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Olá amigos,
Bom dia, Boa tarde e Boa noite!
Nosso objetivo de hoje:
Aula 1:
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MAYRINK DA COSTA, Álvaro. Crime Militar. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, 2ª edição, p. 33.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
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ASSIS, Jorge César de. Código de Processo Penal Militar Anotado - Artigos 1º a 383 - Vol. I . Revista e
Atualizada, Paraná: Juruá, 4ª Edição, 2012, p. 21.
3
Embora se reconheça que, tecnicamente, não existe processo penal cautelar autônomo, havendo
somente uma ampliação no estudo das medidas cautelares penais esparsas (principalmente a partir de
2011).
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CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013,
no prelo a 1ª edição, p. 102.
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Analista do Ministério Público da União
penal militar e garante os direitos do acusado no âmbito da
persecução penal militar.
A maior parte das normas processuais penais militares podem
ser extraídas do Código de Processo Penal Militar, embora também
encontremos regulação em outras leis esparsas, bem como no
próprio Código Penal Militar, embora tal localização não seja indicada.
Divergência de normas
Aplicação subsidiária
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Analista do Ministério Público da União
O CPPM é norma especial e assim prevalece em relação as
demais leis. Logo, os rigores da lei de crimes hediondos não se
aplicam à esfera processual militar. Desse modo, o tráfico previsto no
art. 290 do CPM não é considerado crime hediondo.
Por outro lado, caso o CPPM seja omisso, a lei especial ou o
próprio CPP comum poderá ser aplicado. Exemplo de aplicação de lei
especial na esfera processual penal militar é a lei 8.457/92 (Lei de
Organização da Justiça Militar da União) que se aplica em
complemento na esfera processual militar. O CPPM, por exemplo, não
trata da formação do Conselho de Justiça, sendo aplicada a lei
especial.
Em caso de divergência entre o CPPM e tratados ou convenções
internacionais, estes prevalecerão, conforme dispõe expressamente
art. 1º, §1º do CPPM.
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Vide a redação do art. 1º do projeto de lei do novo Código de processo penal.
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Analista do Ministério Público da União
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Na base da pirâmide estão os Decretos, Portarias e demais atos
infralegais.
Tal hierarquização está de acordo com o entendimento
exposado, por exemplo, no seguinte precedente do STF: “No plano
dos tratados e convenções internacionais, aprovados e promulgados
pelo Estado brasileiro, é conferido tratamento diferenciado ao tráfico
ilícito de entorpecentes que se caracterize pelo seu menor potencial
ofensivo. Tratamento diferenciado, esse, para possibilitar alternativas
ao encarceramento. É o caso da Convenção Contra o Tráfico Ilícito de
Entorpecentes e de Substâncias Psicotrópicas, incorporada ao direito
interno pelo Decreto 154, de 26-6-991. Norma <supralegal>de
hierarquia intermediária, portanto, que autoriza cada Estado
soberano a adotar norma comum interna que viabilize a aplicação da
pena substitutiva (a restritiva de direitos) no aludido crime de tráfico
ilícito de entorpecentes.” (HC 97.256, Rel. Min. Ayres Britto,
julgamento em 1º-9-2010, Plenário, DJE de 16-12-2010.)6”7
Posicionando o ramo do Direito que ora se passa a expor, deve-
se alerta que o Código de Processo Penal Militar é Lei Ordinária
Federal.
Interpretação literal
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Trecho da obra eletrônica: A Constituição e o Supremo, disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigo.asp#ctx1
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CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013,
no prelo a 1ª edição, p. 23.
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caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que
é mais ampla, do que sua intenção.
b) pela jurisprudência;
e) pela analogia.
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Assim, temos:
“O critério do resultado se contextualiza no alcance que se
poderá dar ao texto legal objeto de discussão.”8
Declarativa:
(Literal)
No caso só se
conclui exatamente
o que o dispositivo
pretendia definir.
Restritiva:
Se define que o
dispositivo legal Extensiva:
abarcou mais do Se define que o
que o legislador dispositivo legal
queria abarcar. abarcou menos do
que o legislador
gostaria de
abarcar.
8
CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013,
no prelo a 1ª edição, p. 111.
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MP aditar e repudiar a queixa subsidiária ou, em qualquer momento,
no caso de negligência da parte, retomar a ação.
Contudo, deve-se ter cautela pra que a aplicação subsidiária do
CPP e da legislação processual comum não desvirtue a lógica
processual penal militar ou não haja previsão expressa sobre sua
vedação. Exemplo de vedação expressa é a prevista na lei 9099/95,
em seu art. 90-A, que determina o afastamento completo dos
juizados especiais criminais da esfera militar.
Uma outra fonte de integração é a jurisprudência. O STF, por
exemplo, em processo de execução na esfera militar, tem aplicado o
benefício da progressão de regime mesmo diante da ausência de
previsão legal específica.
A adoção dos usos e costumes para integrar lacunas também é
admitida. Um exemplo de costume militar é a prevalência da Marinha
sobre as demais forças, tendo em vista sua antiguidade o que acabou
por ser positivado na Lei de Organização da Justiça Militar da União
em seu art. 16 onde se informa que o Capitão-Tenente (Marinha)
antecede o Capitão (Exército e Aeronáutica).
Os princípios gerais do direito também servem como meio de
integração do ordenamento jurídico.
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nacional, ainda que seja o agente processado ou tenha sido
julgado pela justiça estrangeira;
c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob
administração ou vigilância da fôrça militar brasileira, ou em
ligação com esta, de fôrça militar estrangeira no cumprimento
de missão de caráter internacional ou extraterritorial;
d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações,
e de aeronaves, onde quer que se encontrem, ainda que de
propriedade privada, desde que estejam sob comando militar
ou militarmente utilizados ou ocupados por ordem de
autoridade militar competente;
e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que
em lugar sujeito à administração militar, e a infração atente
contra as instituições militares ou a segurança nacional;
Tempo de guerra
II - em tempo de guerra:
a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;
b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações
de fôrça militar brasileira, ou estrangeira que lhe seja aliada,
ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança
nacional, ou ao bom êxito daquelas operações;
c) em território estrangeiro militarmente ocupado.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
O art. 4º do CPPM quase que em sua integralidade reproduz as
disposições de territorialidade e extraterritorialidade do art. 7º do
CPM.
Contudo, em tempo de guerra, o inciso II do art. 4º do CPPM,
especificamente em sua alínea “b”, se verifica uma diferença. Assim,
mesmo que o fato ocorra em zona de operação militar brasileira, se
houver uma força aliada, será aplicada a lei processual brasileira,
sendo um caso de extraterritorialidade. Trata-se de
extraterritorialidade irrestrita, ou seja, independe de quem seja o
autor ou a vítima.
Observe que o CPP comum determina que sua própria aplicação
se dê somente em território nacional. Assim, se observa importante
diferença entre o CPP comum e o CPPM que é naturalmente mais
abrangente, isso por regular situações frequentemente
transnacionais, em que suas atividades podem se desenrolar em
território estrangeiro.
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Analista do Ministério Público da União
processual de acordo com a norma processual vigente à época de sua
realização. Afere-se a validade cada ato de forma isolada, pois tempu
regit actum9. Nesse sentido é posicionamento do STJ: a lei nova, em
matéria processual, aplica-se aos processo em curso, não atingindo
as fases já encerradas”.10
No que tange às normas que regulam o recurso criminal,
majoritariamente se entende que as mesmas detêm natureza
processual, tendo assim, aplicação imediata, logo, a lei que regula o
recurso é a que está em vigor na data da publicação da sentença.
Cautela se deve ter com as denominadas normas mistas, que
são aquelas normas processuais que envolvam liberdade do
indivíduo, possuindo assim reconhecida carga material. Segundo
entendimento prevalente, tais normas, por afetarem a liberdade,
devem ser consideradas irretroativas.
Contudo, na prática, antes de se concluir pela irretroatividade,
o operador deve perquirir sobre a possibilidade de cisão, o que, se
viável, determinará a retroatividade dos aspectos matérias favoráveis
e a aplicação imediata dos aspectos processuais.
9
O tempo rege o ato.
10
Resp 21.682-MG, 1ª T., DJU 28.09.1992.
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Analista do Ministério Público da União
Coldibelli, ficaram submetidas à legislação estadual ou diversa do
CPPM:
1) Organização da Justiça: “como normas próprias relativas
à Polícia Judiciária, à constituição do Conselho de Justiça e outras. O
conselho será composto por oficiais integrantes da Polícia Militar ou
Corpo de Bombeiros Militar, de acordo com o órgão a que pertence o
acusado. Verifica-se, também, que o juiz-auditor recebe a
denominação de “juiz de direito”, sendo ele o presidente do Conselho
de Justiça; o juiz de direito atua monocraticamente ao processar e
julgar crimes cometidos contra civis e as ações judiciais.”11
2) Recursos: “excetuando-se os Estados de Minas Gerais, São
Paulo e Rio Grande do Sul, que possuem Tribunais militares, nos
demais os recursos são interpostos junto aos respectivos Tribunais de
Justiça. É possível a criação de Tribunal de Justiça Militar nos Estados
em que o efetivo da Polícia Militar seja superior a vinte mil
integrantes, conforme dispõe o § 3º do art. 125 da CF/88.”12
3) Execução de Sentença: “deve-se observar o disposto no §
único do art. 2º da lei 7210/84, que instituiu a lei de execução
penal.”13
11
MIGUEL, Claudio Amin e COLDIBELLI, Nelson. Elementos de Direito Processual Penal Militar.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, 3ª edição, p. 22/23.
12
MIGUEL, Claudio Amin e COLDIBELLI, Nelson. Elementos de Direito Processual Penal Militar.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, 3ª edição, p. 22/23.
13
MIGUEL, Claudio Amin e COLDIBELLI, Nelson. Elementos de Direito Processual Penal Militar.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, 3ª edição, p. 22/23.
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Persecução Penal Militar
"
Persecução = Investigação + Ação
Penal Preliminar Penal
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CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013,
no prelo a 1ª edição, p. 220.
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Por outro lado a POLÍCIA ADMINISTRATIVA é ostensiva e
preventiva, pois atua primordialmente antes do crime visando evitá-
lo, inibi-lo (PREVENTIVA). De acordo com essa natureza que se
costuma afirmar que os órgãos de polícia administrativa se
apresentam de modo fardado, de modo a inibir a prática delitiva.
O fato de estabelecermos as referidas funções às respectivas
polícias não pode gerar a conclusão de que tais funções são
exclusivas. Ao se distribuir as funções se visa evitar acumulação em
um mesmo órgão, de modo a evitar o arbítrio e garantir a
especialização funcional. Contudo, as referidas funções são atribuídas
de acordo com o critério da PREPONDERANCIA e não da
EXCLUSIVIDADE. Logo, podemos observar que por vezes a policia
judiciária atua preventivamente e que a polícia administrativa pode
atuar repressivamente.
Dentre as atuações atípicas, nesse momento, nos interessa a
função atípica das polícias administrativas. Assim, no caso de crime
militar se perceberá que a autoridade, que presidirá o inquérito
policial militar, será também de natureza militar.
Desse modo temos:
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Polícia (art. 144, CF):
a) policias administrativas (ostensiva): de prevenção
Ω policia militar
Ω policia rodoviária
Ω policia ferroviária
Ω policia marítima
b) policias judiciárias (não ostensiva): repressiva
Ω estadual
Ω federal
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c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral
da Marinha, nos órgãos, fôrças e unidades que lhes são
subordinados;
d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-
chefe da Esquadra, nos órgãos, fôrças e unidades
compreendidos no âmbito da respectiva ação de comando;
e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou
Zona Aérea, nos órgãos e unidades dos respectivos territórios;
f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe
de Gabinete do Ministério da Aeronáutica, nos órgãos e
serviços que lhes são subordinados;
g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições,
estabelecimentos ou serviços previstos nas leis de
organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;
h) pelos comandantes de fôrças, unidades ou navios;
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GIULIANI, Ricardo Henrique Alves. Direito Processual Penal Militar. Porto Alegre: Verbo jurídico,
2007, p. 21.
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Registre-se que, nos moldes do art. 7º, §2º do CPPM, o oficial
que recebeu a delegação deve ser superior ao investigado.
Delegação do exercício
1º Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição,
hierarquia e comando, as atribuições enumeradas neste artigo
poderão ser delegadas a oficiais da ativa, para fins
especificados e por tempo limitado.
2º Em se tratando de delegação para instauração de
inquérito policial militar, deverá aquela recair em oficial de
pôsto superior ao do indiciado, seja êste oficial da ativa, da
reserva, remunerada ou não, ou reformado.
3º Não sendo possível a designação de oficial de pôsto
superior ao do indiciado, poderá ser feita a de oficial do
mesmo pôsto, desde que mais antigo.
4º Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não
prevalece, para a delegação, a antiguidade de pôsto.
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Analista do Ministério Público da União
Sobre o tema indagou a Cespe:
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Segundo o art. 8º do CPPM são atribuições da Polícia Judiciária
Militar:
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Analista do Ministério Público da União
Inquérito Policial Militar
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Analista do Ministério Público da União
• Inquisitividade: Trata-se da forma de gestão do
procedimento onde as funções relacionadas à condução do inquérito
policial estão reunidas em uma só pessoa, a Autoridade Militar,
comumente chamada de Encarregado.
Assim, a chefia do inquérito policial é unipessoal, onde o
mesmo não está submetido aos princípios do contraditório e da ampla
defesa, embora seja obrigado a respeitar os demais direitos do
investigado.
Essa é a afirmação comum na doutrina para definir a
inquisitividade do inquérito policial. Entretanto deve-se apontar que a
utilização do termo inquisitividade é mais ampla do que parece e tem
conotação diversa da que se costuma estabelecer. Destarte, o
inquérito é inquisitivo porque o mesmo detém finalidade apuratória,
pois deve se pautar na busca da verdade.
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SÚMULA VINCULANTE Nº 14
É DIREITO DO DEFENSOR, NO INTERESSE DO
REPRESENTADO, TER ACESSO AMPLO AOS ELEMENTOS DE
PROVA QUE, JÁ DOCUMENTADOS EM PROCEDIMENTO
INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO COM
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COMPETÊNCIA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, DIGAM RESPEITO
AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE DEFESA.
• Dispensabilidade:
Dispensa de Inquérito
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de
diligência requisitada pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por
documentos ou outras provas materiais;
b) nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou
publicação, cujo autor esteja identificado;
c) nos crimes previstos nos arts. 341 e 349 do Código Penal
Militar.
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crime que deixe vestígios, a identificação da coisa e a sua avaliação,
quando o seu valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos,
com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem
demora ao juiz competente, nos têrmos do art. 20.
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Chamamos especial atenção do candidato a respeito do tema
vícios no inquérito e eventual contaminação da ação penal.
Detalhamos isso, ainda mais porque como verificamos que existem
atos do inquérito policial militar que implicam em atos de instrução,
conforme dispõe o próprio CPPM (art. 9º, § único), visto se
enquadrarem no que hoje chamaríamos de provas irrepetíveis, no
contexto da legislação processual penal comum.
Assim, alertamos para o tratamento ainda clássico que os
manuais de Processo Penal Militar dão para a referida matéria que,
contudo, está sendo revisitado no Direito Processual Penal comum no
âmbito doutrinário e da jurisprudência do STJ, especialmente.
Logo, trazemos observações que fizemos no âmbito do Direito
Processual Comum que fatalmente poderiam ser transplantadas, com
mais razão, à seara militar e podem importar a depender da ótica e
do modo que o examinador elabore a questão (tipo: segundo
entendimento do STJ). Vejamos as lições:
“Os vícios no Inquérito Policial podem provocar a nulidade de
um processo criminal?! Responde-se: NÃO! Não macula a ação penal.
A Ação Penal é autônoma.
Deve-se ter atenção, pois o termo nulidade é afeto ao processo,
caracterizando-se, dentre outras discussões, como sanção processual
aplicável ao ato processual que desrespeita a forma exigível. Como o
inquérito é procedimento e não processo, não há que se falar em
nulidades nesse contexto.
Para o Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça
os vícios do Inquérito Policial não contaminam o processo, uma vez
que o IP é dispensável. Entretanto, irregularidades podem ocorrer na
fase investigatória e, diante de tal desrespeito, o caso concreto irá
indicar sobre a possibilidade de sanar ou ignorar o vício apresentado
durante e no contexto dessa fase.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Quanto ao reflexo da irregularidade do inquérito na futura ação
penal com ele instruída, deve-se atentar para os chamados
elementos migratórios. Assim, se um vício vincular um elemento
migratório e o juiz se valer dele para sentenciar, o processo, agora
sim, será nulo.
Pode-se entender por elementos migratórios, por exemplo: as
provas irrepetíveis que são produzidas na fase do IP. Tal conclusão é
decorrência da nova redação do art. 15516 do CPP.
Demonstrando a cautela que se deve ter ao tratar o presente
tema, verifica-se decisão do STJ sobre a operação Satiagraha,
vejamos:
“DECISÃO
Participação da Abin tornou ilegais investigações da
Operação Satiagraha
A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
considerou ilegais as investigações da Operação
Satiagraha e anulou a ação penal em que o banqueiro
Daniel Valente Dantas, do grupo Opportunity, havia sido
condenado por corrupção ativa. Por três votos a dois, os
ministros decidiram nesta terça-feira (7) que a operação da
Polícia Federal foi ilegal em razão da participação de
funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)
e que, por isso, as provas reunidas na investigação não podem
ser usadas em processos judiciais.
“Se a prova é natimorta, passemos desde logo o
atestado de óbito, para que ela não seja usada contra
nenhum cidadão”, disse o presidente da Quinta Turma,
ministro Jorge Mussi, ao dar o voto que desempatou o
julgamento, dando vitória à tese sustentada pelo relator do
caso, o desembargador convocado Adilson Vieira Macabu.
Antes dele, a ministra Laurita Vaz, que havia pedido vista do
processo na sessão de 5 de maio, votou contra a concessão do
habeas corpus pedido pela defesa de Daniel Dantas e deixou a
situação empatada em dois a dois.
A defesa do banqueiro entrou com habeas corpus no STJ
alegando que os agentes da Abin, contrariando a lei,
participaram das investigações ao atuar em procedimentos de
monitoramento telefônico, monitoramento telemático e ação
controlada. Parecer do Ministério Público Federal opinou
pela nulidade de toda a investigação.
A Operação Satiagraha, desencadeada em 2004, tinha o
objetivo de apurar casos de corrupção, desvio de verbas
16
O CPPM trata do tema no art. 297 c/c § único do art. 9º.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
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públicas e crimes financeiros, mas apenas dois processos
foram concluídos na Justiça Federal: um condenou Daniel
Dantas por corrupção ativa; o outro condenou o delegado
condutor do inquérito, Protógenes Queiroz (hoje deputado
federal), e um escrivão por fraude processual e quebra de
sigilo profissional.
Voto vencido
A ministra Laurita Vaz votou contra o habeas corpus por
entender que a condenação de Daniel Dantas na 6ª Vara
Criminal Federal de São Paulo (por ter, supostamente,
oferecido suborno a um delegado federal) não se apoiou em
provas cuja produção tivesse contado com a participação de
agentes da Abin. “Eventuais irregularidades dessa ordem
em procedimentos inquisitoriais outros não teriam o
condão de contaminar a prova colhida para instrução da
ação penal que apurou o crime de corrupção”, afirmou a
ministra.
“Mesmo que se admita que houve a participação de
agentes da Abin nos referidos procedimentos
investigatórios, tal participação não estaria bem
delineada”, acrescentou Laurita Vaz. Assim, segundo ela,
qualquer conclusão sobre nulidade das provas derivadas
da investigação dependeria de uma análise detalhada
sobre o envolvimento dos agentes – análise esta
impossível de ser feita no julgamento de habeas corpus,
que exige prova constituída previamente.
“Em relação à apuração do crime de corrupção, o juiz federal
processante foi categórico ao afirmar que não há nos autos da
ação penal elementos de prova aptos a demonstrar a
participação de agentes da Abin nas diligências consideradas
na persecução penal em questão”, disse a ministra.
Posição da maioria
Para o ministro Jorge Mussi, porém, o envolvimento da Abin
ficou demonstrado em documento no qual a Polícia Federal
determinou a apuração interna de irregularidades na operação.
Segundo o documento lido pelo ministro, há vários
elementos indicando a atuação de servidores da Abin,
“sem autorização judicial e sem nenhuma formalidade”.
Eles teriam acessado informações sigilosas, fotografado,
filmado, gravado e analisado documentos reservados,
além de ouvir interceptações telefônicas e produzir
relatórios.
Jorge Mussi citou a sentença do juiz da 7ª Vara Criminal
Federal, que condenou o delegado e o escrivão, para dizer que
o esquema de investigação informal montado na
Satiagraha “representa um modelo de apuração próprio
de polícia secreta, à margem das mais comezinhas
regras do Estado Democrático de Direito”.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Na opinião do presidente da Quinta Turma, toda a operação
mostrou “uma volúpia desenfreada de se construir um
arremedo de prova, que acaba por ferir de morte a
Constituição”. Ele disse que “é preciso dar um basta
nisso, antes que seja tarde”.
“Se me perguntassem se a Abin poderia atuar em
investigação, compartilhando informações, com
autorização judicial para isso, eu diria que sim. Sem
autorização judicial, também, desde que requisitada. O
que não pode é fazer como foi feito, na clandestinidade”,
afirmou o ministro. Ele lembrou que o Supremo Tribunal
Federal já consagrou a chamada Teoria dos Frutos da
Árvore Envenenada, segundo a qual uma prova ilícita
contamina de ilegalidade todas as outras decorrentes dela.
O julgamento
No voto que iniciou o julgamento, em 1º de março, o
desembargador convocado Adilson Macabu foi favorável à
concessão do habeas corpus. Ele considerou que a ação penal
contra o dono do Opportunity deveria ser anulada, pois se
baseou em provas obtidas com a participação ilegal de mais de
70 agentes da Abin, além de um ex-funcionário do extinto
Serviço Nacional de Informações (SNI) contratado em regime
particular.
Segundo o relator, o inquérito da Operação Satiagraha contém
vícios que “contaminam” todo o processo e caracterizam abuso
de poder, contrariando os princípios da legalidade,
imparcialidade e do devido processo legal. O ministro Napoleão
Nunes Maia Filho deu seu voto antecipadamente na sessão de
1º de março, acompanhando o relator.
A divergência foi aberta em 5 de maio, quando o ministro
Gilson Dipp votou contra o pedido da defesa de Daniel Dantas.
De acordo com o ministro, a competência da Abin – assessorar
a Presidência da República em assuntos relacionados à
segurança e a outros altos interesses da sociedade e do Estado
– não exclui a possibilidade de sua participação em atividades
compartilhadas com a polícia.
Segundo Dipp, não haveria ilegalidade na cessão de recursos
humanos e técnicos da Abin para atuação em conjunto com a
Polícia Federal em investigação relacionada aos seus propósitos
institucionais, desde que a coordenação ficasse a cargo da
autoridade policial responsável pelo inquérito. A ilicitude da
participação da Abin só se evidenciaria na falta dessa
coordenação, mas, para avaliar isso, segundo o ministro, seria
necessário um reexame profundo e detalhado de todos os
fatos, o que não é possível em análise de habeas corpus.
Disponível em:
http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.ar
ea=398&tmp.texto=102135
29
Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
Aparentemente abordando o conhecimento relacionado à
referida decisão, encontra-se questão da magistratura federal
realizada pela Cespe em 2011, vejamos:
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
e) O atual entendimento consolidado na jurisprudência dos
tribunais superiores prevê a possibilidade de retratação do
pedido de arquivamento de inquérito policial,
independentemente do surgimento de provas novas, desde que
não tenha ocorrido ainda o pronunciamento judicial, visto que
prevalece o interesse público da persecução penal. “
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CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição.
Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013, p. 253/257.
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Curso de Direito Processual Penal Militar para
Analista do Ministério Público da União
administrativo de instrução provisória. Logo, essa é a natureza
jurídica do inquérito.
Segundo o CPPM: Art. 9º: O inquérito policial militar é a
apuração sumária de fato, que, nos têrmos legais, configure crime
militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória,
cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à
propositura da ação penal.
Sempre que ao candidato for questionado sobre qual a natureza
jurídica de determinado instituto se está querendo saber a essência
científica do mesmo. Costumamos então, em sala de aula, dar uma
dica aos companheiros estudantes para facilitar o encontro da
natureza jurídica de um instituto. Eis a dica: sempre que for
questionado a esse respeito, está se perguntando: Dentro do mundo
jurídico, onde se posiciona determinado instituto? Assim, imaginando
o Direito como um armário, se está perguntando: Em que pasta, de
que gaveta e de que porta se encontra o referido assunto. Diante
desse contexto se responde: O inquérito policial militar está entre os
procedimentos administrativos de instrução provisória, sendo tratado
pelo CPPM, mas sofrendo influência dos princípios de direito
administrativo, haja vista sua presidência ser exercida por uma
autoridade administrativa militar (Encarregado) e o mesmo se
desenvolver no âmbito de uma repartição pública administrativa
militar (Forças Armadas, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar).
Mas, ainda poderia questionar o estudante: O que diferencia o
processo administrativo do procedimento administrativo? Respondo:
De acordo com a doutrina tradicional, enquanto o processo tem
finalidade (melhor seria viabilidade) punitiva, o procedimento tem
finalidade meramente apuratória. Logo, a distinção se refere à
finalidade. Como o Inquérito não tem a intenção de punir e nem
aptidão para isso, pois, no Brasil, alguém só perde sua liberdade ou
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seus bens através de um devido processo legal, o inquérito só tem
compromisso com a elucidação do fato, tendo finalidade apuratória.
O Direito Processual Penal Militar ainda detém outros
procedimentos de instrução provisória, como o são a INSTRUÇÃO
PORVISÓRIA DE INSUBMISSÃO (Art. 463 do CPPM) e a INSTRUÇÃO
PROVISÓRIA DE DESERÇÃO (Art. 451 do CPPM).
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ser vedado ao juiz requisitar ou ordenar a instauração de procedimento
investigativo.
Certo ou Errado
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A Notitia Criminis pode ser classificada de acordo com as
seguintes categorias:
“ ”18
• Direta (de cognição imediata ou espontânea): É aquela que
decorre da atividade funcional da AUTORIDADE de polícia judiciária
militar. Não há intervenção de terceiro no que tange ao conhecimento
do fato, assim, inexiste pessoa entre o fato e a autoridade.
18
CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. No prelo a 1ª edição. Rio de Janeiro:
Grupo Gen: Forense, 2013, p. 248.
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A respeito do tema, eis trecho de elucidativo julgamento
proferido pelo STF:
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investigatória, mesmo diante da natureza inquisitiva do
inquérito policial, contaminam a ação penal dele oriunda.
Gabarito: D”
Incomunicabilidade
Segundo o CPPM:
Incomunicabilidade do indiciado. Prazo.
Art. 17. O encarregado do inquérito poderá manter
incomunicável o indiciado, que estiver legalmente prêso, por três dias
no máximo.
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Art. 136, §3º, IV, CF: “O Presidente da República pode,
ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional,
decretar estado de defesa para preservar ou prontamente
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou
a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade
institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na
natureza”.
“§3º - Na vigência do estado de defesa:”
“IV - é vedada a incomunicabilidade do preso”.
Detenção de indiciado
Com respaldo no art. 5º, inciso LXI, ainda se considera válida a
disposição do art. 18 do CPPM:
Detenção de indiciado
Art. 18. Independentemente de flagrante delito, o indiciado
poderá ficar detido, durante as investigações policiais, até trinta dias,
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comunicando-se a detenção à autoridade judiciária competente. Êsse
prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante
da Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação
fundamentada do encarregado do inquérito e por via hierárquica.
Prisão preventiva e menagem. Solicitação
Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do
inquérito solicitará, dentro do mesmo prazo ou sua prorrogação,
justificando-a, a decretação da prisão preventiva ou de menagem20,
do indiciado.
20
A menagem é um instituto semelhante à liberdade provisória do direito processual penal comum, mas
que é cumprida em estabelecimento militar.
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Prazo do Inquérito Policial Militar
Segundo dispõe o CPPM:
Prorrogação de prazo
1º Êste último21 prazo poderá ser prorrogado por mais
vinte dias pela autoridade militar superior, desde que não
estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja
necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato.
O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo
oportuno, de modo a ser atendido antes da terminação do prazo.
21
No caso, o prazo do indiciado solto.
22
Atualmente a atribuição será do Comandante da Força.
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Dedução em favor dos prazos
3º São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as
interrupções pelo motivo previsto no § 5º do art. 10.
Relatório
Relatório
Art. 22. O inquérito será encerrado com minucioso relatório,
em que o seu encarregado mencionará as diligências feitas, as
pessoas ouvidas e os resultados obtidos, com indicação do dia,
hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso. Em conclusão, dirá
se há infração disciplinar a punir ou indício de crime,
23
MIGUEL, Claudio Amin e COLDIBELLI, Nelson. Elementos de Direito Processual Penal Militar.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, 3ª edição, p. 36.
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pronunciando-se, neste último caso, justificadamente, sôbre a
conveniência da prisão preventiva do indiciado, nos têrmos
legais.
Solução
1º No caso de ter sido delegada a atribuição para a abertura
do inquérito, o seu encarregado enviá-lo-á à autoridade de que
recebeu a delegação, para que lhe homologue ou não a solução,
aplique penalidade, no caso de ter sido apurada infração disciplinar,
ou determine novas diligências, se as julgar necessárias.
Advocação
2º Discordando da solução dada ao inquérito, a autoridade
que o delegou poderá avocá-lo e dar solução diferente.
Remessa do inquérito à Auditoria da Circunscrição
Art. 23. Os autos do inquérito serão remetidos ao auditor
da Circunscrição Judiciária Militar onde ocorreu a infração
penal, acompanhados dos instrumentos desta, bem como dos
objetos que interessem à sua prova.
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2º Os autos de inquérito instaurado fora do território nacional
serão remetidos à 1ª Auditoria da Circunscrição com sede na Capital
da União, atendida, contudo, a especialização referida no § 1º.
Formação do inquérito
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Art. 13. O encarregado do inquérito deverá, para a formação
dêste:
Atribuição do seu encarregado
a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o
tiverem sido;
b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e
acareações;
f) determinar, se fôr o caso, que se proceda a exame de corpo
de delito e a quaisquer outros exames e perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída,
desviada, destruída ou danificada, ou da qual houve indébita
apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos têrmos dos arts. 172
a 184 e 185 a 189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de
testemunhas, peritos ou do ofendido, quando coactos ou
ameaçados de coação que lhes tolha a liberdade de depor, ou a
independência para a realização de perícias ou exames.
Assistência de procurador
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Art. 14. Em se tratando da apuração de fato delituoso de
excepcional importância ou de difícil elucidação, o
encarregado do inquérito poderá solicitar do procurador-geral a
indicação de procurador que lhe dê assistência.
24
LOBÃO, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Forense, 2ª edição, 2011, p. 54.
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o inquérito, no qual figura oficial-general do último posto e
mais antigo da corporação.25
25
LOBÃO, Célio. Direito Processual Penal Militar. Rio de Janeiro: Forense, 2ª edição, 2011, p. 54.
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2º A testemunha não será inquirida por mais de quatro
horas consecutivas, sendo-lhe facultado o descanso de meia
hora, sempre que tiver de prestar declarações além daquele têrmo.
O depoimento que não ficar concluído às dezoito horas será
encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora
determinada pelo encarregado do inquérito.
3º Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada
para o primeiro dia que o fôr, salvo caso de urgência.
Arquivamento
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Trata o dispositivo, do arquivamento e desarquivamento do
IPM.
Arquivamento é o ato judicial que implica na finalização das
investigações em virtude da ausência de interesse útil à sua
continuidade. É, portanto, um resultado anômalo da investigação,
provocado, na maioria da vezes, pela inexistência de materialidade
delitiva, ou pela fragilidade de indícios suficientes para determinar a
autoria.26
Quem pode arquivar? R.: Somente o Juiz, após a oitiva do MP.
Arquivamento, portanto, é um ATO COMPLEXO (demanda
manifestações de órgãos diferentes).
Complementa a disposição acima o expresso no art. 397, caput
e § 1º do CPPM: Se o procurador, sem prejuízo da diligência a que se
refere o art. 26, n° I, entender que os autos do inquérito ou as peças
de informação não ministram os elementos indispensáveis ao
oferecimento da denúncia, requererá ao auditor que os mande
arquivar. Se êste concordar com o pedido, determinará o
arquivamento; se dêle discordar, remeterá os autos ao procurador-
geral. 1º Se o procurador-geral entender que há elementos para a
ação penal, designará outro procurador, a fim de promovê-la; em
caso contrário, mandará arquivar o processo.
26
CRUZ, Pablo Farias Souza. Processo Penal Sistematizado. Rio de Janeiro: Grupo Gen: Forense, 2013,
no prelo a 1ª edição, p. 249.
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II — por determinação do juiz, antes da denúncia, para o
preenchimento de formalidades previstas neste Código, ou para
complemento de prova que julgue necessária.
Parágrafo único. Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo,
não excedente de vinte dias, para a restituição dos autos.
27
JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal. 11 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2003, p. 170.
28
Jurisprudência recente a respeito do tema:
INFORMATIVO Nº 605
TÍTULO Inquérito Policial e Arquivamento Implícito
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com base em decisão judicial expressa”29, nos moldes da legislação
processual.
PROCESSO HC - 104356
O sistema processual penal brasileiro não prevê a figura do arquivamento implícito de inquérito
policial. Ao reafirmar esse entendimento, a 1ª Turma denegou habeas corpus em que se sustentava a sua
ocorrência em razão de o Ministério Público estadual haver denunciado o paciente e co-réu, os quais não
incluídos em denúncia oferecida anteriormente contra terceiros. Alegava a impetração que o paciente, por
ter sido identificado antes do oferecimento da primeira peça acusatória, deveria dela constar.
Inicialmente, consignou-se que o Ministério Público esclarecera que não incluíra o paciente na primeira
denúncia porquanto, ao contrário do que afirmado pela defesa, não dispunha de sua identificação, o que
impediria a propositura da ação penal naquele momento. Em seguida, aduziu-se não importar, de qualquer
forma, se a identificação do paciente fora obtida antes ou depois da primeira peça, pois o pedido de
arquivamento deveria ser explícito (CPP, art. 28). Nesse sentido, salientou-se que a ocorrência de
arquivamento deveria se dar após o requerimento expresso do parquet, seguido do deferimento,
igualmente explícito, da autoridade judicial (CPP, art. 18 e Enunciado 524 da Súmula do STF).
Ressaltou-se que a ação penal pública incondicionada submeter-se-ia a princípios informadores
inafastáveis, especialmente o da indisponibilidade, segundo o qual incumbiria, obrigatoriamente, ao
Ministério Público o oferecimento de denúncia, quando presentes indícios de autoria e prova de
materialidade do delito. Explicou-se que a indisponibilidade da denúncia dever-se-ia ao elevado
valor social dos bens tutelados por meio do processo penal, ao se mostrar manifesto o interesse da
coletividade no desencadeamento da persecução sempre que as condições para tanto ocorrerem.
Ademais, registrou-se que, de acordo com a jurisprudência do Supremo, o princípio da
indivisibilidade não se aplicaria à ação penal pública. Concluiu-se pela higidez da segunda denúncia.
Alguns precedentes citados: RHC 95141/RJ (DJe de 23.10.2009); HC 92445/RJ (DJe de 3.4.2009). HC
104356/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 19.10.2010. (HC-104356). Grifos acrescidos
Disponível em:
http://www.stf.jus.br/portal/informativo/verInformativo.asp?s1=indivisibilidade ação
penal&numero=605&pagina=2&base=INFO
29
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no prelo a 1ª edição, p. 254.
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Questões CESPE a respeito da aula:
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elementos que indiquem a autoria e comprovem a materialidade do
delito.
Certo
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