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DIREITO PROCESSUAL PENAL MILITAR

1 PROCESSO PENAL MILITAR E SUA APLICAÇÃO.

Definição do Direito Processual Penal Militar

Direito Processual Penal Militar é conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação
do direito penal militar. Regulam ainda as atividades preliminares de polícia judiciária
militar. ( ASSIS, Jorge César de.Código de Processo Penal Militar Anotado-Artigos1ºa 383-
Vol.I. Revista e Atualizada, Paraná: Juruá,4ªEdição,2012,p.21.).

Desse modo, o código de processo penal contém tanto normas de caráter processual quanto
normas de caráter administrativo, como os dispositivos que regulam o inquérito policial
militar.

Aplicação da Lei Processual Penal Militar-Art. 1º ao art.6º do CPPM.

Art. 1º - O processo penal militar reger-se-á pelas normas contidas neste Código, assim em
tempo de paz como em tempo de guerra, salvo legislação especial que lhe for estritamente
aplicável.

§ 1º - Nos casos concretos, se houver divergência entre essas normas e as de convenção ou


tratado de que o Brasil seja signatário, prevalecerão as últimas.

§ 2º - Aplicam-se, subsidiariamente, as normas deste Código aos processos regulados em leis


especiais.

As normas de processo penal militar são aplicadas respeitando o principio da especialidade,


ou seja, em relação ao processo penal comum, o processo penal militar é uma norma de
caráter especial e, dessa forma, o processo penal comum aplica-se ao processo penal militar
naquilo que não for contrário aos princípios próprios do direito processual militar. Porém,
em relação ao direito processual militar, o Código de processo penal militar é uma lei geral e,
dessa forma, se houver legislação especial regulando determinada matéria, essa deverá
prevalecer em relação ao código de processo penal militar.

Assim, caso o CPPM seja omisso, a lei especial ou o próprio CPP comum poderá ser aplicado.
Exemplo de aplicação de lei especial na esfera processual penal militar é a lei 8.457/92 (Lei
de Organização da Justiça Militar da União) que se aplica em complemento na esfera
processual militar.

Já nos casos de divergências entre as normas processuais militar e as convenções ou tratados


internacionais em que o Brasil seja signatário, prevalecerão as convenções e o tratados.
Observa-se que não se trata de convenções e tratados que tratam de direitos humanos,
como está previsto no artigo da Constituição Federal, ou seja, pode ser qualquer tratado,
desde que seja de natureza processual.

Art. 2º - A lei de processo penal militar deve ser interpretada no sentido literal de suas
expressões. Os termos técnicos hão de ser entendidos em sua acepção especial, salvo se
evidentemente empregados com outra significação.
§ 1º - Admitir-se-á a interpretação extensiva ou a interpretação restritiva, quando for
manifesto, no primeiro caso, que a expressão da lei é mais estrita e, no segundo, que é mais
ampla, do que sua intenção.

§ 2º - Não é, porém, admissível qualquer dessas interpretações, quando:

a) cercear a defesa pessoal do acusado;

b) prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza;

c) desfigurar de plano os fundamentos da acusação que deram origem ao processo.

Aqui estamos diante de regras de interpretação da norma processual penal militar. Em regra,
o a intepretação da lei processual penal militar é a literal e os termos técnicos deverão ser
entendidos em seu caráter especial. Admite-se, no entanto, a interpretação extensiva e a
restritiva, caso a lei, disse menos do que devia, no primeiro caso, e, no segundo caso,
quando ela disse mais do que devia. Porém quando houver cerceamento de defesa pessoal
do acusado, prejudicar ou alterar o curso normal do processo, ou lhe desvirtuar a natureza
ou desfigurar os fundamentos da acusação, não se admitirá qualquer dessas interpretações.

Art. 3º - Os casos omissos deste Código serão supridos:

a) pela legislação de processo penal comum, quando aplicável ao caso concreto e sem prejuízo
da índole do processo penal militar;

b) pela jurisprudência;

c) pelos usos e costumes militares;

d) pelos princípios gerais de Direito;

e) pela analogia.

Aqui estamos diante de regras de integração de lacunas do CPPM. O CPP comum é a


primeira fonte supressiva. Desse modo, como exemplo, citamos a ação penal privada
subsidiária da pública que se costuma invocar as disposições do CPP comum como forma de
suprimir tal lacuna. É importante destacar que, caso haja previsão legal da vedação da
aplicação da lei processual comum ao CPPM e não desvirtue a logica processual penal
militar, não pode se falar em aplicação de normas processuais comuns ao CPPM.

Uma outra fonte de integração é a jurisprudência. O STF, por exemplo, em processo de


execução na esfera militar, tem aplicado o benefício da progressão de regime mesmo diante
da ausência de previsão legal específica.

A adoção dos usos e costumes para integrar lacunas também é admitida. Um exemplo de
costume militar é a prevalência da Marinha sobre as demais forças, tendo em vista sua
antiguidade o que acabou por ser positivado na Lei de Organização da Justiça Militar da
União em seu art. 16 onde se informa que o Capitão-Tenente (Marinha) antecede o Capitão
(Exército e Aeronáutica).
Art. 4º - Sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, aplicam-se as
normas deste Código:

I - em tempo de paz:

a) em todo o território nacional;

b) fora do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira, quando se tratar


de crime que atente contra as instituições militares ou a segurança nacional, ainda que seja o
agente processado ou tenha sido julgado pela justiça estrangeira;

c) fora do território nacional, em zona ou lugar sob administração ou vigilância da força militar
brasileira, ou em ligação com esta, de força militar estrangeira no cumprimento de missão de
caráter internacional ou extraterritorial;

d) a bordo de navios, ou quaisquer outras embarcações, e de aeronaves, onde quer que se


encontrem, ainda que de propriedade privada, desde que estejam sob comando militar ou
militarmente utilizados ou ocupados por ordem de autoridade militar competente;

e) a bordo de aeronaves e navios estrangeiros desde que em lugar sujeito à administração


militar, e a infração atente contra as instituições militares ou a segurança nacional;

II - em tempo de guerra:

a) aos mesmos casos previstos para o tempo de paz;

b) em zona, espaço ou lugar onde se realizem operações de força militar brasileira, ou


estrangeira que lhe seja aliada, ou cuja defesa, proteção ou vigilância interesse à segurança
nacional, ou ao bom êxito daquelas operações;

c) em território estrangeiro militarmente ocupado.

Aqui estamos diante da aplicação dos princípios da extraterritorialidade e da


territorialidade. O CPPM reproduziu, quase que na integra, o que está previsto no Código
Penal Militar, com uma diferença: mesmo que o fato ocorra em zona de operação militar
brasileira, se houver uma força aliada, será aplicada a lei processual brasileira, sendo um
caso de extraterritorialidade irrestrita, ou seja, independente de que seja o autor ou a
vítima.

Outro ponto que é importante destacar trata-se da diferença em que o tema é tratado
entre o CPP comum e o CPPM. Aquele determina a aplicação da lei processual penal apenas
no território nacional. No CPPM, prevê tanto no território nacional quanto em território
estrangeiro, face à possiblidade de ocorrer crimes militares em territórios estrangeiros
(transnacionalidade).

No tocante à aplicação da lei processual no tempo, nos mesmos moldes da legislação


comum, o CPPM adotou o princípio da imediatidade. Assim, a aplicação da lei processual
penal no tempo se dá de forma IMEDIATA, não retroagindo mesmo que beneficie o réu-
diferentemente da lei penal.
Art. 6º - Obedecerão às normas processuais previstas neste Código, no que forem aplicáveis,
salvo quanto à organização de Justiça, aos recursos e à execução de sentença, os processos da
Justiça Militar Estadual, nos crimes previstos na Lei Penal Militar a que responderem os oficiais
e praças das Polícias e dos Corpos de Bombeiros, Militares.

O CPPM detém aplicabilidade geral, porém nos casos em que dizem respeito à organização
judiciaria, recursos e execução da pena, é tratado no âmbito da legislação estadual ou em lei
diversa, como nas execuções da pena, em que deve-se observar a lei de execuções penais (
art. 2º da Lei 7210/84.

2 POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR.

Polícia judiciária

-Investigação e auxilia o poder judiciário

Funções da policia judiciária:

●Auxiliar do poder judiciário

●Elaboração do Inquérito Policial

Polícia administrativa: preventiva e ostensiva

Função atípica das polícias administrativas: Elaborar inquérito policial

Crime militar- IPM

Presidência- autoridade militar (encarregado)

Policias administrativas (ostensiva):

•Policias militares

•Policia Rodoviária Federal

•Policia Ferroviária Federal

•Policia Marítima

Policias judiciárias (não ostensiva):


•Estadual

•Federal

Art. 7º - A polícia judiciária militar é exercida nos termos do art. 8º, pelas seguintes
autoridades, conforme as respectivas jurisdições:

a) pelos ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, em todo o território nacional e


fora dele, em relação às forças e órgãos que constituem seus Ministérios, bem como a
militares que, neste caráter, desempenhem missão oficial, permanente ou transitória, em país
estrangeiro;

b) pelo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, em relação a entidades que, por disposição
legal, estejam sob sua jurisdição;

c) pelos chefes de Estado-Maior e pelo secretário-geral da Marinha, nos órgãos, forças e


unidades que lhes são subordinados;

d) pelos comandantes de Exército e pelo comandante-chefe da Esquadra, nos órgãos, forças e


unidades compreendidas no âmbito da respectiva ação de comando;

e) pelos comandantes de Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea, nos órgãos e unidades
dos respectivos territórios;

f) pelo secretário do Ministério do Exército e pelo chefe de Gabinete do Ministério da


Aeronáutica, nos órgãos e serviços que lhes são subordinados;

g) pelos diretores e chefes de órgãos, repartições, estabelecimentos ou serviços previstos nas


leis de organização básica da Marinha, do Exército e da Aeronáutica;

h) pelos comandantes de forças, unidades ou navios.

§ 1º - Obedecidas as normas regulamentares de jurisdição, hierarquia e comando, as


atribuições enumeradas neste artigo poderão ser delegadas a oficiais da ativa, para fins
especificados e por tempo limitado.

§ 2º - Em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar, deverá


aquela recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial da ativa, da reserva,
remunerada ou não, ou reformado.

§ 3º - Não sendo possível a designação de oficial de posto superior ao do indiciado, poderá ser
feita a de oficial do mesmo posto, desde que mais antigo.

§ 4º - Se o indiciado é oficial da reserva ou reformado, não prevalece, para a delegação, a


antigüidade de posto.

§ 5º - Se o posto e a antigüidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a existência


de outro oficial da ativa nas condições do § 3º, caberá ao ministro competente a designação
de oficial da reserva de posto mais elevado para a instauração do inquérito policial militar; e,
se este estiver iniciado, avocá-lo, para tomar essa providência.
O artigo 7º trata das autoridades responsáveis para o exercício da polícia judiciária. Observa-
se que os essas autoridades militares são comandantes de unidades, chefes e diretores.
Contudo, a função de encarregado de IPM pode ser delegada para outros oficiais
intermediários, por tempo determinado e para fins específicos, devendo sempre recair em
oficial superior ao do indiciado, seja este da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou
reformado. Caso seja possível a delegação recair em oficial superior ao indiciado, poderá
esta recair em oficial do mesmo posto, desde que seja mais antigo. Poderá ser também
designado um oficial da reserva para assumir as funções de encarregado, desde que o posto
e a antiguidade de oficial da ativa excluírem, de modo absoluto, a existência de outro oficial
da ativa, podendo ainda avocar o IPM.

Os dispositivos acima fazem referência a ministro da força. Atualmente, não há mais as


figuras de ministros militares, ou seja, ministros do exército, da marinha e aeronáutica, mas
sim, um só ministro civil e cada força há oficial de último posto que a comanda.

Art. 8º - Compete à polícia judiciária militar:

a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à jurisdição
militar, e sua autoria;

b) prestar aos órgãos e juízes da Justiça Militar e aos membros do Ministério Público as
informações necessárias à instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as
diligências que por eles lhe forem requisitadas;

c) cumprir os mandados de prisão expedidos pela Justiça Militar;

d) representar a autoridades judiciárias militares acerca da prisão preventiva e da insanidade


mental do indiciado;

e) cumprir as determinações da Justiça Militar relativas aos presos sob sua guarda e
responsabilidade, bem como as demais prescrições deste Código, nesse sentido;

f) solicitar das autoridades civis as informações e medidas que julgar úteis à elucidação das
infrações penais, que esteja a seu cargo;

g) requisitar da polícia civil e das repartições técnicas civis as pesquisas e exames necessários
ao complemento e subsídio de inquérito policial militar;

h) atender, com observância dos regulamentos militares, a pedido de apresentação de militar


ou funcionário de repartição militar à autoridade civil competente, desde que legal e
fundamentado o pedido.
3 INQUÉRITO POLICIAL MILITAR.

Conceito

Procedimento ADMINISTRATIVO, PREPARATÓRIO E INQUISITIVO, presidido por autoridade


militar e constituído por um complexo de diligências realizadas pela Polícia Judiciária Militar
com vistas à apuração da autoria e materialidade da Infração Penal Militar.

CARACTERÍSTICAS DO IPM

INQUISITIVIDADE: funções relacionadas à condução do inquérito policial estão reunidas em


uma só pessoa.

DISCRICIONARIEDADE:A Autoridade Militar, presidente do inquérito policial militar, o preside


com discricionariedade, como o fazem qualquer procedimento administrativo.

ESCRITO (art.21doCPPM): Art.21.Tôdas as peças do inquérito serão, por ordem cronológica,


reunidas num só processado e dactilografadas, em espaço dois, com as fôlhas numeradas e
rubricadas, pelo escrivão.

SIGILO DO INQUÉRITO: Art.16.O inquérito é sigiloso, mas seu encarregado pode permitir que
dêle tome conhecimento o advogado do indiciado.

DISPENSABILIDADE: Art.28. O inquérito poderá ser dispensado, sem prejuízo de diligência


requisita da pelo Ministério Público:

a)quando o fato e sua autoria já estiverem esclarecidos por documentos ou outras provas
materiais;

b)nos crimes contra a honra, quando decorrerem de escrito ou publicação, cujo autor esteja
identificado;

c)nos crimes previstos nos arts.341 e 349 do Código Penal Militar.

INDISPONIBILIDADE: Determina que, uma vez instaurado o inquérito, o encarregado não pode
arquivá-lo. Só o juiz arquiva inquérito policial militar, após oitiva do MP.

NATUREZA JURÍDICA DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR

Segundo o CPPM:Art.9º: O inquérito policial militar é a apuração sumária de fato, que, nos
têrmos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o caráter de instrução provisória,
cuja finalidade precípua é a de ministrar elementos necessários à propositura da ação penal.

Notitia Criminis(Comunicado do crime–Notícia do crime)

A “Notitia” criminis é o ato de comunicação da infração penal que oportuniza o início da


Investigação Criminal Militar
ESPÉCIES DE “NOTITIA” CRIMINIS

DE OFÍCIO: “automática”; é aquela que independe de requerimento.

REQUISIÇÃO: hipótese em que o MP é quem toma conhecimento da infração penal e então


pede que o encarregado instaure o inquérito.

DETERMINAÇÃO OU DELEGAÇÃO DA AUTORIDADE MILITAR SUPERIOR : situação em que a


própria autoridade competente opta por delegar outro militar como encarregado do inquérito,
embora pudesse ela própria instaurar o mesmo;

REQUERIMENTO: situação em que a vítima solicita a instauração do inquérito policial.

REPRESENTAÇÃO (DELAÇÃO CRIMINOSA): Essa comunicação do fato feita por terceiro também
pode ser denominada de Delatio criminis.

SINDICÂNCIA: Feita em âmbito de jurisdição militar.

A Notitia Criminis pode ser classificada de acordo com as seguintes categorias:

•DIRETA : (de cognição imediata ou espontânea);

•INDIRETA: (de cognição mediata ou provocada)

•COERCITIVA: É a que impõe o início automático do inquérito policial militar. A única é a


PRISÃO EM FLAGRANTE (que na seara militar, registre-se pode gerar até mesmo a dispensa de
demais atos de investigação, pois conforme dispõe o art.27 do CPPM, o AFD (Auto de
Flagrante Delito) CONSTITUIRÁ o próprio Inquérito Policial Militar, se for suficiente para a
elucidação do fato e de sua autoria;

•INQUALIFICADA: “As autoridades públicas não podem iniciar qualquer medida de persecução
(penal ou disciplinar), apoiando-se, unicamente, para tal fim, em peças apócrifas ou em
escritos anônimos”. Peças apócrifas não podem ser formalmente incorporadas a
procedimentos instaurados pelo Estado, salvo quando forem produzidas pelo acusado ou,
ainda, quando constituírem, elas próprias, o corpo de delito. Nada impede, contudo, que o
Poder Público, provocado por delação anônima (“disque-denúncia”, p. ex .), adote medidas
informais destinadas a apurar, previamente, em averiguação sumária,“com prudência e
discrição”, a possível ocorrência de eventual situação de ilicitude penal, desde que o faça com
o objetivo de conferir a verossimilhança dos fatos nela denunciados, em ordem a promover,
então, em caso positivo, a formal instauração da “persecutio criminis”, mantendo-se, assim,
completa desvinculação desse procedimento estatal em relação às peças apócrifas.”
ranscriçõesdoInformativo629de2011.Disponívelem:http://www.stf.jus.br/portal/informativo/v
erInformativo.asp?s1=escritos anônimos único fundamento & numero= 629&pagina=
1&base=INFOGrifosacrescidos.
INCOMUNICABILIDADE

Segundo o CPPM:

Incomunicabilidade do indiciado. Prazo.

Art. 17 - O encarregado do inquérito poderá manter incomunicável o indiciado, que estiver


legalmente preso, por três dias no máximo.

Trata-se de um dispositivo inconstitucional, pois conforme a constituição federal, art. 136, §


3º, IV, e artigo 7º, III, da lei 8906/94, é direito do preso comunicar-se com o seu advogado.

DETENÇÃO DO INDICIADO

Art. 18 - Independentemente de flagrante delito, o indiciado poderá ficar detido, durante as


investigações policiais, até trinta dias, comunicando-se a detenção à autoridade judiciária
competente. Esse prazo poderá ser prorrogado, por mais vinte dias, pelo comandante da
Região, Distrito Naval ou Zona Aérea, mediante solicitação fundamentada do encarregado do
inquérito e por via hierárquica.

Prisão preventiva e menagem. Solicitação

Parágrafo único. Se entender necessário, o encarregado do inquérito solicitará, dentro do


mesmo prazo ou sua prorrogação, justificando-a, a decretação da prisão preventiva ou de
menagem, do indiciado.

Registre-se que, conforme aponta a doutrina processual penal militar, tal dispositivo só se
aplica aos militares nos casos de crimes propriamente militares, isso em virtude da dicção do
texto constitucional l(art.5º, inciso LXI: ninguém será preso senão em flagrante delito ou por
ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de
transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.).

PRAZO

Art. 20 - O inquérito deverá terminar dentro em VINTE DIAS, se o indiciado estiver preso,
contado esse prazo a partir do dia em que se executar a ordem de prisão; ou no prazo de
QUARENTA DIAS, quando o indiciado estiver solto, contados a partir da data em que se
instaurar o inquérito.

§ 1º - Este último prazo poderá ser prorrogado por MAIS VINTE DIAS pela autoridade militar
superior, desde que não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja
necessidade de diligência, indispensáveis à elucidação do fato.

O pedido de prorrogação deve ser feito em tempo oportuno, de modo a ser atendido antes
da terminação do prazo.

§ 2º - Não haverá mais prorrogação, além da prevista no § 1º, salvo dificuldade insuperável, a
juízo do ministro de Estado competente. Os laudos de perícias ou exames não concluídos
nessa prorrogação, bem como os documentos colhidos depois dela, serão posteriormente
remetidos ao juiz, para a juntada ao processo. Ainda, no seu relatório, poderá o encarregado
do inquérito indicar, mencionando, se possível, o lugar onde se encontram as testemunhas
que deixaram de ser ouvidas, por qualquer impedimento.

§ 3º - São deduzidas dos prazos referidos neste artigo as interrupções pelo motivo previsto no
§ 5º do art. 10.

Quanto ao prazo para a conclusão do IPM, cabe aqui destacar a diferença entre o Inquérito
Policial comum e o IPM, sendo que o prazo para o termino daquele é de 10 dias, para o
indiciado preso, e de 30 dias para o indiciado solto, a prorrogação é autorizada pelo juiz por
tempo indeterminado. Já no IPM, quem concede a autorização é a autoridade superior e o
prazo para prorrogação é de 20 dias, não podendo ser prorrogado por mais de uma vez,
salvo quando não estejam concluídos exames ou perícias já iniciados, ou haja necessidade de
diligência, indispensáveis à elucidação do fato.

4 AÇÃO PENAL MILITAR E SEU EXERCÍCIO.

AÇÃO PENAL MILITAR

A ação penal é pública e somente pode ser promovida por denúncia do Ministério Público
Militar. Essa denúncia deve ser apresentada sempre que houver prova de fato que, em tese,
constitua crime e/ou indícios de autoria.

Qualquer pessoa, no exercício do direito de representação, poderá provocar a iniciativa do


Ministério Publico, dando informações sobre fato que constitua crime militar e sua autoria, e
indicando-lhe os elementos de convicção.

As informações, se escritas, deverão estar devidamente autenticadas; se verbais, serão


tomadas por termo perante o juiz, a pedido do órgão do Ministério Público, e na presença
deste.

Espécies de Ação Penal

No âmbito castrense só se admitem as seguintes espécies de ação penal:

•Ação Penal Pública Incondicionada–Regra;

•Ação Penal Pública Condicionada à Requisição; e

•Ação Penal Privada Subsidiária da Pública.

Princípios da Ação Penal Pública:


OBRIGATORIEDADE

Art.30. A denúncia deve será apresentada sempre que houver:

a) Prova de fato que, em tese, constitua crime;

b) Indícios de autoria.

OFICIALIDADE

Somente órgãos oficiais podem propor a Ação Penal. Obviamente tal afirmação só se aplica às
ações penais públicas, já que a ação penal privada subsidiária da pública poderá ser proposta
por advogado (pessoa privada com capacidade postulatória) como regra, também podendo ser
apresentada por defensor público, em caso de necessitados.

Assim, no contexto do presente princípios e afirma que a ação penal pública só pode ser
promovida por órgãos oficiais (MP–art.129, I,CF).

INDISPONIBILIDADE

O princípio da indisponibilidade, decorrência da obrigatoriedade, informa que uma vez


instaura da a ação penal o Ministério Público não pode desistir da mesma.

Art.32.Apresentada a denúncia, o Ministério Público não poderá desistir da ação penal.

PROIBIÇÃO DA DESISTÊNCIA

Art.512.O Ministério Público não poderá desistir do recurso que haja interposto.

AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO

O art.122 do CPM, nos informa: Nos crimes dos arts.136 a 141,se o agente for militar a ação
penal dependerá de requisição do Ministro da Defesa, se no caso do art.141, for um civil o
autor do fato, e não for o caso de concurso de agentes comum militar, a requisição será feita
pelo Ministro da Justiça.

Os crimes descritos acima, referem-se aos cometidos contra a segurança externa do país e
nesse caso, o Ministro da defesa, se o autor do fato for um militar, fará a requisição, e, se for
um civil, será o Ministro da Justiça.

AÇÃO PENAL SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA

A norma constitucional de conteúdo processual penal (art.5º,LIX,daCF) estatui que‘ será


admitida a ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal’.
Trata-se, portanto, de ação penal privada subsidiária da ação penal pública, proposta mediante
queixa. A lei processual penal militar ainda não se ajustou à norma constitucional.
5 PROCESSO.

O Processo nasce com a citação válida do réu, diferentemente do que ocorre com a ação que
nasce com a oferta da denúncia ou a da queixa-crime. Portanto, a AÇÃO É ANTERIOR AO
PROCESSO.

Do dito acima, quase tudo se aplica ao processo penal militar, com a seguinte observação:
Conforme se verá abaixo, o CPPM afirma que o processo penal militar se inicia com o
recebimento da denúncia e se efetiva com a citação.

Relação processual. Início e extinção

Art.35. O processo inicia-se com o recebimento da denúncia pelo juiz, efetiva-se com a citação
do acusado e extingue-se no momento em que a sentença definitiva se torna irrecorrível, quer
resolva o mérito, quer não.

Para o CPPM, o acusado é a pessoa que tem contra si uma denúncia recebida. Tal conclusão
se extrai do seguinte dispositivo:

Personalidade do acusado

Art.69. Considera-se acusado aquele a quem é imputada a prática de infração penal em


denúncia recebida.

Art.35...

Casos de suspensão

Parágrafo único. O processo suspende-se ou extingue-se nos casos previstos neste Código.

São casos de suspensão tratadas pelo CPPM as previstas nos seguintes artigos: 115, 123, 124,
132, 151,157,§2º,158,161e168.

6 Denúncia.

A denúncia deve incluir:

a) a designação do juiz a que se dirigir;

b) o nome, idade, profissão e residência do acusado, ou esclarecimentos pelos quais possa


ser qualificado;

c) o tempo e o lugar do crime;

d) a qualificação do ofendido e a designação da pessoa jurídica ou instituição prejudicada


ou atingida, sempre que possível;

e) a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias;

f) as razões de convicção ou presunção da delinquência;

g) a classificação do crime;
h) o rol das testemunhas, em número NÃO SUPERIOR A SEIS, com a indicação da sua profissão
e residência; e o das informantes com a mesma indicação.

Uma denúncia NÃO SERÁ RECEBIDA pelo juiz:

a) se não contiver os requisitos expressos no artigo anterior;

b) se o fato narrado não constituir evidentemente crime da competência da Justiça


Militar;

c) se já estiver extinta a punibilidade;

d) se for manifesta a incompetência do juiz ou a ilegitimidade do acusador.

PRAZO PARA OFERECIMENTO DA DENÚNCIA

Se o acusado estiver preso a denúncia deve acontecer dentro do PRAZO DE CINCO DIAS,
contados da data do recebimento dos autos para aquele fim; se o acusado estiver solto o
PRAZO É DE QUINZE DIAS. O auditor deverá manifestar-se sobre a denúncia, dentro do prazo
de QUINZE DIAS.

O parágrafo 1º permite que o prazo para o oferecimento da denúncia poderá, por despacho do
juiz, ser prorrogado ao dobro; ou ao triplo, em caso excepcional e se o acusado não estiver
preso.

7 PRISÕES PROCESSUAIS E MEDIDAS CAUTELARES.

PRISÃO PROVISÓRIA

Prisão provisória é aquela que ocorre durante o inquérito, ou no curso do processo, antes da
condenação definitiva. A prisão só pode ser feita em flagrante delito ou por ordem escrita de
autoridade competente.

PRISÃO DE MILITAR

Art. 223 - A prisão de militar deverá ser feita por outro militar de posto ou graduação superior;
ou, se igual, mais antigo.

7.1 Prisão em flagrante.

Art. 243 - Qualquer pessoa poderá e os militares deverão prender quem for insubmisso ou
desertor, ou seja encontrado em flagrante delito.

Prisão em flagrante é a prisão de um individuo que:

a) está cometendo o crime;

b) acaba de cometê-lo;

c) é perseguido logo após o fato delituoso em situação que faça acreditar ser ele o seu
autor;
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, objetos, material ou papéis que façam
presumir a sua participação no fato delituoso.

Aplica-se ao Processo penal militar as mesmas espécies de flagrante previstas no processo


penal comum, quais sejam : a) facultativo; b) obrigatório; c) próprio; d) impróprio; e)
presumido; f) preparado; g) forjado, h) esperado; e i) prorrogado.

7.2 PRISÃO PREVENTIVA.

Prisão preventiva pode ser decretada pelo auditor ou pelo Conselho de Justiça, de ofício, a
requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade encarregada
do inquérito policial-militar, em qualquer fase do processo. Ela pode ser feita caso haja:

a) prova do fato delituoso;

b) indícios suficientes de autoria.

No Superior Tribunal Militar

Parágrafo único. Durante a instrução de processo originário do Superior Tribunal Militar, a


decretação compete ao relator.

Casos de decretação

Art.255. A prisão preventiva, além dos requisitos do artigo anterior, deverá fundar-se em um
dos seguintes casos:(...)

a)garantia da ordem pública;

b)conveniência da instrução criminal;

c)periculosidade do indiciado ou acusado;

d)segurança da aplicação da lei penal militar;

e)exigência da manutenção das normas ou princípios de hierarquia e disciplina militares,


quando ficarem ameaçados ou atingidos com a liberdade do indiciado ou acusado.

DESNECESSIDADE DA PRISÃO

Art.257.O juiz deixará de decretar a prisão preventiva, quando, por qualquer circunstância
evidente dos autos, ou pela profissão, condições devida ou interesse do indiciado ou acusado,
presumir que este não fuja, nem exerça influência em testemunha ou perito, nem impeça ou
perturbe, de qualquer modo, a ação da justiça.

MODIFICAÇÃO DE CONDIÇÕES

Parágrafo único. Essa decisão poderá ser revogada a todo o tempo, desde que se modifique
qualquer das condições previstas neste artigo.
7.3 Menagem.

Na MENAGEM o acusado não é encarcerado mas é obrigado a permanecer onde exerce suas
atividades. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo da pena
privativa da liberdade NÃO EXCEDA A QUATRO anos, tendo-se, porém, em atenção a
natureza do crime e os antecedentes do acusado. Ela pode ser feita no lugar onde o acusado
residia quando o crime foi cometido ou, atendido o seu posto ou graduação, em quartel,
navio, acampamento, ou em estabelecimento ou sede de órgão militar.

De acordo com Ronaldo João Roth, entende-se por menagem como sendo um instituto de
direito processual de dupla natureza jurídica. Sendo na primeira vista como uma forma de
prisão provisória, porém sem os rigores do cárcere, assemelhando-se a prisão especial,
denominada pelo referido autor como menagem-prisão. Na segunda, uma modalidade de
liberdade provisória que guarda estreita relação com a fiança do direito comum, essa
denominada de menagem-liberdade.

O instituto da menagem encontra-se previsto no artigo 263 e seguintes do Código de


Processo Penal Militar:

Art. 263. A menagem poderá ser concedida pelo juiz, nos crimes cujo máximo da pena
privativa da liberdade não exceda a quatro anos, tendo-se, porém, em atenção a natureza do
crime e os antecedentes do acusado.

O CPPM expressamente declara que nos crimes de insubmissão, o insubmisso que for
capturado ou se apresentar voluntariamente terá direito ao quartel por menagem. Embora
não exista dispositivo semelhante no que tange a deserção, não há norma que proíba a
concessão do referido benefício ao desertor. Dessa forma, entende-se possível a concessão
de menagem ao desertor desde que observados os requisitos dos arts.263 e 264,CPPM.

Audiência do Ministério Público

§1ºO Ministério Público será ouvido, previamente, sôbre a concessão da menagem, devendo
emitir parecer dentro do prazo de três dias.

Pedido de informação

§2ºPara a menagem em lugar sujeito à administração militar, será pedida informação, a


respeito da sua conveniência, à autoridade responsável pelo respectivo comando ou direção.

Cassação da menagem

Art.265.Será cassada a menagem àquele que se retirar do lugar para o qual foi ela concedida,
ou faltar, sem causa justificada, a qualquer ato judicial para que tenha sido intimado ou a que
deva comparecer independentemente de intimação especial.

CESSAÇÃO DA MENAGEM

Art.267. A menagem cessa com a sentença condenatória, ainda que não tenha passado em
julgado.
Parágrafo único. Salvo o caso do artigo anterior, o juiz poderá ordenar a cessação da
menagem, em qualquer tempo, com a liberação das obrigações dela decorrentes, desde que
não a julgue mais necessária ao interesse da Justiça.

CONTAGEM PARA A PENA

Art.268.A menagem concedida em residência ou cidade não será levada em conta no


cumprimento da pena.

REINCIDÊNCIA

Art. 269. Ao reincidente não se concederá menagem.

7.4 LIBERDADE PROVISÓRIA.

Casos de liberdade provisória

Art.270.O indiciado ou acusado livrar-se-á sôlto no caso de infração a que não fôr cominada
pena privativa de liberdade.

Parágrafo único. Poderá livrar-se sôlto:

a)no caso de infração culposa, salvos e compreendida entre as previstas no Livro I, Título I, da
Parte Especial, do Código Penal Militar;

b) no caso de infração punida com pena de detenção não superior a dois anos, salvo as
previstas nos arts. 157, 160, 161, 162, 163, 164, 166, 173, 176, 177, 178, 187, 192, 235, 299 e
302, do Código Penal Militar.

Suspensão

Art.271.A superveniência de qualquer dos motivos referidos no art.255 poderá determinar a


suspensão da liberdade provisória, por despacho da autoridade que a concedeu, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público.

7.5 Prisão administrativa disciplinar.

A prisão disciplinar militar é a privação da liberdade do militar por cometimento de


transgressão disciplinar de caráter grave, sua previsão é calcada no artigo 5º, inciso LXI da
Carta Magna, a qual dispõe que:

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei; (BRASIL, 1988).

A regra constitucional é pela prisão decretada por autoridade judiciária competente ou ainda
nos casos de flagrante delito, à exceção fica restrita ao universo castrense, no qual a prisão
se divide em dois tipos: as que se relacionam com os crimes tipicamente militares e as
relacionadas com transgressões militares.
A prisão por crime militar é regulada por legislação penal e processual especial, já no caso da
prisão administrativa, ela é contemplada nos Estatuto de cada Organismo Militar.

No decreto 4346/02, regulamento disciplinar do exercito (R-4), no artigo 24 prevê as


medidas punitivas disciplinares e, dentre elas, está a prisão disciplinar administrativa. No
paragrafo único, determina que as punições disciplinares de detenção e prisão disciplinar
não podem ultrapassar trinta dias .

8 DESERÇÃO DE OFICIAL E DE PRAÇA; INSUBMISSÃO.

Deserção: ausência do militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em que
deve permanecer, por mais de oito dias. A pena corresponde a detenção, de seis meses a
dois anos; se oficial, a pena é agravada.

Insubmissão: crime militar praticado por aquele que não se apresenta à incorporação
quando convocado para a prestação de serviço militar.

DESERÇÃO DE OFICIAL

Art. 454 - Transcorrido o prazo para consumar-se o crime de deserção, o comandante da


unidade, ou autoridade correspondente, ou ainda a autoridade superior, fará lavrar o termo
de deserção circunstanciadamente, inclusive com a qualificação do desertor, assinando-o com
duas testemunhas idôneas, publicando-se em boletim ou documento equivalente, o termo de
deserção, acompanhado da parte de ausência.

§ 1º - O oficial desertor será agregado, permanecendo nessa situação ao apresentar-se ou ser


capturado, até decisão transitada em julgado.

§ 2º - Feita a publicação, a autoridade militar remeterá, em seguida, o termo de deserção à


Auditoria competente, juntamente com a parte de ausência, o inventário do material
permanente da Fazenda Nacional e as cópias do boletim ou documento equivalente e dos
assentamentos do desertor.

§ 3º - Recebido o termo de deserção e demais peças, o juiz-auditor mandará autuá-los e dar


vista do processo, por Cinco dias, ao procurador, podendo este requerer o arquivamento, ou o
que for de direito, ou oferecer denúncia, se nenhuma formalidade tiver sido omitida, ou após
§ 4º - Recebida a denúncia, o juiz-auditor determinará seja aguardada a captura ou
apresentação voluntária do desertor.

Art. 455 - Apresentando-se ou sendo capturado o desertor, a autoridade militar fará a


comunicação ao juiz-auditor, com a informação sobre a data e o lugar onde o mesmo se
apresentou ou foi capturado, além de quaisquer outras circunstâncias concernentes ao fato.
Em seguida, procederá o juiz-auditor ao sorteio e à convocação do Conselho Especial de
Justiça, expedindo o mandado de citação do acusado, para ser processado e julgado. Nesse
mandado, será transcrita a denúncia o cumprimento das diligências requeridas.
§ 1º - Reunido o Conselho Especial de Justiça, presentes o procurador, o defensor e o acusado,
o presidente ordenará a leitura da denúncia, seguindo-se o interrogatório do acusado,
ouvindo-se, na ocasião, as testemunhas arroladas pelo Ministério Público. A defesa poderá
oferecer prova documental e requerer a inquirição de testemunhas, até o número de três, que
serão arroladas dentro do prazo de três dias e ouvidas dentro do prazo de cinco dias
prorrogável até o dobro pelo Conselho, ouvido o Ministério Público.

§ 2º - Findo o interrogatório, e se nada for requerido ou determinado, ou finda a inquirição


das testemunhas arroladas pelas partes e realizadas as diligências ordenadas, o presidente do
Conselho dará a palavra às partes, para sustentação oral, pelo prazo máximo de trinta
minutos, podendo haver réplica e tréplica por tempo não excedente a quinze minutos, para
cada uma delas, passando o Conselho ao julgamento, observando-se o rito prescrito neste
Código.

DESERÇÃO DE PRAÇA

Art. 456 - Vinte e quatro horas depois de iniciada a contagem dos dias de ausência de uma
praça, o comandante da respectiva subunidade, ou autoridade competente, encaminhará
parte de ausência ao comandante ou chefe da respectiva organização, que mandará
inventariar o material permanente da Fazenda Nacional, deixado ou extraviado pelo ausente,
com a assistência de duas testemunhas idôneas.

§ 1º - Quando a ausência se verificar em subunidade isolada ou em destacamento, o


respectivo comandante, oficial ou não, providenciará o inventário, assinando-o com duas
testemunhas idôneas.

§ 2º - Decorrido o prazo para se configurar a deserção, o comandante da subunidade, ou


autoridade correspondente, encaminhará ao comandante, ou chefe competente, uma parte
acompanhada do inventário.

§ 3º - Recebida a parte de que trata o parágrafo anterior, fará o comandante, ou autoridade


correspondente, lavrar o termo de deserção, onde se mencionarão todas as circunstâncias do
fato. Esse termo poderá ser lavrado por uma praça, especial ou graduada, e será assinado pelo
comandante e por duas testemunhas idôneas, de preferência oficiais.

§ 4º - Consumada a deserção de praça especial ou praça sem estabilidade, será ela


imediatamente excluída do serviço ativo. Se praça estável, será agregada, fazendo-se, em
ambos os casos, publicação em boletim ou documento equivalente, do termo de deserção e
remetendo-se, em seguida, os autos à Auditoria competente.

Art. 457 - Recebidos do Comandante da unidade, ou da autoridade competente, o termo de


deserção e a cópia do boletim, ou documento equivalente que o publicou, acompanhados dos
demais atos lavrados e dos assentamentos, o juiz auditor mandará autuá-los e dar vista do
processo, por cinco dias, ao procurador, que requererá o que for de direito, aguardando-se a
captura ou apresentação voluntária do desertor, se nenhuma formalidade tiver sido omitida,
ou após o cumprimento das diligências requeridas.
INSUBMISSÃO

Art. 463 - Consumado o crime de insubmissão, o comandante, ou autoridade correspondente


da unidade para que fora designado o insubmisso, fará lavrar o termo de insubmissão,
circunstanciadamente, com indicação de nome, filiação, naturalidade e classe a que pertencer
o insubmisso e a data em que este deveria apresentar-se sendo o termo assinado pelo referido
comandante, ou autoridade correspondente, e por duas testemunhas idôneas, podendo ser
impresso ou datilografado.

Art. 464 - O insubmisso que se apresentar ou for capturado terá o direito ao quartel por
menagem e será submetido a inspeção de saúde. Se incapaz, ficará isento do processo e da
inclusão.

§ 3º - O insubmisso que não for julgado no prazo de sessenta dias, a contar do dia de sua
apresentação voluntária ou captura, sem que para isso tenha dado causa, será posto em
liberdade.

Art. 465 - Aplica-se ao processo de insubmissão, para sua instrução e julgamento, o disposto
para o processo de deserção, previsto nos parágrafos 4º, 5º, 6º e 7º do art. 457 deste Código.

EXERCÍCIOS

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL MILITAR

01-Julgue o item que se segue , a respeito da justiça militar.

O Código de Processo Penal Militar rege o processo penal militar em tempo de paz, o que não
ocorre em tempo de guerra, quando o processo deve ser regido por legislação específica.

( )Certo ( X ) Errado

02-NO TOCANTE À INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL PENAL, PODEMOS AFIRMAR


QUE:

( ) a- A interpretação literal importa na conformidade com o significado das palavras segundo


a intenção do legislador;

( )b- A interpretação extensiva ocorre quando manifesto que a expressão da lei é mais ampla
que sua intenção: vg. ao dizer acusado abrange homens e mulheres;

( ) c- Os termos técnicos são entendidos exclusivamente em sua acepção especial, não se


admitindo sejam empregados com outra significação, salvo disposto em lei;

( X ) d-Não se admite as interpretações extensiva ou restritiva quando desfigurar de plano os


fundamentos da acusação que deram origem ao processo.
03-DE ACORDO COM O CPPM, OS CASOS NELE OMISSOS PODERÃO SER SUPRIDOS:

( )a Pelas normas do Código de Processo Penal comum, sem adoção de leis extravagantes,
em face do princípio da especialidade;

( X ) b Pelos princípios gerais de direito e pela analogia;

( ) c Pela analogia e pelos usos e costumes militares estabelecidos pelos respectivos


regulamentos;

( ) d Em tempo de guerra ou de conflito armado pelas normas do Estatuto de Roma e pelas


Convenções de Genebra.

04-QUANTO À APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL PENAL MILITAR:

( ) a Tem aplicação intertemporal apenas nos crime militares em tempo de guerra;

( x ) b Não tem aplicação a militares estaduais no que tange aos recursos e à execução de
sentença;

( ) c Tem aplicação em tempo de paz exclusivamente no território nacional;

( ) d A bordo de aeronaves ou navios estrangeiros em qualquer lugar se a infração atenta


contra as instituições militares ou a segurança nacional.

05-Com base no direito processual penal militar, assinale a opção correta.

( ) a Segundo a lei processual penal militar, o princípio da imediatidade é aplicado aos


processos cuja tramitação esteja em curso, ressalvados os atos praticados na forma da lei
processual anterior. Caso a norma processual penal militar posterior seja, de qualquer forma,
mais favorável ao réu, deverá retroagir, ainda que a sentença penal condenatória tenha
transitado em julgado.

( x ) b O CPPM dispõe expressamente a aplicação de suas normas, em casos específicos, fora


do território nacional ou em lugar de extraterritorialidade brasileira. Nesse ponto, o CPPM
difere do CPP.

( ) c O sistema processual penal castrense veda, em qualquer hipótese, o emprego da


interpretação extensiva e da interpretação não literal.

( )d Se, na aplicação da lei processual penal militar a caso concreto, houver divergência entre
essa norma e os dispositivos constantes em convenção ou tratado de que o Brasil seja
signatário, prevalecerá a regra especial da primeira, salvo em matéria de direitos humanos.
( ) e Os casos omissos na lei processual penal militar serão supridos pelo direito processual
penal comum, sem prejuízo da peculiaridade do processo penal castrense. Nesses casos, o
CPPM impõe que haja a declaração expressa de omissão pela corte militar competente, com
quorum qualificado.

POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR

06-As atribuições de polícia judiciária militar são indelegáveis aos oficiais da reserva
remunerada.

( )Certo ( x )Errado

07- Analisando-se o enunciado no que concerne a atuação da Polícia Judiciária Militar, é


correto afirmar que

A ( x )compete à Polícia Judiciária Militar a apuração do fato, não importando a qualificação da


vítima, pois se trata de acidente de trânsito envolvendo veículo automotor de propriedade ou
sob responsabilidade da Polícia Militar do Estado de São Paulo.

B( )a apuração do fato, em razão de tratar-se de acidente de trânsito envolvendo veículo de


propriedade da Polícia Militar, somente seria apurado pela Polícia Judiciária Militar se a vítima
fosse militar do Estado.

C ( )compete à Polícia Judiciária Militar a apuração no tocante ao veículo oficial e à Polícia


Judiciária Comum com relação à lesão corporal da passageira.

D( )a apuração do fato, em razão de tratar-se de acidente de trânsito envolvendo veículo


de propriedade da Polícia Militar, somente seria apurado pela Polícia Judiciária Militar na
hipótese de veículo oficial caracterizado.

E( )compete à Polícia Judiciária Comum (Polícia Civil) a apuração do fato, em razão de


tratar-se de crime de trânsito.

08-Acerca do processo penal militar, julgue o seguinte item.

No âmbito das Forças Armadas, compete à Polícia Judiciária Militar o exercício das funções de
polícia judiciária, de polícia investigativa e de polícia de segurança.

( )Certo ( X )Errado
09- A POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR:

( ) a É exercida pelo Ministro da Defesa e pelos Comandantes das Forças, em todo território
nacional;

( ) b Não será exercida por Comandantes ou Diretores de estabelecimento de ensino militar,


institutos, academias ou cursos de aperfeiçoamento, Estado-Maior e altos estudos;

( ) c Deverá solicitar, através da autoridade judiciária militar, das autoridades civis as


informações e medidas que julgar úteis à elucidação das infrações penais militares que esteja a
seu cargo;

( )d Compete prestar aos membros do Ministério Público as informações necessárias à


instrução e julgamento dos processos, bem como realizar as diligências que por eles lhe forem
requisitadas.

10-Com base no direito processual penal militar, julgue os itens que se seguem.

O ministro da Defesa, dada a sua condição de ministro de Estado civil, não exerce função de
polícia judiciária militar.

( ) Certo ( ) Errado

11-Acerca da lei de processo penal, da polícia judiciária, do inquérito policial e da ação penal
no âmbito militar, assinale a opção correta.

( )a Os inquéritos policiais militares regularmente arquivados podem ser desarquivados,


conforme as hipóteses expressamente previstas no CPPM, a pedido do MPM.

( ) b A lei processual penal militar pode ser interpretada extensiva ou restritivamente, e,


ainda, ser suprida pela legislação de processo penal comum, sem prejuízo da índole do
processo penal militar, mesmo que resulte em situação mais gravosa ao acusado.

( ) c Admite-se a delegação do exercício da atividade da polícia judiciária militar a oficiais da


ativa, para fins especificados e por tempo limitado, atendidos hierarquia e comando, entre
outras normas; em se tratando de delegação para instauração de inquérito policial militar,
deverá a referida delegação recair em oficial de posto superior ao do indiciado, seja este oficial
da ativa, da reserva, remunerada ou não, ou reformado.

( ) d É atribuição da polícia judiciária militar a investigação de crimes comuns ocorridos no


interior das vilas militares.

( )e O CPPM prevê a possibilidade de afastamento do encarregado do IPM sob o


fundamento de suspeição, de modo que se preservem a hierarquia e a disciplina.
12-A polícia judiciária militar exerce funções idênticas à polícia judiciária, e ambas têm como
uma de suas finalidades o colhimento de elementos que indiquem a autoria e comprovem a
materialidade do delito.

( )Certo ( ) Errado

13-À luz do Código de Processo Penal Militar, julgue o item a seguir, com relação à polícia
judiciária militar, à ação penal militar e seu exercício, ao juiz e à denúncia.

Situação hipotética: Em determinada unidade, o comandante instaurou inquérito policial


militar para apurar possível crime de prevaricação cometido por um oficial que lá servia. Ao
receber os autos do inquérito, o Ministério Público Militar promoveu o seu arquivamento, sob
o fundamento de que a materialidade do delito não foi comprovada. Assertiva: Nessa situação,
será incabível a propositura de ação penal privada subsidiária da pública.

( ) Certo ( )Errado

14-Cada um do item a seguir, que tratam de IPM e(ou) ação penal militar, apresenta uma
situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada.

Um general, ao ser informado da prática de crime militar em uma organização militar a ele
subordinada, sediada em outro estado da Federação, determinou ao comandante da unidade,
por via radiotelefônica, a instauração de IPM. Nessa situação, mesmo considerando o caráter
de urgência que a medida exigia, a ordem foi indevida em razão do meio de transmissão
empregado e também pelo fato de que a única autoridade competente para determinar a
instauração do IPM seria o próprio comandante da unidade onde ocorreu o crime militar.

( ) Certo ( ) Errado

AÇÃO PENAL MILITAR

15-À luz do Código de Processo Penal Militar, julgue o item a seguir, com relação à polícia
judiciária militar, à ação penal militar e seu exercício, ao juiz e à denúncia.

Situação hipotética: O Ministério Público Militar ofereceu denúncia em desfavor de um oficial


das Forças Armadas. Todavia, o crime prescreveu. Assertiva: Nessa situação, o juiz deverá
receber a denúncia e declarar, de ofício, extinta a punibilidade, independentemente da oitiva
do órgão ministerial.
( ) Certo ( ) Errado

16- Cada um do item a seguir, que tratam de IPM e(ou) ação penal militar, apresenta uma
situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada.

Os autos de IPM que apurou os fatos relativos a crime militar ocorrido em determinada
organização militar foram encaminhados ao MPM. Nessa situação, em caso de inércia ou de o
parquet pedir o arquivamento do inquérito, ao ofendido caberá propor ação penal militar de
iniciativa privada subsidiária da pública.

( )Certo ( ) Errado

PROCESSO PENAL MILITAR

17-Em relação aos direitos e garantias fundamentais e ao Poder Judiciário, julgue o item a
seguir.

Se um militar for denunciado pela prática de um delito que seja tipificado tanto na legislação
penal comum quanto no Código Penal Militar, a justiça militar será a competente para
processar e julgar eventual habeas corpus impetrado pelo referido militar.

( )Certo ( ) Errado

18-No que se refere aos processos ordinários, aos processos de deserção de praças e de
insubmissão e aos processos de competência originária do Superior Tribunal Militar, julgue o
item subsecutivo.

Oficial das Forças Armadas que for réu em processo penal militar e estiver preso deverá ser
obrigado a comparecer à instrução criminal, pois, no âmbito da justiça militar da União, é
vedada a revelia de réu preso.

( ) Certo ( )Errado

PRISÕES
19-No que diz respeito ao juiz, aos auxiliares da justiça e às partes do processo militar, à
organização da justiça militar da União e sua competência e à prisão preventiva, julgue o item
que se segue.

O capitão que, por designação, conduzir IPM para apurar suposto crime militar praticado por
um soldado poderá, no curso do inquérito, representar à autoridade judiciária militar para que
seja decretada a prisão preventiva do indiciado.

( )Certo ( )Errado

20-Julgue o próximo item, a respeito das prisões e da liberdade provisória no direito


processual penal militar.

Para serem mantidas, as prisões provisórias dependem, em regra, de imediata apresentação


do preso à autoridade judiciária militar competente para que esta delibere acerca da custódia,
em particular no que se refere à necessidade, utilidade e manutenção desta e à integridade
física e mental do aprisionado, medida comumente denominada pela moderna doutrina
processual de audiência de custódia, prevista de forma expressa no CPPM.

( )Certo ( )Errado

MENAGEM

21-Em relação à menagem, é correto afirmar que

A ( )somente poderá ser aplicada ao militar, ativo ou inativo, sendo vedada a sua aplicação
aos civis.

B ( )a sua concessão deve observar como requisito subjetivo, que o crime seja apenado com
pena privativa de liberdade de reclusão ou detenção.

C ( )a sua concessão deve observar como requisito objetivo, que o acusado não seja
reincidente.

D( )haverá detração na pena do período, salvo se concedida em residência ou cidade.

E( )poderá ser concedida pela autoridade de polícia judiciária militar.

22-Em caso de concessão da menagem a militar da reserva ou reformado, o cumprimento


deverá ocorrer no interior do estabelecimento castrense coincidente com a sede do juízo de
apuração do crime, devendo o militar ficar subordinado às normas de caráter geral da caserna
e sendo vedado seu afastamento dos limites do estabelecimento militar.
( ) Certo ( ) Errado

LIBERDADE PROVISÓRIA

23-Nos termos do Código de Processo Penal Militar, o instituto da liberdade provisória

A ( )não poderá ser aplicado aos crimes culposos contra a segurança externa do país.

B( )poderá ser aplicado a todos os crimes culposos previstos no Código Penal Militar.

C ( )poderá ser aplicado ao crime militar de desrespeito a superior quando a infração for
punida com pena de detenção não superior a dois anos.

D ( )poderá ser aplicado ao crime militar de publicação ou crítica indevida quando a infração
for punida com pena de detenção não superior a dois anos.

E( )tem sua aplicação vedada em razão dos valores, hierarquia e disciplina, prestigiados
pelo Direito Penal Militar.

24-Julgue o próximo item, a respeito das prisões e da liberdade provisória no direito


processual penal militar.

A liberdade provisória mediante o pagamento de fiança é concedida somente aos civis, pois,
para os militares, há outros instrumentos jurídicos que obstam a custódia desnecessária, como
a menagem, por exemplo.

( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

O1-errado- 10-certo 19-certo

02-D 11-C 20-errado

03-B 12-Certo 21-D

04-B 13-certo 22-errado

05-B 14-errado 23-A

06-errado 15-errado 24-errado

07-A 16-certo

08-errado 17-certo

09-D 18-errado

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