas e assegurar que elas
representem adequadamente a posição financeira e patrimonial da
empresa, a auditoria deixou de ser vista com um custo e assumiu um
papel de apoio a administração, tendo função assessorial.

O auditor recolhe provas sobre o correcto funcionamento dos


processos do cliente, sobre a apresentação e divulgação das
demonstrações financeiras e sobre a razoabilidade dos saldos e das
transacções. O auditor é um investigador, um avaliador da qualidade
da prova recolhida e um analista da suficiência e da persuasão dessa
prova, efectuando o seu trabalho com imparcialidade.

Por asserções entende-se uma afirmação, de forma explícita ou não,


sobre uma acção, acontecimento, condição ou performance relativa a
um determinado período.
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Quando o órgão de gestão prepara as demonstrações financeiras,
afirma que as mesmas estão apresentadas correctamente de acordo
com as normas contabilísticas aplicáveis.

A comunicação das conclusões do seu trabalho ao órgão de gestão e


a quaisquer terceiros interessados nas demonstrações financeiras é o
culminar do processo de auditoria.

1.3. O objecto da Auditoria


Para Hoog e Carlin (2008, p. 54), “O objecto da auditoria é a
certificação do património como um todo”. Portanto a auditoria tem
por objecto o património das entidades e tudo aquilo que pode afetá-
lo, influenciá-lo.

1.4. O Papel e perfil de um auditor


1.4.1. O auditor

O termo auditor de origem latina (aquele que ouve, o ouvinte), que


na realidade provém da palavra inglesa “ to audit ” (examinar,
ajustar, corrigir, certificar), esse termo não é exclusivo do ramo da
contabilidade, usa-se a mesma nomenclatura em outras actividades
diferentes, porém exercidas com objectivos semelhantes. (William,
1998).

O Auditor é aquele que dá opiniões sobre as demonstrações


financeiras que também contribui para a continuidade operacional de
uma empresa.

1.4.2. Papel do auditor

Para Crepaldi (2007) “O papel primeiro do Auditor não é detectar


fraudes, mas se no decurso de seu trabalho ele as descobre,
comunica, através de seu relatório, os efeitos correspondentes”.
Assim ao identificar erros e fraudes no decorrer do seu trabalho, o
auditor deve comunicar a administração imediatamente para que
sejam tomadas as devidas providências.

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1.4.3. Perfil do auditor

O código de ética dos auditores estabelece normas de condutas que


devem ser seguidas para o bom desempenho de sua actividade. O
trabalho do auditor deve nortear de alguns dos requisitos que são:
Honestidade, lealdade e objectividade. Para Hoog e Carlin (2008), “O
auditor para ter credibilidade, quando do cumprimento do exercício
profissional, deve obrigatoriamente seguir alguns princípios inerentes
a sua profissão”:

 Integridade;
 Acção;
 Posicionamento;
 Objectividade;
 Independência;
 Confidencialidade;
 Competência profissional;
 Zelo;
 Orientação e assistência;

Todas as atitudes do auditor devem ser tomadas com o objectivo


de alavancar os resultados da organização e não somente exercer o
controlo.

1.5. Fraudes e erros


A Auditoria é uma actividade que deve agregar valor a organização e
proporcionar segurança aos seus investidores ou accionistas. Desse
modo qualquer indício ou confirmação de irregularidades detectadas,
o auditor deve comunicar a administração da entidade para que os
devidos procedimentos sejam tomados.

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1.5.1. Definição de fraude e erro
Para Hoog e Carlin (2008) “Fraude é acto intencional de omissão ou
manipulação de transacções, adulteração de documentos, registos e
demonstrações financeiras”. O termo erro em auditoria refere-se a faltas
não intencionais nas Demonstrações Financeiras, são consequência das
falhas humanas.

Cabe ao auditor realizar o seu trabalho com planejamento, de forma


que, ao se deparar com possíveis erros e fraudes, comunique
imediatamente a administração para que tome as medidas cabíveis.

1.5.2. Responsabilidade pela detecção de fraudes e erros


A gestão é a responsável pela prevenção e detecção de fraudes e
erros através da implementação e da manutenção permanente de um
adequado sistema de controlo interno.

A existência de um Sistema de Controlo Interno eficaz reduz a


possibilidade da existência de fraude ou de erro, mas não a elimina
totalmente.

Assim, o auditor tenta assegurar-se se as fraudes ou erros, que


possam ser materialmente relevantes para a informação financeira,
não ocorram, e para as fraudes que ocorrerem, qual o seu efeito na
informação financeira assegurando-se relativamente aos erros, que
estes foram corrigidos. Normalmente, é sempre mais fácil, ou mais
seguro detectar um erro, pois uma fraude é sempre acompanhada de
acções especificamente concebidas para encobrir a sua existência.

1.5.3. Limitações inerentes à auditoria

O teste à informação financeira de uma empresa envolve apenas


algumas áreas e dentro dessas áreas apenas serão examinadas
algumas transacções. Assim, o exame do auditor está sempre sujeito ao
risco inerente de que algumas distorções na informação, materialmente

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relevantes, resultantes de fraudes ou de erros não venham a ser
afectadas.

O risco de não detectar distorções materialmente relevantes resultantes


de fraudes é maior do que o risco de não detectar distorções
materialmente relevantes resultantes de erro, porque como já referimos
a fraude está sempre associada à actos concebidos para ocultá-la.

O auditor está autorizado a aceitar esclarecimentos de terceiros como


dignos de crédito e os registos e documentos como verdadeiros.

Embora a existência de um eficaz controlo interno reduza a


possibilidade da existência de uma distorção na informação financeira
resultante de fraude ou de erro, existirá sempre algum risco de os
controles internos deixem de operar tal como foram concebidos. Para,
além disso, é necessário ter em conta que qualquer Sistema de Controlo
Interno pode ser ineficaz contra as fraudes que envolvam uma
combinação entre empregados ou fraudes cometidas pela
Administração.

1.5.4. Risco de fraudes e erros

O auditor deve inquirir a Administração sobre qualquer fraude ou erro


significativo que tenha ocorrido no período a auditar e modificar os
seus procedimentos de auditoria se tal for necessário. Para além de
um fraco Sistema de Controlo Interno são várias as condições ou
acontecimentos que aumentam o risco de fraude ou de erro:

 Dúvidas acerca da integridade ou competência da Administração;

 Pressões fora do habitual dentro da entidade;

 Transacções não usuais;

 Problemas na obtenção de provas de auditoria, suficientes e apropriadas.

1.5.5. Procedimentos quando há indício de que possam existir fraudes ou erros

Se tudo apontar para a possível existência de fraudes ou de erros, o


auditor deve desde logo tomar em consideração o efeito potencial

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dessa fraude ou erro na informação financeira e os procedimentos
adicionais que julgue serem apropriados. A extensão destes
procedimentos depende do julgamento do auditor quanto a:

 Tipo de fraude que pudessem ocorrer;

 Relativo risco de ocorrência;

 Probabilidade de que certo tipo de fraude ou erro pudesse ter


um efeito materialmente relevante na informação financeira.

A execução de procedimentos adicionais faz com que o auditor


confirme ou afaste a suspeita de fraude ou de erro. Se confirmar a
existência, o auditor deve certificar-se de que o seu efeito está
devidamente reflectido na informação financeira ou que o erro está
corrigido.

O auditor necessitará também de considerar a legislação e os


regulamentos relevantes e pode também fazer uma consulta jurídica
antes de elaborar o relatório ou de se escusar do compromisso
assumido.

1.5.6. Necessidade e limitações de uma auditoria

A compreensibilidade, a relevância, a fiabilidade e a comparabilidade


são as quatro principais características da informação financeira que
a tornam útil para os seus utilizadores. A necessidade da auditoria às
demonstrações financeiras é atribuída às seguintes condições:

 Conflito de interesses;
 Complexidade das transacções;
 Relevância para o processo de tomada de decisões;
 Afastamento dos utilizadores da informação financeira.

Uma auditoria financeira está sujeita a uma série de limitações:

 Custo razoável;
 Período temporal;
 Estimativas contabilísticas;

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 Critérios contabilísticos alternativos;
 Determinação da materialidade;
 Relatório de auditoria;
 Risco de auditoria.

1.6. Origem e evolução histórica da auditoria


1.6.1. Origem de auditoria

O termo auditoria, que é de origem latina (vem de audire), foi usado


pelos ingleses para titular a tecnologia de contabilidade da revisão
(auditing), que hoje se tem um sentido mais abrangente.

Segundo Crepaldi:

De forma bastante simples, pode-se definir auditoria como o


levantamento, estudo e avaliação sistemática das transacções,
procedimentos, operações, rotinas e das demonstrações financeiras
de uma entidade. (Crepaldi, 2002, p. 23).

Auditoria é uma verificação das transacções, operações e


procedimentos efectuados por uma entidade onde são examinados
documentos, livros, registos, demonstrações e de quaisquer
elementos de consideração contabilística, objectivando a veracidade
desses registos e das demonstrações contabilística deles decorrentes
e visando a apresentação de opiniões, críticas, conclusões e
orientações.

1.6.2. Evolução da auditoria até ao início do séc. XXI

Durante a inicial e mais longa fase do seu desenvolvimento, a


principal área de actuação da auditoria eram as contas da
administração pública. A auditoria já era utilizada pelas civilizações
egípcia, grega e romana, como forma de controlo dos oficiais aos
quais eram confiados os dinheiros públicos.

Antes da revolução industrial a aplicação da auditoria em termos


comerciais não era muito frequente. A indústria era baseada em
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quintas e pequenos moinhos localizados perto de cursos de água.
Estes pequenos negócios eram, geralmente, da propriedade de quem
os explorava, não havendo necessidade de elaboração de relatórios a
terceiros e, por parte das pessoas a quem estes tinham sido
confiados. Assim, o principal objectivo da auditoria era a detecção de
fraudes na utilização desses fundos. Para a realização deste
objectivo, as contas auditadas eram sujeitas a um detalhado exame,
baseado na exactidão aritmética e na concordância com a autorização
dada para a custódia dos fundos.

Após 1884 a detecção de fraude é aceite com um objectivo primário


da auditoria. Este facto pode ser constatado nos textos da época, ao
afirmarem que o objectivo da auditoria é decomposto na detecção de
fraudes e de erros técnicos. Salienta-se que a procura do auditor por
fraudes deve ser incansável e constante, devendo este ser o objectivo
básico de uma auditoria. Durante este período era requerido aos
auditores que conduzissem as auditorias com uma destreza razoável,
e com o cuidado adequado às circunstâncias. Na ausência de
circunstâncias suspeitas não lhes é exigido que procurem a existência
de fraude, no entanto, se essas suspeitas existirem, é-lhes sugerido
que as investiguem minuciosamente.

Após 1920 os profissionais de auditoria foram reconhecendo cada vez


menos responsabilidade na detecção de fraudes, argumentando que a
prevenção e a detecção de fraudes eram da responsabilidade dos
gestores das empresas e que o objectivo da auditoria é a
credibilidade dos relatórios financeiros. A prevenção para a ocorrência
de fraudes pressupõe adoptar a empresa de um bom sistema de
controlo interno. As normas da auditoria da época foram ilibando os
auditores de qualquer responsabilidade neste campo, tendo
presentes, fundamentalmente, razões de economia, de eficiência e
eficácia na realização do seu trabalho.

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Esta mudança nos objectivos da auditoria é justificada pelas
alterações socioeconômicas que se operaram durante este período.
As empresas foram crescendo em dimensão e em complexidade, de
tal modo que, para controlarem as actividades dos empregados e
prevenirem e detectarem erros e irregularidades nos registos
contabilísticos, foram criando sistemas de controlo interno e de
corporate governance. O consequente aumento de volume de
transacções tornou inviável, dentro de limites temporais e financeiros
razoáveis, que os auditores verificassem todas as transacções. Assim,
ao invés de analisarem meticulosamente cada transacção, passaram
a avaliar o sistema de controlo interno e a adoptar a amostragem na
análise dos registos contabilísticos.

Com a grande depressão, nos anos 30 do século passado, os


investidores deixaram de estar ligados às empresas de uma forma
sentimental, passando a investir o seu capital nas empresas cuja
probabilidade de receberem dividendos pelo investimento realizado
fosse maior e mais segura. Esta mudança de atitude originou
alterações em relação à informação contida nos relatórios financeiros,
sendo, doravante, considerada como uma fonte de informação básica
para a tomada de decisão. Reflectindo estas mudanças
socioeconómicas, os relatórios de auditoria deslocaram os seus
objectivos da simples detecção de fraudes para a verificação da
verdade e da razoabilidade da informação contida nos relatórios
financeiros, para que estes pudessem ser instrumento fiável para a
tomada de decisão.

Nos anos 60, a negação de qualquer responsabilidade por parte dos


auditores na detecção de fraudes e erros começou a ser criticada de
uma forma generalizada. A este respeito Morrisson (1970) realça o
facto de tanto a imprensa como o público em geral não partilharem
da opinião dos profissionais de auditoria, para os quais a detecção de
fraudes não se enquadra no seu âmbito de actuação. O mesmo autor

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refere ainda que, se uma auditoria não tem como objectivo a
detecção de fraudes, então a sua utilidade é reduzida. Face ao
crescente criticismo, tornou-se claro que a negação da
responsabilidade na detecção de fraudes não poderia ser sustentada
pelos profissionais de auditoria.

Em resposta, directivas profissionais alertavam os auditores para


que, na condução de uma auditoria, estivessem atentos à existência
de fraudes, e, no caso de esta existir, verificar a sua materialidade de
modo a afectar a sua opinião sobre os relatórios financeiros. Neste
período, as orientações da auditoria continuam a sublinhar que a
responsabilidade pela detecção de erros e fraudes é do órgão de
gestão, no entanto, reconhecem alguma responsabilidade aos
auditores pela sua detecção. Assim, é-lhes solicitado que, ao
planearem a auditoria, o façam de modo a incluir uma expectativa
razoável na detecção de relatórios incorrectos em resultado de
fraude.

Nesta altura é referido que a detecção de fraudes como um objectivo


da auditoria foi destituída pelos profissionais e não pelos utilizadores
da informação financeira. A partir dos anos 80 verificou-se uma
mudança contínua na posição dos auditores em relação à fraude. Esta
mudança foi provocada pelos cada vez mais frequentes casos de
fraudes nas empresas, e pelo crescente criticismo por parte da
sociedade em relação ao papel e responsabilidades do auditor na
detecção e relato de fraudes.

Durante o Boom do fim dos anos 90, muitas empresas de auditoria


aproveitaram as condições de mercado para passarem a fornecer
serviços extra-auditoria aos seus clientes. Muitos deles, à luz das
actuais normas, colocavam em causa a independência dos auditores,
pelo facto dos rendimentos derivados destes serviços ultrapassarem
os rendimentos dos serviços de auditoria. Uma grande mudança na
auditoria surgiu em consequência de valência de uma das maiores

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empresas, em termos de capitalização bolsista, dos Estados Unidos, a
Enron. Os utilizadores da informação financeira e o congresso
americano ficaram chocados com o facto de uma das maiores
empresas ter colapsado alguns meses após ter recebido uma opinião
limpa por parte dos auditores (Arthur Andersen), bem como pelo
facto de a empresa encorajar os seus colaboradores a investir as suas
poupanças e reformas em acções, enquanto os executivos de topo
vendiam as suas posições devido à informação privilegiada que
tinham sobre a real situação da empresa.

A crise do subprime teve a sua origem em 2006 com a valência de


várias instituições de crédito que concediam empréstimos
hipotecários de alto risco. Mais uma vez os olhos do mundo financeiro
voltaram-se para os auditores que não tinham alertado para o risco
de falência das instituições financeiras. Sikka (2009) refere que “uma
característica marcante da actual crise financeira é que ela foi
incubada pelo financiamento das economias ocidentais,
principalmente da economia dos EUA, o que criou uma abundância de
crédito e incentivou tomada excessiva de risco através de complexos
instrumentos financeiros (derivativos, swaps de crédito), de
complexos estruturas organizacionais e de ineficiência mecanismo de
regulação. O agravamento da crise financeira coloca questões sobre o
papel das auditorias. Os mercados não parecem ter segurança nos
relatórios de auditoria limpo, muitas instituições financeiras
colapsaram, ou tiveram que ser resgatadas após terem recebido um
relatório de auditoria limpo. Os eventos alimentam as suspeitas de
que falta aos auditores uma maior especialização.”

Na sequência da crise a Comissão Europeia publicou, em 2010, o livro


verde:

- Política de auditoria: as lições da crise, com o objectivo de debater


a função de auditoria e o seu âmbito.

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Este documento salienta que a auditoria deve contribuir para a
estabilidade financeira, uma vez que dá garantias sobre a real saúde
financeira das empresas, considerando-a, ainda, como um sólido
elemento para restabelecer a confiança nos e dos mercados,
contribuindo, assim, para a protecção dos investidores e para reduzir
o risco da informação e do custo de capital das empresas.

Dos aspectos referidos neste documento salienta-se o seguinte:

 Focar a auditoria na verificação substantiva do balanço e uma


menor dependência da apreciação do cumprimento e dos
sistemas, missões que deverão continuar a ser primordialmente
da esfera de responsabilidade do cliente e, em geral, ser
abrangidas pela auditoria interna;
 Reforça o cepticismo profissional do auditor perante a entidade
auditada;
 Alargar as informações contidas no relatório do auditor, de
modo a este abordar os aspectos tais como: riscos potenciais,
evolução sectorial, riscos associados aos produtos base e às
taxas de câmbios, etc;
 Prorrogar o mandato do auditor para além da informação
histórica, ou seja, é importante que os auditores avaliem a
informação previsional da empresa;
 Revisão do processo de nomeação dos auditores;
 Proibição de fornecimento de serviços distintos de auditoria;
 Rotação obrigatória dos auditores e das empresas de auditoria;
 Impedir que um cliente tenha um peso muito significativo na
totalidade dos rendimentos de um auditor;
 Auditar as empresas de auditoria;
 Minimizar o risco sistemático do mercado de auditoria,
concentrado em poucas grandes empresas de auditoria;
 Promover auditoria conjunta e consórcios de auditoria;
 Simplificar a auditoria das pequenas e médias empresas.

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1.7. Tipos de auditoria
A auditoria envolve um vasto campo de conhecimento, visto que
quase tudo pode ser auditado. Daí a necessidade de especialização
em cada uma das suas áreas. Contudo, várias são as tipologias no
que diz respeito a sua classificação.
Os principais tipos de auditoria, segundo Costa (2014) são:

a) Auditoria financeira

Carneiro (2001) define-a como sendo uma verificação da veracidade


das situações financeiras, a adequação das operações e registos, a
qualidade dos controlos internos, a observação das normas e
princípios contabilísticos vigentes.

b) Auditoria interna

Actividade de apreciação independente estabelecida dentro de uma


organização, como um serviço para a mesma, para examinar e
avaliar as suas actividades. Tem como objectivo auxiliar os membros
da organização no desempenho eficaz das suas responsabilidades.

c) Auditoria operacional

Considerada como um aprofundamento do âmbito da auditoria


interna, a auditoria operacional visa o progressivo desenvolvimento
da actividade empresarial, em termos de volume, dispersão
geográfica e complexidade. Este tipo de auditoria está voltada para
um conjunto de técnicas de julgamento e tem como objectivo auditar
os controlos operacionais, a gestão e a estratégia.

A auditoria operacional consiste num sistema coordenado de


verificações especializadas realizadas em organizações
administrativas. São exemplos: colecta e cálculo de produtividade e
rentabilidade (Cardozo, 2013, p.33).

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Para Morais e Martins (2013) este tipo de auditora tem como
objectivo avaliar a economia, eficiência e eficácia das actividades e,
ou operações.

d) Auditoria de conformidade

Este tipo de auditoria destina-se a verificar, de forma sistemática, se


a empresa ou entidade segue os procedimentos, regras,
regulamentos, critérios, politicas, quer internos quer externos, que se
encontram estabelecidos e aprovados superiormente bem como os
contratos e legislações aplicáveis à actividade económica. Este tipo de
auditoria tem ligações com todas as outras auditorias, principalmente
com a auditoria interna e a auditoria operacional.

e) Auditoria de gestão

Tal como afirma Costa (2014), pode ser entendida como um dos
segmentos ou extensões da auditoria operacional. Suas técnicas
cobrem um espectro bastante amplo de procedimentos, métodos de
avaliação, políticas e tarefas sendo concebidas para analisar, avaliar e
rever o desempenho da empresa ou entidade em relação a um
conjunto pré-determinado de standards.

A auditoria de gestão consiste na avaliação da performance da


entidade e o desempenho dos gestores (Morais e Martins, 2013,
p.21).

f) Auditoria previsional ou prospectiva

Visa fornecer informações que sirvam tirar conclusões sobre a


viabilidade futura das entidades, sobretudo as grandes empresas
cotadas nas bolsas. Este tipo de auditoria sustenta o pressuposto do
princípio de continuidade.

Contudo, a preparação da informação financeira prospectiva


(incluindo as contas previsionais) cabe ao pessoal qualificado
delegado pelo órgão de gestão. Quando, porém, o auditor for
chamado a dar a sua opinião profissional e independente […] deve

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estar consciente dos objectivos a serem atingidos pela entidade,
salienta Costa (2014).

A auditoria/ revisão previsional consiste em:

 avaliar a preparação das previsões/projecções financeiras;


 verificar a documentação que serviu de suporte aos pressupostos;
 verificar a apresentação da informação financeira prospectiva; e
 emitir um relatório e/ou parecer sobre a revisão efectuada.

g) Auditoria aos Sistemas de Informação

Também denominada Auditoria Informática, tem fundamentalmente


como objectivo verificar se existem controlos apropriados, certificar
que os mesmos estão implementados e proceder à avaliação da sua
eficácia de forma a poder tirar-se conclusões sobre a performance de
todo o sistema informático.

Caneiro (2001) desdobra os objectivos da auditoria informática da


seguinte maneira:

 inventariar e avaliar os meios físicos e as tecnologias adequadas à


recolha e processamento dos dados necessários à obtenção das
informações necessárias;
 examinar a existência de controlos apropriados e avaliar a sua
eficácia;
 concluir sobre a qualidade e a utilidade da informação obtida;
 garantir a montagem e a adequação de procedimentos e sistemas de
controlo que assegurem a segurança do SI na sua relação directa
com os materiais informáticos (hardware e software).

h) Auditoria aos Relatórios de Sustentabilidade

Em alguns países é designada de auditoria social ou auditoria da


responsabilidade social, visa identificar, analisar e concluir acerca dos
principais problemas relacionados com o desenvolvimento sustentável
e as suas implicações das demonstrações financeiras. Tem como
objectivo poder expressar uma opinião profissional e independente

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sobre o desempenho económico, social e ambiental das empresas e
também sobre o seu modelo de governação de acordo com as
normas aprovadas pelo Global Reporting Initiative (GRI)2. Este tipo
de auditoria versa aspectos qualitativos ao invés de medidas
quantitativas, como acontece na auditoria financeira.

i) Auditoria Forense

Surge como forma de responder a aspectos legais relacionados com


as matérias contabilísticas. Trata-se de uma especialização da
auditoria financeira direccionada primordialmente para a investigação
e detecção de actos ilegais cometidos pelos órgãos de governação
e/ou de gestão das empresas ou por trabalhadores das mesmas e
que possam afectar as demonstrações financeiras das entidades em
causa.

Tal como reforça Costa (2014), é um verdadeiro trabalho de


investigação ou de peritagem altamente especializado para detectar
possíveis fraudes, tentando, sobretudo, detectar o que não está
evidenciado nos relatórios documentos contabilísticos e que devia
estar. Aqui o conceito de materialidade não é tido em consideração
como na auditoria financeira.

Importa salientar que uma Auditoria Financeira também é


denominada Auditoria Externa ou Auditoria Independente, pelo facto
de ser um exame feito por agentes externos à entidade, sobre as
demonstrações financeiras, com o objectivo de emitir uma opinião
independente sobre a sua conformidade de acordo com critérios,
princípios e normas (Cardozo, 2013).

Já Morais e Martins (2013) esclarecem no seu ponto de vista que


quer Auditoria Operacional, Auditoria de Sistemas, Auditoria de
Gestão, Auditoria de Procedimentos, bem como Auditoria
Administrativa, incluem-se na Auditoria Interna, conforme será
referido mais adiante.

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A auditoria governamental é o tipo de auditoria que está voltada
para o acompanhamento das acções empreendidas pelos órgãos e
entidades que compõem a administração direta e indireta das três
esferas de governo, ou seja, de quem gerem a república.
Normalmente é realizada por entidades superiores de realização, sob
a forma de tribunais de contas ou controladoria, e organismos de
controle interno da administração pública (Araújo, 2006:19).

O macro ambiente da auditoria governamental, conforme Peter &


Machado (2007), compreende:

• Pessoas: ordenadores de despesas, arrecadadores de recursos,


dirigentes de entidades, responsáveis pela guarda de bens e valores;

• Recursos: financeiros, humanos, materiais e tecnológicos;

Figura 2 – Macro Ambiente da auditoria governamental

A auditoria privada cuja atuação se dá no âmbito das entidades


que visam ao lucro. Para as companhias abertas, que negociam as
suas ações na Bolsa, as suas demonstrações financeiras e contábeis
são obrigatoriamente auditadas por auditores independentes
registrados na Comissão de Valores Mobiliados – CVM.

A auditoria operacional, é a auditoria que objetiva avaliar o


desempenho e a eficácia das operações, os sistemas de informação e
de organização, e os métodos de administração; a propriedade e o
cumprimento das políticas administrativas; e a adequação e a
oportunidade das decisões estratégicas.

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Quanto à auditoria integral, também conhecida como auditoria de
amplo escopo, a mesma envolve três aspectos relacionados, mas
individualmente distinguíveis no que se refere a accountability dos
quais sejam: exame das demonstrações financeiras; exame de
conformidade com as autorizações ou exame de legalidades; e exame
de economia, eficiência e eficácia.

A Auditoria Ambiental, é o processo sistemático e documentado de


verificação, executado para obter e avaliar, de forma objectiva,
evidências de auditoria para determinar se as actividades, eventos,
sistema de gestão e condições ambientais especificados estes estão
em conformidade com os critérios de auditoria, e para comunicar os
resultados deste processo ao cliente.

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CAPÍTULO 2: AUDITORIA INTERNA

A gestão de empresa, com a expansão dos negócios, sentiu a


necessidade de dar maior ênfase às normas ou aos procedimentos
internos, devido ao facto de que o gestor, ou em alguns casos o
proprietário da empresa, não poderia supervisionar pessoalmente
todas as suas actividades. Entretanto, de nada valia a implantação
desses procedimentos internos sem que houvesse um
acompanhamento, no sentido de verificar se estes estavam sendo
seguidos pelos empregados da empresa.

Adicionalmente, o auditor externo ou independente, além de sua


opinião ou parecer sobre as demonstrações financeiras, passou a
emitir um relatório-comentário, no qual apresentava sugestões para
solucionar os problemas da empresa, que chegaram a seu
conhecimento no curso normal de seu trabalho de auditoria.

Porém, o auditor externo passava um período de tempo muito curto


na empresa e seu trabalho estava totalmente direcionado para o
exame das demonstrações financeiras. Para atender à Administração
da empresa, seria necessária uma auditoria mais periódica, com
maior grau de profundidade, visando também às outras áreas não
relacionadas com contabilidade (sistema de controle de qualidade,
administração de pessoal etc.).

Portanto, surgiu o auditor interno como uma ramificação da profissão


de auditor externo e, consequentemente, do contabilista.

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A auditoria interna é executada por funcionários da própria entidade,
que deve estar subordinado a mais alta autoridade administrativa de
empresa, de modo a permitir ampla liberdade de acção e máxima
independência de julgamento.

Em outras palavras, o auditor interno é um empregado da empresa, e


dentro de uma organização ele não deve estar subordinado àqueles
cujo trabalho examina. Além disso, o auditor interno não deve
desenvolver actividades que possa vir um dia a examinar (como, por
exemplo, elaborar lançamentos contabilísticos), para que não interfira
em sua independência. A título de exemplo, em uma estrutura
organizacional, o Departamento de Auditoria ficaria situado da
seguinte forma:

Fonte:.......

Importa informar que, em alguns grupos de companhias, os auditores


internos são subordinados diretamente à sociedade holding. Nesse
caso, apenas a administração da empresa investidora pode admitir ou
demitir auditores internos de sociedades controladas e coligadas.

2.1. Definição

A declaração emitida em 1956 pelo Instituto dos Auditores Internos


dos Estados Unidos assim definiu a auditoria interna:

“A Auditoria interna é uma actividade de avaliação independente


dentro de uma organização para revisar as operações contabilísticas,
financeiras e outros, com a finalidade de prestar serviço à

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administração. É um controlo administrativo cuja função é medir e
avaliar a eficiência dos outros controlos”.

2.2. Objectivo e Responsabilidade

O objectivo geral da auditoria interna consiste em prestar


assistência a todos os membros da administração no cumprimento
eficiente de suas responsabilidades, proporcionando-lhes análises
objectiva, avaliações, recomendações e comentários pertinentes às
actividades examinadas.

A consecução desse objectivo de prestação de serviço à


administração deve envolver actividade tais como:

 Revisar e avaliar os controlos contabilísticos, financeiros e


operacionais quanto a sua solidez, adequabilidade e
aplicabilidade;
 Certificar-se quanto à extensão com que as políticas, planos e
procedimentos estabelecidos são cumpridos;
 Certificar-se quanto ao grau com que os activos da Empresa
são controlados e salvaguardados contra perdas de qualquer
espécie;
 Certificar-se quanto a fidedignidade dos dados contabilísticos e
de outras informações geradas dentro da organização;
 Avaliar a qualidade do desempenho funcional na execução das
responsabilidades atribuídas.

2.3. Posição do auditor interno na organização

A declaração anteriormente mencionada, que define as funções e


responsabilidades do auditor interno, do Instituto de Auditores
Interno dos Estados Unidos, estabelece:

“Auditoria Interna é uma função de assessoria em vez de função em


linha. Portanto, o auditor interno não exerce autoridade directa sobre
os funcionários cujo trabalho ele revisa. O auditor interno deve ter

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liberdade de revisar e avaliar políticas, planos procedimentos e
registos; porém essa revisão ou avaliação de forma alguma isenta as
outras pessoas na organização das responsabilidades às elas
atribuídas”.

2.3.1. Independência

A Independência é essencial para a eficácia do trabalho da auditoria


interna. Essa independência abrange dois aspectos principais:

 O status do auditor interno dentro da organização e o apoio


administrativo que lhe é proporcionado são as principais
determinantes da amplitude e valor dos serviços que a
administração obterá da auditoria interna. O auditor interno
deve, portanto prestar contas a um administrador de nível
suficientemente alto dentro da organização para, dessa forma,
garantir sua ampla actuação, assim como decisões adequadas e
acção eficaz com relação aos problemas por ele revelados ou às
suas recomendações.
 Devido a que completa objectividade é essencial à função de
auditoria, os auditores internos não devem desenvolver ou
instalar procedimentos, preparar registos ou engajar-se em
qualquer outra actividade a qual normalmente seria objecto de
sua revisão e avaliação.
2.3.2. Educação e treinamento

O apoio da administração, o estabelecimento de directrizes dentro


dos conceitos mais modernos e a visão avançada do chefe da
Auditoria interna, em perfeita harmonia com as directrizes, perdem
todo o seu efeito se a qualidade da equipe de auditores não
corresponder tecnicamente aos objectivos traçados. A selecção de
elementos capazes para integrar o corpo de auditores internos é
essencial, pois, como já vimos, a prática de auditoria interna,
segundo os padrões modernos, exige uma equipe de profissionais de
nível superior.

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A auditoria interna não é estática. As actividades em geral, objecto de
exame do auditor, se desenvolvem e modificam, exigindo que as
técnicas de auditoria acompanhem essa transformação. O auditor
interno enfraquece o seu potencial de “prestação de serviços à
administração”, na medida em que as técnicas não acompanham o
desenvolvimento da entidade da qual faz parte.

Embora o profissional, em seu próprio interesse seja o responsável


pelo seu progresso individual, a organização deve empreender todo o
esforço possível para orientá-lo, treiná-lo e promover seu
desenvolvimento técnico. Como parte integrante do planejamento das
actividades de um corpo de auditoria interna é imprescindível um
programa lógico e sistemático de desenvolvimento técnico, incluindo
treinamento através de cursos, seminários, palestras, pesquisas, etc.

2.3.3. Relações humanas

Para conquistar respeito e confiança é essencial que o auditor


mantenha relações cordiais com as pessoas cujo trabalho ele
examinará. Atitudes negativas, além de dificultar o seu trabalho, em
nada auxiliam ao auditor em projectar uma imagem de segurança em
relação a seu conhecimento e capacidade para avaliar o desempenho
de outras pessoas.

2.4. Evolução da auditoria interna

A auditoria interna foi criada e desenvolvida em consequência do


reconhecimento dos administradores em geral quando aos benefícios
de um bom controle interno diante da crescente complexidade dos
sistemas operacionais das grandes empresas. A auditoria interna
seria, portanto, uma forma de controlo sobre todos os outros
controlos internos de uma empresa.

A auditoria interna surgiu bem depois da auditoria independente. Os


problemas de controlo que o administrador encontrou com a
expansão das empresas, que passaram a empregar milhares de

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pessoas e a funcionar em diversas localidades, exigiram o
aparecimentos do auditor interno. O crescimento no volume de
transações tornou-se um obstáculo económico para o emprego
exclusivo da auditoria independente na forma tradicional. A auditoria
tem claras vantagens sobre esta última.

 Tempo integral do auditor dedicado ao serviço para uma só


empresa;
 Maior conhecimento da auditoria interna quanto aos
procedimentos específicos da empresa;
 Trabalho em base contínua em contraposição ao trabalho da
auditoria independente que é conduzido uma vez por ano e
durante um tempo limitado.

As companhias de estrada de ferro foram as primeiras organizações a


empregar auditores internos, com a denominação de “auditores
viajantes”. Sua função principal era visitar os postos de venda de
passagens nas estações e determinar se todos os bilhetes foram
devidamente controlados e contabilizados.

Em 1941 apareceu o primeiro tratado formal quanto ás funções da


auditoria interna e também naquele ano formou-se uma organização
nacional, nos Estados Unidos (O Instituto de Auditores Internos).

Somente em 1956 aquele Instituto emitiu a declaração que veio


definir a extensão das funções e responsabilidades da auditoria
interna, segundo um modelo adequado ao desenvolvimento técnico-
administrativo actual.

Em suma, poderíamos identificar três elementos básicos na


actividade de auditoria interna; avaliação, cumprimento de normas e
verificação, que a seguir examinaremos separadamente.

Avaliação

É o mais dos três objecto e a causa principal do desenvolvimento e


mudanças nos conceitos de interna ocorridos nos últimos anos. A

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partir das recomendações constantes nos relatórios dos auditores
internos como resultados da verificação “depois do facto”, com o
objectivo de corrigir a causa da ocorrência dos erros, houve um
grande desenvolvimento das actividades estendendo-se além das
áreas puramente contabilísticas.

O sucesso no desempenho dessas actividades e o reconhecimento da


administração quanto aos seus benefícios fizeram com que a auditoria
interna moderna incluísse no seu programa normal de trabalho:

 Avaliação do sistema de controlo interno;


 Avaliação da eficiência do pessoal;
 Avaliação do desempenho dos departamentos operacionais.

Cumprimento das Normas

Obviamente as normas emanadas da alta administração perdem sua


validade se na prática não são observadas. Particularmente, quando a
empresa se constitui de unidades geograficamente afastadas da
matriz, a actuação do auditor interno nessa área será de suma
importância devido á necessidades de assegurar que os
procedimentos e controle estão sendo seguidos de acordo com as
normas estabelecidas.

As técnicas de exames aplicáveis neste caso envolvem desde


observação e indagação até a verificação de registos e relatórios
preparado pelas unidades.

Verificação

As actividades do auditor interno, que dizem respeito à


verificação, abrangem duas áreas:

 Registos contabilísticos e relatórios e,


 Os activos.

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Devido principalmente à separação geográfica entre agências ou
filiais e a matriz; a verificação dos registos contabilísticos e os activos
dessas unidades é essencial.

Entre as verificações típicas poderíamos citar como exemplo:


contagens de caixas, exame de reconciliações bancárias, confirmação
directa dos saldos com terceiros, exame físico do imobilizado, etc.

Embora a actuação do auditor interno no início estava principalmente


dirigida para as filiais ou agências, não deve ser excluídas a
verificação na matriz. Embora não exista o problema da separação,
normalmente a administração acha-se afastada das operações dia-a-
dia devida à preocupação com problemas de ordem mais geral.

Também de grande importância é a verificação dos registos


contabilísticos e, particularmente, os relatórios preparados com base
nesses registos. A administração das grandes organizações utiliza em
larga escala as informações geradas pelo processo contabilístico para
controlo dos resultados operacionais e para a tomada de decisões.
Obviamente as decisões administrativas não podem ser melhor do
que a qualidade das informações nas quais foram baseadas.

2.5. Organizações dos Auditores Internos: OIA


2.6. Normas para prática Professional

3. Normas e princípios de auditoria


3.1. Normativos de auditoria
Segundo Bruno Almeida (2014), entende-se por normas de
auditoria as regras de natureza técnica que os auditores devem
observar no exame às demonstrações financeiras de uma organização
para que o nível qualitativo do seu trabalho possa ser reconhecido, no
mínimo, como satisfatório, ou seja, ajudam a assegurar que as
auditorias financeiras são conduzidas de uma maneira minuciosa e

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sistemática de modo a que o auditor possa chegar a conclusões
fiáveis.

As normas de auditoria diferem dos procedimentos de auditoria,


uma vez que eles se relacionam com acções a serem praticadas,
enquanto as normas tratam das medidas de qualidade na execução
destas acções e dos objectivos a serem alcançados através dos
procedimentos. As normas dizem respeito não apenas às qualidades
profissionais do auditor, mas também a sua avaliação pessoal pelo
exame efectuado e do relatório emitido.

As normas de auditoria são de aplicação obrigatória e devem


ser seguidas em todas as auditorias financeiras, independentemente
da dimensão, do tipo, da forma e da finalidade da empresa. A
obrigatoriedade do trabalho ser executado de acordo com as normas
de auditoria está patente na secção do âmbito de Certificação Legal
das Contas, que estipula o seguinte:

“O exame a que procedemos foi efectuado de acordo com as Normas


Técnicas e as Directrizes de Revisão/Auditoria da Ordem dos
Revisores Oficiais de Contas… ”

A importância das normas reflecte-se em todos os intervenientes no


processo de uma auditoria, a saber:

 Na perspectiva dos profissionais são importantes no que toca à


defesa da competência e diligencia, bem como no reforço da
sua reputação profissional. O não cumprimento das normas de
auditoria pode resultar em inquéritos do organismo que tutela a
profissão de auditoria e em eventuais sanções disciplinar;
 Na óptica dos utilizadores da informação auditada são utilizadas
como protecção, mesmo que não absoluta, dos seus interesses;
 Para a sociedade em geral as normas de auditoria são vistas
como um instrumento de difusão do conhecimento actualizado

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 28


da auditoria, contribuindo para a redução das diferenças de
expectativas em auditoria.

A utilização de normas de auditoria juntamente com os


procedimentos adequados, leva à realização de uma auditoria
completa, objectiva e com resultados fundamentados. As normas
representam os requisitos a serem observados e seguidos pelo
auditor no cumprimento da sua tarefa.

3.2. Organismos emissores de normas de auditoria


3.2.1. Public Accountig Oversight Board (PACOB)
Até 2003 o American Institute of Certified Public Accounts (AICPA)
através do Auditing Standards Board (ASB), era o organismo
responsável pela emissão de normas de auditoria nos Estados Unidos.
Após a aprovação da Sarbaness-Oxley Act (SOA) em 2002. Foi criado
o PCAOB, organismo quási-governamental, supervisionado pela
Security Exchange Commission (SEC), com autoridade para emitir
normas de auditoria.

As normas emitidas pelo PCAOB são de aplicação obrigatória para


todas as empresas de auditoria que auditem as demonstrações
financeiras das public companies.

Transitoriamente o PCAOB adoptou as normas de auditoria (ínterim


standarsds-AU) que foram aprovadas pelo ASB, tendo desde 2003,
aprovado as seguintes normas, designadas de auditing stantements
(AS).

3.2.2. American Institute of Certified Public Accounts (AICPA)


Actualmente as normas de auditoria emitidas pela AICPA aplicam-se,
nos Estados Unidos, a empresa de auditoria que auditem private
entities, sendo designadas de Generally Accepted Auditing Standards
(GAAS).

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Em resultado da adopção transitória, pelo PCAOB, das normas de
auditoria sa AICPA, verifica-se que não existem muitas diferenças
entre as normas que se aplicam à auditoria de public companies e as
normas que se aplicam a auditoria de private entities.

Em 1947 a AICPA emitiu 10 normas de auditoria geralmente aceites,


que foram sendo modificadas ao longo do tempo para corresponder
às exigências da auditoria, tendo sido adoptadas pelo PCAOB em
2003. Estas normas, designadas de normais gerais, dividem-se em
três categorias: normas gerais, normas de trabalho de campo e
normas de relato. Estas normas são desenvolvidas em normas mais
específicas designadas de Statements on Auditing Standards,
actualmente existem 63 SAS.

3.2.3. International Federation of Accountants (IFAC)


Compete ao International Auditing and Assurance Standards Board
(IAASB), organismo do IFAC, a emissão das normas internacionais de
auditoria, com o objectivo de uniformizar, a nível mundial, as práticas
de auditoria e serviços relacionados. As normas internacionais
emitidas por este organismo são designadas de international
Statements on Audting (ISA), no entanto estas não têm uma
autoridade legal a não ser que sejam adoptadas pela legislação de
cada país. Regra geral, as ISA são aplicadas supletivamente às
normas de auditoria em vigor em cada país, aprovadas pelo governo,
organismos reguladores ou associações de profissionais. No caso de
Portugal, as ISA são aplicadas supletivamente às normas Técnicas de
Revisão/Auditoria e às Directrizes de Revisão/Auditoria.

Para além das ISA o IAASB também emite as International Standards


on Quality Control (ISQC) que se aplicam a todas as entidades que
fornecem serviços de auditoria, as International Standards on Review
Engagements (ISER) que se aplicam aos exames simplificados, as
International Standasds on Assurance Engagements (ISAE)

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relacionadas com os trabalhos de garantia de fiabilidade, as
International Standards on Related Services (ISRS) que se aplicam
aos serviços relacionados (trabalhos em que realizam procedimentos
acordados com a empresa).

O desenvolvimento das ISA é em tudo idêntico ao das normas


internacionais de contabilidade. Após a identificação de um projecto é
desenvolvido um projecto de normas pelo IAASB, que é submetido a
consulta pública. Após a recepção dos comentários ao projecto de
normas é emitida a norma de auditoria. A aprovação das ISA na
União Europeia está a cargo do European Group of Auditors Oversight
Board (EGAOB), que tem como finalidade homologar as ISA, para
uma aplicação a nível da União Europeia. Actualmente, estão
aprovadas as seguintes ISA e ISQC.

2.7. Ética

Etimologicamente, “ética” radica na palavra grega “ethos”, que


significa carácter.

Filosoficamente, “ética” significa o que é bom para o indivíduo e para


a sociedade.

A ética empresarial é entendida como um valor da organização que


assegura a sua sobrevivência, reputação e, consequentemente, bons
resultados, (Carvalho, 2017).

2.8. Código de Ética

Tal como referido no Código de Ética da Auditoria Interna, o auditor


interno deverá pautar a sua conduta pessoal e profissional pelos
seguintes princípios éticos:

 Integridade

 Objetividade

 Confidencialidade

 Competência

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 Responsabilidade e Prestação de Contas

 Respeito

 Independência e Imparcialidade.

O auditor interno não deve manter qualquer actividade que possa


afectar a sua isenção e independência nem aceitar nada que possa
prejudicar o seu desempenho profissional. Além disso, deve divulgar
todos os factos com relevância material.

A confidencialidade significa que o auditor interno respeita o valor e a


propriedade da informação que recebe e não a divulga sem a devida
autorização, a menos que seja obrigado por lei ou pelos
regulamentos profissionais.

Os auditores internos, no desempenho das suas funções, têm acesso


a toda a informação necessária, nomeadamente de:

• Atividades desenvolvidas pelo Camões, IP;

• Registos;

• Programas e planos plurianuais e anuais;

• Atas das reuniões dos órgãos do Camões, IP.

Os auditores internos não devem executar actividades operacionais


que possam ser posteriormente auditadas por si, registar ou aprovar
operações contabilísticas não

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CAPÍTULO 3: AUDITORIA EXTERNA

3.1. Definição

Os usuários externos das demonstrações contabilísticas exigem que


elas sejam revisadas por uma pessoa habilitada, sem qualquer
ligação hierárquica ou funcional com a organização que está
prestando informações de natureza económica, como tivemos
oportunidades de examinar anteriormente.

Esta função é exercida por um auditor externo, não sendo empregado


da organização cujas demonstrações contabilísticas estão sendo
revisados, o auditor independente actua como um profissional liberal.

Os auditores independentes, como profissionais liberais actuando


isoladamente ou reunidos em firmas de auditoria, executam a
denominada auditoria independente com total imparcialidade,
constituindo-se em uma poderosa garantia para aqueles usuários
interessados nas demonstrações contabilísticas.

O auditor independente frequentemente aceita e aproveita grande


parte das tarefas conduzidas pelo auditor interno, entre às quais se
destacam:

 Contagens físicas de estoques e investimentos;


 Reconciliações bancárias e;
 Confirmações de saldos, entre outras.

Em empresas que contam com auditoria interna, o primeiro passo do


auditor independente é avaliar a qualidade destes serviços,
determinando o grau de imparcialidade com que os trabalhos são
conduzidos, a competência de pessoal encarregado das tarefas e só

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então decide quanto ao aproveitamento de tais serviços, o que quase
sempre acontece.

É necessário frisar que o aproveitamento dos serviços executados


pelos auditores internos ocorrerá sob a inteira e exclusiva
responsabilidade do auditor independente, que poderá, a seu critério,
repetir todos os exames já realizados pelos auditores internos.

3.2. Objectivos

A auditoria externa é feita por um profissional totalmente


independente da empresa auditada. O objectivo do auditor externo é
emitir uma opinião (chamado parecer) sobre as demonstrações
financeiras.

Note que, o objectivo é apenas de emitir um parecer sobre as


demonstrações financeiras. Logo conclui-se que a auditoria externa
não é realizada para detectar fraudes, erros ou para interferir na
administração da empresa, ou ainda, reorganizar o processo
produtivo ou demitir pessoas ineficientes. Naturalmente, no decorrer
do processo de auditoria, o auditor pode encontrar fraudes e erros,
mas o seu objectivo não é este. O seu objectivo é emitir parecer.

Os principais motivos que levam as empresas a contratar o auditor


externo ou independente são:

 Obrigação legal: as companhias abertas são obrigadas por lei;


 Imposição de bancos para cederem empréstimo;
 Imposição estatutária;
 Imposição dos accionistas minoritários;
 Para efeitos de fusão, incorporação cisão ou consolidação.

Observe que o parecer deve ser emitido por um profissional, o mais


independente possível da empresa auditada. Um banco por exemplo,
para ceder um empréstimo a uma sociedade quer ter segurança de
que as demonstrações financeiras apresentadas são confiáveis. O

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banco teria dúvidas caso a opinião fosse emitida por um profissional
que tivesse vínculos com a empresa.

3.3. Evolução da auditoria externa

Como se pode observar, a auditoria é uma técnica autónoma entre as


técnicas das ciências da contabilidade.

A auditoria externa surgiu como parte da evolução do sistema


capitalista, diante do crescimento das empresas, que no início
pertenciam a grupos familiares, ocorreu a necessidade de ampliar as
instalações fabris e administrativas.

Houve também, consequentemente, o desenvolvimento tecnológico e


o aprimoramento dos controlos e procedimentos internos,
principalmente visando à diminuição de custos, em função da
concorrência e da competitividade, para se manter no mercado.

Assim, para acompanhar todas essas mudanças, houve a necessidade


de empregar enormes recursos nessas operações, fazendo com que
as empresas tivessem de captar recursos com terceiros, na forma de
empréstimos bancários de longo prazo, ou abrindo seu capital social
para novos sócios e accionistas.

Nesse sentido, os agentes bancários ou novos sócios, accionistas e


“futuros investidores”, precisavam conhecer a posição patrimonial e
financeira e a capacidade de gerar lucros das empresas. Havia, então,
a necessidade de fornecer diversas informações para que o investidor
pudesse avaliar com segurança a liquidez e a rentabilidade de seu
investimento.

Para Almeida (2008, p. 26), como consequência: As demonstrações


financeiras passaram a ter importância muito grande para os futuros
aplicadores de recursos. Como medida de segurança contra a

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possibilidade de manipulação de informações, os futuros investidores
passaram a exigir que essas demonstrações fossem examinadas por
um profissional independente da empresa e de reconhecida
capacidade técnica.

Sendo assim, o trabalho de verificação da situação patrimonial e


financeira das empresas passou a ser realizado por um profissional
independente, especializado em técnicas de auditoria, com profundos
conhecimentos de contabilidade e, sobretudo, das actividades das
empresas.

Depois de aplicar testes de observância de acordo com a relevância


de cada item a ser considerado, o auditor emite sua opinião sobre a
situação patrimonial e financeira das empresas.

3.3.1. Desenvolvimento das técnicas de auditoria

O auditor externo não poderia ser engenheiro, arquiteto ou


advogado, já que seu trabalho seria o exame das demonstrações
financeiras. O profissional que entende de contabilidade é o
contabilista; portanto, o auditor externo teria de ser um contabilista.

Na fase inicial do desenvolvimento das técnicas de auditoria,


surgiram muitas dúvidas, principalmente relacionadas com a
amplitude dos testes. A principal delas era a seguinte: o auditor
externo para dar sua opinião sobre as demonstrações financeiras
teria de examinar todos os lançamentos contabilísticos referentes
àquele exercício social?

Caso examinasse todos os lançamentos contabilísticos, além do alto


custo do serviço de auditoria, a opinião do auditor não teria utilidade,
devido ao facto de que provavelmente seria emitida com muito
atraso.

Existe realmente a necessidade de o auditor examinar todos os


lançamentos contabilístico?

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Em primeiro lugar, o auditor externo deve-se preocupar com erros
que, individual ou cumulativamente, possam levar os leitores das
demonstrações financeiras a terem uma interpretação errônea sobre
elas. Portanto, o valor desses erros teria de ser significativo em
relação às demonstrações financeiras. Exemplificando, um erro de
Akz 10.000 em um lucro líquido do exercício de Akz 5.000.000 não
influenciaria a decisão do investidor de comprar ou não comprar
acções da empresa.

Em segundo lugar, normalmente a empresa já tem um conjunto de


procedimentos internos com o objectivo de evitar a ocorrência de
erros. Esse conjunto de procedimentos internos é chamado, na
prática, de sistema de controle interno.

O risco da ocorrência de um erro, em uma empresa com um bom


sistema de controle interno, é muito menor do que em uma empresa
com um sistema de controle interno ruim. O auditor externo utiliza o
sistema de controle interno da empresa para determinar a amplitude
dos testes de auditoria, ou seja, quando o controle interno for bom, o
auditor externo faz um menor volume de testes; caso contrário, o
auditor externo faz um maior volume de testes.

3.4. Relações entre auditoria interna e externa

Os procedimentos técnicos são semelhantes tanto para a autoridade


interna quanto para a auditoria independente. A diferença básica
situa-se, quase que exclusivamente, na independência com que os
trabalhos são conduzidos.

Não obstante o terreno comum entre os tipos de auditoria, pode


estabelecer algumas distinções, sendo as principais:

Auditoria Interna:

A auditoria interna é executada por funcionários da própria empresa,


sujeitos à subordinação hierárquica.

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 O objectivo primordial da auditoria interna é servir à direcção
da empresa na implementação e policiamento das normas
internas que foram traçadas por esta mesma direcção.
 O auditor interno examina o sistema de controlos internos
visando o seu aperfeiçoamento e efectivo cumprimento tal
como inicialmente planejado, não se restringindoàs
demonstrações financeiras.
 O auditor interno está constantemente preocupado com a
descoberta de erros e irregularidades, assessorando a direcção
na implementação de medidas imediatasde correcção.

Auditoria Independente:

A auditoria independente é executada por um profissional


independente, de forma isolada, ou associado, sem qualquer vínculo
ou subordinação com a empresa auditada.

O principal objectivo da auditoria independente é expressar uma


opinião independente sobre as demonstrações financeiras de empresa
que a contratou.

O auditor independente examina o sistema de controlos internos a


fim de determinar o escopo (natureza época e extensão) dos exames,
e até que ponto se pode depositar confiança nas demonstrações
financeiras.

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Quadro 3.1. - Relações entre auditoria interna e externa

AUDITORIA INTERNA AUDITORIA INDEPENDENTE


A auditoria é realizada por um A auditoria é realizada através da
funcionário da empresa. contratação de um profissional
independente.
O objectivo principal é atender as O objectivo principal é atender as
necessidades de administração. necessidades de administração.
A revisão das operações e do controle A revisão das operações e do controle
interno é principalmente realizada para interno é principalmente realizado para
desenvolver aperfeiçoamento e para determinar a extensão do exame e a
induzir ao cumprimento de políticas e fidedignidade das informações contábeis.
normas; sem estar restrito aos
assuntos financeiros.
O trabalho é subdividido em relação às O trabalho é subdividido em relação às
áreas operacionais e às linhas de principais contas do balanço e da
responsabilidade administrativa. demonstração de resultado.
O auditor directamente se preocupa O auditor incidentalmente se preocupa
com a intercepção e prevenção de com a intercepção e prevenção de
fraude. fraude, a não ser que haja possibilidade
de substancialmente afetar as
demonstrações contábeis.
O auditor deve ser independente em O auditor deve ser independente em
relação às pessoas cujo trabalho ele relação à administração contábeis.
examina, porém subordinado às
necessidades e desejos da alta
administração.
A revisão das atividades da empresa é O exame das informações
contínua. comprobatórias das demonstrações é
periódica, geralmente anual.

A auditoria interna é contínua ao contrário da auditoria externa


é periódica. Ela é completa, pois observa o todo organizacional, é
independente pela autonomia de actuação uma vez que tem livre
acesso a todas as áreas e departamentos da organização e o controlo
interno é um dos objectos de estudo.

Apesar das diferenças, tanto a auditoria interna quanto a


externa, ambas cada uma ao seu modo produzem informações a

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cerca dos elementos contabilísticos, elas visam dar credibilidade
desses dados.

CAPÍTULO 4: PROCESSO DA AUDITORIA

Um processo de auditoria, ao contrário do que muitos pensam, não


tem a função exclusiva de investigar e fiscalizar a eficiência e a
segurança de processos organizacionais.

Na verdade, trata-se de um procedimento que deveria ser usado mais


vezes, pois um processo de auditoria é bastante eficaz para encontrar
gargalos e desperdícios, auxiliando na melhoria contínua da
produtividade da organização.

É claro que muitas vezes seu foco está centrado em encontrar


vulnerabilidades e riscos para o negócio, mas não necessariamente
com o objectivo de procurar culpados, mas de encontrar soluções.

Definição:

Um conjunto de acções e procedimentos de controle de uma


organização, que visa testar e comprovar se os processos estão
sendo conduzidos com eficácia e seguindo os devidos mecanismos de
controle, assim como detectar a oportunidades de melhorias no
processo auditado.

Objectivos

Toda organização tem objectivos estratégicos a serem alcançados.


Um dos objectivos do processo de auditoria é verificar se todos os
processos da empresa estão alinhados com esta visão estratégica e
entregando o valor que os clientes internos necessitam e os externos
desejam.

Este poderia ser definido como o objetivo central do processo de


auditoria, mas é preciso elencar outros:

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 40


Avaliar a eficiência operacional dos processos

Verificar se a cadeia de processos oferece proteção aos ativos da


empresa

Descobrir se as informações e dados da empresa estão seguros e são


confiáveis

Avaliar os processos para determinar se são confiáveis

Verificar se há incorreção na aplicação dos procedimentos durante os


processos

Reportar as falhas e inconformidades detectadas

Apresentar recomendações para as devidas correções

Tipos de processos de auditoria


Como alertamos no início, um processo de auditoria nem sempre tem
motivações fiscalizatórias, veja seus três principais tipos:

1- Processo de Auditoria Preventiva:

É uma forma de se antecipar aos problemas, apresentando uma série


de diretrizes para que o processo transcorra da melhor maneira
possível, indicando, por exemplo, atribuições e responsabilidades
inerentes a ele.

2- Processo de Auditoria Detectiva:

Utilizado para se detectar se há alguma anomalia no processo, mas


sem que se apontem as maneiras de corrigi-las.

3- Processo de Auditoria Corretiva:

Neste caso, após detectado um problema, o processo de auditoria


deve investigar suas causas para sugerir as bases de sua correcção.

Etapa do processo auditorial

O processo de auditoria é caracterizado por diversas etapas. Este


processo começa desde a aceitação do cliente (contrato) e culmina

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 41


com a apresentação e/ou discussão do relatório do auditor, conforme
ilustramos a seguir.

Quadro 01 - Fases de uma Auditoria

Fonte:

4.1. Planeamento de uma auditoria


O planejamento é a primeira etapa do processo auditorial, e é nela
que se obtém a percepção geral do trabalho a ser realizado, ou seja,
definem-se as diretrizes (princípios norteadores), os objetivos (o que
se pretende realizar em termos de metas) e as ações necessárias
para implementação (procedimentos metodológicos), bem como
identificam-se as questões que deverão ser respondidas.

Conforme Costa (2014), em cada das fases há que executar um


conjunto ordenado, sequencial e sistemático de procedimentos
podendo os mesmos variar em função da natureza do trabalho e,
consequentemente, do tipo de segurança ou garantia de fiabilidade
proporcionado pelo auditor.

A ISA 315 descreve que o objectivo do auditor é o de identificar e


avaliar os riscos de distorção material, quer devido a fraude, quer a
erros, aos níveis de demonstração financeira e de asserção, por meio
da compreensão da entidade e do seu ambiente, incluindo o controlo
interno da entidade e proporcionar uma base para conceber e
implementar respostas aos riscos avaliados de distorção material.
Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 42
No contexto da Auditoria Financeira, os riscos mais abordados são os
seguintes:

Risco de Auditoria (RA)


Segundo a ISA 200, o risco em auditoria é o risco de o auditor
expressar uma opinião inapropriada quando as demonstrações
financeiras estão materialmente distorcidas. Este risco pode ser de
dois tipos, o risco Tipo I, ou seja, a suscetibilidade do auditor emitir
uma opinião referindo que as demonstrações financeiras apresentam
uma imagem verdadeira e apropriada quando na realidade não
apresentam, e o risco Tipo II, que se refere à suscetibilidade do
auditor emitir uma opinião referindo que as demonstrações
financeiras não apresentam uma imagem verdadeira e apropriada
quando na realidade elas não estão distorcidas.

Quando o grau de certeza que o auditor pretende correr ao expressar


a sua opinião, menor será o risco de auditoria que está disposto a
aceitar. Ao determinar o risco de auditoria o auditor tem que ter em
atenção o balanceamento entre o custo de expressar uma opinião
inapropriada e o custo de realizar procedimentos adicionais
necessários para minorar esse risco.

Numa auditoria a presunção base é a de que todas as transacções de


uma determinada classe e todos os itens das demonstrações
financeiras apresentam potencialmente distorções e que a realização
de procedimentos substantivos deve ser suficiente para minimizar o
risco de que distorções não sejam detectadas. No entanto, a
experiência do auditor diz-lhe que na sua globalidade as
demonstrações financeiras estão geralmente correctas, e que as
distorções variam de empresa para empresa e de ramo de actividade
para ramo de actividade. Assim, o auditor pode reduzir o risco de
auditoria através da identificação e da avaliação do risco de
distorções, respondendo de acordo com esse risco de modo a situá-lo
num nível aceitável.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 43


O risco de auditoria é uma função dos riscos de distorção material
(risco inerente e risco de controlo) e de risco de detecção. Optamos
por considerar o risco de controlo e o risco de detecção como função,
já que, estes riscos não são controlados pelo auditor.

 Risco inerente (RI) – A susceptibilidade de uma asserção acerca


de uma classe de transacções, saldo de conta ou divulgação a
uma distorção que possa ser material, quer individualmente ou
quando agregada com outras distorções, antes da consideração
de quaisquer controlos relacionados. O risco inerente varia de
empresa para empresa e de actividade para actividade, assim,
empresas que operem no mercado do gás, ou do petróleo têm
um risco mais elevado que empresas transformadoras de
madeiras ou empresas que comercializem electrodomésticos.
Da mesma forma aspectos como: transacções entre partes
relacionadas, transacções pouco usuais, grande rotação de
pessoal, resultado de auditorias anteriores e a susceptibilidade
a desfalques podem acarretar um risco inerente mais elevado.
Da mesma forma certas contas e classes têm risco inerente
mais elevado que outras, por exemplo a caixa é mais
susceptível a desvios que, por exemplo os activos fixos
tangíveis. O risco inerente existe independentemente da
auditoria, assim os auditores não conseguem controlar nem
modificar este risco.
 Risco de controlo (RC) – O risco de que possa ocorrer uma
distorção numa asserção acerca de uma classe de transacções,
saldo de conta ou divulgação a uma distorção que possa ser
material, quer individualmente ou quando agregada com outras
distorções, não seja evitada, ou detectada e corrigida, numa
base tempestiva pelo controlo interno da entidade. O risco de
controlo nunca pode ser zero, uma vez que os controlos
implementados pela empresa não podem assegurar a 100%
que erros materialmente relevantes sejam detectados, é
Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 44
sempre necessário ter em atenção que o factor humano, a
fadiga e o descuido podem originar que os controlos internos
implementados pela empresa, em determinadas situações, não
estejam em funcionamento. Os auditores não podem controlar
este risco, podem influencia-lo. A influência do auditor no risco
de controlo está relacionada com as recomendações ao órgão
de gestão relativamente ao seu funcionamento. No entanto,
esta influência tem duas limitações: Em primeiro lugar apenas
influencia exercícios futuros e em segundo lugar esta
dependente do órgão de gestão acatar ou não as
recomendações proposta pelo auditor. A avaliação inicial do
risco de controlo está relacionada com dois aspectos: em
primeiro lugar com a eficácia do desenho do controlo interno,
em segundo se os controlos desenhados estão devidamente
implementados.
 Risco de detecção (RD) – O risco de que os procedimentos
executados pelo auditor para reduzir o risco de auditoria a um
nível aceitavelmente baixo não detectem uma distorção
material que existe e que pode ser material, quer
individualmente quer quando agregada com outras distorções.
Ao contrário do risco inerente e do risco de controlo, o risco de
detecção pode ser controlado pelo auditor através: do
planeamento, execução, supervisão e revisão do trabalho; da
determinação da natureza, extensão e oportunidade dos
procedimentos de auditoria; e da realização dos procedimentos
de auditoria e sua avaliação.

Ou seja, o risco de auditoria é a função descrita abaixo e é


directamente proporcional aos restantes riscos:

RA=f ( RI∗RC )∗RD

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 45


Figura 3.5. Relação do risco da entidade com o modelo de risco em
auditoria.

Avaliar o risco de negócio da entidade

Eventuais repercussões do risco de


negócio nas transacções, saldo e na
apresentação e divulgação

Avaliar o risco de distorções materiais

Risco de auditoria = f(RI*RC) * RD

Os riscos estão presentes em todas as etapas de auditoria e podem


ser estruturados segundo a sua natureza da seguinte maneira:

Quadro 02 - Fases da auditoria e riscos associados

Relação entre os componentes do risco de auditoria


Existe um relacionamento avesso entre o risco de detecção e a combinação entre o nível do
risco inerente e do risco de controlo. Podemos observar na figura nº 5, a forma como estes
três riscos contribuem para o risco de auditoria, permitindo, desta maneira compreender
como os riscos se relacionam entre si.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 46


Fonte - Carlos Batista da Costa, (2014:219)

Na figura acima, estão esquematizados os três tipos de riscos e o seu


impacto nas demonstrações financeiras. A água que sai da torneira
representa o risco inerente, ou seja, simboliza as distorções que
resultam da entidade e da atividade que desempenha. O primeiro
filtro representa o sistema de controlo da empresa, o qual depende
da eficácia com que detecta e previne as distorções. Cabe ao auditor
de fazer essa avaliação ao risco de controlo, ou seja, quanto maior
for a eficácia do sistema, menor será a probabilidade de erros
materiais não serem detectados atempadamente, e assim o risco de
controlo será menor. O segundo filtro representa os procedimentos
substantivos realizados pelo auditor para detectar distorções
materialmente relevantes. No entanto, estes procedimentos podem
não ser suficientes na revelação de todas as distorções, assim
surgindo o risco de detecção. Podemos concluir que o risco de
auditoria é o risco dos pingos de água (distorções), passarem por
ambos os filtros até chegarem ao lava mãos (demonstrações
financeiras).

O risco de detecção é o único sobre o qual o auditor tem poder para atuar. No quadro
seguinte podemos verificar como pode variar o nível aceitável de risco de detecção com
base nas avaliações do risco inerente e do risco de controlo.

Quadro 3.2._relação entre os riscos que compõem o modelo de risco


em auditoria

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 47


Avaliação pelo auditor do risco de
controlo
Alto Médio Baixo
Avaliação Alto O mais Mais baixo Médio
pelo auditor baixo
do risco Médio Mais baixo Médio Mais alto
inerente Baixo Médio Mais alto O mais alto

Portanto, pode confirmar-se que risco inerente e o risco de controlo


têm uma relação inversa com o risco de deteção e,
consequentemente, uma relação direta com a quantidade de prova
que deverá ser recolhida. Por exemplo, se o risco inerente e de
controlo for alto, o risco de deteção será baixo, para o risco de
auditoria se manter como baixo, o auditor amplia o número de testes
a executar. Caso, a situação seja inversa, ou seja, o risco inerente e
o risco de controlo sejam avaliados como baixos, o risco de deteção
será alto, neste caso o auditor irá realizar menos procedimentos, não
descurando, a necessidade do risco de auditoria ser baixo. No
entanto, o auditor não deve deixar de realizar testes, tendo em conta
que a avaliação dos riscos inerentes e de controlo poderão não ser a
mais correta.

Exercício

Em seguida apresentamos dois exemplos quantitativos do modelo de


risco em auditoria.

i) Risco alto de distroções materialmente relevantes

Assume que está a auditar uma empresa que efectua muitas


transacções complexas e que possui fracos controlos internos.
Assim, a função risco inerente e risco de controlo é qualificada em
100%. O risco de auditoria que o auditor pretende correr é de 2%.
Qual será o efeito no risco de detenção?

ii) Risco baixo de distorções materialmente relevantes

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Assume que está a auditar uma empresa que não tem transacções
complexas, possui um controlo interno eficiente e que a actividade
da empresa não oferece grande dificuldade. O auditor assume que
a função risco inerente/risco de controlo é baixa, 50%, e que o
risco de auditoria que pretende correr é de 5%. Qual o efeito no
risco de detenção?

Relação entre Materialidade, Risco e Prova


Na realização de um planeamento, podemos observar que o risco e a materialidade são
conceitos indissociáveis, contudo a relação entre eles é inversa. O risco, prende-se com a
incerteza, por sua vez a materialidade está relacionada com o nível qualitativo/quantitativo
de distorções que influenciam as demonstrações financeiras.

Por exemplo, no caso de o auditor verificar que a entidade seja


detentora de um sistema de controlo interno fraco, existe
probabilidade de haver um nível elevado de distorções materialmente
relevantes. Por outro lado, se possuir um controlo interno eficaz e
capaz de prever a totalidade dos erros, o auditor aumentará a
quantia de distorções que considera ser materialmente relevantes. O
volume de prova a obter pelo auditor, a fim de expressar a sua
opinião com segurança, relaciona-se também com a avaliação do
risco e com o nível de materialidade.

Desta forma, podemos referir que, quanto maior for o risco, menor
será a materialidade e maior deverá ser a quantidade de prova

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 49


recolhida pelo auditor, a fim de se poder exprimir de forma segura e
apropriada.

Programas de Auditoria

Após definir a estratégia a adotar, o auditor elabora os programas de


auditoria. Os mesmos têm como finalidade responder ao risco das
demonstrações financeiras possuírem distorções materiais. O auditor
elabora programas de auditoria, para se certificar que o planeamento
de auditoria aborda todos os riscos significativos para cada área.
Neste sentido, o auditor elabora programas específicos para cada
área, sendo que, os programas de auditoria são mais detalhados que
a estratégia, este por incluírem a natureza, extensão e oportunidade
dos procedimentos a efetuar pelo auditor (testes aos controlos e
procedimentos substantivos).

4.2. Execução

A execução das auditorias se dá através da coleta de informações,


que determinam se o departamento em questão está seguindo os
padrões e procedimentos de controle de qualidade estabelecidos.

Nesta fase, o auditor entrevista as pessoas, fazendo perguntas e


tomando nota das constatações. De acordo com o que for constatado,
os planos de auditoria e checklists podem ter seu escopo expandido,
e podem ser submetidos a uma avaliação mais profunda.

É neste momento que serão registradas as não conformidades, ou


seja, situações que ocorreram em desacordo com o processo e
procedimento padronizado.

As normas da INTOSAI (Bahia, 2005b:91) consideram que realizar


uma auditoria pode ser considerado um processo analítico e, ao
mesmo tempo, de comunicação.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 50


No processo analítico se coletam, interpretam e analisam dados. O
processo de comunicação inicia quando a auditoria se apresenta pela
primeira vez ante a entidade auditada, e continua à medida que
avança a auditoria, ao avaliar os distintos resultados e temas, e
prossegue até o momento em que se finaliza o relatório de auditoria.
O ideal consiste em manter sempre um diálogo aberto e construtivo,
em que a honradez seja um valor inquebrantável.

Em outra, a execução consiste na aplicação dos procedimentos de


auditoria, cujos mecanismos são utilizados para se obter evidências
ou provas que fundamentarão o relatório de auditoria. Representam o
conjunto de técnicas ou métodos que permite obter elementos
probatórios, de forma suficiente e adequada, para fundamentar os
comentários, opiniões e recomendações quando da elaboração do
relatório de auditoria. São os instrumentos utilizados para verificar se
determinada condição está em conformidade com determinado
critério.

Os principais mecanismos dos procedimentos de auditoria, cujo


emprego podem variar de auditoria para auditoria, são: exame de
registros; exame documental; conferência de cálculos; entrevistas;
inspeção física; circularização; observação e correlação. E devem ser
aplicados em razão da complexidade e do volume das operações de
cada entidade auditada, cabendo ao responsável pela auditoria, com
base na análise de riscos envolvidos e outros elementos de que
disponha, determinar a amplitude e o escopo dos exames
probatórios.

Quadro 15 – Procedimentos de Auditoria

Procedimentos de auditoria Descrição


Exame dos registros Verificação da adequação dos registros
contábeis e auxiliares paralelos.
Exame documental É a análise da adequação dos
documentos comprobatórios dos fatos
auditados. Ao realizar o exame dos
documentos originais, deve se atentar

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 51


para a autenticidade, normalidade,
aprovação e registro.
Conferência de cálculos Revisão dos principais cálculos
realizados pela entidade auditada, de
modo a verificar a sua exatidão; entre
as principais conferências de cálculos
fundamentais está a revisão de soma.
Entrevistas Questões dirigidas de forma técnica aos
auditados de modo a detalhar e
esclarecer procedimentos.
Inspeção física Exame da existência dos bens e títulos a
receber, assim como de documentos
probatórios dos registros.
Circularização É a confirmação de saldos e informações
mantidos com terceiros.
Solicitada pelo auditor, é elaborada pela
entidade auditada. Todavia, é o auditor
quem deverá receber diretamente as
respostas.
Observação É a análise dos fatos durante a sua
ocorrência.
Correlação É a relação entre um fato examinado
numa determinada área e seu impacto
em outras.

Evidência é toda prova obtida em decorrência da aplicação dos


procedimentos de auditoria para demonstrar se os critérios
identificados estão sendo ou não atendidos. Segundo, ARAÚJO e
outros (2008:129), a evidência física possui o maior valor probante e
a testemunhal a menor.

Deve ser considerado que o processo para se obter evidência em uma


auditoria operacional é bem mais complexo do que uma auditoria
contábil tradicional.

Isso acontece pelo fato da identificação dos critérios nas áreas


operacionais, na maioria das vezes, não ser claramente definido como
nas áreas financeiras.

Os achados de auditoria são fatos significativos, acerca das


deficiências encontradas, amplamente respaldadas e documentadas
nos papéis de trabalho, e que dever ser comunicadas à autoridade
máxima da entidade.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 52


O desenvolvimento dos achados constitui um processo importante,
visto que fundamenta as conclusões e recomendações que serão,
posteriormente, relatadas. As conclusões são considerações lógicas
feitas pelo auditor, devendo ser formuladas explicitamente e sua
força depende do grau de persuasão da evidência que suporta o
achado.

Ao desenvolver um achado de auditoria, deverá ser necessariamente


considerado os seguintes atributos:

• Condição (o que é): É a situação existente, documentada durante


a auditoria, constituindo-se no próprio achado;

• Critério (o que deve ser): Situação ideal ou esperada, conforme


normas de controle interno, legislação aplicável, princípios
fundamentais de contabilidade, boas práticas administrativas,
padrões de economia, de eficiência e de eficácia, etc. Constitui
padrões usados para determinar se uma entidade, programa ou
atividade atende aos objetivos fixados;

• Causa (por que ocorreu): é a razão pela qual a condição ocorreu,


ou seja, o motivo pelo qual não se cumpriu o critério ou norma.
Representam os motivos pelos quais um desempenho foi inadequado
ou não. Para que as recomendações sejam elaboradas de forma
construtiva, é necessário que as causas dos achados sejam
corretamente identificadas. A simples afirmação no relatório, de que
o achado ocorreu porque as normas não foram cumpridas não
convence ao interessado na auditoria;

• Efeito (diferença entre o que é e o que deve ser): identificação


detalhada dos efeitos provocados pelo fato ocorrido. São os
acontecimentos que demonstram a necessidade de ações corretivas,
em resposta aos problemas identificados. Sempre que possível, as
consequências deverão ser quantificados em unidades monetárias.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 53


No desenvolvimento do achado, deve-se procurar conhecer a opinião
da organização diante da condição encontrada. A prática de discussão
dos achados, durante a auditoria, seja através de reuniões informais
ou, nos casos mais importantes, de reuniões formais com a entidade
organizada, proporcionará uma revelação dos seus pontos de vista e
opiniões.

Amostragem
Para fins das normas de auditoria, os termos a seguir têm os
significados a eles atribuídos:

Amostragem em auditoria é a aplicação de procedimentos de


auditoria em menos de 100% dos itens de população relevante para
fins de auditoria, de maneira que todas as unidades de amostragem
tenham a mesma chance de serem seleccionadas para proporcionar
uma base razoável que possibilite o auditor concluir sobre toda a
população.

População é o conjunto completo de dados sobre o qual a amostra é


seleccionada e sobre o qual o auditor deseja concluir.

Risco de amostragem é o risco de que a conclusão do auditor, com


base em amostra, pudesse ser diferente se toda a população fosse
sujeita ao mesmo procedimento de auditoria. O risco de amostragem
pode levar a dois tipos de conclusões erróneas:

a) No caso de teste de controlos, em que os controles são


considerados mais eficazes do que realmente são ou no caso
de teste de detalhes, em que não seja identificada distorção
relevante, quando, na verdade, ela existe. O auditor está
preocupado com esse tipo de conclusão errónea porque ela
afecta a eficácia da auditoria e é provável que leve a uma
opinião de auditoria não apropriada.
b) No caso de teste de controlos, em que os controles são
considerados menos eficazes do que realmente são ou no caso

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 54


de teste de detalhes, em que seja identificada distorção
relevante, quando, na verdade, ela não existe. Esse tipo de
conclusão erróneaafecta a eficiência da auditoria porque ela
normalmente levaria a um trabalho adicional para estabelecer
que as conclusões iniciais estavam incorrectas.

Risco não resultante da amostragem é o risco de que o auditor


chegue a uma conclusão errónea por qualquer outra razão que não
seja relacionada ao risco de amostragem.

Anomalia é a distorção ou o desvio que é comprovadamente não


representativo de distorção ou desvio em uma população.

Unidade de amostragem é cada um dos itens individuais que


constituem uma população.

Amostragem estatísticavs Amostragem não estatística


Diz-se que uma amostra é não estatística quando o auditor a
define tendo por base o seu julgamento profissional, em detrimento
do uso de ferramentas estatísticas. Isto não quer dizer que este tipo
de amostragem implique que os itens que façam parte da amostra
sejam escolhidos de uma forma mais leviana; com efeito, quer na
amostragem estatística, quer na amostragem não estatística, os itens
devem ser seleccionados para que o auditor possa extrapolar as
conclusões para a população. Igualmente, as distorções encontradas
em ambos os métodos de amostragem devem ser usadas para
estimar o total de distorções na população (distorção projectada).

No entanto, a amostragem não estatística não fornece


quaisquer meios para quantificar o risco de amostragem, pelo que os
auditores podem realizar um trabalho superior ao que seria
necessário, resultando assim numa auditoria mais dispendiosa e mais
demorada.

O uso de amostragem estatística não relega para um segundo


plano o julgamento do auditor, mas permite que o risco de

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 55


amostragem possa ser medido. Através de ferramentas estatísticas o
auditor pode especificar o risco de auditoria que quer correr, sendo a
dimensão da amostra um reflexo desse risco. Assim, a amostragem
estatística pode assistir o auditor: na definição de amostras
eficientes; na determinação da dimensão da amostra; e na avaliação
dos resultados obtidos. Porém estas vantagens apenas são obtidas
com custos adicionais relacionados com a formação do pessoal,
desenho de planos de amostragem e selecção de itens para
avaliação. Assim, a amostragem não estatística é largamente
utilizada pelos auditores, em especial na realização de testes a
populações pequenas.

Podemos então concluir que quer a amostragem estatística quer


a amostragem não estatística podem dotar o auditor de prova
suficiente e apropriada.

1. Amostragem aleatória
O princípio subjacente à amostragem aleatória é o de todos os itens
da população têm a mesma probabilidade de serem seleccionados. No
entanto, a amostragem ainda existe, ou seja, há o risco da amostra
seleccionada não possuir as mesmas características essenciais da
população.

A amostra também pode não ser representativa da população real


simplesmente porque a amostra da população é diferente da
população real. Os auditores seleccionam uma amostra com base
numa representação material da população. Por exemplo: uma
amostra das contas a pagar pode ser seleccionada a partir de uma
listagem obtida do programa de contabilidade (representação
material). Quaisquer conclusões baseadas nessa amostra estão
apenas relacionadas com a população obtida através do programa de
auditoria, as conclusões do auditor não têm atenção que credores
podem estar omissos nesta listagem; é essencial que os auditores se

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 56


assegurem de que a representação material corresponde a população
real, ou seja, testar as asserções da plenitude e da existência.

O conceito de amostra aleatória tem subjacente que a pessoa que


efectue a selecção não influencie a amostra consciente ou
inconscientemente; assim, é requerido que sejam utilizadas técnicas
de selecção imparciais, de modo a obter-se uma amostra
verdadeiramente aleatória.

Algumas dessas técnicas incluem:

 Casual: elementos são retirados ao acaso da população. Deste


modo todo elemento da população tem igual probabilidade de
ser escolhido para a amostra.
 Números aleatórios: um dos métodos mais acessíveis para
seleccionar itens aleatórios é o uso de uma tabela de números
aleatórios
 Por intervalo: envolve a determinação de um intervalo (I) e
seleccionar todos os itens de (I) em (I). O intervalo é apurado
dividindo a população (N) pela amostra (n) que pretendemos
seleccionar. Seguidamente o auditor selecciona aleatoriamente
um item de começo (inferior ao intervalo) e em resultado todos
os itens da população têm a mesma hipótese de serem
escolhidos. Por exemplo: durante o ano foram contabilizadas
1.500 facturas de compra, tendo o auditor determinado analisar
uma amostra de 50 facturas. Assim sendo,o intervalo é de 30,
seo item de começo é o 12 (seleccionado aleatoriamente) e as
facturas seguintes que o auditor vai analisar são a 42,72,102 e
assim sucessivamente.
 Por blocos: A amostragem por blocos consiste em seleccionar
todos os itens durante um determinado período de tempo (ex:
todas as facturas relativamente às vendas que ocorreram em
Fevereiro, Junho e Dezembro) ou número sequencial (ex: testar

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 57


todas as facturas compreendidas entre os números 5.200 e
5.250).
 Por valores estratificados: estratificação é a técnica de dividir a
população em subgrupos relativamente homogéneos. Estes
subgrupos são posteriormente alvo de amostra. Este método
tem como principal vantagem aumentar a eficiência dos
procedimentos de auditoria, uma vez que permite ao auditor
relacionar a selecção da amostra com a materialidade, bem
como com as características específicas dos itens e aplicar
diferentes procedimentos aos subgrupos criados.

2. Testes aos controlos


O auditor recolhe evidência sobre a eficiência do sistema de
controlo interno examinando os controlos sobre o processo de relato
financeiro, instituídos pela empresa. Os testes aos controlos apenas
são efectuados se o auditor determinar que os mesmos estão
implementados de modo a minimizar a ocorrência de distorções
materialmente relevantes e compreendem: a análise do sistema
informático da empresa, o exame da documentação relacionado com
o controlo implementado, a realização de teste de wolkthrough e ou a
selecção de uma amostra de transacções testando as evidencias de
que o controlo foi exercido.

Quando o auditor realiza testes aos controlos preocupa-se com dois


aspectos:

 Avaliar o risco de controlo demasiado alto: quando a amostra


dos testes aos controlos leva o auditor a avaliar o risco de
controlo mais alto do que ele é, o auditor realizará mais testes
substantivos do que aqueles que são necessários. Estes testes,
desnecessários, reduzem a eficiência da auditoria mas não a
sua eficácia (detectar distorções materiais nas demonstrações
financeiras).

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 58


 Avaliar o risco de controlo demasiado baixo: caso o auditor
avalie o risco de controlo mais baixo do ele realmente é, estará
a reduzir, indevidamente, a extensão dos procedimentos
substantivos, podendo estar em causa a eficácia da auditoria.

2.1. Amostragem estatística por atributos


Quando for apropriado realizar testes por amostragem, o
auditor utiliza essa amostra para inferir se o controlo está em
funcionamento ou não. A metodologia mais comum é designada de
amostragem por atributos.

Um atributo é uma característica da população. Tipicamente o


atributo que o auditor deseja examinar é determinar se o controlo
está ou não a ser efectuado. Por exemplo: evidencia de que a
empresa confrontou a guia de remessa com a nota de encomenda e
com a factura, verificando a sua concordância, antes de autorizar que
o pagamento ao fornecedor fosse efectuado.

Previamente ao apuramento da dimensão da amostra o auditor


necessita de determinar os seguintes aspectos:

 Risco de amostragem: o risco de concluir que os controlos são


eficientes quando não o são. Frequentemente este risco é
determinado em função do risco de auditoria, uma vez que a
avaliação do controlo interno vai influenciar a natureza,
extensão e oportunidade dos procedimentos substantivos.
 Taxa de desvio tolerável: É uma taxa a partir da qual o auditor
concluir que o controlo não funciona. Esta taxa deve ser
estimada a priori de modo a determinar a dimensão da
amostra.
 Taxa de desvio esperada: É natural que por vezes o controlo
falhe ou seja ultrapassado. Estas distorções acontecem quando
os funcionários são descuidados, não são competentes ou então
não têm a formação adequada para realizar as funções que

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 59


desempenham. Esta taxa é determinada com base na
experiencia do auditor e com base nas distorções encontrados
em exercícios anteriores caso se trate de uma auditoria
recorrente.

Os procedimentos de controlo devem ser implementados de modo a


assegurar que as transacções ocorram, são exactas, estão todas
registadas e estão adequadamente divulgadas e classificadas. Os
passos para implementar uma amostragem por atributos são os
seguintes:

 Determinar o objectivo do teste;


 Definir o(s) atributo(s) e desvios;
 Definir a população, a unidade de amostragem e a plenitude da
população;
 Determinar o risco de amostragem, a taxa de desvios tolerável,
a taxa de desvio esperada e a dimensão da amostra;
 Determinar um método eficiente e eficaz de selecção da
amostra;
 Testar os itens da amostra;
 Avaliar os resultados da amostragem e concluir sobre os
objectivos da auditoria;
 Documentar todas as fases do processo de amostragem.

1º Passo – Determinar o objectivo do teste

O objectivo do teste ao controlo é o de fornecer prova sobre o


funcionamento eficiente do controlo interno. O auditor, no
planeamento, inclui testes aos controlos quando prevê que o sistema
de controlo interno funcione. Assim, uma amostra por atributos será
seleccionada e testada de modo a fornecer ao auditor prova de que
um determinado controlo está a funcionar de uma forma eficiente,
suportando assim o risco de controlo planeado.

2º Passo – definir atributo e desvios

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 60


O atributo é uma característica que proporciona prova de que um
determinado controlo está a funcionar. Vários atributos podem ser
testados, no entanto o auditor apenas testa os procedimentos de
controlo mais significativos. Por exemplo: o auditor decide testar a
revisão das facturas de vendas por parte do funcionário da
contabilidade, que inclui os seguintes procedimentos:

 Comparar as quantidades facturadas com as quantidades que


constam da guia de remessa;
 Comparar os preços que constam da factura com os preços
definidos pela empresa;
 Testar aritmeticamente as facturas;
 Rubricar uma cópia da factura indicando, desse modo, que o
procedimento foi efectuado.

Os desvios nos procedimentos de controlo devem ser detalhados de


modo a que possam ser corrigidos pelos funcionários. Partindo do
exemplo supra podemos dizer que existe um desvio quando:

 As quantias da factura não coincidem com as quantias da guia


de remessa;
 Os preços da factura não coincidem com a lista de preços
praticados pela empresa;
 A factura não está aritmeticamente correcta;
 O funcionário não colocou as suas iniciais na cópia da factura.

Estimar a taxa de desvio esperada é importante, pois permite que o


controlo não seja rejeitado quando se verifica que ocorrem um
reduzido número de distorções.

3 º Passo – Definir a população, a unidade de amostragem e a


plenitude da população

Neste passo o auditor necessita de abordar as seguintes questões:

a) Período de abrangência dos testes: o período refere-se ao


período das demonstrações financeiras.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 61


b) Unidade de amostragem: é o item da população identificado
como a base para a realização do teste. Pode ser um
documento, uma assinatura, etc. Por exemplo: se o auditor
quer testar que todas as guias de remessa são facturadas, a
unidade de amostragem seria as guias de remessa.
c) Plenitude da população: o auditor deve tomar medidas para se
assegurar de que a população que está a testar é uma
representação da população real. Como procedimento podemos
referir a reconciliação entre o valor constante do balanço com o
valor constante do balancete e a revisão da numeração da
população (ex. factura).

4º Passo – determinar o risco de amostragem, taxa de desvio


tolerável, a taxa de desvio esperada e a dimensão da amostra

Uma dimensão de amostra óptima minimizará o risco de


auditoria e aumentará a eficiência da mesma. A dimensão da amostra
é afectada pelo risco de amostragem, pela taxa de desvio tolerável e
pela taxa de desvio esperada.

A determinação da dimensão da amostra utilizando as tabelas


supra, é de simples aplicação. O auditor:

1) Selecciona o risco de amostragem (5% ou 10%), baseado no


risco de auditoria;
2) Determina a taxa de desvio tolerável;
3) Determina a taxa de desvio esperada;
4) Determina a dimensão da amostra fazendo a intersecção entre
a taxa de desvio esperada e a taxa de desvio tolerável.

Exemplo 1:

O auditor define o risco de amostragem em 5%, a taxa de desvio


tolerável em 8% e a taxa de desvio esperada em 1%. Pela tabela
supra apuramos que a dimensão da amostra é de 58 unidades.

Exemplo 2:

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 62


O auditor define o risco de amostragem em 10%, a taxa de desvio
tolerável em 6% e a taxa de desvio esperada em 1%. Pela tabela
supra apuramos que a dimensão da amostra é de 64 unidades.

Podemos assim apontar os seguintes efeitos no tamanho da amostra:

Quadro 5.5 – Efeitos do risco de amostragem, da taxa de desvio


tolerável e da taxa de desvio esperada no tamanho da amostra

Risco de amostragem Baixo Alto


Taxa de desvio Baixo Alto
tolerável
Taxa de desvio Alto Baixo
esperada
Efeito na amostra Maior Menos
Amostra Amostra

5º Passo – determinar um método eficiente e eficaz de selecção da


amostra

Uma vez determinada a dimensão da amostra, o auditor deve


assegurar-se de que ela seja representativa. Nas amostras aleatórias
cada item da população tem a mesma hipótese de ser seleccionado. A
amostragem estatística requer que a selecção seja aleatória, uma vez
que assim é eliminada a hipótese de enviesamento não intencional e
maximizada a hipótese da amostra ser representativa. Na
amostragem não estatística o auditor usa o seu julgamento para
seleccionar uma amostragem representativa. Na amostragem
aleatória podem ser utilizadas a amostragem por números aleatórios
ou a amostragem por intervalos.

6º Passo – Testar os itens da amostra

Ao testar os itens da amostra, o auditor procura evidência do


atributo. Caso não contenham evidência do atributo é considerado
como um desvio.

7º Passo – Avaliar os resultados da amostragem e concluir sobre os


objectivos da auditoria

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 63


A avaliação dos resultados da amostra requer que o auditor
projecte esse resultado para a população antes de retirar as suas
conclusões. Se a distorção da amostra não é maior que a taxa de
desvio esperada, o auditor pode concluir que o controlo é eficiente,
podendo assim avaliar o risco de controlo de acordo com o que foi
inicialmente previsto. Se a taxa de distorções na amostra exceda a
taxa de desvio esperada, o auditor deve avaliar se a projecção da
distorção da amostra na população excede, ou não, a taxa de desvio
tolerável, utilizando para o efeito tabelas estatísticas. Caso a
distorção projectada para a população exceda a taxa de desvio
tolerável, o auditor deve ajustar a natureza, a extensão e a
oportunidade dos procedimentos substantivos, uma vez que assume
que os controlos não são satisfatórios.

Na avaliação dos resultados da amostra o auditor deve


considerar não só o número de desvios encontrados mas também as
suas características qualitativas. A avaliação do auditor compreende
os seguintes passos:

 Apurar a taxa de desvio: dividindo o nº de desvios pela


amostra:
 Determinar a taxa de desvio da população: o auditor utiliza
software ou uma tabela para estimar a taxa de desvio na
população, baseada na amostra, que o auditor pode esperar;
 Considerar os aspectos qualitativos dos desvios: desvios
originados por fraudes são mais preocupantes do que desvios
originados por descuidos ou pelo factor dos funcionários não
compreenderem as suas funções.
 Conclusões: Combinando os resultados da amostra com os
resultados de outros testes aos controlos, o auditor determina
se os resultados a que chegou corroboram ou não a avaliação
que fez do risco de controlo. Se a extrapolação para a
população for inferior à taxa de desvio tolerável, o auditor pode

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 64


manter a sua avaliação do risco de controlo; se a extrapolação
para a população for superior à taxa de desvio tolerável, o
auditor deverá rever a sua avaliação preliminar de risco; se o
desvio detectado pelo auditor indiciar a ocorrência de fraudes, o
auditor deve avaliar o seu impacto nas demonstrações
financeiras e desenhar procedimentos específicos que permitam
detectar o tipo de desvio observado. Neste caso o relevante não
é o número de desvios encontrados mas sim a sua
característica – fraude!

Ao concluir que os testes aos controlos não são eficientes o auditor


necessita de modificar a extensão, a oportunidade e a natureza dos
procedimentos substantivos.

8º Passo – Documentar todas as fases do processo de amostragem

Por último, os auditores documentam todos os aspectos


significativos dos oito passos aqui descritos nos seus papéis de
trabalho.

2.2. Amostragem não estatística por atributos


As principais diferenças entre a amostragem por atributos,
estatística e não estatística, estão relacionadas com a dimensão da
amostra e com a avaliação dos seus resultados. Na amostragem não
estatística o riscos de controlo é classificado como BAIXO,
INTERMÉDIO ou ALTO e não quantificado como acontece na
amostragem estatística.

Na avaliação dos resultados, o auditor compara a taxa de


desvio da amostra com a taxa de desvio tolerável. Caso a taxa de
desvio da amostra seja inferior à taxa de desvio tolerável, pode
concluir que o risco de controlo é baixo; à medida que a taxa de
desvio de amostra se vá aproximando da taxa de desvio tolerável, é a
cada vez mais provável que a taxa de desvio da população seja
superior à taxa de desvio tolerável. Neste caso o auditor deve usar o

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 65


seu julgamento profissional para determinar a partir de que ponto o
risco de controlo deve deixar de ser o inicialmente planeado.

Exemplo

Em determinada empresa foi identificado o seguinte controlo,


destinado a registar apenas as facturas cujo material foi devidamente
encomendado e cujo funcionamento no período o auditor entende
dever confirmar:

Quando é recebida a factura do fornecedor são-lhe agrafadas a guia


de entrada emitida pelo armazém, a guia de remessa do fornecedor e
a nota de encomenda correspondentes, são verificadas as
quantidades e os preços, sendo aposta, na factura, a assinatura do
responsável por esta conferência.

3. Testes substantivos
Os procedimentos substantivos são desenhados com finalidade
de detectar distorções causadas por erros ou fraudes, que possam
existir nas demonstrações financeiras e que não tenham sido
detectados pelo sistema de controlo interno. Os passos que envolvem
a amostragem em testes substantivos são os mesmos, quer o auditor
utilize uma abordagem estatística ou não estatística:

1) Definir o objectivo de auditoria


2) Definir distorção
3) Definir a população em relação à qual se vai extrair a amostra
4) Escolher uma técnica de amostragem apropriada
5) Determinar a dimensão da amostra
6) Seleccionar a amostra
7) Auditar os itens seleccionados
8) Avaliar os resultados da amostra e extrapolá-los para a
população
9) Documentar os procedimentos seguidos e os resultados obtidos

1º Passo: Definir o objectivo de auditoria

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 66


O auditor utiliza um mix de amostragem e de outros procedimentos
substantivos para testar as rubricas do balanço. Por exemplo: para
testar a asserção da valorização dos inventários, numa empresa
comercial, o auditor selecciona alguns bens, cruzando o valor unitário
constante dos registos contabilísticos, com a factura da compra e as
demais despesas acessórias imputáveis à compra, mas usa
igualmente procedimentos analíticos, tais como a rotação de stocks
para verificar a eventual obsolescência de determinados bens.

Especificado o objectivo da auditoria, o auditor determina a


população a testar. Por exemplo: se o objectivo é testar os saldos de
clientes à data do balanço, a amostra deve ser seleccionada a partir
do balancete; se o objectivo é testar a plenitude das dívidas a pagar,
o auditor verifica se em relação às mercadorias que entraram em
armazém foi contabilizada a respectiva factura.

2º Passo: Definir distorção

Podemos definir distorções como uma diferença que afecta a


exactidão das demonstrações financeiras. Se a venda a um cliente foi
contabilizada na conta de clientes errada, não deve ser considerada
uma distorção, pois o saldo da conta clientes, no global, está
correcto. No entanto, pode indiciar uma debilidade na estrutura de
controlo interno, se por exemplo, foi contabilizada uma venda em
relação à qual não houve qualquer pedido de aquisição por parte do
cliente. Então a rubrica de vendas e de dívidas de clientes estará
sobre avaliada, originando uma distorção nas demonstrações
financeiras.

3º Passo: Definir a população em relação à qual se vai extrair a


amostra

Entendemos por população a rubrica das demonstrações financeiras


que o auditor pretende testar. Uma vez que os resultados da
amostragem apenas podem ser projectados para a população a partir

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 67


da qual a amostra foi extraída, é importante para o auditor definir a
população. Por exemplo, uma empresa que possua vários armazéns
de mercadorias, se o auditor assistir às contagens de um armazém
apenas pode retirar conclusões sobre a população desse armazém,
não poderá tirar ilações sobre a população dos outros armazéns.

A amostra é seleccionada a partir de uma representação física da


população, como é o caso de um balancete de clientes. O auditor
necessita de assegurar-se de que o balancete representa a população
e para isso reconcilia o seu saldo com o saldo que é representado no
balanço.

Muitas rubricas do balanço são construídas por número reduzido de


itens de grande valor e por grande número de itens de pequeno
valor. Assim, o auditor opta por uma abordagem estratificada, ou
seja, analisa a 100% todos os itens acima de um determinado valor e
aleatoriamente os itens abaixo desse valor.

4º Passo: Escolher uma técnica de amostragem apropriada

Depois de considerar que a amostragem, recorrendo ou não a


ferramentas estatísticas, é apropriada, o auditor vai decidir quais as
ferramentas que vai utilizar. A ferramenta estatística mais comum é a
monetary unit sample (MUS). Esta ferramenta é baseada na teoria
dos atributos (descrita anteriormente para os testes aos controlos),
mas expressa as suas conclusões em termos quantitativos.

5º Passo: Determinar a dimensão da amostra

Independentemente do método de amostragem seleccionado, o


auditor deve ter em atenção o risco de amostragem, a distorção
tolerável e a distorção esperada. Para apurar a dimensão da amostra
o auditor tanto pode utilizar métodos estatísticos, como métodos não
estatísticos1.

1
De referir que a SAS 111-Audit Sampling Salienta que a dimensão da amostra para uma amostragem
não estatística deve ser consistente com a dimensão apurada numa amostragem estatística.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 68


A distorção tolerável, atribuída com base na materialidade,
representa o máximo de distorções que o auditor aceita na população
sem considerar que coloca em causa a população. A distorção
tolerável dessa população, isoladamente, ou em conjunto com outras
distorções encontradas noutros testes, pode levar o auditor a concluir
que as demonstrações financeiras estão materialmente distorcidas.

A distorção esperada baseia-se nas distorções encontradas em


auditorias de anos anteriores e no conhecimento que tem da
população, ou seja são as distorções que o auditor espera encontrar
com base nos procedimentos substantivos e no seu julgamento.

6º Passo: Seleccionar a amostra e Auditar os itens seleccionados

A amostragem deve ser aleatória, dando assim hipótese a todos os


elementos da população de serem seleccionados.

8º Passo: Avaliar os resultados da amostra e extrapolá-los para a


população

Após a análise dos itens seleccionados o auditor extrapolará as


distorções encontradas na amostra para a população, concluindo se
esta apresenta, ou não, distorções materiais.

Quando são detectadas distorções o auditor deve considerar os


aspectos quantitativos e os aspectos qualitativos, em especial se
existe algum padrão. Neste caso o auditor deve solicitar ao cliente
que o investigue e que faça as correcções necessárias. Descobrir mais
distorções do que as inicialmente previstas na fase de planeamento
leva o auditor a concluir que a sua estimativa inicial era optimista e
que os controlos não são tão eficientes como o inicialmente previsto.
Neste caso, o auditor reequaciona o planeamento inicialmente
efectuado e planeia o resto da auditoria de acordo com os novos
factos.

9º Passo: Documentar os procedimentos seguidos e os resultados


obtidos

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 69


Todos os passos anteriormente descrito e todas as decisões tomadas
pelo auditor devem estar apropriadamente documentadas, permitindo
uma adequa supervisão e servindo de suporte às conclusões do
auditor.

3.1. Amostragem não estatística


Neste tipo de amostra não há controlo matemático sobre o risco
de amostragem o auditor projecta as distorções encontradas e faz o
seu julgamento sobre se a rubrica está, ou não, materialmente
distorcida.

Ao determinar a dimensão da amostra o auditor deve ter em


consideração que todos os itens relevantes devem ser testados. Pode
seleccionar itens acima de determinado valor, itens referentes a
transacções entre partes relacionadas, itens com saldo contranatura
ou entidades com um grande volume de transacções. Para
determinação da amostra os auditores podem utilizar a seguinte
fórmula:

Tamanho da amostra ¿ ( valordarubricaXfactordeconfiança


Distorçãotolerável )
O factor de confiança é apurado com base na tabela seguinte em
atenção a avaliação combinada do risco de controlo e do risco
inerente e do risco de outros procedimentos substantivos de auditoria
falharem na detecção de distorções materiais.

Quadro 5.7.-Factor de confiança para amostragem não estatística

Risco de outros procedimentos


substantivos (ex. procedimentos
analíticos) falharem na detecção de
distorções materiais

Risco inerente e de contolo combinado Alto Médio Baixo

Alto 3.0 2.3 1.9

Ligeiramente abaixo do alto 2.7 2.0 1.6

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 70


Médio 2.3 1.6 1.2

Baixo 1.9 1.2 1.0

Nota: Esta tabela é aplicável quando o auditor espera encontrar poucas distorções
na população. Whittington, R., Pany, k., 2010, Principles of auditing & other
assurance services, McGrawHill.

Por exemplo: a rubrica de clientes apresenta um valor de Akz


9.625.000,00, tendo o auditor, na fase de planeamento, alocado a
esta rubrica uma distorção tolerável de Akz 250.000,00. A avaliação
da combinação do risco inerente e de controlo é média. Efectuou
procedimentos analíticos aos clientes tendo classificado o risco de não
detectar distorções materialmente relevantes como baixo. Qual será,
a dimensão da amostra para os clientes?

Apesar de utilizar amostragem não estatística, é apropriado o auditor


efectuar uma amostra com base em valores estratificados.

População Amostra
Número Valor Número Valor Distorção

≥ 15 2.350.000,00A 15 2.350.000,00A 3.000,00Akz


250.000 kz kz
225 31 2.500,00Akz
˂ 250.000 7.275.000,00A 500.000,00Akz
kz

Total 240 9.625.000,00A 46 2.850.000,00A 5.500,00Akz


kz kz

A distorção de Akz 3.000,00 nos saldos superiores a Akz


2250.000,00 não necessita de ser projectada para a população pois
toda a subpopulação foi testada. A distorção de Akz2.500,00 nos
saldos inferiores a Akz250.000,00, deve ser projectada para o total
da subpopulção. Qual será a distorção projectada?

3.2. Amostragem estatística – Monetary Unit Sample (MUS)


A amostragem utilizando a técnica da MUS requer que o auditor
determine o risco de detecção, a distorção tolerável e a distorção
estimada nas demonstrações financeiras.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 71


Neste tipo de amostragem a unidade de amostragem é definida em
valor, ou seja $ 1, sendo a população o valor monetário da rubrica
que vamos testar (ex. total do saldo de clientes, total do saldo de
fornecedores, etc.). Uma vez que a unidade é definida em valor, um
saldo com valor mais elevado tem mais probabilidade de ser
seleccionado do que um saldo de valor mais reduzido.

A dimensão da amostra é determinada usando a seguinte fórmula:

Tamanho da amostra ¿ ( Saldodacontaauditada


Intervalodaamostra )

DT −( DE X FED )
Intervalo da amostra¿
FC

Em que:

DT = distorções tolerável

DE = distorções esperada

FED = factor de expansão da


distorção

FC = factor de confiança

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 72


O número de itens a seleccionar (a amostra) é dado pelo quociente
entre o valor da população e o intervalo da amostra.

O factor de confiança (zero distorções) associado ao risco de detecção


é obtido a partir do Quadro 5.8. que reconhece os diversos factores
de confiança para diferentes níveis de confiança e de distorções. Por
outro lado, o factor de expansão da distorção aparece na parte
superior da tabela, sendo utilizado com o objectivo de aumentar o
tamanho da amostra no caso de se esperar encontrar qualquer
distorção e impedir, desta forma, que as conclusões não permitam
aceitar o saldo quando este é correcto.

Quadro 5.8. Factores de confiança e de expansão

Risco de detecção 1% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 50%


Factor de confiança

(0 distorções) 4,61 3,00 2,31 1,90 1,61 1,39 1,21 0,70


Fator de expansão da distorção 1,90 1,60 1,50 1,40 1,30 1,25 1,20 1,10

Factor multiplicativo do erro de


amostragem

1 1,03 0,75 0,58 0,48 0,39 0,31 0,23 0,00

2 0,77 0,55 0,44 0,34 0,28 0,23 0,18 0,00

3 0,64 0,46 0,36 0,30 0,24 0,18 0,15 0,00

4 0,56 0,40 0,31 0,25 0,21 0,17 0,13 0,00

5 0,50 0,36 0,28 0,23 0,18 0,15 0,11 0,00

6 0,46 0,33 0,26 0,21 0,17 0,13 0,11 0,00

7 0,43 0,30 0,24 0,19 0,16 0,13 0,10 0,00

8 0,41 0,29 0,22 0,18 0,14 0,12 0,09 0,00

9 0,38 0,27 0,21 0,17 0,14 0,11 0,08 0,00

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 73


Exercício

O auditor pretende testar as asserções da existência e da


valorização da conta dívidas de clientes. Esta conta é composta
por 275 clientes, apresentando um saldo a 31 de Dezembro de
Akz1.200.000,00. O risco em auditoria foi classificado baixo, sendo
de detecção de 5%. A distorção tolerável é de Akz 75.000 e a
distorção esperada de Akz 20.000,00.

Calcular o tamanho da amostra e o intervalo da amostra.

4.4. Relatório

A elaboração do relatório é a fase do processo de auditoria que


formaliza os trabalhos e exames realizados, os fatos apurados com
base em evidências concretas, as conclusões, opiniões,
recomendações e as providências a serem tomadas pela
administração.

Os resultados dos trabalhos de auditoria direcionados para as


demonstrações financeiras ou contábeis são apresentados,
preferencialmente, sob a forma de parecer de auditoria1 ou sob a
forma de relatório amplo, que é muito mais adequado para a
auditoria operacional. Assim, temos relatório como gênero, e parecer
de auditoria e relatório de auditoria operacional como espécies
(Araújo, 2006:107-108).

A GAO (Bahia, 2005c:206) compreende que o conteúdo do relatório


de auditoria operacional deve incluir os objetivos, o escopo2, a
metodologia utilizada; os resultados da auditoria, inclusive os
achados, conclusões; e as recomendações, se cabível, uma referência
ao cumprimento das NAGGAs; os comentários dos dirigentes
responsável; e, se aplicável, a natureza de qualquer informação
privilegiada e confidencial que tenha sido emitida.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 74


O relatório de auditoria operacional pode ser definido como a
exposição fundamentada de comentários de forma conclusiva, no
qual se descrevem os fatos mais importantes – denominados achados
de auditoria – constatados durante o curso normal dos trabalhos de
auditoria e sugeridas às respectivas soluções, através de
recomendações. Tais recomendações deverão ser soluções
construtivas, que visem ao aperfeiçoamento do controle interno, à
redução de custos, ao aumento da economia, da eficiência e da
eficácia na utilização dos recursos públicos, ao melhoramento das
práticas contábeis e administrativas e até mesmo a uma forma mais
apropriada de gestão administrativa.

A INTOSAI (Bahia, 2005b:82-83) defende que o relatório de auditoria


operacional tem que ser justo, evitando apresentar os resultados com
imparcialidade e tendência a enfatizar em excesso as deficiências de
desempenho, além de incluir os aspectos positivos e não somente os
negativos.

Quanto ao padrão para elaboração do relatório de auditoria o TCU


define que ele, por ser o instrumento formal e técnico por intermédio
do qual se comunica aos que são interessados, contenha o objetivo e
as questões de auditoria; a metodologia utilizada; os achados de
auditoria; as conclusões e recomendações; e as propostas de
encaminhamento. E que a sua redação oriente-se pelos requisitos
resumidos na palavra “CERTO”:

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 75


QUADRO 16 – Atributos do relatório de auditoria

CERTO Descrição
Produzir texto de fácil que possa ser entendido por
quaisquer pessoas, mesmo
sendo leigas no assunto. Devendo evitar a erudição, o
Clareza preciosismo, o jargão, a
ambiguidade e restringir ao máximo o uso de
expressões em outro idioma.
Relatá-lo de forma que as evidências conduzam
qualquer pessoa prudente às
Convicção mesmas conclusões. Expor os achados e as
conclusões com firmeza e evitar o
uso de expressões que denotem insegurança como
“SMJ” ou “entendemos”.
Dizer apenas o que é requerido, de modo econômico,
Concisão sem necessidade de
explicações adicionais, eliminando o supérfluo, o
floreio e os clichês.
Apresentar as necessárias evidências para sustentar
Exatidão seus achados,
conclusões e recomendações, procurando não deixar
espaço para contra argumentações.
Expor apenas o que tem importância dentro do
contexto e que deve ser levado
Relevância em consideração. Não discorrer sobre ocorrências que
não resultem em
conclusões.
Dever conter mensagem clara e direta, ir direto ao
Objetividade assunto e evitar comentários
complementares desnecessários e nem fugir da idéia
central.

O produto final da auditoria operacional é o relatório. Após a sua


conclusão pela equipe de auditoria, é encaminhado uma versão
preliminar dele ao gestor da entidade ou programa auditado, para se
pronunciar sobre as recomendações apresentadas e estabelecer um
cronograma de implantação dessas recomendações. A resposta do
gestor é incorporada ao relatório final de auditoria em capítulo
próprio intitulado comentários do gestor.

Expressar uma opinião independente sobre as demonstrações


financeiras apresentam uma imagem verdadeira e apropriado é o

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 76


derradeiro objectivo do auditor/revisor. Esta opinião, que é expressa
no relatório do auditor/revisor, fornece aos utilizadores de informação
financeira uma certeza razoável de que as demonstrações foram
elaboradas em conformidade com o normativo contabilístico aplicável.
A Certificação Legal das Contas

Como já foi referido inicialmente, a principal função do auditor é


confirmar se a informação financeira produzida e divulgada é
verdadeira e apropriada, e ainda na mesma informação deve espelhar
a segurança de um profissional independente. É desta forma, que na
Certificação Legal das Contas (CLC), o ROC transcreve a opinião “de
que as demonstrações financeiras apresentam ou não, de forma
verdadeira e apropriada, a posição financeira da empresa ou de outra
entidade, bem como os resultados das suas operações, relativamente
à data e ao período a que as mesmas se referem”.

O relatório do auditor pode ser denominado de Certificação Legal das


Contas (CLC) (audit report) ou de exame simplificado (reviews). A
CLC requer uma segurança aceitável, sendo a opinião expressa de
forma positiva, ou seja, uma opinião explícita sobre se as
demonstrações financeiras apresentam uma imagem verdadeira e
apropriada. Já no exame simplificado a segurança é moderada,
expressando a opinião de forma negativa, ou seja, de que nada
chegou ao conhecimento do auditor que indique que as
demonstrações financeiras não estejam preparadas de acordo com o
normativo contabilísticos aplicável.
Quando se está a realizar uma auditoria às demonstrações
financeiras, a expectativa, quer do cliente, quer do auditor, é de que
a opinião seja limpa, ou seja, que o auditor não coloque reservas
nem ênfases sobre a imagem verdadeira e apropriada das
demonstrações financeiras (unqualified opinion).
No entanto, o auditor pode encontrar razões para ter reservas
sobre a apresentação das demonstrações financeiras, ou pode ter
sido limitados no seu âmbito de actuação quando é impedido de
reunir prova suficiente e apropriada para suportar a sua opinião.
O auditor poderá emitir os seguintes tipos de CLC:
 Opinião sem reservas nem ênfases (igualmente designada de
opinião “limpa”);
 Opinião sem reserva(s) e com ênfase(s);

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 77


 Opiniãi com reserva(s) e sem ênfase(s);
 Opinião com reserva(s) e com ênfase(s);
 Opinião adversa;
 Escusa de opinião.

4.2.1. Relatório de auditoria não modificado “opinião


limpa”

Os relatórios de auditoria visam proporcionar uma clara


comunicação entre os utilizadores da informação financeira e o
auditor, contendo a seguinte informação:
 A data a que se reporta a auditoria, as demonstrações
financeiras auditadas, identificando o cliente, o valor do seu
activo, capital próprio e o resultado das suas operações (secção
da introdução);
 Quais são as responsabilidades do auditor/revisor e as
responsabilidades do cliente (secção das responsabilidades);
 O âmbito da auditoria (secção do âmbito);
 A opinião do auditor sobre a imagem verdadeira e apropriada
das demonstrrações financeira (secção da opinião);

A opinião sobre a consistência do relatório de gestão com as


demonstrações financeiras (secção do relato sobre outros requisitos
legais);
Se necessário, as razões pelas quais não foi emitida uma
opinião limpa (secção das reservas e das ênfases).
O relatório de revisão/auditoria deve ser emitido em papel
normalizado que contenha, no mínimo, os seguintes elementos
identificadores: Nome do ROC ou da SROC, número de inscrição na
lista dos ROC ou das SROC e domicílio profissional ou sede. Vejamos
agora cada uma das secções que compõem a CLC:
Introdução
Secção da introdução são identificadas as demonstrações
financeiras que foram examinadas, a entidade examinada, a data e o
exercício a que reportam, bem como os valores referentes ao total do
balanço, ao total capital próprio e ao resultado líquido do exercício,
para evitar que a CLC seja apresentada juntamente com
demonstrações financeiras que não certifica.
A secção da introdução tem a seguinte redação:

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 78


Introdução

1. Examinámos as demonstrações financeiras de ABC, SA, as


quais compreendem o balanço em 31 de Dezembro de X0, (que
evidencia um total de 3.250.000,00 kwanzas e um total de
capital próprio de 1.250.000,00 kwazas, incluindo um resultado
líquido de 75.000,00), a Demonstração dos resultados por
naturezas, a Demonstrações do capital próprio e a
Demonstração dos fluxos de caixa do exercício findo naquela
data, e os correspondentes Anexos.

Responsabilidades
Esta secção faz menção às responsabilidades do órgão de
gestão e do auditor. Com efeito, o órgão de gestão é responsável
pela preparação e apresentação das demonstrações financeiras, pela
adopção de critérios contabilísticos adequados e pela manutenção de
um sistema de controlo interno apropriado; o auditor é responsável
por expressar uma opinião sobre o conjunto das demonstrações
financeiras com base na auditoria que efectuou.
A secção das responsabilidades tem a seguinte redação:

Responsabilidade

2. É da responsabilidade do conselho de administração a


preparação de demonstrações financeiras que apresentem de
forma verdadeira e apropriada a posição financeira da Empresa,
o resultado das suas operações, as alterações no capital próprio
e os fluxos de caixa, bem como a adopção de politicas e
critérios contabilisticos adequados e a manutenção de um
sistema de controlo interno apropriado.
3. A nossa responsabilidade conciste em expressar uma opinião
professional e indepente, baseada no nosso exame daquelas
demonstrações financeiras.

Âmbito
No primeiro parágrafo, que compõe o âmbito, o auditor começa
por referir que a auditoria foi realizada de acordo com as Normas
Técnicas e as Directrizes de revisão/Auditoria da Ordem dos

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 79


Revisores Oficiais de Contas, que a auditoria foi planeada e executada
de modo a obter um grau de segurança aceitável sobre se as
demonstrações financeiras estão isentas de distorções materialmente
relevantes e deve conter uma descrição sucinta do exame efectuado.
Tal descrição deve referir que o exame inclui: a verificação,
numa base de amostragem, do suporte das quantias e divulgações
constantes das demonstrações financeiras e a avaliação das
estimativas, baseadas em juízos e critérios definidos pelo órgão de
gestão, utilizadas na sua preparação; a apreciação sobre se são
adequadas às políticas contabilísticas adoptadas e as sua divulgação,
tendo em conta as circunstâncias; a verificação da aplicabilidade do
princípio da continuidade; e a apreciação sobre se é adequada, em
termos globais, a apresentação das demonstrações financeiras.
No segundo parágrafo, o auditor refere que o exame abrangeu
a verificação da concordância do relatório de gestão com as
demonstrações financeiras.
No terceiro parágrafo o auditor deve declarar que o exame
efectuado proporciona uma base aceitável para a expressão da sua
opinião.

Âmbito
4. O exame a que procedemos foi efectuado de acordo com as
Normas Técnicas e as Directrizes de Revisão/Auditoria da Ordem dos
Revisores Oficiais de Contas, as quais exigem que o mesmo seja
planeado e executado com o objectivo de obter um grau de
segurança aceitável sobre se as demonstrações financeiras estão
isentas de distorções materialmente relevantes. Para tanto o referido
exame inclui:
- a verificação, numa base de amostragem, do suporte das quantias e
divulgações constantes das demonstrações financeiras e a avaliação
das estimativas, baseadas em juízos e critérios definidos pelo
conselho de administração, utilizadas na sua preparação;
- a apreciação sobre se são adequadas as políticas contabilísticas
adoptadas e a sua divulgação, tendo em conta as circunstâncias;
- a verificação da aplicabilidade do principio da continuidade; e
- a apreciação sobre se é adequada, em termos globais, a
apresentação das demonstrações financeiras.
5. O nosso exame abrangeu também a verificação da concordância
da informação constante do relatório de gestão com as
demonstrações financeiras.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 80


6. Entendemos que o exame efectuado proporciona uma base
aceitável para expressão da nossa opinião.

Opinião
Por último, na secção da opinião, os auditores expressam se as
demonstrações financeiras, tomadas como um todo apresentam a
imagem verdadeira e apropriada da empresa, de acordo com o
normativo contabilísticos aplicável.

Opinião
7. Em nossa opinião, as referidas demonstrações financeiras
apresentam de forma verdadeira e apropriada, em todos os aspectos
materialmente relevantes, a posição financeiras de ABC, AS em 31 de
Dezembro de X0, o resultado das suas operações, as alterações no
capital próprio e os fluxos de caixa no exercício findo naquela data,
em conformidade com os princípios contabilísticos geralmente aceite
em Angola (País).

Relato sobre outros requisitos legais


De acordo com o Código das Sociedades Comercial (art. 451),
prevê que o auditor inclua na CLC um parecer em que se indique se o
relatório de gestão é ou não concordante com as contas do exercício.

Relato sobre outros requisitos legais


8. É também nossa opinião que a informação constante do relatório
de gestão é concordante com as demonstrações financeiras do
exercício.

Por último o relatório é assinado pelo auditor, devendo ser


posta a data do dia em que o concluiu o seu exame, não podendo ser
anterior à data de emissão do relatório de gestão e das
demonstrações financeiras.
É importante referir que o relatório é assinado pela SROC
(Sociedade de Revisor Oficial de Contas), e não em nome individual
de um sócio (auditor), ou seja, é a sociedade, não o auditor, o
responsável pelo relatório de auditoria.
A estrutura de relatório que acabamos de descrever é a de uma
CLC sem reservas e sem ênfase, ou seja, limpa.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 81


Um relatório limpo só pode ser emitido quando as seguintes
três condições estão preenchidas:
a) As demonstrações financeiras estão apresentadas de acordo
com os princípios contabilísticos;
b) A auditoria foi realizada de acordo com as Normas e Directrizes
de Revisão/Auditoria, sem limitações no seu âmbito que
tenham impedido o auditor de recolher as evidências
necessárias para suportar a sua opinião;
c) Não existirem chamadas de atenção para os utilizadores da
informação financeira.

4.2.2. Relatórios de auditoria modificados


De acordo com a ISA 705 um relatório de auditoria considera-
se modificado nas seguintes situações:
a) Situações que afectam a opinião do auditor: ênfases: Em certas
circunstâncias o auditor necessita de explicar determinadas
matérias que afectam as demonstrações financeiras sem, no
entanto, afectar a sua opinião sobre as mesmas.
b) Situações que afectam a opinião do auditor: Resrvas: uma
opinião com reservas diz-nos que as demonstrações financeiras
estão apresentadas de acordo com os princípios contabilísticos
geralmente aceites “excepto quanto” a determinadas matérias.
Opiniões com reservas são emitidas quando as demonstrações
financeiras eivadas de uma incorrecta aplicação dos princípios
contabilísticos ou de limitações ao âmbito do trabalho dos
auditores. No entanto, apesar de materiais, estes problemas
não colocam em causa a imagem verdadeira e apropriada das
demonstrações financeiras como um todo.

Opinião adversa: uma opinião adversa refere que as demonstrações


financeiras não estão apresentadas de acordo com os princípios
contabilísticos geralmente aceites. Os auditores emitem este tipo de
opinião quando as deficiências são de tal modo significativas que as
demonstrações financeiras, como um todo, estão erradas. Todas as
razões que levam o auditor a emitir este tipo de opinião devem estar
devidamente explicadas.
Escusa de opinião: uma escusa de opinião significa que, devido a
limitações no âmbito, os auditores não puderam formar ou não
formaram uma opinião sobre as demonstrações financeiras. Uma
escusa de opinião não é uma opinião, simplesmente atesta que o

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 82


auditor não expressa uma opinião sobre as demonstrações
financeiras.

Certificação Legal das Contas


Introdução
1. No âmbito do contrato celebrado, compete-nos examinar as
demonstrações financeiras da Empresa ABC, AS, as quais
compreendem o balanço em 31 de dezembro de 20XX, (que evidencia
um total de XXX kwanzas e um total de capital próprio de YYY
kwanzas incluindo um resultado líquido de ZZZ kwanzas), as
Demonstrações dos resultados por naturezas, as Demonstrações de
alterações do capital próprio e a Demonstração dos fluxos de caixa do
exercício findo naquela data, e os correspondentes Anexos.
Responsabilidade
2. É da responsabilidade do conselho de administração a preparação
de demonstrações financeiras que apresentem de forma verdadeira e
apropriada a posição financeira da Empresa, o resultado das suas
operações, as alterações no capital próprio e os fluxos de caixa, bem
como a adopção de políticas e critérios contabilísticos adequados e a
manutenção de um sistema de controlo interno apropriado.
Âmbito
3. O exame a que procedemos foi efectuado de acordo com as
Normas Técnicas e as Directrizes de Revisão/Auditoria da Ordem dos
Revisores Oficiais de Contas, as quais exigem que o mesmo seja
planeado e executado com o objectivo de obter um grau de
segurança aceitável sobre se as demonstrações financeiras estão
isentas de distorções materialmente relevantes. Para tanto o referido
exame inclui:
- a verificação, numa base de amostragem, do suporte das quantias e
divulgações constantes das demonstrações financeiras e a avaliação

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 83


das estimativas, baseadas em juízos e critérios definidos pelo
conselho de administração, utilizadas na sua preparação;
- a apreciação sobre se são adequadas às políticas contabilísticas
adoptadas e a sua divulgação, tendo em conta as circunstâncias;
- a verificação da aplicabilidade do princípio da continuidade; e
- a apreciação sobre se é adequada, em termos globais, a
apresentação das demonstrações financeiras.
4. Devido às limitações descritas nos parágrafos 5 a 8 abaixo
sugeridas no decurso do nosso exame, entendemos que não
dispomos de uma base aceitável para a expressão da nossa opinião.

Reservas
5. Não assistimos à contagem física dos inventários em 31 de
dezembro de 20XX, uma vez que só fomos contratados depois dessa
data. Devido à natureza dos registos da Empresa, não pudemos
concluir satisfatoriamente, através de procedimentos alternativos,
quanto às quantidades de inventários naquela data nem quanto aos
saldos das contas de inventários e custos das matérias consumidas e
à variação da produção.
6. O conselho de administração não nos permitiu efectuar a
confirmação externa de certos clientes e fornecedores cujos saldos
representam, respectivamente, 80% e 73% dos saldos totais das
contas em causa.
7. Apesar das várias diligências efectuadas, não conseguimos obter
resposta do Banco com o qual a Empresa tem maior movimento o
que nos impossibilita confirmar a totalidade das responsabilidades
efetivamente existentes e dos eventuais juros suportados.
8. A Empresa possui investimentos financeiros e corpóreos, que
representam cerca de 15% do total do activo, em países de elevado
risco cujas autoridades cambiais impõem fortes restrições a
transferência de capitais. A Empresa não nos forneceu, nem tivemos
oportunidade de obter, qualquer informação fidedigna sobre a
recuperabilidade de tais investimentos.
Escusa de Opinião
9. Dada a relevância e significado dos efeitos das situações descritas
nos parágrafos 5 a 8 acima, não estamos em condições de expressar,
e não expressamos, uma opinião sobre as referidas demonstrações
financeiras.

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 84


---- (Data)
----(Assinatura)
----(Nome)

Desacordo
Os auditores podem discordar das demonstrações financeiras
preparadas pela empresa, em todo, ou em parte, pelas seguintes
razões:
- Quando as demonstrações financeiras apresentem, na sua forma ou
no seu conteúdo, distorções materialmente relevantes;
- Quando existem incertezas fundamentais que não se encontrem
adequadamente divulgadas nas demonstrações financeiras;
- Quando não há derrogação de princípios contabilísticos ou
alterações de políticas contabilísticas que não merecem o acordo do
auditor/revisor ou não se encontrem justificadas e adequadamente
divulgadas.
Na prática, o auditor vai tomar todas as medidas que considere
adequadas para ultrapassar esses desacordos, persuadindo o órgão
de gestão a efectuar os ajustamentos ou as divulgações necessárias.
No entanto, a apresentação verdadeira e apropriada das
demonstrações financeiras não deixa de ser um assunto de
julgamento, pelo que poderão existir divergências entre o órgão de
gestão e o auditor. As divergências quer individuais, quer agregadas,
que não ultrapassem a materialidade definida não devem ser objecto
de menção na CLC.
Quando existem reservas por desacordo o parágrafo da opinião é
alterado da seguinte forma:

Opinião

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 85


9. Em nossa opinião, excepto quanto aos efeitos das situações
descritas nos parágrafos n---(indicar os parágrafos pertinentes
incluídos nas Reservas) acima, as referidas demonstrações
financeiras apresentam ---“

Quando os efeitos do desacordo são tão profundos e significativos e


afetam de tal modo as demonstrações financeiras que estas induzem
em erros os seus utilizadores, o revisor/auditor emite uma opinião
adversa. Nestes casos, o parágrafo da opinião tem a seguinte
redação:

Opinião
9. Em nossa opinião, e dada a relevância e significado dos efeitos das
situações descritas nos parágrafos n--- (indicar os parágrafos
pertinentes incluídos na Reservas) acima, as referidas demonstrações
financeiras não apresentam---“

4.2.3. Declaração de impossibilidade de opinião


O auditor não está em condições de emitir um relatório de
auditoria quando se lhe deparam situações de inexistência ou
significativa insuficiência ou ocultação de matéria de apreciação;
nestes casos o relatório será substituído por uma declaração de
impossibilidade de opinião.

Declaração de impossibilidade de certificação


(Legal) das Contas
Não pudemos examinar as demonstrações financeiras de ---
(denominação da entidade) do exercício findo em --- (data) em
conformidade com as Normas Técnicas e as Directrizes de
Revisão/Auditoria da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, por ---
(indicar as razões, por exemplo, não ter sido facultado o acesso aos
documentos de suporte, não terem sido preparadas as referidas
demonstrações, etc.).
Nestas condições, não podemos emitir a Certificação (Legal) das
contas.
--- (Data)

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 86


--- (Assinatura)
--- (Nome)

4.2.4. Exame simplificado


O objectivo do exame simplificado às demonstrações financeiras
é o de obter um nível de segurança moderado que habilite o auditor a
declarar que nada chegou ao seu conhecimento que o leve a crer que
as demonstrações financeiras não estão preparadas, em todos os
aspectos materialmente relevantes, de acordo com o referencial
adoptado (declaração expressa pela negativa).
No âmbito do seu trabalho o auditor executa um conjunto de
procedimentos que, não proporcionando toda a prova que seria
necessária para uma auditoria, permitem obter prova considerada
apropriada e suficiente para atingir o objectivo do exame
simplificado.
Os procedimentos de auditoria num exame simplificado são
bastante menores do que os procedimentos requeridos numa
auditoria. Ao realizar um exame simplificado o auditor deve obter um
conhecimento geral da empresa: características operacionais, tipos
de transacções, activos, passivos, tipos de produtos e serviços,
localização da empresa e das suas unidades operacionais, bem como
entidades com as quais existem relações especiais.
Podemos elencar, entre outros, os seguintes procedimentos a
executar durante um exame simplificado:
 Ler as actas da assembleia-geral, do órgão de gestão e de
outros órgãos ou comissões relevantes, afim de identificar
matérias que possam ser importantes para o exame
simplificado e indagar se quaisquer deliberações que afectem as
demosntrações financeiras foram nestas apropriadamente
refletidas;
 Inquerir se as demonstrações financeiras foram preparadas de
acordo com os princípios contabilísticos geralmente aceites;
 Inquirir sobre mudanças na actividade da empresa, nas práticas
contabilísticas, na adopção dos princípios contabilísticos, bem
como eventos subsequentes que possam ter um efeito material
nas demonstrações financeiras;
 Obter o balancete final e verificar se está, ou não, de acordo
com o razão geral e as demonstrações financeiras;

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 87


 Efectuar procedimentos analíticos básicos, como é o caso de
comparar as demonstrações financeiras do exercício com as de
exercícios anteriores, bem como com documentos previsionais;
 Obter explicações do órgão de gestão quanto a quais quer
flutuações não usuais ou inconsistentes nas demonstrações
financeiras;
 Analisar as demonstrações financeiras para verificar se estas
foram preparadas de acordo com os princípios contabilísticos.

Relatório de exame simplificado

Aos

Sócios/Acionistas

de ---(a)

Introdução

1. Procedemos ao exame simplificado das demonstrações financeiras


de --- (a), do exercício (b) findo em --- (c), as quais compreendem o
Balanço (que evidencia um total de --- kwanzas em um total de
capital próprio (d) de --- kwanzas, incluindo um resultado líquido (d)
de --- kwanzas), as demonstrações dos resultados por naturezas, a
Demonstração de alterações de capital próprio, e a Demonstração de
fluxos de caixa do exercício findo naquela data, e os correspondentes
Anexos (e).

Responsabilidades

2. É da responsabilidade de --- (f) a preparação de demonstrações


financeiras que apresentem de forma verdadeira e apropriada a

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 88


posição financeira, o resultado das operações, as alterações do
capital próprio e os fluxos de caixa (se aplicável) da Empresa, bem
como a adopção de políticas e critérios contabilísticos adequados e a
manutenção de um sistema de controlo interno apropriado.

3. A nossa responsabilidade consiste em emitir um relatório com base


no nosso exame simplificado daquelas demonstrações financeiras.

Âmbito
4. O exame a que procedemos foi efectuado de acordo com as
Normas Técnicas e as Directrizes de Revisão/Auditoria da Ordem dos
Revisores Oficiais de Contas, as quais exigem que o mesmo seja
planeado e executado com o objectivo de obter um grau de
segurança aceitável sobre se as demonstrações financeiras estão
isentas de distorções materialmente relevantes.
5. O nosso trabalho constitui:
a) Principalmente, em indignações e procedimentos analíticos
destinados a apreciar:
- a fiabilidade das asserções constantes da informação financeira;
- a adequação das políticas contabilísticas adoptadas, tendo em conta
as circunstancia e a consistência da sua aplicação;
- aplicação ou não, do princípio da continuidade; e
- a apresentação da informação financeiras;
b) em testes substantivos às transacções não usuais de grandes
significado e àquelas em que tenham sido obtidas informações
contraditórias (se aplicável).
6. Um exame simplificado proporciona, por conseguinte, menos
segurança do que uma revisão/auditoria e, consequentemente, não
estamos em condições de expressar uma opinião de
revisão/auditoria.
Reserva (se aplicável)
7. (Descrição das reservas)
Parecer
8. Com base no trabalho efectuado, o qual foi executado tendo em
vista a obtenção de um nível de segurança moderado, nada chegou
ao nosso conhecimento que nos leva a concluir que as referidas

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 89


demonstrações financeiras do exercício (b) findo em --- (c) não
estejam isentas de distorções materialmente relevantes que afetem a
sua conformidade com os princípios contabilísticos --- (g)
Ênfases (se aplicável)
9. (Descrição das ênfases)
--- (Data)
--- (Assinatura)
--- (Nome)
Legendas:

(a) Denominação da entidade


(b) Substituir por “periodo de --- meses”, no caso de
demonstrações financeiras intercalares.
(c)Data a que se referem as demonstrações financeiras.
(d) Quando negativo, acrescentar: “negativo”.
(e) Eliminar a referencia às demonstrações financeiras que
eventualmente não tenham sido preparadas.
(f) Identificar o órgão de gestão.
(g) Indicar, consoante o aplicável: “…geralmente”

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 90


CAPÍTULO 5: CONTROLO INTERNO

5.1. DEFINIÇÕES DE CONTROLO INTERNO

O controlo interno representa em uma organização os procedimentos,


métodos ou rotinas cujos objectivos são proteger os activos, produzir
os dados contabilísticos confiáveis e ajudar a administração na
condução ordenada dos negócios da empresa.

Controle interno é o plano da organização e todos os métodos e


medidas coordenados, adotados dentro da empresa para
salvaguardar seus ativos, verificar a adequação e confiabilidade de
seus dados contábeis, promover a eficiência operacional e fomentar o
respeito e obediência às políticas administrativas fixadas pela gestão.

É um conjunto de normas, procedimentos, instrumentos e acções


adoptadas de forma sistemática pelas empresas, que devem estar em
constante evolução, assegurando o atingimento de resultados
conforme objetivos preestabelecidos, protegendo o patrimônio e
garantindo transparência às operações. Esse conjunto deve garantir a
eficiência operacional e permitir a melhoria dos processos

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 91


empresariais e seus resultados. Para que colabore com a permanente
adaptação das empresas ao ambiente.

O controlo interno compreende um plano de organização e de


coordenação de todos os métodos e medidas adoptadas num negócio
a fim de garantir a salvaguarda de activos, verificar a adequação e a
confiabilidade dos dados contabilísticos, promover a eficiência
operacional e encorajar a adesão às políticas estabelecidas pela
gestão, (Morais & Martins, 2013, p. 28).

De acordo com Inácio (2014), a implementação de um sistema de


controlo interno permite proporcionar uma segurança razoável acerca
da consecução dos objectivos de uma entidade com respeito a:

❑ fiabilidade do relato;

❑ eficácia e eficiência das operações;

❑ cumprimento com leis e regulamentos aplicáveis.

OLIVEIRA e FILHO (2001, p. 137 e 138) Afirmam que:

O controlo interno é composto pelos planos de organização e pela


coordenação dos métodos e medidas implantados pela empresa para
proteger seu patrimônio, seus recursos líquidos e operacionais, por
meio de atividades de fiscalização e verificação da fidedignidade dos
administradores e da exactidão dos processos de manipulação de
dados contábeis, promovendo, desta forma, a eficiência operacional e
a adesão às políticas e estratégias traçadas pela alta gestão.

Portanto, o controle tem significado e relevância somente quando é


concebido para garantir o cumprimento de um objectivo definido,
quer seja administrativo ou gerencial. Dessa forma, o controle não é
algo sem face ou sem forma, mas um dado físico que avalia uma
função observável.

A administração da empresa é responsável pelo estabelecimento do


sistema de controle interno, pela verificação de seu cumprimento

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 92


pelos funcionários e pela sua modificação, visando adaptá-lo às novas
circunstâncias.

Definição de CONTROLE INTERNO

O controle interno é uma actividade de supervisão e regularização de


processos, revisando todas as etapas e planos de ações empresariais.

Controle interno é a expressão utilizada para descrever todas as


medidas tomadas pela administração de empresas para dirigir,
preparar, produzir e controlar seus negócios, atividades, relatórios e
empregados. (PAGLIATO, 2011, p. 95)

Podemos dizer que o controle interno é a “ferramenta” utilizada para


manter, controlar e supervisionar as atividades empresariais, tanto
no plano empresarial quanto nas normas e princípios contábeis
podendo ser: contábil na proteção patrimonial e/ou administrativa na
eficiência operacional, quanto maior se torna a empresa, mais
complexa será a estrutura organizacional necessária para controlar as
operações de forma eficiente, se fazendo relevante a criação de
relatórios, indicadores e análises consistentes, os quais darão ao
administrador uma visão geral dos processos da empresa, facilitando,
assim, a tomada de decisão por parte dos mesmos. É importante que
haja um controle sobre todas as áreas, uma divisão nos processos e
pessoas qualificadas para diminuir a vulnerabilidade dos erros.

Tipos de Controlo Interno

De acordo com Morais & Martins (2013, p. 32), “qualquer sistema de


controlo interno deve incluir os controlos adequados, podendo
classificar-se em”:

❑ preventivos – servem para impedir que factos indesejáveis


ocorram. São considerados controlos à priori, que entram
imediatamente em funcionamento, impedindo que determinados
factos indesejáveis se processem;

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 93


❑ detetivos – servem para detetar ou corrigir factos indesejáveis
que já tenham ocorrido. São considerados controlos à posteriori;

❑ diretivos ou orientativos - servem para provocar ou encorajar a


ocorrência de um facto desejável, isto é, para produzir efeitos
“positivos”, porque as boas orientações previnem que as más
aconteçam;

❑ corretivos - servem para retificar problemas identificados;

❑ compensatórios - servem para compensar eventuais fraquezas


de controlo noutras áreas da entidade.

4.3.2. Métodos de Controlo Interno

Segundo Morais & Martins (2013, p. 34), “existem cinco métodos de


controlo Interno”.

1. Controlos administrativos: exercício de autoridade, estrutura


orgânica, poder de decisão e descrição de tarefas.

2. Controlos operacionais: planeamento, orçamento, contabilização


e sistemas de informação, documentação, autorização, políticas e
procedimentos e métodos.

3. Controlos para a gestão dos recursos humanos: recrutamento


e seleção, orientação, formação, desenvolvimento e supervisão.

4. Controlos de revisão e análise: avaliação do desempenho,


análise interna das operações e programas, revisões externas e
outros.

5. Controlos das instalações e equipamentos: inspeção das


instalações e equipamentos.

4.3.3. Componentes do Controlo Interno – Modelo COSO

Material de Apoio Introdução Auditoria-FEUNIKIVI 2021/2022 Página 94


Com base no modelo do Committee of Sponsoring Organizations
(COSO), o sistema de controlo interno é composto por cinco
componentes interrelacionadas, que derivam da forma como é
efetuada a direção do negócio. Estão integrados no processo de
gestão. As componentes são as que a seguir se enumeram:

1. Ambiente de Controlo – O núcleo do negócio é o pessoal (as


suas qualidades pessoais, incluindo a integridade, os valores éticos e
o profissionalismo) e o ambiente em que trabalha.

2. Avaliação de Riscos – A organização deve ter consciência dos


riscos inerentes com os quais a sua atividade se pode deparar. Terá
que fixar objetivos integrados em atividades de vendas, de produção,
de comercialização, assim como financeiros, entre outro.

3. Atividades de Controlo – Devem estabelecer-se e executar-se


políticas e procedimentos que ajudem na execução dos objetivos da
gestão, minimizando o risco e as atividades de controlo. Assim,
dever-se-á envolver diversos tipos de controlo, tais como os de
prevenção, de detecção, de orientação, de correção, de
compensação, informáticos, etc.

4. Informação e Comunicação – A troca de informação e partilha,


dentro da organização, das atividades ocorridas, permite que todos
os intervenientes identifiquem as suas responsabilidades.

5. Supervisão – Todo o processo de controlo deve ser


supervisionado e, quando necessário e oportuno, dever-se-á
introduzir as alterações necessárias. Desta forma, o sistema pode
reagir agilmente e adaptar-se às circunstâncias.

4.3.4. Fatores que influenciam o Controlo Interno

Para (Morais & Martins, 2013) cada entidade implanta o seu sistema
de controlo interno que deverá ser flexível. O ambiente que se
estabelece dentro da entidade começa com a própria Direção, pois

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esta deve saber transmitir a mensagem de que a integridade e o
controlo efetivo não podem ser postos em causa.

Há três aspetos críticos do controlo interno para se conseguir um bom


ambiente geral:

 a integridade;
 os valores éticos; e
 a competência das pessoas.

Por outro lado, existem requisitos essenciais que influenciam o clima


do controlo interno dentro da entidade:

1. objetivos e planos bem definidos, seguindo a filosofia de gestão;

2. estrutura organizativa sólida (existindo adequada segregação de


funções), facilitando o fluxo da informação, com a estrutura orgânica
adequada para um controlo efetivo;

3. procedimentos efetivos e documentados: controlo das operações


diárias e forma de assumir os riscos, bem como a reação a falhas de
controlo ou fraudes;

4. sistemas de autorização e de registo, definindo os limites da


autoridade e das responsabilidades associadas ao controlo. Deve
ainda estabelecer níveis de relatórios;

5. compromisso de qualidade e de competência, efetuando o


recrutamento com base na competência e na honestidade, e
definindo adequadamente as tarefas, a formação e a supervisão;

6. órgãos de supervisão e de vigilância que orientem e questionem os


responsáveis pelos planos e pela performance;

7. integridade e divulgação de valores éticos, penalizando


comportamentos indevidos após a adequada divulgação do código de
conduta e a reação a comportamentos antiéticos;

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8. incentivos e tentações, incluindo metas realísticas e
incentivadoras, bem como pressões para atuações menos corretas ou
comportamento desonesto;

9. políticas e práticas do pessoal, incluindo planos de sucessão,


avaliações formais e política de remunerações associada ao processo
de avaliação.

4.4. Relação entre o controlo interno e a auditoria

De acordo com Morais & Martins (2013), o controlo tem uma


perspectiva dinâmica e valorizadora na organização, permitindo-lhe
manter o domínio, enquanto que a auditoria avalia o grau de domínio
atingido.

A organização forma um todo – sistemas, funções, operações, ativos


e passivos – que deverá estar sob controlo interno e potencialmente
sujeitos a auditoria.

O Auditor deve ter uma percepção relevante do controlo interno, para


proceder à auditoria.

O Instituto Interno de Auditores (IIA) determina que a atividade de


auditoria interna deve auxiliar a organização a manter controlos
efetivos através da avaliação da sua eficácia e da eficiência e
promover uma melhoria contínua.

A auditoria é uma função de supervisão, isto é, um controlo ex-post,


ao passo que o controlo interno tem caráter preventivo, ou ex-ante.
Não obstante, também pode ter atuação ex-post, mas a sua aplicação
só se justifica pela existência de normas preventivas. Assim, o
controlo interno pertence ao primeiro nível de monitorização e a
auditoria está num patamar superior.

5.6. Comunicação dos Resultados de Auditoria

Os auditores internos devem comunicar os resultados dos trabalhos


de auditorias com oportunidade. As comunicações devem incluir os

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objetivos e o ambiente do trabalho de auditoria, bem como as
conclusões aplicáveis, recomendações e planos de ação.

A comunicação final dos resultados deve, onde apropriado, conter a


opinião geral ou conclusões do auditor interno.

Os auditores internos são incentivados a reconhecer o desempenho


satisfatório nas comunicações de resultados. Ao divulgar os
resultados de trabalhos de auditoria para terceiros, fora da
organização, a comunicação deve conter limitações sobre a
distribuição e o uso dos resultados do trabalho.

A comunicação sobre o progresso e os resultados de um trabalho de


consultoria irão variar em forma e conteúdo, dependendo da natureza
do trabalho e das necessidades do cliente.

As comunicações devem ser precisas, objetivas, claras, concisas,


construtivas, completas e oportunas.

Se uma comunicação final contiver erro significativo ou omissão, o


diretor executivo de auditoria deve comunicar a informação correta a
todas as pessoas que tenham recebido a comunicação original.

Quando a falta de conformidade das Normas tiver impacto em um


trabalho de auditoria específico, a comunicação dos resultados deve
divulgar:

• Norma (s) cuja conformidade total não foi atingida,

• Razão (ões) para a falta de conformidade e

• Impacto da não conformidade sobre o trabalho de auditoria

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CAPÍTULO 6: PRINCIPAIS NORMAS E PROCEDIMENTOS DE
AUDITORIA

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Referencias bibliografia

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COSTA, C. Baptista da, (2010), Auditoria financeira – teoria e prática,


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PAGLIATO, Wagner, Manual de Auditoria – Apresenta as alterações


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ALBUQUERQUE, Frederico de Freitas Tenório. A Auditoria Operacional


e seus
Desafios: Um Estudo a partir da experiência do Tribunal de
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ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria – Um curso completo e
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