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PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: UMA ANÁLISE A RESPEITO

DE SUA APLICABILIDADE NO DIREITO PENAL MILITAR

Leonardo Rodrigues de Paula

RESUMO

Os militares por exercerem uma função essencial ao funcionamento da


justiça possuem um regramento específico, possuindo um próprio código penal.
Em alguns crimes considerados graves, pode-se aplicar o princípio da
insignificância, transformando-os em apenas sanção administrativa. Ocorre que
esse julgamento é realizado pela justiça militar, sendo o objetivo do presente
artigo analisar a função da justiça militar e os crimes que podem ser aplicados o
dispositivo do princípio da insignificância.
O estudo é de suma importância, pois o princípio da insignificância apesar
de ser doutrinário no código penal comum, é uma hipótese expressamente
prevista no direito penal militar. A saber que o art. 14, Lei.6.880/Estatuto do
militar, prevê que a base institucional das forças armadas consiste na hierarquia
e disciplina. Sendo a disciplina a rigorosa observância e o acatamento integral
das leis, logo torna-se incoerente a aplicação do princípio.
O fator predominante que ensejou a realização do presente artigo, deu-se
através de constatar que uma instituição que possui como principal função o
combate ao crime, prever, em seu código, atenuantes que facilitem a prática de
alguns crimes.
Ao entender que a competência para realizar tais julgamentos pertence à
justiça militar, questiona-se, principalmente por parte da população brasileira, a
real eficácia punitiva de tais atos.
Contudo, é necessário se atentar que o indivíduo não perde os direitos
inerentes a todos os seres humanos, somente por carregar a condição de militar.
Dessa maneira, devemos entender os requisitos legais para sua aplicabilidade e
a fundamentação jurídica aplicada.
Sendo assim com base no código penal militar, jurisprudência e doutrina
pretende-se analisar o que de fato está ocorrendo neste cenário.

1. INTRODUÇÃO

O direito penal militar é o ramo especializado que visa a proteção das instituições
militares e estabelece as regras jurídicas. O código penal militar vigente no
território pátrio foi instituído pelo decreto-lei 1001/69, cabendo ao referido código
ditar os crimes militares, que posteriormente serão julgados pela justiça militar,
de acordo com o art. 124 da constituição federal.

O ordenamento jurídico pátrio permite amplamente os princípios, pois são fontes


secundárias do direito que auxiliam o mundo jurídico na interpretação e aplicação
no caso concreto. Os princípios possuem amparo legal pela legislação de acordo
com o Decreto-Lei Nº 4.657/1942, Lei de introdução às normas do Direito
Brasileiro, Art. 4º. Deixando expresso na norma jurídica que quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, costumes e os
princípios.

Em sua essência o princípio da insignificância, caracteriza-se pela exclusão da


tipicidade do fato devido ao seu baixo grau de importância e dano gerado. Sendo
uma tentativa de aproximar o direto penal da política criminal. Embora esse
instituto tenha previsão legal no CPM, há controvérsias na sua aplicabilidade.

Desta forma, o princípio da insignificância vem sendo adotado dentro do direito


penal militar em alguns casos específicos, ocorre que a aplicação desse instituto
parece um tanto afrontoso com o decoro militar, visto que as carreiras militares
são instituídas na hierarquia e disciplina, sendo esta última a rigorosa
observância da lei. Contudo, os militares gozam de todos os direitos inerentes a
uma pessoa humana. Portanto, deve-se analisar se a não aplicação do princípio
da insignificância seria uma maneira de cercear um direito garantido a todos

1. DO DIREITO PENAL MILITAR


1.1 NOÇÕES GERAIS SOBRE O DIREITO PENAL MILITAR
Ao passo que o direito penal comum regula a sociedade e protege o bem
jurídico comum, o Código Penal Militar visa proteger um bem jurídico especial,
ou seja, proteger a disciplina nas instituições militares. Elias da Silva Correa
ensina que:

Em que pese a proteção dos bens jurídicos essenciais ao convívio


social, como a vida, a liberdade, o patrimônio, o Direito Penal Militar
tem implícito, sempre, a tutela de um bem jurídico especial, que é a
regularidade das Instituições Militares, no que concerne a hierarquia e
disciplina, cuja quebra acarretaria sua desestabilização e a
desregularidade de suas missões constitucionais peculiares
(CORREA, 2010, p. 3).

O código militar vigente no território pátrio é de 1969, decreto lei 1001/69.


Cabendo a este referido código ditar os crimes militares, que posteriormente
serão julgados pela justiça militar, de acordo com o Art 124. Da CF/88. A justiça
militar atualmente é um ramo especializado do poder judiciário. Podendo ser
considerada a mais antiga entre as justiças especializadas, datada em 1º abril
de 1808, sendo criada por Dom Pedro através do alvará régio que instituiu o
Conselho Supremo Militar e de Justiça, no contexto da vinda da família real ao
Brasil.

De acordo com a Constituição Federal de 1988 art. 124, cabe a justiça militar
julgar os crimes militares, que são aqueles que somente poderão ser cometidos
em razão da função militar ou que lesione bens ou interesses das instituições
militares no aspecto da disciplina e dever militar. Cabe ressaltar, que no âmbito
da união a responsável é a justiça militar, e a auditoria militar, no caso dos
estados. Embora muitos achem que a justiça especializada é um privilégio, não
podemos entende-la assim, pois se trata apenas de uma divisão com a finalidade
de dar celeridade e ter julgamentos mais justos.

O Ilustríssimo presidente do TJM/RS, Sérgio Antônio Berni de Brum


explica que:
(...) Visa ela aplicar o Direito Penal Militar, não como um direito
excepcional, mas sim, como Direito Especial, de cujo foro resulta
nenhum privilégio ou favor particular, observando-se que possui um
sistema de penas mais severo dos que o Direito Penal Comum (BRUM,
2012, p. 2).

1.2 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DIREITO PENAL MILITAR

O ordenamento jurídico pátrio permite amplamente os princípios, pois são fontes


secundárias do direito que auxiliam o mundo jurídico na interpretação e aplicação
no caso concreto. Os princípios possuem amparo legal pela legislação de acordo
com o Decreto-Lei Nº 4.657/1942, Lei de introdução às normas do Direito
Brasileiro, Art. 4º. Deixando expresso na norma jurídica que quando a lei for
omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, costumes e os
princípios. Desse modo, os princípios gerais podem ser considerados como
regras não escritas que são utilizadas pelo magistrado para auxilia-lo a tomar
melhor decisão no caso concreto. Cabe ressaltar que esse mesmo entendimento
é aplicado ao direito militar.

“Os princípios penais constituem o núcleo essencial da matéria penal,


alicerçando o edifício conceitual do delito – suas categorias teoréticas
–, limitando o poder punitivo do Estado, salvasguarndo as liberdades e
os direitos fundamentais do indivíduo, orientando a política legislativa
criminal, oferecendo pautas de interpretação e de aplicação da lei penal
conforme a Constituição e as exigências próprias de um Estado
democrático e social de Direito. Em síntese: servem de fundamento e
de limite à responsabilidade penal”. (PRADO, Curso de Direito Penal,
2012, p. 156)

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da legalidade, no âmbito penal, está expressamente previsto no Art.


1º do código penal militar. Possuindo a seguinte redação “Não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Ou seja, o poder
estatal possui uma limitação frente a liberdade individual. Pois, o estado deve
respeitar os limites e consequentemente não fazendo arbitrariedades e decisões
sem respaldo legal. Para que a lei possa impor obrigações ou restringir direitos,
deve ser elaborada conforme as regras do processo legislativo. Caso não ocorra,
será declarada inconstitucional.

Cabe ressaltar ainda que, deriva-se do princípio da legalidade o instituto da


reserva legal. O princípio da reserva legal ocorre quando a constituição reserva
tratamento especial para determinada matéria, por exemplo, a lei formal, que é
aquela aprovada pelo poder legislativo de forma solene. Dessa maneira, as
medidas provisórias, leis delegadas não entram nesse rol. Conforme o Art. 22, I,
Constituição Federal, compete privativamente à união legislar sobre Direito
Penal e Processual.

Além disso, o princípio da taxatividade está diretamente ligado ao da legalidade.


A taxatividade prevê que a lei penal deve trazer uma conduta bem definida de
crime, a fim de que se evite ambiguidades na sua interpretação.

PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MILITAR

Em regra, a lei não retroage pois, adota-se o princípio do “Tempus regit actum”,
ou seja, os atos são regidos pela lei da época em que foram praticados. Contudo,
há uma exceção, que não respeita essa regra.

Retroatividade da Lei mais benéfica

Conforme a redação do Art. 2, §1º, código penal militar. “A lei posterior que, de
qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativamente, ainda
quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.”

Desse modo, não se deve confundi-lo com o abolitio criminis, pois na


retroatividade não há abolição do tipo penal e sim um benefício concedido pela
lei. Por exemplo, muda a forma de execução da pena; o tempo e quais quer
outras modalidades que venham a ser benéficas para o réu.

Nas palavras de Nucci, o princípio da Retroatividade é visto da seguinte forma:

Em regra, as normas processuais são publicadas para vigorar de


imediato. Entretanto, existem normas processuais penais que possuem
íntima relação com o direito penal, refletindo diretamente na punição
ao réu. tratando de temas ligados ao status libertatis do acusado
(queixa, perempção, decadência, prisão cautelar, prisão em flagrante
etc.), devem estar submetidas ao princípio da retroatividade benéfica.
Manual de Direito Penal – 12º Ed. (Nucci, 2016, p.109)

ABOLITIO CRIMINIS

Conforme a redação do Art. 2, §1º, código penal militar. “Ninguém pode ser
punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando, em virtude
dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo quanto aos
efeitos de natureza civil.”

Desse modo, a abolitio criminis ocorre no momento em que, a conduta que era
tipificada como crime deixa de existir. Dessa maneira, todos os efeitos penais
que estavam sendo aplicados ao réu devem ser cessados, por exemplo, tranca
o inquérito; o réu deverá ser posto em liberdade caso esteja preso. Contudo, os
efeitos civis não são extintos.

PRINCÍPIO DA MÍNIMA INTERVENÇÃO

O direito penal tem a função de proteger os bens jurídicos essenciais, tais como,
a vida; patrimônio; administração pública. Desse modo, a jus puniendi, ou seja,
poder de punir do estado só deve ser usado quando houver uma efetiva lesão
aos bens jurídicos essenciais, caso contrário deverá ser usado outros ramos do
direito. Ou seja, no âmbito militar, deve-se analisar se foi uma transgressão
disciplinar que seria simplesmente resolvida administrativamente.

Bitencourt afirma na sua obra:


O princípio da intervenção mínima, também conhecida como ultima
ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que
a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio
necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras
formas de sanção se revelarem suficientes para a tutela desse bem, a
sua criminalização é inadequada e não recomendável. (Bitencourt,
2006, p. 17)
1.3 CONCEITO DE CRIME

O direito penal tem como fim regular o comportamento humano, afim de


assegurar a convivência harmônica em sociedade. Sendo formado por um
conjunto de leis e princípios que buscam o controle social com o intuito de tutelar
um bem jurídico especifico.

No direito pátrio existem várias correntes doutrinarias para o conceito de crime,


entre elas temos a corrente majoritária, chamada de tripartida. Para o fato ser
considerado crime deve preencher os seguintes elementos: fato típico; ilícito; e
culpável.

“Delito é uma conduta humana individualizada mediante um dispositivo


legal (tipo) que revela sua proibição (típica), que por não estar permitida
por nenhum preceito jurídico (causa de justificação) é contrária ao
ordenamento jurídico (antijurídica) e que, por ser exigível do autor que
atuasse de outra maneira nessa circunstância, lhe é reprovável
(culpável). ” (ZAFFARONI, 1996, p.324)

Para que o crime ocorra, é necessário preencher todos os requisitos acima. Caso
haja exclusão de algum desses elementos, o crime é excluído ou o agente será
isento de pena. Quando os elementos estão presentes, o agente é suscetível de
sofrer a sanção penal, chamada de jus puniendi, que é um instrumento utilizado
pelo estado para reprimir o infrator e evitar que este continua a delinquir.

Conforme Fernando Capez:

“Sanção penal consiste na restrição ou privação de um bem


jurídico, cuja finalidade é a de aplicar a retribuição punitiva ao
delinquente, promover a sua readaptação social e prevenir novas
transgressões pela intimidação dirigida à coletividade” (2011, p. 384)

A teoria tripartida que é aceita majoritariamente pelos doutrinadores brasileiros


divide-se em:
Fato típico: Para esta modalidade ser aceita, deve-se estar tipificada, ou seja,
escrita em lei. Além disso, é necessário que exista

A. Conduta: que é a ação ou omissão do agente, não só a dolosa, quando


existe a vontade de fazer, mas também a culposa, quando não se
observa os cuidados necessários.

B. Resultado: Será naturalístico, quando o agente causar lesão a um bem


jurídico tutelado pelo estado como a vida, administração pública,
patrimônio. Por exemplo, no crime de roubo, caso o agente tenha êxito
subtraindo um objeto alheio, será um resultado naturalístico. Pois, o bem
jurídico tutelado, no caso patrimônio, foi ofendido e retirado da vítima.

Entretanto, será jurídico, quando o agente não consegue causar uma


lesão ao bem jurídico tutelado. Caso o roubo não tenha sucesso e fique
na tentativa, não haverá lesão ao bem. Pois o patrimônio não foi retirado
da vítima. Contudo, o código penal irá puni-lo pela tentativa. Nesse caso,
foi gerado somente um resultado jurídico.

C. Nexo Causal: O nexo causal é a ligação entre a ação cometida pelo


agente e o resultado final. Nessa modalidade, temos duas teorias. Teoria
das equivalências: Conforme o Art. 29,§ 1º código penal militar, “O
resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual
o resultado não teria ocorrido.” Utilizando-se a responsabilidade
subjetiva, o agente poderá ser punido pela conduta culposa, ou seja,
quando agiu com: imperícia; imprudência e negligência. Na conduta
dolosa, quando agir com: por vontade própria ou assumir o risco.

Contudo, conforme o Art. 29, § 2º código penal militar.” A superveniência


de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si
só, produziu o resultado. Os fatos anteriores, imputam-se, entretanto, a
quem os praticou.” Desse modo, surge a teoria da Causa Relativamente
Independente. Nessa teoria, a conduta do agente não é a causa direta e
preponderante para o resultado da conduta delituosa. Quando não há
essa relação direta de causa e resultado, existe uma quebra do nexo
causal.

Conduta Ilícita: Para que haja crime, a ação do agente deve ser ilícita. Pois,
o código penal prevê condições em que situações tipificadas como crime
podem ser efetuadas, a depender da situação. Conforme o Art. 23, CPM.

A. Estado de necessidade: Possui previsão legal no Art. 43. Será


considerado quando um bem jurídico é lesado para a preservação de
outro. Contudo, deve-se respeitar alguns requisitos para sua validade que
são: Perigo atual; Direito próprio ou alheio; não causado voluntariamente;
inevitabilidade de comportamento diverso.

B. Legítima defesa: A sua previsão legal está prevista no art. 44. Será
considerada quando o agente se defende de um injusta agressão.
Entretanto, deve-se analisar os seguintes requisitos: A agressão deve ser
humana; injusta; atual ou iminente; direito próprio ou de terceiros. Cabe
ressaltar que pode ser qualquer meio necessário para repelir a agressão.

CULPABILIDADE: Relaciona-se com a conduta do indivíduo, pois a ação


pode ser típica e ilícita. Porém deverá existir uma reprovabilidade daquela
conduta que é dividida em três partes:

A) IMPUTABILIDADE: A teoria adotada no Brasil é a Biopsicológica que consiste


no seguinte: o sujeito deverá estar totalmente incapaz de entender a ilicitude
do fato. Quando isso se caracteriza, dizemos que o sujeito é inimputável, ou
seja, não pode sofrer pena. Por exemplo, Doença mental, menor de 18 anos.
Contudo, o CPM prevê uma diferença nesse quesito.

Conforme, o Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que
não tenham atingido essa idade:

A) os militares; B) os convocados, os que se apresentam à incorporação e


os que, dispensados temporàriamente desta, deixam de se apresentar,
decorrido o prazo de licenciamento; C) os alunos de colégios ou outros
estabelecimentos de ensino, sob direção e disciplina militares, que já
tenham completado dezessete anos.

B) POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE: Segundo essa teoria, o


agente, por vezes pelo seu nível de instrução ou localidade, não possui
o discernimento sobre a ilicitude do seu ato. Portanto, quando escusável
isenta de pena. Conforme, o Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar
o crime, supõe, por êrro plenamente escusável, a inexistência de
circunstância de fato que o constitui ou a existência de situação de fato
que tornaria a ação legítima.

C) EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA: Nas palavras de greco,


podemos entender o significado de exigibilidade da conduta diversa. “a
possibilidade que tinha o agente de, no momento da ação ou da omissão,
agir de acordo com o direito, considerando-se sua particular condição de
pessoa humana” (GRECO, Rogério Curso de Direito Penal – Parte Geral. Vol.1,
p.411).

2. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO DIREITO PENAL


MILITAR

2.1 CONCEITO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

A doutrina entende que para haver tipicidade penal não só deve existir lesão
ao bem jurídico tutelado, mas um dano significativo ao bem. Quando não
existe essa gravidade, a legislação criminal não deve ser aplicada. O
magistrado deve analisar requisitos objetivos e subjetivos.

Luiz Regis Prado ensina na sua obra:

De acordo com o princípio da insignificância, formulado por Claus Roxin


e relacionado com o axioma minima nom cura praeter, enquanto
manifestação contrária ao uso excessivo da sanção criminal, devem
ser tidas como atípicas as ações ou omissões que afetem infimamente
a um bem jurídico-penal. A irrelevante lesão do bem jurídico protegido
não justifica a imposição de uma pena, devendo excluir-se a tipicidade
da conduta em casos de danos de pouca importância (PRADO, 2010,
p.127).

Sendo assim, podemos entender que o princípio da insignificância é uma dessas


modalidades Minima non cura prater, ou seja, o protetor não cuida de coisas
mínimas. Logo, podemos entender que mesmo o agente ferindo a lei devem ser
analisados fatores objetivos. Por exemplo, a mínima ofensividade da conduta;
ausência de periculosidade social, inexpressividade da lesão jurídica e reduzido
grau de reprovabilidade. Os requisitos Subjetivos são os seguintes: Importância
do objeto para a vítima, circunstâncias e resultado do crime. São esses os
requisitos para se chegar a um consenso se a pena deve ser aplicada ou não.

Claus Roxin, jurista alemão, um dos pioneiros no estudo do princípio da


insignificância, na década de 60, percebeu que houve um aumento significativo
na quantidade de furtos com uma característica específica. A grande parte dos
furtos eram subtrações de objetos de pequeno valor econômico. A explicação
para esse fato estava diretamente ligada a situação socioeconômica da época,
visto que os países europeus tinham acabado de se envolver em duas guerras
mundiais e suas economias estavam extremamente fragilizadas. Desse modo, a
população estava desempregada e com péssimas condições socias.
Utilizandose do crime como forma de sustento.

Segundo Claus Rouxin:

Somente se podem punir as lesões de bens jurídicos e as


contravenções contra fins de assistência social, se tal for indispensável
para uma vida em comum ordenada. Onde bastem os meios do direito
civil ou do direito público, o direito penal deve retirar-se (ROXIN, 2004,
p. 28).
O princípio da insignificância, acontece quando o agente comete um fato típico,
ou seja, estava escrito na lei, porém a lesão ao bem tutelado é tão pequena que
a atuação estatal através do jus puniendi (poder de punir) torna-se desnecessária
ou até de certo modo desproporcional.

O princípio da insignificância se aproxima da realidade brasileira, a fim de evitar


o encarceramento em massa. Não há dúvidas que no Brasil a finalidade é
exatamente essa, pois a realidade dos estabelecimentos prisionais no Brasil é
lamentável. A saber que os estabelecimentos prisionais estão abarrotados e não
comportam mais indivíduos.

Desse modo, podemos entender que o operador do direito no caso concreto,


deve analisar o caso a partir de uma certa subjetividade. Trata-se de um tema
polêmico, pois a sociedade apenas se conforma com o “infrator do crime” tendo
uma pena, visto que teve seu bem lesado. É um tema a ser tratado com bastante
cuidado, pois pode passar a impressão de impunidade. Contudo, o doutrinador
Carlos Manãs entende que essa preocupação da sociedade é infundada.

Segundo Carlos Manãs:

O argumento de que a aplicação concreta do princípio da insignificância


gera na sociedade a sensação de ausência de direito e de proteção
jurídica também não se sustenta, pois o postulado não se destina a
tornar lícitas as condutas insignificantes, mas de afastar da esfera do
direito penal o que retira dele o seu caráter subsidiário, transferindo
para outros ramos do direito a questão da ilicitude (MANÃS, 1994, p.59-
70)
2.2 CRIME MILITAR PRÓPRIO E IMPRÓPIO

A Constituição Federal de 1988 prevê a justiça comum, federal e as especiais,


que são divididas em três ramos, que são as: Militares, Eleitorais e do Trabalho.
Os Artigos 124 e 144, ambos da Constituição federal de 1988, não deixam
dúvidas a respeito da competência nos crimes militares. Deixando explicito no
texto de lei que a polícia civil, que possui a função de polícia judiciária e desse
modo deve julgar as infrações penais, exceto as militares.

Portanto, antes de analisar o que seria crime militar próprio e impróprio, deve-se
analisar de quem seria a competência para julgar. De acordo com o Decreto-Lei
1002/1961, Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar: a) apurar os crimes
militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição militar, e
sua autoria.

Embora a justiça militar atualmente seja um ramo especializado do poder


judiciário, ela é considerada a mais antiga, sendo datada em 1º abril de 1808,
que criou o conselho supremo militar e de justiça. Sendo criada no contexto da
vinda da família real para o brasil. O referido conselho funcionou de 1808 a 1891,
sendo extinto após a transição de império para a república e em seu lugar foi
criado o STM, Supremo Tribunal Militar.

Cabe ressaltar que o STM é a segunda instância da justiça militar. A primeira


instância é dividida em doze circunscrições militares que são chamadas de
auditorias militares.

Retirado do site do STM: Na primeira instância, o Conselho


Permanente de Justiça é competente para processar e julgar militares
que não sejam oficiais. O Conselho Especial de Justiça é competente
para processar e julgar oficiais, exceto os oficiais generais, que são
processados diretamente no Superior Tribunal Militar. Os civis são
julgados monocraticamente pelo juiz federal da Justiça Militar da União.

A Constituição Federal 1988 em seu Art. 124.” à Justiça Militar compete


processar e julgar os crimes militares definidos em lei”, e Art. 5º, LXI “ninguém
será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou
crimes propriamente militares, definidos em lei”. Portanto, analisando-se os dois
trechos da CF, fica evidente a existência do crime militar, porém não é
especificado o que seria esse crime. Dessa maneira, coube aos doutrinadores
especificar.

A princípio a doutrina divide-os em dois grupos, que são definidos em


propriamente e impropriamente militares.

Os crimes propriamente militares são aqueles que só poderão ser cometidos em


razão da função militar. Por exemplo, uso indevido de uniforme, abandono de
posto.

A definição que podemos usar para explicar crime militar e dada pelo autor
Marcelo Uzeda de Faria:

Crime é propriamente militar quando o bem jurídico tutelado é exclusivo


do meio militar, sendo previsto exclusivamente no Código Penal Militar
e tendo como sujeito ativo somente o militar da ativa. (FARIA, 2019, p.
86).

Enquanto os impropriamente militares são os demais crimes previstos no código


penal militar, em que não seja necessário a função militar, podendo ser cometido
até mesmo por civil. Ou seja, são crimes que atentam contra a instituição militar.

Para ratificar tal entendimento, a súmula 298 do STF aprovada em 1968 é bem
claro ao explicar que: O legislador ordinário só pode sujeitar civis à Justiça Militar,
em tempo de paz, nos crimes contra a segurança externa do país ou as
instituições militares.

Celio Lobão entende que a definição para crime impropriamente militar é a


seguinte:

“Os crimes militares impróprios são aqueles cujas hipóteses


encontram-se previstas tanto no Código Penal Militar quanto no Código
Penal comum e podem ser praticados por militares ou por civis. Nos
crimes militares impróprios mesmo em não se tratando de infração
"específica e funcional da profissão de soldado", incide o Direito
Castrense (CÉLIO LOBÃO, 2006, p. 98).

2.3 CRIME EM TEMPOS DE PAZ E CRIME TEMPOS EM GUERRA

CRIMES MILITARES EM TEMPOS DE PAZ

A lei 13.491/2017 promoveu uma alteração no Art. 9º do CPM, pois antes da


modificação do texto promovida pela lei, entendia-se crime em tempo de paz do
seguinte modo:” Art. 9º do CPM, II, os crimes previstos neste Código, embora
também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados:” A
partir da leitura desse inciso, pode-se entender que somente os crimes contidos
na legislação penal militar seriam passiveis de serem considerados crimes
militares em tempo de paz.

Contudo, a nova redação do artigo 9º deixa evidente que não só os crimes


previstos CPM, mas também os demais crimes que estão na legislação penal
comum e especial “Art. 9º do CPM II – os crimes previstos neste Código e os
previstos na legislação penal, quando praticados:”

Crimes militares em tempo de paz

Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:

II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação


penal, quando praticados: (Redação dada pela Lei nº 13.491, de
2017)

a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra


militar na mesma situação ou assemelhado; b) por militar em
situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou
assemelhado, ou civil; c) por militar em serviço ou atuando em
razão da função, em comissão de natureza militar, ou em formatura,
ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar da
reserva, ou reformado, ou civil; (Redação dada pela Lei nº
9.299, de 8.8.1996) d) por militar durante o período de manobras
ou exercício, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado,
ou civil; e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado,
contra o patrimônio sob a administração militar, ou a ordem
administrativa militar;

CRIMES MILITARES EM TEMPO DE GUERRA

O código penal militar tem sua parte especial dividida em duas partes. Sendo a
primeira relativa aos crimes tempo de paz, que quando cometidos em tempo de
guerra terão sua pena aumentada em um terço, conforme o Art. 20 CPM.

A Segunda parte é composta pelos crimes em tempo de guerras, os quais estão


dispostos no Código Penal Militar do Art. 355 ao 397

Desse modo, devemos utilizar a definição do Art. 10 para entender quando o

ilícito penal será considerado crime militar em tempo de guerra;

Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra:

I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de


guerra; II - os crimes militares previstos para o tempo de paz;

III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam


com igual definição na lei penal comum ou especial, quando praticados,
qualquer que seja o agente:

a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado;

b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a


preparação, a eficiência ou as operações militares ou, de qualquer
outra forma, atentam contra a segurança externa do País ou podem
expô-la a perigo;
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora
não previstos neste Código, quando praticados em zona de efetivas
operações militares ou em território estrangeiro, militarmente ocupado.
2.4 PRINC. DA INSIGNIFICÂNCIA NO DIREITO MILITAR

Ao entendermos a função do código penal militar, que visa proteger o bem


jurídico especial, no caso a regularidade da instituição militar. O conceito de
crime militar e justiça militar, pode-se compreender como o princípio da
insignificância funciona no código militar.

O princípio da insignificância é expressamente previsto no código penal militar,


Decreto lei 1001/69, nos seguintes crimes: Lesão corporal, furto simples,
apropriação indébita, estelionato, recepção e emissão de cheque sem fundos. A
esses crimes tipificados no código penal militar se aplica o Art. 240, se o agente
é primário e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou considerar a
infração como disciplinar. Entende-se pequeno o valor que não exceda a um
décimo da quantia mensal do mais alto salário-mínimo do país (BRASIL, 1969,
online).

Desse modo, não há questionamento para a aplicação dentro desses casos,


sendo totalmente pacífico. Contudo, existe uma discussão doutrinária quanto a
possibilidade de aplicar esse instituto fora das hipóteses previstas. Pois,
entende-se que ao aplicar em casos não previstos pela legislação militar, estaria
o julgador extrapolando sua função. Além disso, entende-se que estaria
afrontando o decoro militar.

A respeito desse entendimento Coimbra e Streifinger, nos ensinam o


seguinte:

“Se o incorporarmos ao Direito Castrense, estaremos dotando o


aplicador da lei de um poder que não lhe cabe, ou seja, o de legislar.
Ademais, fomentaríamos o esquecimento da regularidade das
instituições militares” (COIMBRA; STREIFINGER, 2018, p.105)
Contudo, a respeito do mesmo assunto existem correntes contrárias que,
divergem absolutamente e entendem que o princípio pode sim ser aplicado fora
das hipóteses previstas.

Ronaldo João Roth posiciona-se da seguinte forma:


Ora, se na legislação comum, inexistente qualquer previsão expressa,
o princípio da insignificância é adotado na maioria dos crimes, pois é
reconhecidamente um princípio que se extrai de outros princípios
constitucionais, e não uma norma, não há qualquer dúvida de que no
Codex Penal Castrense o seu status de princípio não deixou de existir
somente pelo fato de ser em alguns casos expressamente fixado na
Lei ( ROTH, 2014, p.9).

2.5 - Autoridade militar aplicando o princípio da insignificância

O decreto-lei 1.002/69, que institui o código processual penal militar, reserva o


título segundo para explicar a finalidade e procedimentos do inquérito policial
militar. Art. 9º “O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos
têrmos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de
instrução provisória, cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos
necessários à propositura da ação penal.”

Ao entender a função do inquérito militar, do encarregado e a aplicabilidade do


princípio da insignificância, deve-se analisar a possibilidade de a autoridade
militar responsável pelo inquérito aplicar o princípio da insignificância.

Existem artigos que não defendem a aplicabilidade do princípio da insignificância


pela autoridade militar, pois se entende que esses não possuem uma formação
acadêmica voltada ao mundo jurídico.

André Lázaro expõe um dos motivos para a não aplicabilidade do princípio:

“A sua presidência é realizada por um militar que, salvo raríssimas


exceções, não tem nem mesmo o bacharelado em Direito
(contrariamente ao que se observa nas investigações realizadas em
crimes comuns, em que atuam Delegados de Polícia). A ausência de
conhecimentos técnicos pode gerar falsas interpretações e abusos.”
(Lazaro, 2012, p. 255)

Porém, conforme o art. 22, caput e §1º CPPM c/c art. 240 §1 CPM, o responsável
pelo inquérito militar poderá decidir se houve indício de crime, inexistência de
crime ou infração disciplinar. Ora, se a própria legislação garante atribuição e o
encarregado conclui pela infração disciplinar não há motivos para levar o caso
para a justiça militar. Caso haja denúncia, mesmo sabendo que poderia ser
aplicado o princípio da insignificância durante o inquérito, somente irá contribuir
para abarrotar o judiciário e submeter o investigado a mais um constrangimento.

3 APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA NO DIREITO


PENAL MILITAR

3.1 POSICIONAMENTO ADOTADO NO DIREITO PENAL MILITAR

Embora na justiça comum o posicionamento adotado é de aceitar o princípio da


insignificância, a postura é diferente quando é usado o CPM, ainda que os
requisitos sejam bem claros.
Ao ser utilizado a lei de acesso à informação no site do Superior Tribunal Militar
(STM), obteve-se como resposta que em 904 processos o instituto da
insignificância foi citado. Sendo em larga escala não deferido, pois se entende
que tal situação possui alta grau de reprovabilidade.

No Habeas Corpus HC 117.215/BA, o militar furtou dois chips de celular do seu


colega de farda dentro do alojamento militar, hipótese que em tese ao olhar o
Art. 240, § 1º CPM, estaria preenchido os requisitos. Contudo, a decisão foi
indeferida, pois alegou-se a reprovabilidade da conduta.

Habeas corpus. Penal militar. Princípio da insignificância.


Inaplicabilidade. Crime de furto (art. 240 do Código Penal Militar)
praticado dentro da caserna. Reprovabilidade da conduta.
Precedentes. Ordem denegada.
1. A aplicabilidade do postulado da insignificância ao delito de furto
foi afastada na espécie, uma vez que não se pode falar em reduzido
grau de reprovabilidade da conduta, a qual foi praticada pelo paciente
dentro da caserna e contra um colega de farda. (STF, 2013, online)

Na apelação 7000357-38.2018.7.00.0000, o soldado do exército furtou


picolé, balas e energéticos de um bar que fica nas dependências da vila militar.
Totalizando um total de 105,28 reais. Contudo, o entendimento do STM é que o
valor não importa. Pois, entende-se que devem ser preservados os valores, a
disciplina e a ética.

APELAÇÃO. DEFESA. FURTO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.


ATIPICIDADE. INFRAÇÃO DISCIPLINAR. Não é apenas o valor de
referência estipulado pelo § 1º do art. 240 do CPM, que deve ser
examinado para aplicação ou não da pena, esta Corte leva em conta o
caráter depreciativo da conduta empreendida pelo agente no âmbito
militar, considerando que o furto praticado por militar nas dependências
do quartel não atinge apenas o patrimônio da vítima, mas também bens
juridicamente caros à vida castrense. Recurso conhecido e não
provido. Decisão unânime (STM, 2016, online)

4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se criou o código penal militar, o legislador colocou todos os


regramentos que resguardam a instituição militar e preservem sua ordem.
Contudo, o próprio legislador colocou modalidades que preveem atenuações a
infrações no código. Portanto, precisa existir um ponto de equilíbrio entre o
decoro militar e a aplicabilidade do princípio insignificância.
Sendo assim, ao olhar somente pelo aspecto da lei, a denegação do
princípio da insignificância, pelo simples fato do indivíduo ser militar, é retirar um
direito que é inerente a todos.
Contudo, a Carreira militar não pode ser equiparada a outras funções visto
sua excepcionalidade. Desse modo, existem várias especificidades ao
regramento militar, tanto que a carta magna brasileira reserva um capítulo
especial para citar as regras das Forças armadas.

A saber que seus membros possuem a missão constitucional de


repreender ações delituosas ou que coloquem em risco a soberania brasileira,
devemos esperar que seu comportamento não seja nada a menos que
excepcional. Pode-se dizer que a maioria segue à risca o regramento, porém
existem membros que não respeitam e são submetidos a imposição do Código
Penal Militar.

Desse modo, ainda que tal instituto esteja positivado no CPM e se trate de uma
medida legal, deve-se entender as peculiaridades do mundo militar. Ao observar
o art. 28, Lei.6.880/Estatuto do militar,” O sentimento do dever, o pundonor militar
e o decoro da classe impõem, a cada um dos integrantes das Forças Armadas,
conduta moral e profissional irrepreensíveis, com a observância dos seguintes
preceitos de ética militar:”.

Além disso, o Art.31, I, Lei.6.880/Estatuto do militar mostra a incompatibilidade


moral da adoção de medidas atenuantes a crimes militares. “A dedicação e a
fidelidade à Pátria, cuja honra, integridade e instituições devem ser defendidas
mesmo com o sacrifício da própria vida.” Ora, como se espera que a honra seja
defendida com o sacrifício da própria vida, quando se prevê atenuações para
condutas ilícitas.

Dessa maneira, caso seja aplicado tal atenuação aos membros das Forças
Armadas, causaria uma quebra do decoro no âmbito militar. Ao se analisar por
esse aspecto, pode-se entender a decisão dos julgadores pelo amplo
indeferimento do princípio da insignificância. E por consequência a preservação
da honra.

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