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CONTABILIDADE DAS

ORGANIZAÇÕES
AULA 3

Prof. André Júnior de Oliveira


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, falaremos sobre o plano de contas, um assunto muito


importante, afinal, para tudo o que queiramos fazer, tanto no plano pessoal como
profissional, precisamos de planejamento. Na contabilidade não é diferente, e é
aí que entra o papel do plano de contas, uma ferramenta que contém códigos e
classificações usados para o registro das entradas e saídas financeiras de uma
empresa. Esses códigos, chamados de contas, são categorizados em grupos,
servindo de base para estruturar os relatórios contábeis das organizações, como
o seu balanço patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

CONTEXTUALIZANDO

O primeiro passo para a contabilização das empresas é a configuração do


plano de contas, pois a gestão precisa estabelecer quais contas farão parte do
sistema de contabilidade. Por meio das contas elencadas no plano de contas, as
empresas têm condições de saber de onde vem (receitas, origens de recursos)
e para onde vai o seu dinheiro (despesas, aplicação de recursos). Para tanto, a
estrutura do plano de contas precisa ser atual e conveniente, de acordo com a
realidade das operações da organização.
O plano de contas dá direcionamento aos trabalhos contábeis executados
nas empresas, servindo de modelo para a confecção das demonstrações
financeiras. Ele organiza as finanças da entidade e segrega as despesas,
receitas, ativos e passivos, com a finalidade de proporcionar aos usuários destas
informações uma maior e melhor compreensão da saúde financeira da empresa.
O plano de contas é flexível, uma vez que pode ser adaptado a qualquer
hora, a fim de atender às necessidades da organização. Isso significa que as
contas podem ser adicionadas contas de acordo com as exigências, contudo, as
contas que um dia foram criadas podem mudar de nomenclatura, mas não
podem ser excluídas, visto que já possuem registros anteriores.

TEMA 1 – PLANO DE CONTAS: OBJETIVO E AGRUPAMENTOS

O plano de contas pode ser definido como o conjunto de contas,


previamente estabelecido, com a finalidade de nortear os trabalhos contábeis de
registro dos fatos e atos inerentes à entidade, servindo de parâmetro para a
elaboração das demonstrações contábeis. É importante salientar que a
montagem do plano de contas deve ser feita de forma personalizada, de acordo
com a necessidade e realidade de cada empresa, uma vez que os usuários das
informações podem precisar de detalhamentos específicos. Se o modelo de
plano de contas for geral, ele não pode atender às necessidades dos usuários.
O plano de contas busca, então, estabelecer normas de conduta para o
registro de operações da organização, e, na sua montagem, ele deve:

• atender às necessidades de informação da administração da empresa;


• ser elaborado de acordo com formato compatível com as normas legais
de elaboração do balanço patrimonial e demais demonstrações contábeis,
especificamente aos princípios de contabilidade;
• adaptar-se tanto quanto possível às exigências dos agentes externos,
principalmente às da legislação do imposto de renda.

O plano de contas pode ser entendido como um elenco de contas, ou


conjunto de normas, no qual devem fazer parte as descrições de funcionamento
de cada conta, ou seja, deve estar sempre acompanhado de um manual, com
comentários e indicações acerca da aplicação e do uso de cada uma das contas.
O plano de contas deve estar estruturado de acordo com o conceito legal
da Lei 6.404/1976 (artigos 176-182 e 187), sendo composto da seguinte forma
no tocante ao balanço patrimonial:

Ativo Passivo

Circulante Circulante
Não circulante Não circulante
Realizável a longo prazo Patrimônio líquido
Investimentos
Imobilizado
Intangível

Conforme mencionado anteriormente, cada conta é um elemento, e o


patrimônio é composto por estes elementos. Cada inclusão ou alteração é feita
por meio das contas e tem por objetivo registrar as movimentações patrimoniais.
Dessa forma, é possível expor bens, direitos, obrigações, fazer o lançamento
das receitas e das despesas, de forma que os resultados sejam apurados
mediante o confronto destas, decorrentes das atividades da empresa.
Ao estruturar um plano de contas, deve ser observado que: a) as
necessidades das empresas são diferentes, então, um plano de contas
elaborado para a empresa A pode não ser útil para a empresa B; b) o ponto
inicial para a elaboração do plano de contas é a movimentação da empresa,
assim, o papel do contador é de monitorar e ser uma peça consultiva; c) a
classificação deve partir do geral para o específico, dessa forma, existirá um
grupo de contas, um subgrupo, e, neste subgrupo, as contas que são passiveis
de lançamentos; d) a nomenclatura de cada conta deve ser de rápida
identificação para os usuários deste plano de conta e para os que forem utilizar
essa informação contábil.
O plano de contas pode ser entendido também como o agrupamento
ordenado de todas as contas utilizadas pela contabilidade dentro das empresas,
isto é, as contas de ativo, passivo, receita e despesas.
Para classificar os ativos e passivos em um plano de contas contábil, é
preciso saber quais são os códigos referentes à classe deles. O plano de contas
é dividido em grupos, subgrupos e contas, conforme o exemplo a seguir:

• 1º dígito – classe (1 – ativo);


• 2º dígito – grupo (1.1 – ativo circulante);
• 3º dígito – subgrupo (1.1.1 – disponível);
• 4º dígito – conta (1.1.1.01 – caixas e equivalentes de caixa);
• 5º dígito – subconta (1.1.1.01.001 – caixa).

No geral, as contas são classificadas da seguinte forma: o classificador 1


para o grupo do ativo; 2 para o grupo do passivo; 3 para as despesas e custos;
4 para as receitas; e 5 para as contas de compensação.
Veja a seguir algumas classificações presentes nos planos de contas:

1. Ativo:

• circulante;
• disponível;
• aplicações financeiras.

2. Passivo:

• circulante;
• não circulante;
• patrimônio líquido.
3. Despesas:

• custos diretos de produção;


• despesas operacionais;
• outras despesas.

4. Receitas:

• receita bruta de vendas e serviços;


• dedução de receita bruta de vendas e serviços;
• receita operacional;
• receita de participações societárias;
• outras receitas.

5. Contas de compensação

TEMA 2 – RAZONETES

Razonete é uma versão simplificada ou até mesmo uma forma didática do


livro Razão, fundamental ao processo de escrituração contábil, sendo exigido
pela legislação brasileira para empresas enquadradas no regime tributário lucro
real. O razonete também pode ser chamado de gráfico ou conta em T, sendo
bastante utilizado pelos contadores, pois é por meio dele que são feitos os
registros de forma individual por conta.
O razonete foi criado com a finalidade de ajudar no entendimento da
mecânica dos lançamentos contábeis. O controle individualizado das contas é
importante para se conhecer os saldos, de forma a possibilitar a apuração dos
resultados e a elaboração de demonstrações contábeis, como o balancete de
verificação do razão e do balanço patrimonial.

Figura 1 – Razonete

Fonte: Oliveira, 2019.


Para creditarmos ou debitarmos, devemos saber de que tipo de venda ou
compra se trata. Em uma compra a prazo de mercadorias, no valor de R$
10.000,00, com 12% de ICMS, por exemplo, teremos os seguintes razonetes:

ICMS a recuperar
R$ 1.200,00

Fornecedores
R$ 10.000,00

Estoques
R$ 8.800,00

Conforme podemos observar nos lançamentos efetuados, para cada


conta do balanço patrimonial utiliza-se um razonete e, nele, realiza-se a
movimentação. De um lado, registram-se os aumentos e de outros as
diminuições. Como saber em que lado colocar o acréscimo ou decréscimo? Tudo
dependerá da natureza da conta, se esta pertence ao grupo do ativo, passivo,
receita, despesa ou patrimônio líquido. Por exemplo, se a conta a ser utilizada
for de ativo, os aumentos serão registrados no lado esquerdo do razonete e as
diminuições do lado direito. Contudo, se a conta for de passivo ou PL, os lados
serão invertidos: os aumentos serão registrados no lado direito do razonete e as
diminuições no lado esquerdo.
A importância dos razonetes na atualidade é didática, sendo amplamente
utilizados para o auxílio na compreensão de como as operações de uma
empresa são processadas pela contabilidade. Na realidade prática, a fonte dos
dados para a obtenção do balancete, do balanço patrimonial ou DRE –
Demonstração do Resultado do Exercício é o livro diário.

TEMA 3 – LANÇAMENTOS DE ABERTURA DE EMPRESA (INTEGRALIZAÇÃO


DE CAPITAL)

A constituição de uma empresa se dá com a abertura de atos constitutivos


junto à Junta Comercial, sendo esta a responsável pelo registro do comércio, ou
nos órgãos responsáveis pelo registro civil das pessoas jurídicas. Contabilmente,
para a abertura da escrita contábil, tem-se os lançamentos de subscrição do
capital e a integralização do capital social da empresa. Esta integralização pode
ser total ou parcial, efetuada em espécie ou bens móveis e imóveis.
Vejamos o seguinte exemplo: a empresa Ciranda Ltda. possui dois sócios,
Alberto e Bertoldo, que, no ato de constituição da referida empresa,
integralizaram a quantia total de R$ 600.000,00, cada um com R$ 300.000,00,
correspondente a 50% do valor total. Dessa forma, na cláusula do contrato social
da empresa Ciranda Ltda. consta o seguinte:
Cláusula QUARTA – O capital social é de R$ 600.000,00 (seiscentos mil
reais), dividido em 600.000 quotas de R$ 1,00 (um real) cada uma, a ser
integralizado da seguinte forma:

• Alberto, 300.000 quotas de R$ 1,00 cada uma, totalizando R$ 300.000,00,


sendo integralizados neste ato em moeda corrente do país.
• Bertoldo, 300.000 quotas de R$ 1,00 cada uma, totalizando R$
300.000,00, sendo que R$ 100.000,00 são integralizados neste ato em
moeda corrente do país e R$ 200.000,00 são integralizados nesta data
por meio de incorporação de imóvel localizado na Rua Paulino Matos, 151,
Centro – Rio Grande, RS, conforme laudo pericial.

Vejamos agora como fica registrada esta integralização do capital social


da empresa Ciranda Ltda.:

• Débito: bancos conta movimento: R$ 400.000,00.


• Débito: imóveis: R$ 200.000,00.
• Crédito: capital social: R$ 600.000,00.
• Histórico: valor integralização do capital social no valor de R$ 600.000,00,
dividido em 600.000 quotas de R$ 1,00 cada uma, conforme contrato
social, registrado junto à Junta Comercial do estado do Rio Grande do Sul,
cabendo 300.000 quotas ao sócio Alberto e 300.000 quotas ao sócio
Bertoldo.

O capital inicial da empresa representa os recursos próprios iniciais, por


onde as atividades começarão, e este será o único capital enquanto não houver
entrada de outros recursos, tais como aqueles advindos de receitas das
atividades desenvolvidas. Este investimento inicial é a composição primária do
patrimônio líquido das organizações.
O capital declarado no contrato social precisa ser integralizado, mediante
depósito de dinheiro em conta da empresa, por meio da transferência de bens
móveis ou imóveis, ou por meio de participação societária em outras empresas.
TEMA 4 – LANÇAMENTO DE AQUISIÇÃO DE IMOBILIZADO

Os ativos nomeados como imobilizados são aqueles bens necessários à


manutenção das atividades da empresa, apresentando-se na forma de bens
tangíveis, como os edifícios, as máquinas, os veículos, entre outros.
No ato de aquisição de cada item considerado imobilizado, é efetuado um
registro no grupo do ativo do balanço patrimonial. Cada conta recebe o registro
do valor de incorporação do bem, assim como dos custos das benfeitorias
realizadas nesses bens ou em bens locados de terceiros ou arrendados.
Os bens de natureza tangível, mesmo que ainda não estejam em
operação, também são classificados no ativo imobilizado, por exemplo, as obras
em andamento, importações em andamento etc.
Os bens classificados como ativo imobilizado são mantidos por uma
empresa para uso na produção ou comercialização de mercadorias e serviços,
locação ou finalidades administrativas. São bens cuja expectativa de vida útil
mínima é de 12 meses e são registrados a valor contábil, sendo este o montante
pelo qual o ativo está registrado na contabilidade.
No ato de aquisição de bens para o ativo imobilizado, são efetuados os
seguintes lançamentos contábeis:

a) Aquisição à vista:

• débito: imobilizado (descrição do bem a ser adquirido);


• crédito: caixa ou banco.

b) Aquisição a prazo:

• débito: imobilizado (descrição do bem a ser adquirido);


• crédito: fornecedores.

c) Aquisição a prazo por meio de financiamento.

Quando acontecer aquisição por meio de financiamento, deve ser


considerado como o valor do bem imobilizado, acrescido de outras despesas,
tais como frete cobrado à parte. As despesas financeiras decorrentes de
empréstimo contraído para a aquisição de bens do ativo imobilizado não devem
fazer parte do valor de aquisição do bem, e sim devem ser lançadas na conta de
despesa financeira da empresa.
Contudo, os encargos financeiros de empréstimos e financiamentos de
terceiros com a finalidade de construir ou montar bens que comporão o ativo
imobilizado devem ser capitalizados até o momento considerado ideal para
operação.
Se a aquisição do bem do ativo imobilizado for contraída, com prazo de
vencimento final após o término do exercício social, as parcelas que vencem em
período posterior ao término do exercício devem ser contabilizadas no passivo
não circulante, e, ao encerramento de cada balanço, cada parcela liquidada deve
ser transferida para o passivo circulante.
Dessa forma, no ato de aquisição do bem, via financiamento:

• débito: imobilizado;
• crédito: empréstimos e financiamentos (passivo circulante/passivo não
circulante.

TEMA 5 – LANÇAMENTO DE DEPRECIAÇÃO

A depreciação refere-se ao encargo que determinados bens sofrem


periodicamente, seja por uso, obsolescência ou desgaste natural. Cada bem tem
uma taxa anual de depreciação, que é fixada em função do prazo de vida útil,
durante o qual este bem possa servir para a empresa detentora dele, ou seja,
durante o período em que se possa esperar sua utilização econômica.
A taxa de depreciação a ser registrada na escrituração contábil da pessoa
jurídica deve ser contabilizada como despesa operacional, mas, em
contrapartida, é registrada no grupo do ativo não circulante, demonstrando assim
a desvalorização do bem – e o valor da depreciação é determinado mediante a
aplicação de uma taxa de depreciação sobre o valor desse bem. A taxa é
determinada por critérios estabelecidos no Pronunciamento Contábil 27 (CPC,
2009), que classifica o imobilizado como sendo um bem palpável, destinado para
o uso de produção ou fornecimento de mercadorias e serviços, para aluguel ou
fins administrativos, devendo ser utilizado por mais de um período.
O valor máximo de depreciação é o valor limite do bem menos o valor
residual. O valor residual pode ser entendido como o valor estimado que a
entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir despesas de venda,
considerando que o bem esteja com tempo de uso e condição esperada para o
fim de sua vida útil.
Você pode estar se perguntando: em que momento os bens começam a
depreciar? No ato de aquisição? Não, o item é considerado depreciável quando
está em condições de operação, ou seja, quando está em uso, e o prazo final
será o dia em que este item for baixado ou transferido. Quando o ativo é
considerado obsoleto, ele continua a ser depreciado, assim como se
determinado bem tiver utilização interrompida temporariamente, ainda assim
continua em depreciação.
A vida útil de determinado bem é estimada de acordo com o seu período
de uso e nível de uso – uma máquina que trabalha 8 horas por dia tem
depreciação menor do que uma máquina que trabalha 12 horas por dia. Contudo,
existem aspectos não controláveis relacionados à vida útil dos bens, tais como
a obsolescência tecnológica, resultante de mudanças ou melhorias na produção,
quando o mercado exige que o produto tenha características que a máquina não
tem condições de atender.
Vejamos o seguinte exemplo:

• Valor do imóvel: R$ 200.000,00.


• Taxa anual de depreciação: 4% ao ano – entende-se que o bem será
depreciado ao longo de 25 anos, ou seja 100% (valor total do imóvel)
dividido por 4% = 25 anos de vida útil estimada.
• Valor da depreciação no ano: R$ 8.000,00 (R$ 200.000 x 4%).
• Valor da depreciação mensal: R$ 666,66 (8000 : 12 meses).

Como seriam os lançamentos desta depreciação? O registro contábil deve


ser efetuado a débito de uma conta de despesa operacional e a crédito em conta
redutora do ativo imobilizado, chamada depreciação acumulada.
Contas redutoras referem-se a contas que, embora sejam classificadas
em determinado grupo patrimonial, ativo ou passivo, têm saldo contrário ao saldo
determinado naquele grupo. Em nosso caso, a conta depreciação acumulada é
classificada no grupo do ativo, mas possui natureza credora, com saldo inverso
à natureza das demais contas de ativo.

• Débito: despesas com depreciação (despesa operacional/conta de


resultado) – R$ 666,66.
• Crédito: depreciação acumulada – imóveis (conta redutora – ativo
imobilizado) – R$ 666,66.
Ao final do lançamento, percebemos que o valor do imóvel não é mais R$
200.000,00, e sim R$ 199.333,33, visto que reduz o valor referente à depreciação
acumulada do mês que contabilizamos. Assim, vejamos como ficariam tais
lançamentos nos razonetes:
Depreciação acumulada

- Saldo Anterior
666,66
666,66 Saldo Final

Despesas com depreciação


Saldo Anterior -
666,66
Saldo Final 666,66

Para melhor demonstração e entendimento dos itens demonstrados,


vejamos o balancete a seguir:

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO
Saldo anterior Débito Crédito Saldo final
ATIVO
Imóveis 0,00 200.000,00 0,00 200.000,00
(-) Depreciação acumulada 0,00 0,00 666,66 (666,66)
-
TOTAL DO ATIVO 0,00 200.000,00 666,66 199.333,33
PASSIVO
Patrimônio Líquido
Capital social 0,00 0,00 200.000,00 200.000,00

TOTAL DO PASSIVO 0,00 0,00 200.000,00 200.000,00


DESPESAS
Despesas administrativas 0,00 666,66 0,00 666,66
Despesa com depreciação 0,00 666,66 0,00 666,66
TOTAL DAS DESPESAS 0,00 666,66 0,00 666,66

Conforme visto no balancete, o valor do imóvel registrado é de R$


200.000,00, mas, considerando o valor referente à depreciação acumulada de
R$ 666,66, o valor do imóvel atualizado é de R$ 199.333,33. Nota-se ainda que,
por se tratar de balancete, o ativo e passivo ainda não batem, pois a diferença é
justamente o valor referente à despesa da depreciação. Para que tais valores
sejam equacionados, o lucro deve ser apurado por meio da Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE).

TROCANDO IDEIAS

Ao longo desta aula percebemos que o papel do contador teve grande


importância no passado, e continua tendo no presente. Por meio do trabalho do
contador, a empresa tem as informações adequadas para a tomada de decisões.
Em notícia veiculada na revista Veja do dia 30/01/2018, profissões da área
administrativa, tais como as funções do contador, tendem a acabar, visto que
“até 2030, as máquinas devem acabar com metade dos trabalhos existentes
hoje”. De acordo com a matéria, o cenário previsto é de grande desemprego,
forçando profissionais a serem mais produtivos. Já em 2012, na revista Exame,
foi publicada uma matéria intitulada: “Tem coisas que só um contador pode fazer
por sua empresa”. Então, de um lado, cientistas preveem um cenário em que a
inteligência artificial tomará conta dos trabalhos existentes, e, do outro, exalta-
se o trabalho dos contadores, dizendo que estes cuidam dos impostos a pagar
e auxiliam nas decisões do negócio, sendo fundamentais às organizações.
Assim, reflita sobre essas duas posições, após a leitura dos artigos
(disponíveis em: <https://exame.abril.com.br/pme/3-coisas-que-so-um-contador-
pode-fazer-por-sua-empresa/> e <http://fliphtml5.com/cegbf/exnu>), acesse o
fórum, por meio do Ambiente Virtual da Aprendizagem (AVA), e discuta com os
colegas acerca da importância do contador nas organizações. Aproveite e
responda às seguintes perguntas: em meio à evolução tecnológica, qual a
importância do contador nas empresas? E qual influência a informação contábil
pode exercer dentro das organizações?

NA PRÁTICA

A empresa Boa Gente S/A apresentava o seguinte balanço patrimonial no


dia 31/12/2017:

BALANÇO PATRIMONIAL – SONARE LTDA


Ativo Passivo
Caixa 250.000,00 ICMS a recolher 12.000,00
ICMS a recuperar 6.000,00
Estoque - Patrimônio líquido
Capital social 200.000,00
Lucro do período 44.000,00
TOTAL DO ATIVO 256.000,00 TOTAL DO PASSIVO 256.000,00

No decorrer do ano de 2018, ocorreram as seguinte situações:

a) aumento de capital social no valor de R$ 100.000,00, no dia 10/02/2018;


b) aquisição de imobilizado (veículo) no valor de R$ 50.000,00, 01/03/2018;

Com base nisso, calcule a depreciação do veículo adquirido, efetuando


os lançamentos no razonete. Por fim, apresente o balanço atualizado e a
Demonstração do Resultado do Exercício:

Solução:

(A) Aumento de capital social no valor de R$ 100.000,00, no dia 10/02/2018:


Caixa Capital Social
S.A. R$ S.A. R$
250.000,00 200.000,00
R$ 100.000,00 R$ 100.000,00
S.F. R$ 350.000,00 S.F.R$
300.000,00

Caixa
Saldo Anterior 250.000,00
(A)100.000,00
Saldo Final 350.000,00

Capital Social

200.000,00 Saldo Anterior


100.000,00 (A)
300.000,00 Saldo final

(B) Aquisição de imobilizado (veículo) no valor de R$ 50.000,00, 01/03/2018:


Imobilizado (veículo) Caixa
S.A. R$ 0,00 S.A.R$ 250.000,00 R$ 50.000,00
R$ 50.000,00 R$ 100.000,00
S.F. R$ 50.000,00 S.F.300.000,00
Imobilizado (veículo)
Saldo Anterior 0,00
(B)50.000,00
Saldo Final 50.000,00

Caixa
Saldo Anterior (S.A.)250.000,00 (B) 50.000,00
100.000,00

Saldo Final 300.000,00

(C) Depreciação do veículo no valor de R$ 50.000,00, 01/03/2018:


Depreciação acumulada Despesa com depreciação
S.A. R$ 0,00 R$ 10.000,00 S.A.0,00
R$ 10.000,00 S.F R$ 10.000,00
S.F.10.000,00

Depreciação acumulada
Saldo Anterior -
10.000
10.000

Despesas com depreciação


Saldo Anterior -
10.000
Saldo Final 10.000

BALANÇO PATRIMONIAL
Saldo anterior Débito Crédito Saldo atual
Caixa 250.000,00 100.000,00 50.000,00 300.000,00
ICMS a recuperar 6.000,00 0,00 0,00 6.000,00
Estoque 0,00 0,00 0,00 0,00
Veículos 0,00 50.000,00 0,00 50.000,00
(-) Depreciação (10.000,00)
acumulada 0,00 0,00 10.000,00
TOTAL DO ATIVO 256.000,00 50.000,00 10.000,00 346.000,00
Passivo
ICMS a recolher 12.000,00 0,00 0.000,00 12.000,00
Patrimônio
Líquido 0
Capital Social 200.000,00 0,00 100.000,00 300.000,00
Lucro do período 0,00 10.000,00 0,00 (10.000,00)
Lucros acumulados 44.000,00 0,00 0,00 44.000,00
TOTAL DO 346.000,00
PASSIVO 256.000,00 0,00 28.000,00

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO


Receita de vendas 0,00
(-) ICMS sobre vendas 0,00
(=) Receita bruta 0,00
(-) Custo sobre mercadorias vendidas 0,00
(=) Lucro bruto 0,00
(-) Despesas operacionais 10.000,00
(=) Lucro operacional (10.000,00)

FINALIZANDO

Os objetivos desta aula foram trazer conceitos importantes acerca do


plano de contas e mostrar que a contabilidade nas organizações somente
acontece devido à sistemática de classificação das contas contidas nele.
Observamos ainda que o plano de contas é previamente estabelecido, sendo o
que orienta os trabalhos de registro de atos e fatos contábeis inerentes à
entidade e servindo de parâmetro para a elaboração das demonstrações
contábeis.
O balanço patrimonial tem origem no plano de contas, ou seja, os grupos
do ativo e do passivo, assim como o patrimônio líquido é composto a partir dos
lançamentos efetuados nas contas constantes do plano de contas. Os
lançamentos iniciais da empresa, que trazem a integralização de capital social,
assim como os lançamentos da aquisição de imobilizado, são demonstrações da
dinâmica existente, no que diz respeito à utilidade do plano de contas para as
organizações.
Já vimos em aulas anteriores que o balanço patrimonial indica equilíbrio
entre as contas, sendo demonstrado pela equação: ativo – passivo = patrimônio
líquido. A equação patrimonial promove o equilíbrio entre as contas do ativo, e
tal equilíbrio deve ser evidenciado em cada lançamento. Como ferramenta
auxiliar neste processo temos o razonete, que serve para demonstrar a
funcionalidade do método das partidas dobradas: do lado esquerdo, lançamos a
débito e, do lado esquerdo, lançamos a crédito.
Por fim, cabe destacar que todo bem tem prazo de vida útil, e como a
contabilidade analisa, registra e evidencia o patrimônio das organizações, esta
desvalorização dos bens do ativo imobilizado é contabilizada de acordo com
prazos determinados pela política da empresa, considerando o laudo de
avaliação que cada bem possui. No Brasil, as empresas observam tais critérios
de acordo com o pronunciamento contábil de número 27, que permite
contabilizar valores de depreciação de acordo com a realidade vivenciada pela
organização.
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. C. Contabilidade intermediária. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

ÁLVARES, D. 3 coisas que só um contador pode fazer por sua empresa. Exame,
2012. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/pme/3-coisas-que-so-um-
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FEA/USP. Contabilidade introdutória. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

FRANCO, H. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

GASPARINI, C. O novo perfil de uma das profissões mais estáveis do Brasil.


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