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GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA

POLÍCIA MILITAR DE RORAIMA


ACADEMIA DE POLÍCIA INTEGRADA CORONEL SANTIAGO – APICS/RR
CURSO ESPECIAL DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS DA POLÍCIA MILITAR DE RORAIMA –
CEFS/QEPPM/PMRR

Instrutor: JÚLIO CÉSAR FLAUZINA LARANJEIRA – CAP QCO PM

BOA VISTA - RR
2023
DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

 O atual Código de Processo Penal Militar (CPPM) foi instituído pelo Decreto –
Lei nº 1.002, de 21/10/1969, e recepcionado na sua maior parte pela Constituição
Federal. Apresentam-se como peculiaridades do sistema processual penal
castrense: os ritos próprios dos processos ordinários e processos especiais
de medidas preventivas e assecuratórias (prisão preventiva para preservação
da hierarquia e disciplina), inversão do momento do interrogatório do
acusado, que passou a ser realizado ao término da oitiva das testemunhas,
por força de decisão do órgão Pleno do STF (HC nº 127.900); aspectos
garantistas da emendatio e mutatio libelli expressas no CPPM.
O Direito Processual Penal Militar é um ramo especial e autônomo do Direito,
possuindo regras e princípios próprios e peculiares, prevendo a atuação da Polícia
Judiciária Militar distinta dos órgãos investigativos ordinários, além de promover
ritos próprios – sob o manto do devido processo legal – para a marcha do
processo penal castrense e, ainda, órgãos judicantes especiais para a prestação
jurisdicional do Estado; todavia, observa o sistema processual acusatório (não
puro), assim como o direito adjetivo penal comum, e a integralidade da
principiologia processual do Estado de Direito Democrático da nossa República.
EMENDATIO LIBELLI, o juiz, quando da sentença,
MUTATIO LIBELLI, quando o juiz concluir que o fato
verificando que a tipificação não corresponde aos fatos
narrado na inicial não corresponde aos fatos provados na
narrados na petição inicial, poderá de ofício apontar sua  instrução processual; nesse caso, deve o juiz remeter o
correta definição jurídica. Na “emendatio” os fatos
processo ao Ministério Público que deverá aditar a peça
provados são exatamente os fatos narrados.
inaugural. Os fatos provados são distintos dos fatos
narrados.
DA FINALIDADE DO DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

 O Direito Processual Penal Militar visa permitir a aplicação da


legislação penal militar. O Decreto-lei 1.002 de 1969, que
corresponde ao Código de Processo Penal Militar (CPPM), possui as
normas do direito processual militar no nosso pais. Este decreto define
os procedimentos ordinário e especial que precisam ser respeitados no
curso de processos perante a Justiça Militar da União e a Justiça Militar
do Estado.
 Os processos da Justiça Militar Estadual, referentes aos crimes
tipificados na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais e praças
das Polícias e dos Corpos de Bombeiros Militar obedecem às normas
processuais previstas no Código de Processo Penal Militar (CPPM).
A Lei Processual Penal Militar também disciplina as atividades de
Polícia Judiciária Militar e a condução do Inquérito Policial Militar
(IPM), que é a peça informativa que fornece subsídios ao Ministério
Público para oferecer a denúncia e promover o Processo Penal Militar.
DOS PRINCÍPIOS APLICADOS AO DIREITO PROCESSUAL PENAL
MILITAR (DPPM)

 Os princípios são definidos como sendo um conjunto de padrões de


conduta presentes de forma explícita ou implícita no ordenamento
jurídico. São normas tanto quanto as regras.
 A Constituição Federal de 1988 (CF/88) consagrou, de forma expressa e
sistemática, uma gama considerável de Princípios, muitos dos quais
traduziriam direitos e garantias fundamentais forjados ao longo da
história política, jurídica e social não somente do Brasil, mas da
civilização democrática, de modo geral.

 No Processo Penal, em especial, no Processo Penal Militar, a


importância dos Princípios, em sua maioria ungidos pela CF/88, é
essencial para a efetivação e a garantia de um processo justo e
democrático.
DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
 A CF/88 albergou de forma expressa esse princípio, nos termos do seu
art. 5º, inciso LIV – “ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal”.
 O Princípio do Devido Processo Legal consiste no estrito respeito às
normas, ritos, prazos e procedimentos legais estabelecidos no âmbito
da persecução penal; da instrução processual penal; e nos
julgamentos, em todas as instâncias ordinárias e recursais, bem como na
fase de execução penal.
 O respeito às “regras do jogo”, do Processo Penal, não é mera
formalidade, mas a forma pela qual se traduz a igualdade de
oportunidades “das partes no plano processual, a ampla defesa com
todos os recursos inerentes, o contraditório, as demais garantias de
juiz natural, publicidade e motivação dos atos judiciais”.
DO JUIZ NATURAL
 Em um Processo Penal democrático e efetivo, o acusado tem a garantia
de ser julgado por um juiz autônomo e imparcial, cuja competência
preexista ao fato sob exame, importando tal princípio na limitação do poder do
Estado, na medida em que se é vedada a criação de “tribunais” de exceção.

 A existência de justiças especializadas, como é o caso da Justiça Militar,


corrobora o Princípio do Juiz Natural, uma vez que é direito constitucional do
acusado de crime militar ser processado e julgado pelo órgão judicial
competente, conforme prescreve os artigos 124, caput, e 125, §4º, da CF/88.

 Nesse sentido, a competência da Justiça Militar, por sua especialidade,


nos limites da Constituição, do Código de Processo Penal Militar (CPPM) e das
respectivas leis de Organizações Judiciárias, é definida quando da
ocorrência do crime militar, tanto em razão da matéria, quanto em relação
ao autor do fato criminoso, por critérios absolutos, em resguardo ao
Princípio do juiz natural.
DOS TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios
estabelecidos nesta Constituição.
[...]
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a
Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de
direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio
Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em
que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos
Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais
contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri
quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre
a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças.
§5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar,
singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações
judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de
Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais
crimes militares.
DA INVESTIDURA
 O exercício da função jurisdicional somente pode ser realizado por
aqueles, legalmente, investidos dessa função. Na Justiça Militar da União
(JMU) e nas Justiças Militares Estaduais, além dos denominados juízes
togados (juízes federais da justiça militar e juízes de Direito do juízo militar)
aprovados em concurso público de provas e provas e títulos, também, a
função jurisdicional é exercida por juízes militares, oficiais de carreira das
Forças Armadas e oficiais de carreira das Polícias e dos Corpos de
Bombeiros Militar.

 O processo de investidura dos juízes militares ocorre por ocasião das


instalações dos Conselhos de Justiça, quando os oficiais sorteados para
comporem esses órgãos judiciais, são compromissados, na forma da lei,
passando a estarem investidos da função jurisdicional.
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA
DO PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO
I Disposições Gerais
Art. 68. São órgãos do Poder Judiciário:
[...]
IV - a Justiça Militar;
[...]
Art. 77. Compete ao Tribunal de Justiça do Estado:
[...]
IX - decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
graduação das praças, com estabilidade assegurada, da Polícia Militar do
Estado e do Corpo de Bombeiros Militar e;
Da Justiça Militar
[...]
Art. 83. A Justiça Militar, constituída na forma da Lei de Organização e
Divisão Judiciárias, tem como Órgão de Primeira Instância os Conselhos
de Justiça Militar, constituídos paritariamente por Juízes Oficiais de
cada Corporação e Juiz Auditor e, de Segunda Instância, o Tribunal de
Justiça.
§1º Compete ao Conselho de Justiça Militar julgar os crimes militares
definidos em Lei e ao Tribunal de Justiça do Estado, decidir sobre a
perda do posto e da patente de oficial e da graduação e permanência
na corporação militar.
§2º Os Juízes Auditores terão as mesmas garantias, prerrogativas,
vencimentos e impedimentos dos magistrados estaduais da Última
Entrância.
 São duas as espécies de CONSELHOS DE JUSTIÇA MILITAR:
a) Conselho Permanente de Justiça: compete-lhe processar e julgar as
Praças (soldados, cabos, sargentos, subtenentes e aspirantes a
Oficial) da Polícia e do Corpo de Bombeiros Militar nos crimes militares
definidos em lei. Uma vez constituído, funcionará durante três meses
consecutivos, coincidindo com os trimestres do ano civil;
b) Conselho Especial de Justiça: compete-lhe processar e julgar os
Oficiais (tenentes, capitães, majores, tenentes-coronéis e coronéis) da
Polícia e do Corpo de Bombeiros Militar nos delitos previstos na legislação
penal militar. É constituído para cada processo e dissolvido após a
conclusão dos trabalhos, reunindo-se novamente a cada ato processual.
 Os Juízes Militares que integrarem os Conselhos Especiais serão de
posto superior ao acusado, ou do mesmo posto e de maior
antiguidade. No caso de pluralidade de agentes, servirá de base à
constituição do Conselho Especial a patente do acusado de maior posto.
 O Conselho Permanente de Justiça, bem como o Conselho Especial, é
composto pelo Juiz de Direito (membro do Poder Judiciário Estadual)
e por quatro Juízes Militares (sorteados entre os Oficiais da ativa da
Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros Militar), ambos presididos
pelo Juiz de Direito.
 Os juízes militares integrantes dos Conselhos de Justiça, qualquer que
seja sua categoria, são militares da ativa, sorteados entre os nomes
constantes de relações enviadas pela Polícia Militar e pelo Corpo de
Bombeiros Militar.
 Se a acusação abranger Oficial e Praça, será constituído Conselho
Especial de Justiça para o processamento e julgamento do feito.
 A Justiça Militar Estadual de 1º Grau existe em todos os Estados da
Federação, e os Tribunais Militares existem como órgãos de 2ª instância
somente nos Estados do RIO GRANDE DO SUL, SÃO PAULO E MINAS
GERAIS, apesar de outros estados também possuírem, atualmente,
efetivo militar superior a vinte mil integrantes.

 Desta forma, é importante ressaltar que o artigo 125, parágrafo 3°,


faculta aos estados que possuírem um efetivo de militares estaduais
superior a 20.000 (vinte mil) integrantes que, por lei de iniciativa do
Tribunal de Justiça, seja proposta a criação de Tribunais de Justiça Militar
nos Estados-Membros.
 Hoje, a Justiça Castrense se divide em: Justiça Militar da União e a
Justiça Militar Estadual. Enquanto a JMU tem competência para julgar
crimes militares cometidos por integrantes das Forças Armadas (Marinha,
Exército e Aeronáutica) ou por civis que atentem contra a Administração
Militar Federal, a Justiça Militar Estadual é competente para julgar os
militares dos Estados (Polícia Militar e Corpo de Bombeiros) nos
crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos
disciplinares.
DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA
 No Brasil, a presunção de inocência encontra guarida no Art. 5º, inciso LVII,
da Constituição Federal, o qual estabelece que ”ninguém será considerado
culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

 As Constituições democráticas modernas, como é caso da Constituição Federal


de 1988, albergaram o Princípio da presunção da inocência, por traduzir
compromisso com a liberdade, a democracia e os direitos humanos.

 Desta forma, a inocência é presumida até o trânsito em julgado de sentença


penal condenatória, o que somente ocorre quando a decisão condenatória não é
mais recorrível, quer seja pelo decurso in albis do prazo recursal, quer seja pelo
esgotamento dos recursos cabíveis, que no Brasil podem alcançar quatro
instâncias.

A coisa julgada constitui a imutabilidade da sentença contra a qual não sejam


cabíveis recursos, quer seja pela sua não interposição no prazo legal, quer seja
pela inexistência de outros recursos além daqueles já interpostos e julgados.
DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA
 Segundo o art. 5º, inciso LV, da CF/88 – “aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. A
lógica constitucional é de prestígio ao acusado, de modo a mitigar a inerente
desigualdade existente entre o Estado e o sujeito ao qual se imputa prática de
crime militar.

 Tal situação se justifica porque, seja na fase investigatória, durante o Inquérito


Policial Militar (IPM), ou na fase processual, o Estado atuará como órgão de
investigação, como órgão de acusação, como órgão de julgamento e, após a
condenação, como órgão de .execução penal.

 Deve-se garantir o acesso à informação e o exercício pleno de participação das


partes no processo, de modo que possam efetivamente oferecer “reação,
manifestação ou contrariedade à pretensão da parte contrária”. Pressupõe o
contraditório, “a paridade de armas”, o equilíbrio de forças entre acusação e
defesa.
 Entende-se por AMPLA DEFESA o direito ao pleno exercício da autodefesa,
aquela exercida direta e pessoalmente pelo imputado, como ocorre na audiência
de custódia e nos interrogatórios, nos quais o interrogando poderá, se assim o
desejar, expor sua “verdade” ao Estado-Juiz, e da defesa técnica, exercida por
advogado ou por Defensor Público.

 Dessa feita, o princípio da ampla defesa tem como fundamento o direito de


alegar fatos relevantes juridicamente e a possibilidade de comprová-los por
quaisquer meios de prova em direito admitidos.

 A ampla defesa abrange os seguintes direitos:

I – Direito de informação, em que nos deparamos com a obrigação para o Estado de informar à
parte contrária os atos que vierem a ser praticados sobre os elementos ali constantes,
exteriorizando, assim, o princípio do contraditório;

II – Direito de Manifestação, que assegura ao defendente a possibilidade de manifestar-se, seja


na forma oral ou pro escrito, sobre os elementos fáticos e jurídicos constantes;

III – Direito de ver os seus argumentos considerados, exigindo do julgador a capacidade de


apreensão e isenção de ânimo para contemplar as razões apresentadas;
 CONTRADITÓRIO, na fase processual, é inerente ao direito de defesa,
decorrente da bilateralidade do processo: quando uma das partes alega algo,
há de ser ouvida também a outra parte, dando-lhe a oportunidade de
resposta. Pressupõe o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e seu
direito de resposta ou de reação.

 Em linhas gerais, pode ser dito que o princípio do contraditório significa que
cada ato praticado durante o processo seja resultante da participação ativa das
partes. Surge como uma garantia de justiça para as partes. É de suma
importância que o juiz, antes de proferir cada decisão, proceda a devida oitiva
das partes, proporcionando-lhes a igual oportunidade para que, na forma devida,
se manifestem com os devidos argumentos e contra-argumentos.

 Desta forma, pode ser dito que o princípio do contraditório é constituído por
dois elementos, a saber: informação e possibilidade de reação. Também,
cabe enfatizar que nossa CF/88 autorizou o entendimento de que os princípios
do contraditório e da ampla defesa sejam garantidos no processo
administrativo, inclusive não punitivos.
DA VERDADE REAL OU MATERIAL
 Entende-se esse Princípio como a busca da verdade real “investigação dos
fatos como se passaram na realidade, não se conformando com a verdade
formal, que consta nos autos trazidas pelas partes”. Sob tal perspectiva se
autorizaria ao juiz determinar a realização de atos e diligências de ofício, com o
propósito de formar o seu livre convencimento.
 O princípio da verdade real estabelece que o julgador sempre deve buscar
estar mais próximo possível das verdades ocorridas no fato, devendo existir
sempre um sentimento de busca pela verdade quando da aplicação da pena e
da apuração dos fatos.
DA PUBLICIDADE
 A publicidade é a garantia que o acusado tem de conhecer a respeito das
imputações que lhe são dirigidas, permitindo-lhe defender-se delas, refutá-
las e contradizê-las, valendo-se dos recursos e meios legais cabíveis.
 A publicidade também é garantia da sociedade, pois no processo penal, se
discute matéria de interesse público de vital interesse à sociedade, uma vez
que, em regra, está em jogo a proteção de bens e interesses individuais.
DA OBRIGATORIEDADE
 O Princípio da Obrigatoriedade se aplica às autoridades de Polícia Judiciária
Militar e aos membros do MP, no que se refere à instauração do IPM, à
lavratura do APF e a propositura de ação penal pública e incondicionada,
presentes as condições e requisitos legais para a realização dos referidos atos e
procedimentos, nos termos dos artigos 8º, 10 e 30 do CPPM.

DA OFICIALIDADE

 Dada a natureza e as consequências envolvidas na dinâmica da


investigação e do Processo Penal Militar, os órgãos com atuação
repressiva, persecutória, acusatória e julgadora são pertencentes às
estruturas oficiais e institucionais do Estado, não havendo espaço à
atuação do particular, ressalvada a participação do assistente de acusação
(ofendido, seu representante legal e seu sucessor), na fase processual, nos
limites estabelecidos pelo CPPM.
Desta forma, a persecução penal é uma função primordial e obrigatória
do Estado, relacionando-se à legalidade, no âmbito penal.
DA INDISPONIBILIDADE
 Apresentada a denúncia, o MP não poderá desistir da ação penal, ainda que
venha, posteriormente, se convencer que o denunciado não tenha cometido o
crime militar, art. 32 do CPPM: Art. 32. Apresentada a denúncia, o Ministério
Público não poderá desistir da Ação Penal.

 O Ministério Público, também, não poderá desistir dos recursos que tiver
interpostos, nos termos do art. 512 do CPPM: Art. 512. O Ministério Público
não poderá desistir do recurso que haja interposto.

 Assim, caso o MP, posteriormente ao oferecimento da ação penal ou dos


recursos, se convença pela inocência do acusado ou pela desnecessidade do
recurso que haja interposto, poderá postular pela absolvição ou pelo
desprovimento do pedido recursal.

 A mitigação da indisponibilidade da ação penal, em curso, em decorrência do


acordo de não Persecução Penal, previsto no art. 28 do CPP, introduzido
pela Lei nº 13.964/2019, ainda não goza de precedentes favoráveis no âmbito
da Justiça Militar da União. O acordo de não persecução penal (ANPP) pode ser conceituado como instituto de caráter
pré-processual, de direito negocial entre o representante do Ministério Público e o
investigado, ou seja, trata-se de negócio bilateral, o que quer dizer que o investigado não
está obrigado a aceitar as condições impostas, principalmente quando excessivas.


DA INICIATIVA DAS PARTES E DO IMPULSO OFICIAL
 Tal Princípio é, tradicionalmente, utilizado para justificar a proibição de os
órgãos judiciais darem início ao Processo Penal, tendo em vista que, no
Processo penal Militar, ressalvada a hipótese da ação penal privada subsidiária da
pública, o MP tem titularidade exclusiva da promoção da ação penal, conforme
reza o inciso I, art. 129 da CF/88.
DA INADMISSIBILIDADE DE PROVAS ILÍCITAS
 As provas obtidas por meio ilícitos são inadmitidas no processo, conforme disposto
no inciso LVI, do art. 5º, da CF/1988: LVI – são inadmissíveis, no processo, as
provas obtidas por meios ilícitos.
 Tema sensível e merecedor de nossa atenção diz respeito às provas ilícitas por
derivação, que são aquelas produzidas em conformidade com o ordenamento
jurídico, mas têm sua origem em provas ilicitamente colhidas, como pro exemplo
o depoimento de uma testemunha sobre fato juridicamente relevante, cujo nome foi
obtido a partir de uma intercepção telefônica sem autorização legal.
 O STF e o STM têm se posicionado contrariamente a admissão das provas ilícitas
por derivação, com base na doutrina da “The fruit of the poisonous tree” (teoria dos
frutos da árvore envenenada), segundo a qual haveria a contaminação de prova
lícita, em caso de originar-se de uma prova ilícita.
DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO
 Tratando-se de Processo Penal, no qual estão em jogo interesses de extrema
relevância, como a ordem pública, ordem econômica e a liberdade individual, a
resposta do Estado-juiz dentro de parâmetro temporal razoável se mostra
mais relevante.

 A Emenda Constitucional nº 45, de 08/12/2004, acrescentou, no rol dos Direitos


e Garantias Fundamentais, o inciso LXXVIII, constitucionalizando esse Princípio,
segundo o qual “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados
a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de
sua tramitação”.

 Para efeitos didáticos, ressaltamos que o cômputo de prazos, para o fim de


realização de atos processuais, toma por base o primeiro dia útil, seguinte, ao
ato de comunicação processual (citação, intimação, notificação), exceto para
aqueles, que importem na constrição da liberdade do indiciado/acusado, como, por
exemplo, a conclusão do Inquérito Policial Militar (IPM) com indiciado preso, que
seguirão a regra do art. 16 do CPM: Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia
do começo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
DOS PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO PROCESSO PENAL MILITAR
 O Processo Penal Militar, seja em tempo de paz ou de guerra, é regido pelo
CPPM, sem prejuízo da existência de legislação especial que lhe seja,
estritamente aplicável.

 Dadas as especificidades da Justiça Militar, podemos destacar 03 (três)


Princípios específicos do Processo Penal Militar.

1. DA PREVALÊNCIA DA ÍNDOLE DO PROCESSO PENAL MILITAR


 Tal princípio teria suporte normativo no art. 3º, alínea “a” do CPPM, consistindo
na possibilidade de ser utilizado, no Processo Penal Militar, a legislação
processual comum, desde que não cause prejuízo à sua índole, in verbis:
Art. 3º Os casos omissos neste Código serão supridos:
a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem
prejuízo da índole do processo penal militar;
[...]

 A índole no Processo Penal Militar está diretamente ligada àqueles valores,


prerrogativas, deveres e obrigações, que sendo inerente aos membros das
Forças Armadas, devem ser observadas no decorrer do processo, enquanto o
acusado mantiver o posto ou graduação correspondente.
2. DAS PRERROGATIVAS DO POSTO OU GRADUAÇÃO DO RÉU
 Esse Princípio tem por base o art. 73 do CPPM, segundo o qual o oficial ou a
praça da ativa deverão ser acompanhados, respectivamente, por oficial ou praça
de posto ou graduação superior ou de maior antiguidade, quando se apresentar ao
juízo da Justiça Militar, seja na condição de testemunha, réu ou preso.

 Tais prerrogativas devem ser respeitadas, inclusive, na fase de execução da


pena, sendo garantido aos militares da ativa e da reserva o cumprimento de
penas privativas de liberdade, mesmo quando decretadas por órgão judiciário
não pertencente à Justiça Militar, em estabelecimento militar, respeitadas as
normas de precedência hierárquica.
3. DO JUÍZO HIERÁRQUICO

O Princípio encontra base no art. 23 da Lei nº 8.457, de 04/09/1992, que


estabelece que os juízes militares que integrarem os Conselhos Especiais de
Justiça serão de posto superior ao do acusado, ou do mesmo posto e de maior
antiguidade, para fins de preservação dos princípios da hierarquia e disciplina
militar, os quais são pilares de sustentação das corporações militares.
DA APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR

 O CPPM, por força do art. 1º ao 6º, além de normatizar, estabelece


considerações gerais sobre a aplicação, especificidade e a
abrangência da lei processual penal militar, no contexto de jurisdição
penal militar, tanto em tempo paz como em tempo de guerra.
 Assim, excetuando-se a existência de lei específica, ou de tratados
internacionais de que o Brasil seja signatário, o processo penal militar
será regido pelo CPPM, cujas normas serão aplicadas,
subsidiariamente, aos processos regulados em leis especiais.
 Da mesma forma, o art. 3º do CPPM, admite a possibilidade de
aplicação da legislação processual penal comum; da jurisprudência; da
analogia; dos princípios gerais do direito; pelos usos e costumes
militares, em caso de lacuna na lei processual penal militar, com
ressalva de que tal aplicação não pode causar “prejuízo da índole do
processo penal militar”.
 O art. 4º disciplina a aplicação do CPPM no contexto do espaço e do tempo,
verificando-se a peculiaridade extraterritorial da lei processual penal militar, que
sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplica-se
tanto em território sob a jurisdição nacional quanto fora dos limites
territoriais brasileiros.
 O art. 5º do CPPM trata a aplicação intertemporal das normas processuais
penais militares, que encontram correspondência com o at. 1º do CPP,
explicitando a aplicação imediata das normas processuais que são dotadas de
ultratividade (aplicação de lei revogada aos fatos praticados ao tempo de sua
vigência), alcançando, inclusive, os processos já em curso, por ocasião da
sua vigência, em consonância com o princípio tempus regit actum (Tempo
rege o ato).
DA POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR (PJM)

 A investigação sobre a materialidade e a autoria de crimes militares


definidos em lei é atribuição da Polícia Judiciária Militar (PJM), exercida por
autoridades militares, investidas em cargo de comando ou direção, sempre
de precedência hierárquica superior ao suspeito de ter praticado o fato delituoso
sob investigação.
 Tal atribuição é possível ser delegada, por meio de documento formal,
normalmente, por portaria administrativa da Autoridade de PJM, aos Oficiais da Ativa,
considerando as especificidades do CPPM, por exemplo, no que concerne às normas
de subordinação hierárquica (oficial da ativa e de posto superior ao indiciado,
não importando seja este da ativa ou da inatividade) e limites de
responsabilidades territorial dessas autoridades.
 Na impossibilidade de existir oficial da ativa de posto superior ao indiciado, a
delegação recairá sobre oficial de mesmo posto e de maior antiguidade. Entre dois
oficiais de igual posto, o da ativa terá precedência hierárquica em relação ao
oficial da reserva ou reformado.
 Não existindo oficial da ativa de posto ou antiguidade superior ao indiciado, poderá
ser designado oficial da reserva remunerada de posto mais elevado para presidir o
IPM.
 As atribuições da Polícia Judiciária Militar estão previstas no art. 8º do CPPM, ipsis
litteris:
Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar:
a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e sua autoria;
b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar
as diligências que por eles lhe forem requisitadas;
c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela justiça militar;
d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da insanidade mental do indiciado;
e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, nesse
sentido;
f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das infrações penais, que esteja a seu cargo;
g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários ao complemento e subsídio de inquérito policial militar;
h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de apresentação de militar ou funcionário de repartição militar à autoridade civil competente, desde que
legal e fundamentado o pedido.
INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
CONCEITO
 O Inquérito Policial Militar é a apuração sumária de fato, que, nos termos legais,
configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória,
cuja finalidade precípua é a de MINISTRAR ELEMENTOS NECESSÁRIOS À
PROPOSITURA DA AÇÃO PENAL (art. 9º do CPPM).
 O escopo do IPM reside na colheita, preliminar, de provas com a finalidade de
apurar a real prática de uma infração penal militar, no caso, o crime militar e sua
respectiva autoria. Tal colheita dar-se-á através de atividade da polícia judiciária
militar. Seu objetivo primordial é COLABORAR COM A FORMAÇÃO DA
CONVICÇÃO DO REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR, não
esquecendo, também, da colheita de provas, em caráter urgente, EM VIRTUDE
DE SEU RISCO DE PERECIMENTO, APÓS O COMETIMENTO DO CRIME
MILITAR.
 Ressalta-se que o Auto de Prisão em Flagrante (APF) constituirá o IPM, se
CONTIVER OS ELEMENTOS SUFICIENTES PARA ELUCIDAÇÃO DO FATO E
SUA AUTORIA, conforme preceitua o art. 27 do CPPM.
 O Inquérito Policial Militar é um procedimento ADMINISTRATIVO, com

natureza INQUISITÓRIA, ESCRITO E SIGILOSO, dotado de provisoriedade.


 O Inquérito Policial, portanto, é um procedimento de cunho administrativo

realizado pela Polícia Judiciária, e que consiste em atos de investigação com


o objetivo de apurar a ocorrência de uma infração penal e sua autoria, a fim de
que o titular da ação penal possa exercê-la, bem como possa, efetivamente,
requerer medidas cautelares atinentes ao caso (Badaró, G. H. 2016.
4.ed. Processo Penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais Ltda).
 O Art. 144 da nossa Constituição Federal de 1988, mais especificamente em

seu §4º, já prepara o campo para a atuação da polícia judiciária militar:


“Art.144. [....]
§4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, EXCETO AS MILITARES.”
 O IPM é um procedimento destinado a apurar a existência e autoria de um
delito militar, não tendo um caráter definitivo. Portanto, sem a finalidade jurídica de
apreciar uma pretensão, não sofre o crivo do contraditório. O conjunto probatório
colhido nesta fase investigativa deverá ser renovado ou ratificado em juízo, em face
dos princípios do contraditório e da ampla defesa.
 Apreende-se da colocação acima, que a provisoriedade do IPM está ligada ao
fato de que seu objetivo específico é a busca da existência e autoria da infração
penal militar. Do contrário, se houvesse um caráter definitivo, poderia fundamentar
uma decisão condenatória, e servir para a aplicação da lei penal ao indiciado sem a
renovação ou ratificação em juízo das provas colhidas na fase de polícia judiciária
militar.
 O Encarregado do procedimento deverá municiar o titular da ação penal
militar com um conjunto investigativo robusto, expondo de forma circunstanciada
o fato criminoso, a qualificação do seu autor e ofendido, indicando o tempo, o lugar do
crime e outros elementos que se fizerem necessários e pertinentes.
 Não se discute hoje, a possibilidade de participação do advogado do indiciado em
todos os atos do IPM, apesar do Art. 16 do CPPM considerá-lo um procedimento
sigiloso. É direito do advogado fazer-se presente, auxiliando até o encarregado na
apuração do fato em investigação, porque ele é considerado indispensável à
administração da justiça e, no IPM, só começa a justiça com uma apuração
independente, imparcial e impessoal, sem corporativismo.
 O parágrafo único do art. 9º do CPPM lembra que:

Parágrafo único. São, porém, efetivamente instrutórios da ação penal os


exames, perícias e avaliações realizados regularmente no curso do
inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas
neste Código.
 Logo, vislumbra-se que a produção de exames e avaliações realizados por

peritos oficiais é feita uma só vez, não havendo necessidade de refazimento


durante a instrução judicial. Mas tal colocação não se dá por absoluta. Em
posição soberana, encontram-se as garantias constitucionais, dentre as quais a
ampla defesa e o contraditório, bem como a necessidade de observância ao
princípio do devido processo legal. E, para tanto, será possível à defesa do
acusado, se devidamente fundamentada, reavaliar ou refazer determinada
prova pericial em juízo. Assim, nada impede a exumação de um corpo, com o
objetivo de sanar as dúvidas que porventura surgirem e fazer valer uma melhor
atuação da defesa.
 Ressalta-se que os exames, perícias e avaliações realizados regularmente no
curso do inquérito, por peritos idôneos e com obediência às formalidades previstas
no CPPM são efetivamente instrutórios da ação penal (CPPM, art. 9°, p. único).
 O dispositivo em análise apenas evidencia o fato de que, somente em casos
excepcionais, com motivo justificável, é que os exames, perícias e avaliações
serão refeitos na fase judicial.
 Desta forma, é essencial destacar que eventuais irregularidades no curso do
IPM não tem o potencial de causar nulidade ao processo penal que lhe
suceda, uma vez que as nulidades processuais dizem respeito aos atos
praticados em sede judicial e não extraprocessual.
 O Código de Processo Penal Militar, em seu art. 142, expressamente dispõe
que não se poderá opor suspeição ao encarregado do inquérito, mas deverá
este se declarar suspeito quando ocorrer motivo legal, que lhe seja aplicável.
 Assim sendo, embora não se possa falar em nulidade do inquérito policial, que
acabe contaminando a ação penal militar, o mais prudente é que o encarregado do
inquérito, encontrando-se, em qualquer das situações previstas no art. 58 do
Código de Processo Penal Militar, se declare suspeito, visando evitar que a
investigação desenvolvida por ele seja taxada de tendenciosa e parcial.
a) se for amigo íntimo ou inimigo do acusado ou ofendido; b) se ele próprio, seu cônjuge ou parente
consanguíneo ou afim, até o terceiro grau inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que
tenha de ser julgado pelo acusado ou pelo ofendido; c) se houver aconselhado o acusado; d) se for
tutor ou curador, credor ou devedor do acusado; e) se for herdeiro presuntivo, ou donatário ou
usufrutuário de bens, do acusado ou seu empregador; f) se for presidente, diretor ou administrador
de sociedade ligada de qualquer modo ao acusado.
DA INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR
 Nos termos do Art. 10 do Código de Processo Penal Militar, o IPM é iniciado
mediante portaria e poderá ser provocado por meio das seguintes situações:
a) de ofício, pela autoridade militar em cujo âmbito de jurisdição ou comando haja ocorrido a infração
penal, atendida a hierarquia do infrator;
b) por determinação ou delegação da autoridade militar superior, que, em caso de urgência, poderá
ser feita por via telegráfica ou radiotelefônica e confirmada, posteriormente, por ofício;
c) em virtude de requisição do Ministério Público;
d) por decisão do Superior Tribunal Militar, nos termos do art. 25;
e) a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a represente, ou em virtude de
representação devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de infração penal, cuja
repressão caiba à Justiça Militar;
f) quando, de SINDICÂNCIA feita em âmbito de jurisdição militar, RESULTE INDÍCIO DA
EXISTÊNCIA DE INFRAÇÃO PENAL MILITAR.

 Como dito alhures, o Inquérito Policial Militar tem início, via de regra, com uma
portaria administrativa que deve definir os ilícitos penais que serão objeto de
investigação, pois, NÃO EXISTE INVESTIGAÇÃO DE FATO ATÍPICO, DE CRIME
MILITAR PRESCRITO OU COM A CLARIVIDENTE AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE
AUTORIA OU MATERIALIDADE. Aliás, as referidas situações podem ensejar o
trancamento do caderno investigatório.
 O trancamento é a situação de paralisação do inquérito policial, a
suspensão temporária, a qual poderá ser determinada através de acórdão
proferido no julgamento de habeas corpus.
 Visto que o habeas corpus é remédio constitucional que não exige
capacidade postulatória para a sua impetração, o próprio investigado
poderá propô-lo visando o trancamento do inquérito policial que o
investiga. Diferentemente do pedido de arquivamento de inquérito que só
pode ser requerido pelo Ministério Público, pois este é o titular da ação penal
pública.
 É importante ressaltar que havendo indícios de que o autor seja de
precedência hierárquica superior, deverá a autoridade de PJM, o mais rápido
possível, comunicar essa situação ao seu comando superior, para as
providências devidas.
 A requisição de instauração de IPM e ou de prestação de informações
pelo MP devem ser atendidas, sob pena de responsabilidade da
autoridade requisitada. Todavia, não estará essa autoridade obrigada a
indiciar qualquer pessoa nem a concordar com a autoridade
requisitante, quanto a existência de materialidade e a autoria de crime
militar, ao final da investigação.
 REQUISIÇÃO é a exigência para a realização de algo, fundamentada em lei. Assim,
não de deve confundir requisição com ordem pois nem o representante do Ministério
Público, nem o juiz são superiores hierárquicos da autoridade militar, motivo pelo qual
não lhe podem dar ordens. Requisitar a instauração do inquérito é diferente, pois é
um requerimento lastreado em lei, fazendo com que a autoridade policial militar
cumpra a norma e não a vontade particular do Promotor ou do Magistrado.
 A vítima de crime militar, pessoalmente, ou por meio do seu representante legal,
instituído por meio de procuração com poderes específicos, poderá requerer à
autoridade de PJM, a instauração de IPM. Para tanto, deverá fornecer elementos de
informações de fato que justifiquem tal medida, não estando a referida autoridade
militar obrigada a instaurar o referido procedimento investigatório, caso vislumbre
a ausência dos elementos fáticos mínimos de existência de crime militar ou de justa
causa.
 No âmbito administrativo militar é comum a instauração de sindicâncias
administrativas sempre que as autoridades militares necessitem esclarecer situações
de fato que, por sua complexidade ou natureza, demandem uma apuração prévia. Na
hipótese de constatação de indícios de crime militar, a autoridade militar
determinará, conforme o caso, a instauração de IPM.
 Em algumas situações excepcionais, a Sindicância pode dispensar o IPM, nos
termos do art. 28, alínea “a”, do CPPM:
Art. 28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência requisitada pelo Ministério Público:
a) quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas materiais;
SUPERIORIDADE OU IGUALDADE DE POSTO DO INFRATOR

 Nos termos do Art. 10, §1º do CPPM, quando o infrator possuir posto superior
ou igual ao do comandante, diretor ou chefe de órgão ou serviço, em cujo âmbito
de jurisdição militar haja ocorrido a infração penal, será feita a comunicação do
fato à autoridade superior competente, para que esta torne efetiva a delegação,
nos termos do § 2° do art. 7º.

PROVIDÊNCIAS ANTES DO INQUÉRITO

 Estabelece o Art. 10, §2º do CPPM que o aguardamento da delegação do IPM


não obsta que o oficial responsável por comando, direção ou chefia, ou
aquele que o substitua ou esteja de dia, de serviço ou de quarto, tome ou
determine que sejam tomadas imediatamente as providências cabíveis,
previstas no art. 12 do CPPM, uma vez que tenha conhecimento de infração
penal que lhe incumba reprimir ou evitar.
INDÍCIOS CONTRA OFICIAL DE POSTO SUPERIOR OU MAIS ANTIGO NO
CURSO DO IPM
 Conforme previsão do Art. 10, §5º do CPPM, se, no curso do inquérito, o seu
encarregado verificar a existência de indícios contra oficial de posto superior ao seu,
ou mais antigo, tomará as providências necessárias para que as suas funções sejam
delegadas a outro oficial, nos termos do § 2° do art. 7º do CPPM:
Art. 7º. [...]
§2º Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial
militar, DEVERÁ AQUELA RECAIR EM OFICIAL DE POSTO SUPERIOR
AO DO INDICIADO, SEJA ESTE OFICIAL DA ATIVA, DA RESERVA,
REMUNERADA OU NÃO, OU REFORMADO.

ESCRIVÃO DO INQUÉRITO

 Em consonância com o Art. 11 do CPPM, a designação de escrivão para o IPM


caberá ao respectivo encarregado, se não tiver sido feita pela autoridade que lhe deu
delegação para aquele fim, RECAINDO EM 2º OU 1º TENENTE, SE O INDICIADO
FOR OFICIAL, E EM SGT, ST OU SUBOFICIAL, NOS DEMAIS CASOS.
 De igual forma, é importante destacar que nos termos do parágrafo único do
artigo supra, O ESCRIVÃO PRESTARÁ COMPROMISSO DE MANTER O
SIGILO DO INQUÉRITO E DE CUMPRIR FIELMENTE AS DETERMINAÇÕES
DO CPPM, NO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO.

MEDIDAS PRELIMINARES AO IPM

 Estabelece o Art. 12 do CPPM, que logo que tiver conhecimento da prática de


infração penal militar, verificável na ocasião, a autoridade a que se refere o § 2º do
art. 10 deverá, se possível:
a) dirigir-se ao local, providenciando para que se não alterem o estado e a situação das coisas, enquanto
necessário;
b) apreender os instrumentos e todos os objetos que tenham relação com o fato;
c) efetuar a prisão do infrator, observado o disposto no art. 244;
d) colher todas as provas que sirvam para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias.

 Seria extremamente útil que a autoridade policial pudesse comparecer, sempre e


pessoalmente, ao lugar onde o crime ocorreu, mormente no caso daqueles que deixam
vestígios, tais como homicídio, latrocínio, furto com arrombamento, incêndio etc. A não
alteração do local é fundamental para que os peritos criminais possam elaborar laudos
úteis ao esclarecimento da verdade real.
ATRIBUIÇÕES DO ENCARREGADO DO IPM
 Nos termos do Art. 13 do CPPM, o encarregado, para formação do IPM
deverá:
a) tomar as medidas previstas no art. 12, se ainda não o tiverem sido;
b) ouvir o ofendido;
c) ouvir o indiciado;
d) ouvir testemunhas;
e) proceder a reconhecimento de pessoas e coisas, e acareações;
f) determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito
e a quaisquer outros exames e perícias;
g) determinar a avaliação e identificação da coisa subtraída, desviada,
destruída ou danificada, ou da qual houve indébita apropriação;
h) proceder a buscas e apreensões, nos termos dos arts. 172 a 184 e
185 a 189;
i) tomar as medidas necessárias destinadas à proteção de testemunhas,
peritos ou do ofendido, quando coactos ou ameaçados de coação que
lhes tolha a liberdade de depor, ou a independência para a realização de
perícias ou exames.

 O Encarregado do IPM poderá solicitar ao escalão superior, auxílio na condução do


IPM, em especial no que se refere à realização de perícias em geral, bem como
orientação ao Ministério Público Militar, que é o destinatário do IPM e titular do
Controle Externo da Atividade Policial.
ASSISTÊNCIA DE PROCURADOR
 Conforme previsto no Art. 14 do CPPM, em se tratando da apuração de fato

delituoso de excepcional importância ou de difícil elucidação, o encarregado do


inquérito poderá solicitar do Procurador-Geral a indicação de procurador que
lhe dê assistência.
ENCARREGADO DE INQUÉRITO. REQUISITOS
 Será encarregado de IPM, SEMPRE QUE POSSÍVEL, OFICIAL DE POSTO

NÃO INFERIOR AO DE CAPITÃO OU CAPITÃO-TENENTE; e, em se tratando


de infração penal contra a segurança nacional, sê-lo-á, sempre que possível,
Oficial Superior, atendida, em cada caso, a sua hierarquia, se Oficial o indiciado
(ex vi Art. 15 do CPPM).

SIGILO DO INQUÉRITO
 O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que dele tome
conhecimento o advogado do indiciado (ex vi Art. 16 do CPPM).
 Quanto ao sigilo, pode ser dito que este é um de seus principais pontos, uma de
suas principais características. O art. 16 do CPPM é explícito ao mencionar tal
característica. O inquérito policial, por ser uma peça de cunho administrativo,
inquisitivo e preliminar, DEVE SER SIGILOSO, não havendo sentido em ser
público, haja vista que o princípio da publicidade é um princípio a ser observado em
sede processual. Guardadas as garantias supramencionadas, bem como
observados os direitos dos advogados em atuarem em prol de seus clientes
e os direitos dos investigados, não caberá a incursão em repartição
administrativa, de qualquer do povo, desejando ter acesso aos autos do inquérito
em curso, no caso o IPM, sob o pretexto de exercer fiscalização e de acompanhar
o trabalho do Estado-investigação, como é perfeitamente normal, quando da
ocorrência de um processo-crime em juízo. Cabe enfatizar que as investigações
já são acompanhadas e fiscalizadas pelos órgãos encarregados, fato este
que dispensa a publicidade.
POSSIBILIDADE DE OBTENÇÃO DE CÓPIAS DE TODOS OS ELEMENTOS DE
PROVA JÁ DOCUMENTADOS, INCLUSIVE DAQUELES EM FORMATO
AUDIOVISUAL
Nada, absolutamente nada, respalda ocultar de envolvido – como é o caso da
reclamante – dados contidos em autos de procedimento investigativo ou em
processo alusivo a ação penal, pouco importando eventual Sigilo do que
documentado. Esse é o entendimento revelado no verbete vinculante 14: “É direito
do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que,
já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de
polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”. Tendo em vista a
expressão “acesso amplo”, deve-se facultar à defesa o conhecimento da
integralidade dos elementos resultantes de diligências, documentados no
procedimento investigatório, permitindo, inclusive, a obtenção de cópia das peças
produzidas. O sigilo refere-se tão somente às diligências, evitando a frustração
das providências impostas. Em síntese, o acesso ocorre consideradas as peças
constantes dos autos, independentemente de prévia indicação do Ministério Público.
3. Defiro a liminar para que a reclamante, na condição de envolvida, tenha acesso
irrestrito e imediato, por meio de procurador constituído, facultada inclusive a
extração de cópia, aos elementos constantes do procedimento investigatório (...)

(RCL 31.213 MC, REL. MIN. MARCO AURÉLIO, DEC. MONOCRÁTICA, J. 20-8-
2018, DJE 174 DE 24-8-2018)
 Merece registro o novo art. 16-A, caput, e parágrafos do CPPM, introduzidos pela Lei
nº 13.964/2019, denominada “Lei Anticrime”, que garantem aos POLICIAIS MILITARES
E OS BOMBEIROS MILITARES, que figurarem como investigados em IPM e demais
procedimentos investigatórios criminais, INSTAURADOS PARA APURAR PRÁTICA DE
CRIMES DE HOMICÍDIO, na forma consumada e tentada, ocorridos na dinâmica do
exercício de suas atividades de Segurança Pública, O DIREITO DE SEREM
ASSISTIDOS POR DEFENSOR:
Art. 16-A. Nos casos em que servidores das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares figurarem como
investigados em inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de
fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma consumada ou tentada,
incluindo as situações dispostas nos arts. 42 a 47 do Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 (Código Penal
Militar), o indiciado poderá constituir defensor.(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da instauração do procedimento
investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da
citação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º com ausência de nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade
responsável pela investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da
ocorrência dos fatos, para que esta, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação
do investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 3º (VETADO).
§ 4º (VETADO).
§ 5º (VETADO).
§3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do § 2º deste artigo, a defesa caberá
preferencialmente à Defensoria Pública e, nos locais em que ela não estiver instalada, a União ou a Unidade da
Federação correspondente à respectiva competência territorial do procedimento instaurado deverá disponibilizar
profissional para acompanhamento e realização de todos os atos relacionados à defesa administrativa do
investigado.
§4º A indicação do profissional a que se refere o § 3º deste artigo deverá ser precedida de manifestação de que não
existe defensor público lotado na área territorial onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese
em que poderá ser indicado profissional que não integre os quadros próprios da Administração.
§5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio dos interesses do investigado
nos procedimentos de que trata esse artigo correrão por conta do orçamento próprio da instituição a que este esteja
vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados.
§6º As disposições constantes deste artigo aplicam-se aos servidores militares vinculados às instituições dispostas
no art. 142 da Constituição Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da
Lei e da Ordem.”


 Segundo se depreende do texto legal, o militar investigado deverá ser citado
(chamamento do réu ao processo), na verdade intimado ou notificado, por quando da
instauração do procedimento, para que constitua defensor (advogado regularmente
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil), dentro de 48 (quarenta e oito) horas a
contar do recebimento da referida comunicação. Caso o militar não o faça, a autoridade
que preside o procedimento investigatório deverá comunicar tal fato à autoridade a que se
encontrar subordinado o militar, para que providencie, dentro do mesmo prazo de 48
(quarenta e oito) horas, a indicação de defensor para o investigado.
 Na prática, instaurado o IPM ou outro procedimento investigatório criminal, nas hipóteses

legais, supramencionadas, deverá a autoridade que presida tais procedimentos (ou a


autoridade delegante) oficiar à Defensoria Pública estadual/distrital ou da União, para
que proceda a assistência dos investigados, quando esses não venham a constituir
advogados.
A previsão do dever de os Estados e União garantirem a assistência de
advogado/defensor, na fase investigatória, aos militares, nas condições supramencionadas,
aponta para uma tendência de flexibilização da natureza ou modelo inquisitorial.
INQUIRIÇÃO DURANTE O DIA

 As testemunhas e o indiciado, exceto caso de urgência inadiável, que constará

da respectiva assentada, devem ser ouvidos durante o dia, em período que


medeie entre as sete e as dezoito horas. (Art. 19 do CPPM)
INQUIRIÇÃO. ASSENTADA DE INÍCIO, INTERRUPÇÃO E ENCERRAMENTO
 O escrivão lavrará assentada do dia e hora do início das inquirições ou
depoimentos; e, da mesma forma, do seu encerramento ou interrupções, no final
daquele período. (Art. 19,§1º do CPPM)
INQUIRIÇÃO. LIMITE DE TEMPO
A testemunha não será inquirida por mais de quatro horas consecutivas,
sendo-lhe facultado o descanso de meia hora, sempre que tiver de prestar
declarações além daquele termo. O depoimento que não ficar concluído às
dezoito horas será encerrado, para prosseguir no dia seguinte, em hora
determinada pelo encarregado do inquérito. (Art. 19, § 2º do CPPM).
 Não sendo útil o dia seguinte, a inquirição poderá ser adiada para o primeiro
dia que o for, salvo caso de urgência (Art. 19, § 3º do CPPM).

PRAZOS PARA TERMINAÇÃO DO IPM

 O IPM deverá terminar no prazo de 20 (VINTE) DIAS, se o indiciado estiver

PRESO, e no prazo de 40 (QUARENTA) DIAS, se o indiciado estiver SOLTO (Art. 20,

Caput do CPPM). O primeiro prazo é contado da data da prisão e o segundo, da data

de instauração do IPM.

PRORROGAÇÃO DE PRAZO DO IPM


 Neste último caso, poderá ser prorrogado por mais 20 (VINTE) DIAS PELA

AUTORIDADE DELEGANTE, desde que NÃO ESTEJAM CONCLUÍDOS EXAMES OU

PERÍCIAS JÁ INICIADOS, OU HAJA NECESSIDADE DE DILIGÊNCIA, INDISPENSÁVEIS

À ELUCIDAÇÃO DO FATO. O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo oportuno,

de modo a ser atendido antes da terminação do prazo (Art. 20, §1º do CPPM).
 Os laudos de perícias ou exames não concluídos nessa prorrogação, bem como os

documentos colhidos depois dela, SERÃO POSTERIORMENTE REMETIDOS AO JUIZ,

PARA A JUNTADA AO PROCESSO. Ainda, no seu relatório, poderá o encarregado do

inquérito indicar, mencionando, se possível, o lugar onde se encontram as testemunhas

que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento (Art. 20, §2º do CPPM).

 Se necessário poderá ser concedido pelo Juiz, após ouvido o MP, a prorrogação

do prazo citado, desde que seja demonstrado por meio de pedido de prorrogação

elaborado pelo Oficial Encarregado, a necessidade de efetivar diligências imprescindíveis

ao oferecimento da denúncia.

 Dessa forma, a autoridade delegante, não satisfeita com a instrução do IPM, também

poderá requisitar do Ministério Público, mediante solução fundamentada, a

prorrogação do prazo estabelecido no CPPM, visando dirimir dúvidas acerca da autoria

e materialidade dos fatos.


RELATÓRIO CONCLUSIVO DO IPM
 O Relatório conclusivo do IPM deverá conter (Art. 22 do CPPM):

a) Diligências realizadas;
b) Os resultados obtidos;
c) As pessoas ouvidas;
d) Indicação do dia, hora e lugar onde ocorreu o fato delituoso;
e) Descreverá ainda as diligências não concluídas;
f) Ponto de vista do encarregado acerca de possível transgressão
disciplinar residual ou infração penal, e o seu possível autor;
g) O encarregado poderá sugerir que seja decretada a prisão
preventiva do indiciado
DA SOLUÇÃO DO IPM
 O Encarregado enviará os autos a autoridade delegante, que discordando da
solução poderá avocá-la dando solução diferente (Art. 22, §2º do CPPM).
REMESSA DOS AUTOS DO IPM À JUSTIÇA MILITAR
 Segundo a redação do art. 23, caput, e parágrafos, do CPPM, os autos do IPM serão
remetidos à Auditoria da Circunscrição Judiciária Militar (CJM) do local em que ocorreu a
infração penal.
ARQUIVAMENTO DO IPM
 Uma vez instaurado o IPM, não poderá, em nenhuma hipótese, ser arquivado pela

autoridade PJM, conforme reza o art. 24 do CPPM, sob pena de subtração de


atribuição, constitucional e legal, do MP de decidir sobre a existência ou não de
elementos, indiciários, de autoria e materialidade de crime militar que justifique o
oferecimento de denúncia.
 O MP poderá entender pela inexistência de materialidade e autoria de crime militar,
hipótese que deverá requerer o ARQUIVAMENTO do IPM (ou APF) à autoridade judiciária
da Justiça Militar, que poderá concordar ou discordar; havendo rejeição do pedido de
arquivamento ministerial, encaminhará os autos ao Procurador – Geral da Justiça
Militar.
 O Procurador poderá mandar arquivar o IPM ou designar outro membro do
MP, para prosseguir nas investigações ou oferecer a denúncia, caso convencido
da existência de elementos necessários para a ação penal, na forma do art. 397
do CPP.
INSTAURAÇÃO DE NOVO INQUÉRITO
 O arquivamento de inquérito não obsta a instauração de outro, se novas
provas aparecerem em relação ao fato, ao indiciado ou a terceira pessoa,
ressalvados o caso julgado e os casos de extinção da punibilidade (Art. 25 do
CPPM).
 Verificando a hipótese contida neste artigo, o juiz remeterá os autos ao Ministério
Público, para os fins do disposto no art. 10, letra c (Art. 25, §1º do CPPM).
 O Ministério Público poderá requerer o arquivamento dos autos, se entender
inadequada a instauração do inquérito (Art. 25, §2º do CPPM).
DEVOLUÇÃO DE AUTOS DE INQUÉRITO
 Os autos de inquérito não poderão ser devolvidos a autoridade policial militar,
a não ser nas seguintes hipóteses: (Art. 26 do CPPM):
a) mediante requisição do Ministério Público, para diligências por ele consideradas
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia;
b) por determinação do juiz, antes da denúncia, para o preenchimento de formalidades
previstas neste Código, ou para complemento de prova que julgue necessária.

 Em qualquer dos casos, o juiz marcará prazo, não excedente de 20 (vinte)


dias, para a restituição dos autos (Art. 26, § Único do CPPM).

SUFICIÊNCIA DO AUTO DE FLAGRANTE DELITO


 Se, por si só, for suficiente para a elucidação do fato e sua autoria, o auto de
flagrante delito constituirá o IPM, dispensando outras diligências, salvo o exame
de corpo de delito no crime que deixe vestígios, a identificação da coisa, e a sua
avaliação, quando o seu valor influir na aplicação da pena. A remessa dos autos,
com breve relatório da autoridade policial militar, far-se-á sem demora ao juiz
competente, nos termos do art. 20 (Art. 27 do CPPM).

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