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Contabilidade financeira
Sumário
CAPÍTULO 2 – Escrituração Contábil.................................................................................05
Introdução.....................................................................................................................05
2.3.1 Postulados.......................................................................................................21
2.3.2 Princípios.........................................................................................................21
Síntese...........................................................................................................................27
Referências Bibliográficas.................................................................................................28
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Capítulo 2 Escrituração Contábil
Introdução
O que você conhece sobre escrituração contábil? E qual a sua finalidade? Pois saiba que, para
administrar um negócio, devem-se manter registros precisos e atualizados sobre as atividades
financeiras, ou seja, sobre a contabilidade da sua empresa. A escrituração, portanto, é o registro
do movimento financeiro em um determinado período de tempo. Neste estudo, você verá que
essas informações permitem que o administrador tome decisões corretivas, por exemplo.
Você já imaginou como uma empresa faz para controlar seus estoques? Algumas empresas vare-
jistas, grandes redes de supermercados, possuem milhares de itens no estoque. Qual método é
utilizado para controlar cada item do estoque e saber quando ocorre algum desvio fraudulento
de seus produtos?
Os sistemas informatizados facilitaram muito esse controle; entretanto, não basta ter um sistema
informatizado: é necessário ter um método que atenda às necessidades da empresa, tanto na
área fiscal como na gerencial. Ao longo do capítulo, você estudará também os aspectos relacio-
nados às operações, aos métodos e às transações financeiras.
Bom estudo!
A razão pela qual uma empresa pode escolher um ano fiscal é a possibilidade de selecionar um
mês de término para o ano em que possui um volume de negócios menor, o que torna o processo
de fechamento dos livros um pouco mais fácil. Além disso, se uma empresa tem estoques, teria
um volume menor de itens para fazer seu inventário.
De acordo com o artigo 175 da Lei nº 6.404/1976 para as sociedades por ações e artigo 1.078
do Código Civil para as sociedades limitadas, as empresas podem escolher um ano fiscal dife-
rente do ano civil. Normalmente, a escolha de um ano civil é uma escolha segura.
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Contabilidade financeira
Um talão de cheques, por exemplo, é um método de partidas simples, em que uma entrada é
feita para cada depósito ou cheque emitido. Os recibos são inseridos como um depósito e uma
fonte de receita. Os cheques e saques são contabilizados como despesas. Existem software de
contabilidade e planilhas para fazer isso por você. A ênfase desse sistema é colocada sobre a
determinação do lucro ou perda de um negócio.
Possui esse nome porque cada transação é registrada apenas uma vez como uma receita ou
como uma despesa. Sendo assim, os débitos e créditos não são usados para registrar uma tran-
sação financeira.
O método das partidas dobradas é o sistema padrão usado por empresas e outras organizações
para registrar as transações financeiras. Considerando que todas as transações comerciais con-
sistem em uma troca de uma coisa por outra, o método das partidas dobradas, usando débitos
e créditos, é usado para mostrar esse duplo efeito.
O método das partidas dobradas também tem um contrapeso embutido. Com o uso de débitos
e créditos, o método possui um autoequilíbrio. O total dos valores registrados a débito deve ser
igual ao total de valores registrados a crédito.
Esse método, quando empregado junto com o regime de competência, é um sistema de conta-
bilidade completo e centra-se na demonstração de resultados e balanço patrimonial. É utilizado
pelas empresas do mundo todo para o registro de suas transações financeiras.
• Contas de ativos: são o conjunto de bens e direitos. Exemplos: dinheiro, contas a receber,
suprimentos, equipamentos.
• Contas de passivos: são as obrigações para com terceiros. Exemplos: notas a pagar,
contas a pagar, salários a pagar.
Memorizar a equação contábil simples irá ajudá-lo a aprender as regras de débito e crédito para
informar os valores nos registros contábeis.
Para diminuir um passivo ou patrimônio líquido, você debita a conta, ou seja, entra com o valor
no lado esquerdo.
Tal como acontece com todas as regras, há exceções, mas a referência de Priscila com a equação
de contabilidade pode ajudá-lo a saber se uma conta deve ser debitada ou creditada.
Considerando que muitas transações envolvem dinheiro, Priscila sugere que Paulo memorize como
a conta de caixa é afetada quando a transação envolve dinheiro: se a Lavanderia Lava Bem rece-
be dinheiro, a conta caixa é debitada; quando a Lavanderia Lava Bem paga em dinheiro, a conta
caixa é creditada. Em suma, quando uma empresa recebe dinheiro, a conta caixa é debitada.
De acordo com o método das partidas dobradas, duas (ou mais) contas precisam estar envolvi-
das. Se a primeira conta (caixa) foi debitada, a segunda conta precisa ser creditada. Tudo que
Paulo precisa fazer é encontrar a conta a ser creditada. Nesse caso, a segunda conta é capital
social, que faz parte do patrimônio líquido e está no lado direito da equação contábil. Para au-
mentar o saldo, deverá ser creditada.
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Contabilidade financeira
Caixa R$ 20.000
Capital social R$ 20.000
A primeira conta sempre será a conta a ser debitada. Na linha seguinte, a conta a ser creditada
fica um pouco recuada, e o valor a ser creditado sempre à direita do valor debitado. Este é o
formato de uma partida ou de um lançamento diário.
Com a redução de preços dos computadores e software de contabilidade, dificilmente uma em-
presa de pequeno porte ainda utiliza um sistema manual. O software de contabilidade tornou o
processo das operações de registo muito mais simples. Na verdade, as entradas são muitas vezes
geradas automaticamente quando um cheque ou uma nota fiscal de venda são emitidos.
• Exemplo 2
Priscila ilustra a Paulo uma segunda transação. Em 2 de dezembro, a Lavanderia Lava Bem com-
pra à vista um veículo de entrega usado por R$ 14.000. As duas contas envolvidas são caixa e
veículos (ou veículos de entrega). Quando o cheque é preenchido, o software de contabilidade
fará automaticamente o lançamento em duas contas.
Priscila explica a Paulo o que está acontecendo dentro do software. Com o pagamento de R$
14.000, a conta caixa é creditada. Então, sabe-se que a conta caixa será creditada em R$
14.000 e que a outra conta terá de ser debitada em R$ 14.000. É preciso apenas identificar a
melhor conta de débito. Nesse caso, escolhe-se a conta veículos, e o lançamento é:
Veículos R$ 14.000
Caixa R$ 14.000
A demonstração do patrimônio (chamada de balanço patrimonial) será parecida com esta, repre-
sentada no Quadro 3, após o registro da transação de compra do veículo:
Ativos Passivos
R$ 20.000 = R$ 0 + R$ 20.000
Como você pode ver no balanço, o ativo caixa diminuiu em R$ 14.000, e o ativo veículos aumen-
tou em R$ 14.000. Passivo e patrimônio líquido não estavam envolvidos e não foram alterados.
• Exemplo 3
O terceiro exemplo de operação também ocorre em 2 de dezembro, quando Paulo adquire, por
meio de um corretor de seguros, uma cobertura de seguro para o veículo de entrega que acaba
de adquirir. O agente informa que a cobertura para os próximos 12 meses custará R$ 2.400.
Paulo preenche um cheque de R$ 2.400 para pagar a cobertura do seguro
Usando o método das partidas dobradas, sabe-se que deve haver um mínimo de duas contas
envolvidas e uma (ou mais) das contas deve ser debitada, e uma (ou mais) deve ser creditada.
Sendo o pagamento da cobertura de seguro feito à vista, uma das contas envolvidas é caixa.
Como houve um pagamento, a conta caixa será creditada. Embora ainda não tenha sido identi-
ficada a segunda conta, o que se sabe com certeza é que esta deverá ser debitada.
Nesse momento, tem-se um lançamento de diário, tudo que está faltando é o nome da conta a
ser debitada:
Conta R$ 2.400
Caixa R$ 2.400
Você sabe que a transação envolve seguro, e uma rápida olhada por meio do plano de contas
revela duas possibilidades.
• Os ativos incluem os custos que ainda não expiraram (ainda não foram consumidos),
enquanto as despesas são custos que já expiraram (foram consumidos). Como o pagamento
de R$ 2.400 é um gasto que não irá expirar em sua totalidade dentro do mês em curso,
seria lógico debitar a conta de seguros pré-pagos (no final de cada mês, quando expirar
os R$ 200 que cabem a cada mês, os R$ 200 serão transferidos de seguros pré-pagos
para despesa de seguros).
• Seguros pré-pagos (uma conta de ativo relatada no balanço) e despesas de seguros (uma
conta de despesas relatada na demonstração de resultados).
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Após o registro das três primeiras operações, o balanço patrimonial será parecido com este:
Ativos Passivos
Mais uma vez, o balanço e a equação de contabilidade estão em equilíbrio, e todas as mudanças
ocorreram no lado esquerdo (lado do ativo, lado do débito da equação contábil). O passivo e o
patrimônio líquido não foram afetados pela operação de seguro.
• Exemplo 4
Aqui, a operação ocorre em 3 de dezembro, quando um cliente dá um cheque de R$ 100 para
a Lavanderia Lava Bem pela lavagem de suas roupas. Usando o método das partidas dobradas,
sabe-se que deve haver um mínimo de duas contas envolvidas – uma das contas deve ser debi-
tada, e a outra deve ser creditada.
Como a Lavanderia Lava Bem recebeu R$ 100, deve debitar a conta caixa e também creditar
uma segunda conta por R$ 100. A segunda conta será receitas de serviços, uma conta de re-
sultado. A conta receitas de serviços deve ser creditada porque a Lavanderia Lava Bem precisa
registrar que prestou serviços no valor de R$ 100 (não porque recebeu R$ 100); se não tivesse
recebido pelo serviço, deveria registrar a receita da mesma forma. Não é o recebimento que
configura a receita, mas a prestação do serviço. O registro de receitas deve acontecer quando
ocorrer o fato gerador da receita, ou seja, a prestação do serviço ao cliente, seguindo uma nor-
ma de contabilidade conhecida como reconhecimento de receitas.
Contas de receitas são creditadas quando a empresa ganha uma taxa (ou vende mercadorias),
independentemente se o dinheiro é recebido no momento.
Caixa R$ 100
Receitas de serviços R$ 100
• Exemplo 5
Suponha que, em 3 de dezembro, uma empresa contrata os serviços da Lavanderia Lava Bem
para um lote de roupas ao preço de R$ 500. O cliente diz a Paulo para enviar uma fatura de R$
500, com prazo de pagamento de sete dias.
Identifique as duas contas envolvidas e determine qual conta deve ser debitada e qual deve ser
creditada.
Como a Lavanderia Lava Bem ganhou os serviços, uma das contas será receitas de serviços (se
você observar a natureza das contas de resultado, verá que as contas de receitas geralmente são
creditadas, ou seja, uma segunda conta terá de ser debitada).
Mais uma vez, reportar receitas quando são obtidas resulta da norma de contabilidade denomi-
nada reconhecimento de receitas.
• Exemplo 6
Para simplificar, suponha que a única despesa foi incorrida pela entrega das roupas para uma
pessoa que ajudou Paulo em 3 de dezembro. A taxa de agência de empregos temporários é de
R$ 50 e deverá ser paga até 12 de dezembro.
Se a empresa não pagar em dinheiro imediatamente, você não pode creditar caixa. Se a empre-
sa deve a alguém o valor de um serviço prestado, diz-se que ela tem a obrigação de pagar. A
maioria das contas envolvidas com as obrigações tem a expressão a pagar em seu nome, e uma
das contas usadas com mais frequência é a contas a pagar. Também tenha em mente que as
despesas são quase sempre debitadas.
As contas e os montantes para a ajuda temporária são: as despesas são (quase) sempre debita-
das; as receitas e despesas aparecem na demonstração de resultados, como mostrado a seguir:
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Ativos Passivos
Observe que o lucro líquido do período até a data (última linha da demonstração de resultados)
aumentou o patrimônio líquido no mesmo montante, R$ 450. Essa relação entre a demonstra-
ção de resultados e balanço patrimonial é importante. Por um lado, ela mantém o balanço e
a equação contábil em equilíbrio. Em segundo lugar, demonstra que as receitas aumentam o
patrimônio líquido e as despesas diminuem o patrimônio líquido. Após o fim do ano, quando as
demonstrações contábeis forem elaboradas, você vai ver que as contas de resultado (contas de
receita e contas de despesas) serão encerradas ou zeradas e seus saldos serão transferidos para a
conta de apuração do resultado. Isso significa que as contas de receitas e as contas de despesas
vão começar o novo ano com saldo zero – permitindo que a empresa apure o resultado para o
novo ano e não misture com o resultado do ano anterior.
E após um determinado período, qual é o custo das mercadorias vendidas? Como apurar esse
custo?
Neste tópico, você vai estudar a contabilização dessas operações e verificar como apurar o custo
das mercadorias vendidas no final do período ou durante o período, dependendo do método
utilizado.
Na apresentação do resultado, o custo dos produtos vendidos é subtraído de receitas para che-
gar à margem bruta de um negócio.
• Inventário periódico
No sistema de inventário periódico, o custo das mercadorias vendidas é calculado como estoque
inicial + compras – estoque final. A suposição é de que o resultado, que representa os custos não
localizados no estoque, deve estar relacionado com bens que foram vendidos. Na verdade, esse
cálculo de custo também inclui estoque que ficou obsoleto e foi removido ou inventário que foi
roubado. Assim, o cálculo tende a atribuir outras perdas a bens que foram vendidos e que eram,
na verdade, perdas que se relacionam mais com o exercício atual.
Por exemplo, uma empresa tem R$ 10.000 de estoque disponível no início do mês, gasta R$
25.000 em compras de vários itens de estoque, e tem R$ 8.000 de estoque disponível no final
do mês. Qual foi o seu custo dos produtos vendidos durante o mês? A resposta você confere no
Quadro 11:
Atenção: o custo dos produtos vendidos pode ser alterado de forma fraudulenta por alguns
meios, alterando o lucro relatado, tais como:
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Contabilidade financeira
• Inventário permanente
No sistema de inventário permanente, o custo das mercadorias vendidas é calculado ao mesmo
tempo em que as mercadorias são vendidas aos clientes. Se a contagem de ciclo é usada para
manter altos níveis de precisão de registro, essa abordagem tende a produzir um maior grau de
precisão do que um custo de mercadorias vendidas calculado pelo sistema de inventário periódico.
Exemplo
No dia 3 de dezembro, uma empresa comercial X compra 100 unidades de um produto ao preço
de R$ 10 por unidade, considerando que não tinha nenhum estoque no início de dezembro.
No dia 10 de dezembro, essa empresa compra mais 100 unidades a R$ 11 por unidade.
Pelo método Peps, a ficha de controle de estoques fica conforme você vê no Quadro 12:
110 1.200
Veja que, quando a empresa fez a venda de 90 unidades, foi dada baixa no estoque ao custo
de R$ 10, que foram as primeiras unidades a entrar no estoque, resultando em custo de vendas
menor e maior valor de estoque.
Exemplo
Considerando o mesmo exemplo utilizado para o método Peps, a ficha de controle de estoque
da empresa comercial X ficaria conforme o Quadro 13:
110 1.110
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Contabilidade financeira
Como houve um aumento de preços durante esse curto período, pelo método Ueps, o valor do
estoque será menor e o custo das vendas será maior.
Atenção: esse método não é aceito pela legislação fiscal brasileira, pois a Receita Federal enten-
de que, utilizando-o em uma economia com preços crescentes, as empresas teriam o Imposto de
Renda reduzido, levando para o custo do produto vendido as últimas unidades com valor maior.
Exemplo
Continuando com o mesmo exemplo, para efeito de comparação, utilizando o método da média
ponderada móvel, a ficha de controle de estoque da empresa ficaria conforme o Quadro 14:
110 1.155
Quadro 14 – Ficha de controle de estoque da empresa comercial X pelo método média ponderada.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.
• Custo dos produtos vendidos: o custo dos produtos vendidos durante o período fiscal.
Custo dos produtos vendidos (ou abreviação CPV) ou o custo das mercadorias vendidas
(CMV) está diretamente relacionado com as receitas obtidas com a venda de produtos ou
mercadorias.
O lucro bruto é a diferença entre receitas e custo dos produtos vendidos, também chamado de
resultado com mercadorias:
Lucro líquido (ou perda) é igual à diferença entre lucro bruto e despesas operacionais.
• Sistema de inventário permanente: são efetuadas partidas de diário para cada compra
de estoque ou venda de bens. A quantidade e o custo das compras, dos produtos vendidos
e do estoque são atualizados continuamente.
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Compras
• Custo dos produtos disponíveis para venda = estoques iniciais + compras – devoluções.
• Custo dos produtos vendidos = custo dos produtos disponíveis para venda – estoque final.
Em seguida, você verá a utilização de contas separadas para registrar compras, devoluções e
abatimentos de compras, transporte e desconto de compras.
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No inventário periódico, o CPV ou CMV são apurados no final do período, como já foi visto:
No Brasil, as regras são emitidas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC e regula-
mentadas pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC. Falaremos muito sobre essas normas
ao longo da disciplina. As regras contábeis são continuamente revisadas, estudadas, modificadas
e adicionadas para que se tenham demonstrações contábeis mais consistentes, comparáveis,
significativas e confiáveis.
2.3.1 Postulados
Segundo Araújo e Assaf Neto (2010) e Iudícibus, Martins e Gelbcke (2003), os postulados con-
tábeis são dogmas que não precisam ser demonstrados ou comprovados, pois são verdades ab-
solutas, que definem o ambiente econômico, social e político no qual a contabilidade deve atuar.
Já de acordo com Araújo e Assaf Neto (2010) e Coelho e Lins (2010), a entidade continuará em
operação no futuro previsível. Dessa forma, presume-se que a entidade não tem a intenção nem
a necessidade de interromper os negócios, entrar em liquidação ou reduzir monetariamente a
escala de suas operações.
2.3.2 Princípios
Princípios são as premissas básicas para caracterização dos eventos contáveis. São as regras
básicas necessárias para jogar em contabilidade, dando toda orientação para o funcionamento
do sistema contábil.
• Princípio da entidade
Este conceito exige que as transações de cada negócio sejam contabilizadas separadamente,
inclusive as do proprietário. Transações pessoais e empresariais são mantidas separadas umas
das outras. Isso quer dizer que as operações pessoais dos proprietários e outras pessoas (físicas
ou jurídicas) não são misturadas com as operações da atividade econômica do negócio. Uma
das primeiras recomendações dos contadores para os empresários é que devem ter uma conta
para seus negócios pessoais e não misturar com as contas da empresa, evitando, assim, que se
confunda o patrimônio da sociedade com o patrimônio dos sócios.
• Princípio da continuidade
Este princípio supõe que uma empresa vai continuar a funcionar indefinidamente, sem prazo para
fechar ou ser vendida. Supõe ainda que uma empresa estará em operação por um longo perío-
do de tempo. Partindo desse pressuposto, são utilizados os custos reais para a apresentação de
informações financeiras, em vez de valores de liquidação. Essa suposição deve ser abandonada
quando uma empresa está realmente saindo do negócio.
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Contabilidade financeira
• Princípio da oportunidade
Este princípio refere-se ao processo de mensuração e apresentação das demonstrações contá-
beis, produzindo informações íntegras e tempestivas. Exemplo: o atraso na divulgação do balan-
ço da Petrobras fere o princípio da oportunidade, pois os dados não ficaram à disposição dos
usuários em tempo oportuno para tomar suas decisões.
• Princípio da prudência
Indica que os contadores devem ser prudentes em relação à adoção de valores dos itens patri-
moniais e suas variações, devem adotar o menor valor para os itens do ativo e receitas e o maior
valor para os itens do passivo e despesas, de forma a não superestimar os ativos e receitas e não
subestimar os passivos e despesas. Exemplo: dívida trabalhista na qual a empresa prevê pagar
uma ação entre R$ 3.000 e R$ 6.000, deve registrar na contabilidade o valor maior mesmo que
exista um pouco mais de chance de pagar um valor menor.
• Consistência
Os mesmos métodos de contabilidade devem ser aplicados ao longo dos períodos e, quando
houver necessidade de alterações, estas devem ser justificadas em notas explicativas das demons-
trações contábeis. As alterações nos resultados de um período para outro devem ser o resultado
das operações, não da mudança nos métodos. Exemplo: se uma empresa adota o método Peps
para avaliação de seus estoques, deve continuar adotando em períodos futuros para que as in-
formações de estoques sejam consistentes.
• Comparabilidade
A informação deve ser medida e indicada de forma semelhante por todos os tipos de empresas, o
que permite a comparação das demonstrações financeiras de diferentes entidades (empresas) ou
comparações para a mesma entidade (de negócios) em diferentes períodos. Exemplo: a adoção
das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) torna possível a comparação de demonstra-
ções contábeis de empresas de outros países, pois todas adotam a mesma estrutura conceitual.
• Objetividade
O contador deve sempre fundamentar seus registros em documentos. Entre um valor hipotético
e um valor documentado, deve sempre optar pelo documentado. Exemplo: suponha-se que o
contador, para avaliação de certo bem, disponha de duas fontes: a nota fiscal relativa à compra
do bem e o laudo de um grande especialista em avaliação. O critério objetivo é o valor da nota
fiscal, pela qual deverá nortear seu registro.
• Materialidade
O contador não deve gastar tempo e dinheiro com eventos irrelevantes, mas focar o que é digno
de atenção. Por exemplo, gastos de pequeno valor, como material de escritório, não precisam
ser registrados à medida que ocorrem, as despesas podem ser apuradas no final do período por
diferença de estoque. Exemplo: a rigor, todo consumo de materiais de uma empresa deveria ser
medido para escriturar como despesa somente o que foi consumido em determinado período; no
entanto, determinados itens são de valores irrelevantes (como, por exemplo, material de escritó-
rio), não compensando o seu controle.
• Conservadorismo
As receitas e os ganhos são reconhecidos mais lentamente, e as despesas e perdas são reconhe-
cidas mais rapidamente. Os contadores não gostam de dourar a pílula, ou seja, mostrar resul-
tados dos quais não tenham certeza. Em outras palavras, em caso de dúvida, preferem errar ba-
seados em cautela. Os contadores não querem desinformar os usuários da informação contábil,
mas também não querem ser processados. Exemplo: estando em dúvida diante de dois valores,
igualmente válidos, de dívida da empresa com terceiros, o contador deverá sempre registrar o de
maior valor. Estando em dúvida diante de dois valores, igualmente válidos, de contas a receber,
o contador deverá sempre registrar o de menor valor.
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Contabilidade financeira
Esta é uma decisão importante de um novo negócio, o regime de contabilidade que vai ser usado
para controlar receitas e despesas. Um regime de contabilidade é apenas um conjunto de regras
usadas para determinar quando e como as receitas e despesas são relatadas.
Você se lembra de quando a contadora Priscila explicava a Paulo sobre os pagamentos anteci-
pados? Paulo entendeu como é formado o lucro contábil da empresa e estava disposto a investir
em um sistema de contabilidade que conseguisse demonstrar esse lucro.
Utilizando o regime de caixa, as informações de valores faturados aos clientes de seus produtos
e/ou serviços e não recebidos e os valores faturados pelos fornecedores e não pagos normal-
mente não são registrados e mantidos em “livros”.
Muitas pequenas empresas começam utilizando o regime de caixa em vez do regime de com-
petência. Com o crescimento dos negócios, acabam migrando para o regime de competência.
Pelo regime de competência, as receitas são registradas no período em que são ganhas, inde-
pendentemente do recebimento, e as despesas são registradas no período em que são incorridas
ou consumidas, independentemente do pagamento.
A fim de alcançar esse objetivo, o regime contábil considera a receita ganha quando o produto
e/ou serviço é entregue ou prestado e faturado (cobrado) para os clientes. Da mesma forma, as
despesas são consideradas como incorridas quando o produto e/ou serviço é consumido.
Os valores faturados aos clientes para os produtos e/ou serviços e não recebidos e os valores
faturados pelos fornecedores para seus produtos e/ou serviços e não pagos são registrados e
Fique atento: devido a essa diferença entre o reconhecimento da receita e da despesa e seu efeti-
vo recebimento e pagamento, fluxo de caixa e lucro são coisas diferentes. Quando uma empresa
tem caixa, não significa que teve lucro, e quando uma empresa teve lucro, também não significa
necessariamente que tem caixa.
As seguintes transações comerciais de uma empresa de paisagismo serão utilizadas para ilustrar
o regime de competência e o regime de contabilidade de caixa.
Janeiro/2014: Clientes contrataram seus serviços no valor de R$ 30.000, os serviços foram con-
cluídos em janeiro de 2014.
Janeiro/2014: A empresa recebeu dos clientes R$ 15.000, por conta dos serviços prestados e
concluídos.
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Contabilidade financeira
Alguma dessas conclusões é válida? O mundo “real”, como ilustrado pelo regime de competên-
cia, mostra que o mês de janeiro obteve um grande lucro de R$ 18.000, enquanto fevereiro não
apresentou lucros. O empresário festejou o grande resultado de janeiro, mas, em fevereiro, não
teve nada, ou seja, a empresa precisa ir atrás de novos clientes de paisagismo.
• aprendeu que, quando uma empresa paga alguma coisa em dinheiro, credita-se o caixa
e tem de debitar uma segunda conta;
• entendeu que, quando uma empresa recebe à vista, debita-se caixa e tem de creditar
outra conta;
• viu que as receitas são contabilizadas como receitas de serviços ou de vendas quando o
serviço ou a venda foi realizada, e não quando o dinheiro é recebido;
• viu que as despesas são combinadas com as receitas ou com o período a que se refere a
demonstração de resultados, não no período em que as despesas foram pagas;
• aprendeu que o custo dos produtos vendidos é o total acumulado de todos os custos
utilizados para criar um produto ou serviço, que foi vendido;
• viu que dois métodos de avaliação de estoques são admitidos pela legislação brasileira:
média ponderada móvel e Peps – primeiras unidades a entrar são as primeiras a sair;
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Referências Bibliográficas
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ARAÚJO, A. M. P.; ASSAF NETO, A. Aprendendo Contabilidade. Ribeirão Preto: Inside Books,
2010.
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