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Dessa forma, não é autorizada a utilização de recortes Também aqui temos que o CPM trata do tempo do
das leis interpretadas, o que causaria o que se chama crime da mesma forma que o CP comum. Portanto,
de lex tertia (terceira lei). também adotou a Teoria da Atividade, onde
o tempus delicti é o da conduta criminosa.
Tanto assim que o Supremo Tribunal Federal (STF), no
HC 104923, estabeleceu que “donde a impossibilidade Aqui devemos destacar que o STF já firmou
de se mesclar o regime penal comum e o regime penal entendimento de que o crime de deserção (art. 187
castrense, mediante a seleção das partes mais do CPM) é permanente. Dessa forma, a conduta
benéficas de cada um deles, pois tal postura criminosa se prolonga no tempo e isso termina por
hermenêutica caracterizaria um hibridismo regratório influenciar a análise da prescrição e da norma penal a
incompatível com o princípio da especialidade das ser aplicada.
leis”.
Nesse sentido a súmula nº 711 do STF: “a lei penal
Nesse sentido, o Superior Tribunal Militar (STM) mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
editou a súmula de nº 14 que dispõe que “tendo em permanente, se a sua vigência é anterior à cessação
vista a especialidade da legislação militar, a Lei da continuidade ou da permanência”.
n°11.343, de 23 de agosto de 2006, que instituiu o
Legislação Penal Militar: Lugar do Crime
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas,
não se aplica à Justiça Militar da União”. Dispõe o art. 6º do CPM:
Lei Penal Militar no Tempo – Medidas de segurança Art. 6° Considera-se praticado o fato no lugar em que
se desenvolveu a atividade criminosa, no todo ou em
Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei
parte, e ainda que sob a forma de participação, bem
vigente ao tempo da sentença, prevalecendo,
como onde se produziu ou deveria produzir-se o
entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da
resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se
execução.
praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação
Aqui é preciso ter bastante cuidado, porque parcela omitida.
da doutrina entende que este dispositivo não foi
Portanto, temos que o CPM trata de forma distinta o
recepcionado pela Carta Magna. Isto porque, as
lugar do crime em relação ao CP comum. Percebe-se
medidas de segurança também são sanção e não
que aquele faz clara distinção entre os crimes
podem fugir à regra da anterioridade da lei penal.
comissivos e os crimes omissivos.
Ainda, as medidas de segurança, diferente do Direito
No caso de crimes comissivos, o CPM adota a Teoria
Penal comum, não são aplicáveis somente aos
da Ubiquidade (idêntica à teoria adotada pelo CP).
inimputáveis, se assemelhando às penas restritivas de
Esta Teoria escolhe como lugar do crime tanto aquele
direitos.
em que a conduta criminosa foi praticada, como
Leis temporárias e leis excepcionais aquele em que se produziu ou deveria produzir-se, o
resultado.
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas as Porém, para os omissivos, o CPM adota a Teoria da
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato Atividade, sendo considerado lugar do crime aquele
praticado durante a sua vigência. em que deveria ser realizada a ação omitida.
Ou seja, assim como no Direito Penal comum, o Logo, temos que o CPM optou por uma Teoria Mista
Direito Penal Militar também trata das leis do lugar do crime. Ora adotando a Teoria da
temporárias e excepcionais com ultratividade. Ubiquidade (crimes comissivos), ora adotando a
Teoria da Atividade (crimes omissivos).
Legislação Penal Militar: Tempo do crime
Territorialidade e Extraterritorialidade
Isso porque, como leciona o Prof. Silvio Martins 1.1.1 Princípio da Anterioridade
Teixeira em seu Novo Código Penal Militar, “a O princípio da anterioridade obriga a existência prévia
irrestrita aplicação extraterritorial do CPM justifica-se de lei penal incriminadora, ou seja, para que alguém
com o fato de os crimes militares afetarem as possa ser processado e julgado, deve existir lei
instituições militares, que se destinam à defesa do anterior ao fato definindo seu ato como crime, bem
País, e poderem ser, por inteiro, cometidos em outros como prévia determinação da sanção a ser imposta.
países e até mesmo em benefício destes, que não
teriam, assim, qualquer interesse na punição de seus 1.2 Lei Supressiva de Incriminação
autores”. Uma lei penal nova só vai alcançar fato ocorrido após
Ampliação a aeronaves ou navios estrangeiros a sua entrada em vigência se for para melhorar a
situação do réu. O Art. 2º do CPM trata da
§ 2º É também aplicável a lei penal militar ao crime descriminalização da conduta, ou seja, a lei nova deixa
praticado a bordo de aeronaves ou navios de considerar determinada conduta como crime, e,
estrangeiros, desde que em lugar sujeito à quando isso ocorre, a vigência da sentença
administração militar, e o crime atente contra as condenatória irrecorrível é desconstituída, deixando
instituições militares. de gerar seus efeitos
Aqui devem ser observadas as condições 1.2.1 Princípio da retroatividade da lei penal mais
estabelecidas para que a lei penal militar seja aplicada benéfica
a crimes cometidos a bordo de aeronaves ou navios
estrangeiros, quais sejam: que o crime seja praticado A ideia desse princípio é assegurar que a lei só pode
em lugar sujeito à administração militar e que alcançar fato ocorrido antes da sua entrada em
também sejam praticados contra as instituições vigência se for em benefício do réu. Por isso, o Art. 2º,
militares, pois as condições são concomitantes. §1, do CPM diz que a lei penal militar benéfica
retroage sempre, podendo ser aplicada até mesmo
Ainda, importante ressaltar que o §3º do art. 7º nos após o trânsito em julgado de sentença condenatória
auxilia na interpretação do que é considerado navio definitiva, ou seja, aquela que não se pode mais
para fim de aplicação da lei penal militar. Este interpor recurso.
dispositivo nos traz que “considera-se navio toda
embarcação sob comando militar”.
CONCURSO PMCE 2021 3
OBS: A sentença cessa seus efeitos dentro do âmbito c) Teoria da ubiquidade: o crime considera-se
penal, os efeitos de natureza civil permanecem. praticado tanto no momento em que ocorre a
conduta (ação ou omissão) ou quando ocorre o
1.2.2 Apuração da maior benignidade
resultado.
Para que efetivamente o réu seja beneficiado, deve
O Código Penal Militar adota a teoria da atividade,
ocorrer a análise de ambas as normas aplicadas ao
ou seja, para fins de aplicação da lei penal militar,
fato para que se verifique qual lei, seja a nova ou a
considera-se tempo do crime aquele em que ocorre a
antiga, é a mais benéfica
ação ou omissão. Nos crimes continuados, o tempo do
1.3 Medidas de Segurança crime será todo o lapso de tempo em que a conduta
delituosa estiver se desenvolvendo.
A medida de segurança é uma espécie do gênero
infração penal. Assim, embora não seja tecnicamente 1.6 Lugar do Crime
uma pena, não deixa de ser uma espécie de sanção
O lugar do crime é aquele que, para fins penais
aplicada aos inimputáveis e semi- -imputáveis que
militar, será considerada praticada a infração penal.
praticam atos ilícitos. É uma forma de internação na
Existem três teorias sobre o lugar do crime:
qual o agente é submetido a tratamentos.
a) Teoria da atividade: que considera o lugar do crime
Na hipótese de aplicação da medida de segurança, a
aquele onde a conduta foi praticada.
lei penal militar aplicável será a lei vigente no tempo
da sentença, porém, se no momento da execução b) Teoria do resultado: considera o lugar do crime
estiver em vigência uma nova lei, diversa da aplicada, onde ocorreu o resultado.
essa irá prevalecer se for mais benéfica. Isso ocorre
c) Teoria da ubiquidade: considera o lugar do crime
porque, como se trata de um método para tratar o
tanto onde ocorreu a conduta quanto onde se deu o
agente, pressupõe- -se que a lei mais nova traga
resultado.
melhores resultados.
O Código Penal Militar adota a teoria da ubiquidade
1.4 Lei Excepcional ou Temporária
para determinar o lugar do crime, podendo, assim, ser
Lei excepcional ou temporária é uma espécie de lei tanto o local em que ocorreu a conduta quanto
feita para durar por um determinado período de aquele em que que ocorreu o resultado.
tempo ou durante uma situação excepcional (um
O Art. 6º do CPM ainda menciona a “participação”
período de seca, por exemplo). Em tese, seria exceção
como meio de evitar que esta se exclua do cenário do
à regra da retroatividade, pois, se aplicada a
lugar do crime.
retroatividade, assim que o tempo de vigência estiver
decorrido, todos por ela incriminados deveriam ter Os crimes omissivos são aqueles que ocorrem quando
extinta sua punibilidade. a agente não faz o que pode ou o que deve fazer.
Nessa hipótese, será considerado local do crime
Assim, a lei temporária será aplicável ao fato ocorrido
aquele onde a conduta omissiva deveria ter ocorrido.
dentro da sua vigência.
1.7 Territorialidade e Extraterritorialidade
1.5 Tempo do Crime
Território é o espaço no qual o Brasil exerce sua
O tempo do crime é aquele em que se considera
soberania, podendo ser ele terrestre, aéreo, marítimo
praticada a infração penal, para determinar quando
ou fluvial. A extensão desse território se aplica a
ocorrer esse momento. Sobre esse tema, a doutrina
aeronaves e navios brasileiros, onde quer que
aponta a existência de três teorias:
estejam, e a aeronaves e navios estrangeiros, desde
a) Teoria da atividade: o crime considera-se praticado que em local sujeito à administração militar ou, ainda,
no momento em que ocorre a ação ou a omissão, que o crime praticado atente contra as instituições
independentemente de quando ocorre o resultado. militares.
b) Teoria do resultado: o crime considera-se Vale ressaltar que, para efeitos da lei penal militar,
praticado no momento em que ocorre o resultado. qualquer embarcação, seja ela pequena ou grande
C) Princípio da proporcionalidade.
10 - Com relação ao direito penal militar, julgue
D) Princípio da ofensividade.
os itens de 06 a 10 à luz
do Código Penal Militar (CPM).
E) Princípio da adequação social
01 – GAB: E
Lembrando que tal alterção só se aplica para
CÓDIGO PENAL MILITAR militares das forças armadas, militares estaudais
serão sempre julgados pelo Tribunal do Júri nos
Não Admite: crimes dolosos contra a vida de civil.
2 - Arrependimento Posterior;
04 – GABARITO A
b. Outras observações:
Lei excepcional ou temporária
- Crime militar não gera reincidência;
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas - Não existe transgressão militar no CPM;
as circunstâncias que a determinaram, aplica-se
ao fato praticado durante sua vigência. - Crimes militares não são hediondos;
STM - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO: RSE ‘’ A lição é a seguinte: nunca desista, nunca,
332020087030103 RS 0000033-20.2008.7.03.0103 nunca, nunca. Em nada. Grande ou
"EMENTA: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. pequeno, importante ou não. Nunca
DESERÇÃO. CRIME INSTANTÂNEO COM EFEITOS
desista. Nunca se renda à força, nunca se
PERMANENTES. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. renda ao poder aparentemente esmagador
INOCORRÊNCIA. TRÂNSFUGA. ART. 132 DO CPM. do inimigo’’
OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA DO LIMITE
ETÁRIO.CONSTITUCIONALIDADE
A figura típica do art. 187 do Código Penal
Militar (Deserção) previu o momento
consumativo da deserção ao estatuir que o prazo
de ausência do militar deve ser superior a 8
dias, não havendo que falar em crime
permanente. (...)"
11 – GAB: E