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RESUMO
1. INTRODUÇÃO
O direito penal militar é o ramo especializado que visa a proteção das instituições
militares e estabelece as regras jurídicas. O código penal militar vigente no
território pátrio foi instituído pelo decreto-lei 1001/69, cabendo ao referido código
ditar os crimes militares, que posteriormente serão julgados pela justiça militar,
de acordo com o art. 124 da constituição federal.
De acordo com a Constituição Federal de 1988 art. 124, cabe a justiça militar
julgar os crimes militares, que são aqueles que somente poderão ser cometidos
em razão da função militar ou que lesione bens ou interesses das instituições
militares no aspecto da disciplina e dever militar. Cabe ressaltar, que no âmbito
da união a responsável é a justiça militar, e a auditoria militar, no caso dos
estados. Embora muitos achem que a justiça especializada é um privilégio, não
podemos entende-la assim, pois se trata apenas de uma divisão com a finalidade
de dar celeridade e ter julgamentos mais justos.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Em regra, a lei não retroage pois, adota-se o princípio do “Tempus regit actum”,
ou seja, os atos são regidos pela lei da época em que foram praticados. Contudo,
há uma exceção, que não respeita essa regra.
Conforme a redação do Art. 2, §1º, código penal militar. “A lei posterior que, de
qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda
quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.”
ABOLITIO CRIMINIS
Conforme a redação do Art. 2, §1º, código penal militar. “Ninguém pode ser
punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude
dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos
efeitos de natureza civil.”
Desse modo, a abolitio criminis ocorre no momento em que, a conduta que era
tipificada como crime deixa de existir. Dessa maneira, todos os efeitos penais
que estavam sendo aplicados ao réu devem ser cessados, por exemplo, tranca
o inquérito; o réu deverá ser posto em liberdade caso esteja preso. Contudo, os
efeitos civis não são extintos.
O direito penal tem a função de proteger os bens jurídicos essenciais, tais como,
a vida; patrimônio; administração pública. Desse modo, a jus puniendi, ou seja,
poder de punir do estado só deve ser usado quando houver uma efetiva lesão
aos bens jurídicos essenciais, caso contrário deverá ser usado outros ramos do
direito. Ou seja, no âmbito militar, deve-se analisar se foi uma transgressão
disciplinar que seria simplesmente resolvida administrativamente.
Para que o crime ocorra, é necessário preencher todos os requisitos acima. Caso
haja exclusão de algum desses elementos, o crime é excluído ou o agente será
isento de pena. Quando os elementos estão presentes, o agente é suscetível de
sofrer a sanção penal, chamada de jus puniendi, que é um instrumento utilizado
pelo estado para reprimir o infrator e evitar que este continua a delinquir.
Conduta Ilícita: Para que haja crime, a ação do agente deve ser ilícita. Pois,
o código penal prevê condições em que situações tipificadas como crime
podem ser efetuadas, a depender da situação. Conforme o Art. 23, CPM.
B. Legítima defesa: A sua previsão legal está prevista no art. 44. Será
considerada quando o agente se defende de um injusta agressão.
Entretanto, deve-se analisar os seguintes requisitos: A agressão deve ser
humana; injusta; atual ou iminente; direito próprio ou de terceiros. Cabe
ressaltar que pode ser qualquer meio necessário para repelir a agressão.
Conforme, o Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que
não tenham atingido essa idade:
A doutrina entende que para haver tipicidade penal não só deve existir lesão
ao bem jurídico tutelado, mas um dano significativo ao bem. Quando não
existe essa gravidade, a legislação criminal não deve ser aplicada. O
magistrado deve analisar requisitos objetivos e subjetivos.
Portanto, antes de analisar o que seria crime militar próprio e impróprio, deve-se
analisar de quem seria a competência para julgar. De acordo com o Decreto-Lei
1002/1961, Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar: a) apurar os crimes
militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e
sua autoria.
A definição que podemos usar para explicar crime militar e dada pelo autor
Marcelo Uzeda de Faria:
Para ratificar tal entendimento, a súmula 298 do STF aprovada em 1968 é bem
claro ao explicar que: O legislador ordinário só pode sujeitar civis à Justiça Militar,
em tempo de paz, nos crimes contra a segurança externa do país ou as
instituições militares.
O código penal militar tem sua parte especial dividida em duas partes. Sendo a
primeira relativa aos crimes tempo de paz, que quando cometidos em tempo de
guerra terão sua pena aumentada em um terço, conforme o Art. 20 CPM.
Porém, conforme o art. 22, caput e §1º CPPM c/c art. 240 §1 CPM, o responsável
pelo inquérito militar poderá decidir se houve indício de crime, inexistência de
crime ou infração disciplinar. Ora, se a própria legislação garante atribuição e o
encarregado conclui pela infração disciplinar não há motivos para levar o caso
para a justiça militar. Caso haja denúncia, mesmo sabendo que poderia ser
aplicado o princípio da insignificância durante o inquérito, somente irá contribuir
para abarrotar o judiciário e submeter o investigado a mais um constrangimento.
4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desse modo, ainda que tal instituto esteja positivado no CPM e se trate de uma
medida legal, deve-se entender as peculiaridades do mundo militar. Ao observar
o art. 28, Lei.6.880/Estatuto do militar,” O sentimento do dever, o pundonor militar
e o decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes das Forças Armadas,
conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a observância dos seguintes
preceitos de ética militar:”.
Dessa maneira, caso seja aplicado tal atenuação aos membros das Forças
Armadas, causaria uma quebra do decoro no âmbito militar. Ao se analisar por
esse aspecto, pode-se entender a decisão dos julgadores pelo amplo
indeferimento do princípio da insignificância. E por consequência a preservação
da honra.