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BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
MPF: Eugênio Pacelli e Douglas Fisher
MPRJ: 1ª Fase – Renato Brasileiro; Norberto Avena; Leonardo Barreto (embora posições
minoritárias). 2ª Fase: Afrânio da Silva Jardim.
O acompanhamento dos julgados do STJ, hoje em dia, é mais tranquilo pois quando pensamos
nesses julgados temos os informativos com uma gama de julgados e temos a jurisprudência em
teses sobre diferentes temas, regularmente publicado no STJ.
No STF está mais complicado por conta de uma mudança editorial dentro do próprio
Supremo, pois não tem mais informativos substanciais. Pequena quantidade e com apelo político,
sem muita relevância jurídica para concurso.
Fase objetiva letra de lei, só se afasta se tiver orientação em sentido contrário estampada.
2 temas que serão trabalhos incidentalmente: princípios e nulidades (falará em todas as aulas
mas sempre de maneira integrada aos outros tópicos).
Assim, daríamos ao art. 48, §§2º e 3º da lei 11.343/06 uma interpretação conforme a
constituição. Se disponível estiver o juiz do JECRIM, ato contínuo a lavratura do TCO, seria
encaminhado ao juízo, em não estando o juiz do JECRIM, o delegado lavra o TCO e colhe do
pretenso usuário o compromisso de comparecer ao juízo. Eventual recusa em assumir o
compromisso não interfere em nada.
O art. 307 autoriza o juiz a lavrar o APF – impedido de intervir, atuar na subsequente
persecução penal oriunda desse flagrante por ele próprio lavrado.
Ainda em reforço da inconstitucionalidade da lavratura do TCO pelas polícias, invocar o art.
144, §§1º IV e 4º da CRFB/88 – inconstitucionalidade formal.
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E a guarda municipal? Poderia lavrar TCO ou não? O buraco é mais embaixo e
começa pelo pacto federativo. O art. 24 da CRFB/88 já seria suficiente para afastar.
Além disso, importante lembrar que ao ver do STJ, mesmo atividades de repressão penal só
podem ser realizada pela Guarda Municipal quando em xeque estiverem os bens, interesses listados
no art. 144, §8º da CRFB/88, descartando-se qualquer hipótese de lavratura do APF p.e. imagine
que um Guarda Municipal presencie um roubo ocorrendo na sua frente, poderá implementar uma
figura flagrancial, com base no art. 301 do CPP. Será que a Guarda poderia fazer uma abordagem?
Uma busca pessoal? Ainda que houvesse elementos concretos reveladores de uma possível
flagracia? Não, em regra, pois é poder da policia judiciária, poder de repressão que é estranho a
Guarda Municipal, a não ser que envolva as hipóteses do art. 144, §8º da CRFB/88, do contrário,
será ilícito.
Jurisprudência do STJ tem sido remansosa nesse sentido.
E o MP? Teríamos arcabouço na constitucional para permitir a investigação? Sim e qual seria
a fundamentação para tanto.
Obs: nunca se questionou a possibilidade do MP implementar atos investigatórios pontuais
p.e. tomar depoimento no gabinete. A discussão gravitou na possibilidade do MP deflagrar uma
investigação penal em procedimento próprio, isso que sempre gerou imena polemica doutrinária.
A primeira linha argumentativa traz o artigo 129, inciso VII e VIII da CRFB/88 com a teoria
dos poderes implícitos.
ratio decidendi para a possibilidade do MP investigar: artigo 129, inciso VII e VIII da
CRFB/88
obter dicta/ obter dictum (argumento/s de reforço) para a possibilidade do MP investigar: art.
129, VI da CRFB/88 c/c art. 8º, I, II, IV e, sobretudo, V e VII da Lei Complementar 75 de 93.
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Ademais, há uma segunda linha argumentativa, que começa pelo art. 129, VI da
CRFB/88 c/c art. 8º, I, II, IV e, sobretudo, V e VII da Lei Complementar 75 de 93. Destaque para o
V e VII – muito categóricos pela possibilidade de se ter uma investigação do MP em procedimento
próprio – ‘’procedimentos e inquéritos que restaurar’’ – embora seja um diploma da União, vai
alcançar os MPE, notadamente a unidade indivisibilidade do MP c/c lei 8625 de 93 – art. 26 que
cuida dos MPE presentes.
A referência à polícia civil é emblemática pois revela que em meio a esses procedimentos
passíveis de implementação pelo MP, vamos compreender a investigação penal.
Na medida em que há previsão legal concernente a investigação ministerial autônoma, a
policial não extrapolou o CNMP os limites do seu poder regulamentar presente a Resolução 181.
Art. 129, III da CRFB/88 por analogia, afinal de contas as esferas penal e cível comunicam-se
permanentemente. A fronteira entre uma investigação civil pública e penal é tênue, não raro no bojo
de um ACP virá uma notícia a ocorrência de um crime e será possível o compartilhamento dessas
provas e investigações.
Analogia – se o MP pode investigar para uma ACP que tem nele um dos investigados, pq não
poderia investigar para dar justar causa de uma ação penal que é o único legitimado.
Art. 129, IX c/c 129, I da CRFB/88 – nada impede que a lei fixe outras funções do MP, desde
que compatíveis com as funções – trouxe um rol exemplificativo apenas e não exaustivo. E a
primeira função institucional do MP é a titularidade privativa da ação penal pública. Logo, qualquer
previsão normativa de investigação direta pelo MP estará em sintonia com o art. 129 da
Constituição (argumento menor em relação aos outros).
Resumindo: Art. 129, VI e VII – teoria dos poderes implícitos – ratio decidendi.
As outras seriam obter dicta (argumentos de reforço – plural) x obiter dictum (singular).
Art. 58, §3º da CRFB/88 – demonstrar que a investigação não é monopólio policial – CPI.
Detalhe que foi objeto de debate – se a polícia investiga, teremos o controle externo pelo MP.
Em se admitindo a investigação pelo MP, quem controlaria? Esse controle externo será realizado
pelo CNMP pelo art. 130-A, §2º, II da CRFB/88 - a atividade investigatória é administrativa,
competindo ao CNMP o controle administrativo do MP.
Em nível infraconstitucional, citar 3 artigos do CPP, originário de 41, indicando que a
investigação pelo MP não seria uma novidade, existindo desde 41 – art. 4º, p. único, art. 27 e 47 do
CPP.
Direito comparado – Itália e Portugal – investigação sendo conduzido pelo MP.
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Fechamos a linha argumentativa pró MP que desaguou na Res. 180 do MP –
questão cara para Processo Penal e Princípios Institucionais do MP.
Obs: restou absolutamente ignorada; olvidada na Res. 181 do MP considerado o art. 1º, logo,
é uma observação que o professor recomenda não potencializar em uma prova do MP. O art. 1º da
Res. 181 efetivamente prevê uma investigação ministerial absolutamente independente da policial.
Isso não consta na ementa, mas foi expressamente dito pelo Min. Gilmar Mendes
reconhecendo que a investigação é primordialmente policial, portanto, a investigação pelo MP,
viria, como regra, à título subsidiário ou complementar.
ex. de investigação subsidiária- investigação de corrupção na delegacia (pela impossibilidade
de investigação pela própria autoridade policial)
ex. de investigação complementar- investigação já em curso pela PF e por termos de
cooperação internacional já se permite o MP junto aos demais Países.
A depender da banca examinadora, citar essa orientação do Pleno do STF não
necessariamente será bem recebido, pode ocorrer do examinador não saber disso pois não tem sido
indicado nos manuais.
Se for ao leading case, o Gilmar Mendes é categórico nesse sentido.
- Argumentação em sentido contrário:
Afrânio Silva Jardim não é entusiasta dessa investigação direta pelo MP.
Silêncio eloquente do Processo Constituinte Originário quanto a investigação direta pelo MP
– quis o constituinte estabelecer uma divisão de trabalho – investigação direta a cargo da Polícia;
controle externo da investigação a cargo do MP – justamente para não comprometer a defesa da
Ordem Jurídica que lhe foi confiada, considerado o art. 127, caput, da CRFB/88 para que o MP
conserve o necessário distanciamento para que possa cumprir o seu mister maior, ou seja, defesa da
ordem jurídica – feição de uma parte imparcial.
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A CRFB/88 poderia ter dado poderes investigatórios no art. 129 mas calou-se em
relação a investigação penal e tb no art. 144 e mais uma vez se calou, justamente para estabelecer
essa divisão de trabalho e não comprometer a defesa da ordem jurídica que lhe foi confiada (art. 127
caput da CRFB/88).
H. MAZZILI traz a questão da afetação da imparcialidade da investigação quando conduzida
pelo MP.
Como último ponto para não aceitação do MP na investigação traz-se o Direito Comparado.
Quando se argumenta o fato de Portugal e Itália trazerem a possibilidade de investigação pelo MP,
esquecem de mencionar que em ambos os países citados, o poder de investigar é conferido
originariamente para o Ministério Público na sua Constituição. E o Ministério delega (no caso de
Portugal) ou comissiona (no caso da Itália) para a autoridade policial. Por isso o nome da autoridade
policial na Itália é comissário, enquanto que em Portugal se chama delegado. Por sinal é por este
motivo adotamos o nome de delegado, mas em verdade não se trata de função delegada, pois a
Constituição Federal atribuiu este poder a ele originalmente.
MP não pode arrolar como testemunha ele próprio – seria parte e testemunha, sob pena de
manifesta incompatibilidade mas temos distinções, exceto em se tratando de ramo do MP despido
de qualquer atribuição penal > MPT e MP junto ao Tribunal de Contas.
ex. caso das vinícolas do sul. MPT atuaram para verificação das condições trabalhistas e
remeteram autos ao MP para verificação de possível crime (trabalho análogo ao de escravo). Neste
caso, os membros do MPT podem atuar como testemunhas.
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Descarta o art. 573,§1º do CPP – jurisprudência do STF e STJ. O processo não é consequência
do inquérito pois estamos diante de naturezas distintas, logo, nulidades do inquérito não contamina
o processo. Extremamente importante!
Existem autores que questionam essa assertiva – Nestor Tavora e Nicolliti – dando 3
exemplos:
Flagrante forjado;
Flagrante provocado, e;
Acervo indiciário ilícito.
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Esses 3 exemplos, na realidade, só reafirmam a jurisprudência do STF e do STJ
pq caso se reconheça forjado o flagrante, significa que aquele flagrante não teria existido. Portanto,
isso vai desaguar na absolvição do réu com base no art. 386, I ou IV do CPP (forja conduta ou
autoria) e se tem uma absolvição é pq o processo em si transcorreu validamente, tanto que foi
extinto com julgamento do mérito, fazendo coisa julgada material – questão de mérito.