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AULA 6

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Profª Lorena Lucena Furtado


CONVERSA INICIAL

Para esta aula, será colocado um tema importante para a gestão financeira
das empresas: Auditoria contábil. Este item tem a sua relevância, uma vez que
vem a ser uma atividade voltada para a acreditação das informações elaboradas
para fins de análise dos usuários e sua consequente tomada de decisão.
Primeiro, será abordada qual filosofia está por trás da atividade realizada
pelo auditor. Existem tipos de auditoria específicos, sendo que o foco desta aula
se concentra na auditoria das demonstrações contábeis. Porém, existem alguns
padrões comuns a todos os tipos de auditoria.
Posteriormente, serão abordadas as questões relativas à ética profissional
e os principais emissores de normas para a concretização do trabalho do
profissional de auditoria. Para entender como é a organização do trabalho de
auditoria, faz-se necessário que primeiro seja elaborado um planejamento
detalhado a fim de que a empresa, também, reconheça como serão realizados os
exames para o julgamento do auditor e seu posterior parecer.
Com o planejamento realizado, o profissional e a gestão tem em mãos os
procedimentos a serem executados a fim de que, também, a entidade entenda
para que serve cada processo e como estes serão documentados.

CONTEXTUALIZANDO

A gestão financeira tem como objetivo realizar atividades relacionadas às


atividades de investimento, a fim de que estes gerem valor para a entidade. Em
cada empresa, é necessário haver controles permanentes para seus processos,
e naquelas de capital aberto, principalmente, há uma necessidade de que os seus
relatórios financeiros sejam auditados a fim de dar confiabilidade ao usuário da
informação.
Ou seja, o problema central das entidades está em garantir a informação,
os seus processos, a sua forma de gestão, a sua tomada de decisão, e assim por
diante para com os investidores e demais interessados. Nesta ótica é que entra o
trabalho da auditoria. Porém, existem características que devem ser observadas
a fim de garantir a atuação de tal profissional nas entidades.
Nesse contexto, perguntas chaves serão colocadas a fim de entender a
auditoria das demonstrações contábeis. Logo, para esta aula serão colocadas as
seguintes perguntas: para que serve a auditoria das demonstrações financeiras?

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Qual o papel da auditoria na gestão da entidade? Como são realizados os
procedimentos de auditoria? Como deve ser a conduta do auditor na execução do
seu trabalho?
Essas são algumas perguntas que entraram no desenvolvimento da aula e
que ajudarão a entender o seu papel perante a gestão das entidades.

TEMA 1 – FUNDAMENTOS DA AUDITORIA

É comum nas empresas, principalmente nas de capital aberto, a presença


dos procedimentos de auditoria a fim de monitorar e identificar possíveis melhorias
nos procedimentos, além de ser uma forma de atestar a veracidade das
informações ali reportadas para aqueles que necessitam de informações sobre os
negócios.
No contexto histórico, a auditoria veio através do crescimento das
empresas que, além de recursos internos, precisavam realizar captações de
valores para seus projetos de investimento junto a investidores externos. Com
isso, a auditoria veio como um meio de dar suporte ao investidor a fim de atestar
se os lucros obtidos eram reais, se as informações relacionadas às
demonstrações financeiras haviam sido elaboradas de maneira transparente e
concisa, entre outras relacionadas a saúde financeira da entidade. De forma geral,
Crepaldi e Crepaldi (2016, p. 08) destacam que a auditoria tem uma filosofia
incorporada em suas ações:

A filosofia da auditoria consiste em avaliar a política de sistema da


empresa, em termos da adequação, comunicação, aceitação, aplicação
e controle, julgar se é necessária na situação, se contribui para atingir os
objetivos da empresa, se permite assegurar a correta utilização dos
recursos da empresa, tanto de natureza financeira como econômica e
humana.

Dessa forma, a importância maior da auditoria para a gestão financeira está


atrelada ao conhecimento a respeito das demonstrações contábeis, sendo este o
foco a ser apresentado. Importante salientar que existem auditores que também
desempenham as suas atividades junto a questões relacionadas a recursos
humanos, operacionais, na fusão ou cisão de empresas, entre outras partes que
também são importantes ao acompanhamento dos procedimentos.
Nas empresas, pode ser identificada a auditoria tanto interna quanto
externa. Na primeira, o seu objetivo está em auxiliar a gestão emitindo pareceres
acerca dos procedimentos relacionados ao controle interno para fins de auxílio à
tomada de decisão da gestão sobre questões operacionais, financeiras, físicas e
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outras. Já a auditoria externa tem por objetivo a emissão de opinião sobre
demonstrações financeiras tendo como base as legislações pertinentes emitidas
pelo Conselho Federal de Contabilidade, Normas Brasileiras de Contabilidade,
padrões internacionais, entre outras fontes.
Para os investidores, ter uma auditoria presente na entidade confere
melhores práticas de elaboração das informações financeiras e operacionais,
além de contribuir com a certificação de que os relatórios apresentados dispõem
de qualidade. Para a empresa, a auditoria é bem vista, uma vez que possibilita a
apuração permanente dos procedimentos internos, conferindo melhorias quando
necessário, apontando falhas que devem ser corrigidas, podendo proteger
também os ativos da entidade (Assaf Neto, 2014).
Essas vantagens são sentidas também pelas entidades tributárias uma vez
que dão maior certeza de que as informações estão livres de erros ou fraudes
advindas da atuação humana.

1.1 Tipos de auditoria

Existem alguns tipos de auditoria que irão depender dos objetivos traçados
pela gestão. Mas, alguns são comuns a qualquer tipo de empresa. De acordo com
Crepaldi e Crepaldi (2016), os mais comuns são:

 Auditoria das demonstrações financeiras: tem por intuito informar aos


interessados se as demonstrações foram elaboradas de acordo com os
critérios legais e de procedimentos, atestando aos usuários a sua opinião
na forma de parecer sobre a veracidade das demonstrações.
 Auditoria de gestão: visa averiguar se a gestão está trabalhando de acordo
com as metas traçadas pela empresa, observando os riscos assumidos
pelo negócio e auxiliando na tomada de decisão.
 Auditoria tributária: com o planejamento tributário em mãos, visa inferir
sobre a eficácia da sua execução.
 Auditoria de sistemas: visa apresentar a qualidade do sistema de dados
utilizados pela entidade, além da segurança para os usuários e das
informações ali elaboradas.
 Auditoria ambiental: visa verificar junto às normas ambientais se a empresa
vem causando danos ou benfeitorias uma vez que a sua operação pede
certo tipo de controle.

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 Auditoria de compliance: neste tipo de auditoria, o intuito está em identificar
se a empresa segue as normas legais referentes ao seu negócio.

Com esses tipos de auditoria, o intuito está em cada vez mais obter o
melhor resultado junto às questões operacionais, financeiras, econômicas,
setoriais, entre outras, reportando aos usuários informações seguras sobre as
práticas presentes nas atividades do negócio.

TEMA 2 – NORMAS RELATIVAS À AUDITORIA

As atividades relativas à auditoria devem ter por base normas específicas


que contribuem desde a conduta ética do auditor, até os procedimentos, testes e
relatórios que serão gerados na consecução de sua atividade.
O trabalho executado por este profissional, apesar da sua necessidade
para a qualidade da gestão, nem sempre é bem absorvido por aqueles que
integram um ambiente corporativo e que deverão apresentar informações quando
o profissional de auditoria assim solicitar. O auditor deve ter uma postura ética a
fim de que seus interesses particulares não interfiram na condução das suas
atividades, fazendo com que existam ao final do trabalho relatórios enviesados
não correspondendo com o que de fato foi encontrado.

2.1 Ética profissional

Para a conduta ética, a Norma Brasileira de Contabilidade colocou que o


auditor independente deve seguir a NBC TA 200 na qual dispõe sobre a condução
das suas atividades e seus objetivos específicos. Especificamente, a norma trata
do ceticismo e julgamento profissional conforme estabelecido abaixo:

O auditor deve planejar e executar a auditoria com ceticismo profissional,


reconhecendo que podem existir circunstâncias que causam distorção
relevante nas demonstrações contábeis.
O auditor deve exercer julgamento profissional ao planejar e executar a
auditoria de demonstrações contábeis.

Logo, o que se espera de tal profissional é uma conduta ética voltada aos
fatos a fim de reconhecer as evidências que ali podem ser encontradas. Além do
mais, o julgamento é um ato necessário para que no seu relatório final seja
apresentada a sua opinião.
Além desses fatores, na NBC TA 200, para a auditoria das demonstrações
contábeis alguns outros atributos devem ser apresentados no que diz respeito a
questão ética do auditor independente e que estão presentes na NBC PA 01:
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 Integridade;
 Objetividade;
 Competência profissional e Zelo;
 Confidencialidade;
 Comportamento profissional.

Quanto à integridade, os profissionais devem ser corretos junto aos seus


relacionamentos com aqueles envolvidos no trabalho, sendo que devem estar
atentos às informações coletadas em suas atividades de maneira que estas não
estejam relacionadas a questões falsas ou de má condução que venham a
prejudicar a sua atuação profissional e o seu julgamento.
A objetividade vem ser a observação quanto a questões que podem alterar
ou prejudicar a sua objetividade em realizar seu trabalho de auditor. Ou seja, deve
apresentar sempre que for constatado comportamento tendencioso, influências
indevidas de pessoas ou informações, ou até mesmo conflito de interesse.
A competência profissional e o zelo pela sua atividade requerem que o
profissional esteja atento à sua atividade de forma a sempre realizar atualizações
técnicas, profissionais e sobre o setor ali auditado. Além de agir de forma a seguir
os procedimentos técnicos e profissionais da atividade.
Os trabalhos de auditoria devem ser confidenciais à medida que a
informação ali julgada seja de natureza sigilosa. Logo, para a divulgação das
informações o profissional deve ter o aval da entidade auditada.
Quanto à competência profissional, a atividade de auditor deve ser
empregada de acordo com as normas e regulamentos pertinentes a profissão, e
não ser realizada através de ações não oportunas e certificadas da profissão,
podendo, dessa forma, haver o descrédito dos relatórios ali gerados.

2.2 Normas gerais aplicadas à auditoria

A base geral para a atuação da auditoria está concentrada nas regras


estabelecidas por órgãos específicos que regulam a atividade e que contribuem
com o entendimento da profissão junto àqueles que necessitam dos serviços a
serem executados.
Existem normas de auditoria e procedimentos de auditoria. As normas são
bases para a consecução dos procedimentos de auditoria. Já os procedimentos
são as ações propriamente ditas. Com as normas de auditoria, além da qualidade
do serviço será oportuno o julgamento do profissional de contabilidade para saber
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se este executou o seu trabalho com integridade, sendo assim refletido nos seus
pareceres e relatórios.
No Brasil, a atividade do auditor independente está diretamente relacionada
com alguns órgãos específicos. É o caso da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), Instituto Brasileiro de Contadores (Ibracon), Conselho Federal de
Contabilidade (CFC) e Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

Figura 01 – Especificação das entidades

Comissão de Valores Mobiliários – tem como objetivo garantir a segurança das relações
entre investidores e empresas que realizam negociações no mercado acionário. Esta
entidade uma vez interessada na certificação dos relatórios emitidos pelas empresas da
bolsa, tem como uma das atividades realizar o credenciamento de auditores independentes.

Instituto Brasileiro de Contadores – se preocupa em dar credibilidade a atuação do


auditor independente e do profissional de contabilidade

Conselho Federal de Contabilidade – órgão que estabelece normas para o profissional


contábil e para aquele que executa trabalhos de auditoria. Também estabelece normas para
a atividade de tais profissões.

Comitê de Pronunciamentos Contábeis – através da união de várias entidades


interessadas na área contábil, realiza a emissão de pronunciamentos técnicos relacionados
a contabilidade e idealizados de acordo com os padrões internacionais.

Cada entidade desta trabalha a fim de garantir o interesse dos investidores


e daqueles que precisam das informações contábeis para a realização da tomada
de decisão. A CVM coloca não só a prioridade em se ter as demonstrações
financeiras daqueles que negociam ações junto ao mercado acionário auditadas,
como certificam quais os auditores podem realizar tal processo. O Instituto
Brasileiro de Contadores, diante da importância do trabalho de auditora para a
contabilidade, certifica a profissão destes. Já o CFC identifica através de
auditorias se as empresas exercem as normas preconizadas para a contabilidade
e para o exercício profissional do contador e do auditor. Por último, o Comitê de
Pronunciamentos Contábeis integra o corpo da auditoria à medida que realiza
emissão de pronunciamentos que são discutidos por profissionais da
contabilidade, do mercado de capitais, entre outros, influenciando observações
dos auditores em relação à qualidade das informações contábeis, a forma de
identificação de contas específicas de receitas, despesas, ativos e passivos.

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A auditoria trabalha de forma a permitir a certificação de tais informações
dando suporte para que as normas aplicadas à auditoria e à contabilidade sejam
de fato executadas pelas empresas

TEMA 3 – PLANEJAMENTO DE AUDITORIA

Para a consecução das atividades de auditoria, além de seguir as normas


e diretrizes relacionadas aos procedimentos de auditoria, a entidade deve
prosseguir elaborando um planejamento detalhado e colocando este como papel
de trabalho. O planejamento tem também por intuito evitar custos indevidos e
estabelecer quais são as metas a serem realizadas no trabalho a ser executado.
O planejamento deve ter por objetivo, de acordo com Almeida (2012, p.
141), atingir os seguintes objetivos:

 adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios


e forma de organização da empresa;
 planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares;
 obter maior cooperação do pessoal da empresa;
 determinar a natureza, amplitude e datas dos testes de auditoria;
 identificar previamente problemas relacionados com contabilidade,
auditoria e impostos.

Todos esses objetivos visam a uma forma de aproveitar da melhor forma


possível o tempo a ser dispendido na auditoria. Deve-se lembrar que as
informações, em geral, dependerão de outras pessoas que fazem parte do corpo
de colaboradores da entidade.
De forma complementar, as atividades relacionadas ao planejamento
consistem em três itens específicos: avaliação dos controles internos, revisão
analítica e análise dos riscos de auditoria.

3.1 Avaliação dos controles internos

O sistema de controle interno da entidade determina os procedimentos ali


adotados para a salvaguarda dos ativos, confiança junto às informações
elaboradas, a política adotada para a gestão da entidade, compliance junto às
normas aplicáveis à entidade, entre outras características relevantes.
Dentro desse sistema é que serão identificados os relatórios contábeis e a
forma de elaboração dos mesmos, no qual o auditor realiza uma análise detalhada
para saber se este tipo de sistema atende de forma eficiente e eficaz a entidade.
Identifica a hierarquia das funções e a quem deve cada responsabilidade dentro
da entidade.
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Toda a atividade do auditor será suportada primeiramente por tal sistema.
Caso não seja seguro, isso colocará em risco a atividade de auditoria e poderá o
profissional se negar a realizar a auditoria.

3.2 Revisão analítica

Após análise do sistema de controle interno, o auditor poderá realizar a


revisão analítica das contas de ativo, passivo, receita e despesa. Para isso, deverá
aprofundar as suas análises nas subcontas integrantes destas, a fim de conciliar
e identificar em quais podem haver falhas, sendo que, com isso, o auditor poderá
melhor direcionar a sua atividade para determinado setor evitando tempos
excessivos em outros que não precisam de exames tão profundos.
De forma geral, a revisão analítica, junto com a análise do sistema de
controle interno, possibilita acompanhar desde a elaboração das informações até
a sua consecução. Depois desta ação, o auditor pode melhor organizar quais
procedimentos serão adotados e junto a quais partes da empresa.

3.3 Análise dos riscos de auditoria

Apesar dos exames detalhados antecederem o relatório final do auditor, o


risco maior está na elaboração de uma opinião inadequada sobre as
demonstrações analisadas. Existem três tipos de riscos:

 Riscos inerentes – é o risco em não ter um controle específico na entidade


que evite ou impeça determinado ato de acontecer;
 Riscos de controle – está atrelado à possibilidade de um erro material sobre
determinada atividade não ser detectado pelo sistema de controle interno;
 Risco de detecção – é o caso de um procedimento não detectar um erro
material que interfira no julgamento do auditor.

Os riscos são inerentes a qualquer atividade. Porém, devem ser estudados


para que seja estabelecida a ação a ser realizada no caso destes riscos
ocorrerem.

TEMA 4 – PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA

Após a realização do planejamento, no qual serão indicados quais


procedimentos serão realizados para o julgamento e parecer final do auditor,

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testes, papéis de trabalho, circularizações, entre outras atividades, serão
executadas.
Segundo Lins (2017, p. 45), “O trabalho do auditor é pautado na
evidenciação, clareza e transparência. Tudo o que seja relatado tem que,
necessariamente, poder ser verificado/rastreado e comprovado”. Logo, as
evidenciações devem ser documentadas para a sua materialização.

4.1 Programa e papéis de trabalho

Os papéis de trabalho nada mais são do que documentos que evidenciam


de forma clara e objetiva as ações ali executadas pelo auditor. Ali estará um
histórico no qual a qualquer momento o auditor poderá verificar em uma revisão a
fim de garantir o seu julgamento.
De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, esses papéis de
trabalho devem ser guardados por um prazo de cinco anos. Além de que tais
papéis de trabalho devem estar dispostos a fim de facilitar o entendimento
posterior daqueles trabalhos referentes a outros auditores. São papéis
importantes para subsidiar o relatório final do auditor.
Já o programa de trabalho é um documento que descreve os
procedimentos mínimos que serão executados pelo auditor responsável. Assim,
quando o auditor for realizar sua atividade em determinada área, terá como indicar
em tal programa se o procedimento delineado foi cumprido. Nesse programa, o
intuito não está em colocar as evidências, e sim os procedimentos.

4.2 Procedimentos de auditoria

Nos procedimentos de auditoria relativos a demonstrações contábeis,


basicamente serão realizados testes relativos a transações e sobre os saldos
encontrados nas contas analisadas.
Nos testes de transações, o auditor deverá efetivar um levantamento de
toda a documentação necessária à sua atividade, fazendo uma seleção posterior
junto aqueles que de fato integrarão a amostra dos documentos pertinentes ao
julgamento de dados. Exemplos desse tipo de procedimento vem a ser a obtenção
das notas fiscais, documentos de recebimento e pagamento, documentos de
tributação, entre outros.
Já nos testes referentes aos saldos de conta, de posse dos documentos de
transações o auditor irá realizar uma conciliação dos saldos apresentados nas

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contas através de exames extra contábeis, como é o caso do inventário de bens
patrimoniais.
Os testes mais usuais da auditoria vêm a ser a circularização e a seleção
aleatória. A circularização consiste no envio de correspondência àqueles que
detêm devidas informações. Podem ser solicitados dados a fornecedores, bancos,
credoras, entre outras entidades.
Pode haver uma circularização positiva ou negativa. Na primeira, o auditor
envia uma correspondência solicitando que o saldo de algum item seja preenchido
em uma ficha específica. Já na negativa, o auditor envia o saldo por escrito no
qual o solicitado deve apenas confirmar. Caso ele não confirme, este saldo
indicado pelo auditor será o considerado para fins de análise.
Quanto a seleção aleatória, o auditor irá trabalhar com uma amostragem
na qual em determinada conta serão apenas vistoriadas algumas subcontas. O
fato é que isto facilita a atividade do auditor. Porém, é importante que haja uma
metodologia adequada para a escolha da amostra a ser estudada.
Importante ressaltar que estes procedimentos visam identificar questões
relativas a erros ou fraudes nos atos realizados pelos colaboradores. Erros não
são intencionais. Resultam apenas de ações humanas sem a devida intenção. Já
na fraude existe a intenção de realizar um ato prejudicial, ou seja, existe a má fé
contextualizada em tal ação.

TEMA 5 – AUDITORIA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Para fins de análise de auditória, existem as seguintes demonstrações a


serem analisadas:

 Balanço Patrimonial;
 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados;
 Demonstração do Resultado do Exercício;
 Demonstração do Fluxo de Caixa;
 Demonstração do Valor Adicionado;
 Notas Explicativas.

Essas demonstrações estão contempladas na Lei 6.404/76 que dispõe


sobre as Sociedades por Ações. Dentro de cada uma dessas demonstrações, o
auditor pode inferir sobre determinadas informações a fim de validar o que foi
apresentado para os usuários. Existem na literatura, além destas, a contabilidade

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da Demonstração das Mutações Patrimoniais, que é facultativa e pode incluir
nesta a Demonstração dos Lucros ou prejuízos Acumulados; e a Demonstração
do Resultado Abrangente.
Abaixo estão determinadas algumas características importantes acerca de
cada demonstração financeira.

5.1.1 Balanço Patrimonial

 Critérios de avaliação dos ativos relativos a instrumentos financeiros,


direitos a receber, entre outros;
 Avaliação dos investimentos em capital de terceiros;
 Critérios de depreciação de bens;
 Direitos em intangível;
 Direitos em bens patrimoniais;
 Critérios de avaliação dos passivos;
 Classificação de ativo e passivos circulantes e não circulantes;
 Análise das contas do patrimônio líquido.

5.1.2 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

 Análise das reversões de lucro;


 Identificação das contas de reservas de capital e de lucros;
 Identificação dos prejuízos;
 Verificação das ações em tesouraria.

5.1.3 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos acumulados

 Saldo das contas do patrimônio líquido do início do período, além das


reversões ocorridas nas contas de reserva;
 Os valores que foram transferidos para as reservas devido ao lucro
incorrido;
 O valor que foi incorporado ao capital da entidade advindo do lucro;
 Saldo final do patrimônio líquido da entidade.

5.1.4 Demonstração do Resultado do Exercício

 Análise dos resultados do exercício;

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 Identificação dos tributos nos períodos;
 Observação quanto as despesas operacionais e não operacionais;
 Participações no período.

5.1.5 Demonstração do Resultado Abrangente

 Registro dos ganhos e perdas;


 Alterações no patrimônio líquido.

5.1.6 Demonstração do Fluxo de caixa

 Caixa advindo das operações, financiamentos e investimentos;


 Capacidade da empresa em geral recursos para os negócios.

5.1.7 Demonstração do Valor Adicionado

 De onde vieram os recursos da atividade dos negócios;


 Destinação dos valores advindos da empresa.

5.1.8 Notas Explicativas

 Informações complementares sobre a elaboração das demonstrações


contábeis;
 Apresentar informações adicionais não visualizadas nas demonstrações.

Logo o que se observa é que cada demonstração desta quer destacar um


item específico relativo aos ativos da empresa, obrigações, saldos de caixa,
saldos do patrimônio líquido, entre outros. Elas podem ser analisadas pela
auditoria de forma separada, mas podem se complementar dependendo da
necessidade de maiores informações.
Por exemplo, o auditor pode em um primeiro momento identificar os valores
do ativo circulante, e em um segundo momento querer observar tais saldos junto
à Demonstração do Fluxo de Caixa que identifica de forma detalhada as entradas
e saídas dos disponíveis e valores monetários da empresa. Ou ainda, o auditor
pode querer inferir se as informações sobre as receitas foram incorporadas de
forma certa nas contas de caixa e clientes a receber. Dessa forma, as
demonstrações financeiras servem para atender necessidades específicas da
gestão e da auditoria.

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5.2 Testes e evidenciações nas demonstrações

Utilizando tais demonstrações, o auditor poderá realizar algumas


avaliações relativas a contas específicas e fim de validar a demonstração
apresentada.
Nas contas de valores disponíveis, o auditor confere valores atribuídos na
conta caixa, bancos, investimentos financeiros em curto prazo, clientes, valores
pagos antecipadamente, entre outros.
Na conta caixa, é comum à sua análise uma vez que as transações sempre
acabarão em caixa. Logo, importa verificar as entradas e saídas a fim de identificar
a veracidade do saldo disponível. O que importa é que todas as transações sejam
baseadas em autorizações prévias.
Na conta clientes o que deve ser observado é se os valores ali
contabilizados são provenientes de transações realizadas com clientes ligados à
atividade fim da empresa. O registro nessa conta deve seguir o que realmente foi
previsto, sem matéria estranha.
Quanto aos estoques, o que deve haver nesta conta são produtos
destinados à venda ou que ainda estão em processo de elaboração. Se a empresa
tiver adquirido determinado terreno para o seu uso, o mesmo deverá estar
registrado na conta de imobilizado. Caso a empresa opte em vender, aí poderá
ser destinado à conta de estoque. Mas deve haver cuidado com tal destinação em
virtude de questões legais. Vale identificar através de um exame físico se o que
está contabilizado encontra-se realmente de forma material no estoque da
empresa.
Quanto as obrigações, destaque para a conta de obrigações junto a
fornecedores, por exemplo, que estabelecem uma relação direta com a conta de
estoque. Atenção especial a questão dos tributos Imposto sobre Produto
Industrializado (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadoria (ICMS) que devem
ser contabilizados na venda como “a recolher” e na compra de mercadoria para
elaboração do produto fim como “a recuperar”.
Também o auditor pode estar focando nas questões relativas aos salários
e encargos que por direito a empresa deve pagar. Isso demanda uma certa
observação especial junto às normas legais. Sem esquecer que uma análise do
registro de entrada e saída dos empregados pode ser mais uma materialização
para o julgamento do auditor no caso de tal conta.

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Quanto a conta de empréstimos, identificações em caso de sua realização
junto a moeda estrangeira devem configurar no balanço na moeda corrente do
país. Identifica-se neste item os contratos para ver se os valores de juros estão
sendo pagos de forma correta, a fim de impedir que ocorra, por exemplo, uma
duplicação de pagamentos caso o contrato já tenha sido finalizado.

FINALIZANDO

O intuito desta aula foi demonstrar principalmente para que serve a auditoria
das informações financeiras não só para o gestor, mas também para aqueles que
necessitam analisar os relatórios emitidos pela entidade de cunho contábil a fim de
que se reconheça o histórico e o desenvolvimento da empresa em determinados
períodos.
A auditoria deve trabalhar de forma organizada e para que as suas ações
sejam válidas, conta com procedimentos e também normas legais relacionadas a
sua conduta e a sua atuação.
Seus procedimentos darão suporte para o seu julgamento, extremamente
necessário e devem estar livre de vieses que podem interferir no seu parecer final
com a devida opinião emitida. Logo, sua conduta deve ser integra e independente.
Especificamente para a realização da auditoria de demonstrações
contábeis, o auditor pode contar com aquelas entidades que visam a dar suporte
a empresa e ao usuário, bem como conta com as normas relacionadas a
contabilidade.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 8 ed. São Paulo:


Atlas, 2012.

CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Auditoria contábil: teoria e prática. 10. ed.


São Paulo: Atlas, 2016.

LINS, L. S. Auditoria: uma abordagem prática com ênfase na auditoria externa.


4. ed. São Paulo: Atlas, 2017.

CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TA 200. Objetivos gerais da


auditoria independente. Brasília, 2009.

_____. NBC PA 01. Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e


Físicas) de Auditores Independentes. Brasília, 2009.

PEREZ JUNIOR, J. H. Auditoria de demonstrações contábeis. 11. ed. São


Paulo: Atlas, 2015.

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