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AULA 02
Direito Administrativo
Administração Pública Direta e Indireta
Professor Fabiano Pereira
Olá!
Fabiano Pereira.
FACEBOOK: (www.facebook.com.br/professorfabianopereira)
SUMÁRIO
2. Órgãos públicos
Todos aqueles capazes de contrair direitos e obrigações são conhecidos
como pessoas ou sujeitos de direito, podendo estabelecer relações jurídicas
com outras pessoas ou sujeitos de direito, pois é a existência de uma
personalidade que possibilita o estabelecimento de relações jurídicas.
O Estado é considerado um ente personalizado, ou seja, é dotado de
personalidade jurídica. Entretanto, não possui vontade própria, não consegue
se expressar diretamente para estabelecer relações jurídicas com outras pessoas
ou sujeitos de direito.
Sendo assim, é obrigado a manifestar a sua vontade através da atuação de
seus agentes públicos, cujos atos praticados lhe são diretamente imputados
(quando o agente público pratica um ato no exercício da função pública é como
se o próprio Estado o tivesse praticado e, portanto, é o ente estatal que
inicialmente deverá ser responsabilizado pelos prejuízos que eventualmente
forem causados a terceiros).
Diversas teorias foram criadas para tentar justificar a possibilidade de se
atribuir a uma pessoa jurídica (Estado) atos praticados por pessoas físicas
(agentes públicos). E, como não poderia ser diferente, são frequentes as
questões em provas sobre o tema.
Não se desespere! Você não precisa ficar decorando todos esses órgãos,
pois apenas estou explicando como é que se constitui a estruturação de um órgão
público.
2.6. Classificação
São várias as classificações de órgãos públicos elaboradas pelos
doutrinadores brasileiros, contudo, nas provas de concursos, a do professor Hely
Lopes Meirelles ainda é a mais utilizada.
1º) Quanto à posição ocupada na escala governamental ou
administrativa (quanto à posição estatal): órgãos independentes,
autônomos, superiores e subalternos.
Independentes são os órgãos previstos diretamente no texto
constitucional, representativos dos Poderes Legislativo (Congresso Nacional,
Senado, Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Câmara de
Vereadores), Executivo (Presidência da República, Governadoria dos Estados,
DF e Prefeituras) e Judiciário (com todos os seus órgãos). É possível incluir
nessa classificação também o Ministério Público e os Tribunais de Contas.
Destaca-se que esses órgãos não estão subordinados a quaisquer outros e
são ocupados por agentes políticos.
Autônomos são os órgãos que se encontram diretamente subordinados
aos órgãos independentes, apesar de figurarem no topo da hierarquia
administrativa. Detêm autonomia técnica, administrativa e financeira. Dentre
eles, podemos citar os Ministérios, os órgãos integrantes da estrutura
3. Centralização e descentralização
3.1. Centralização e descentralização política
As expressões “centralização” e “descentralização” podem ser estudadas
tanto no âmbito do Direito Constitucional quanto no âmbito do Direito
Administrativo.
Analisando-as sob o âmbito constitucional, a expressão “centralização”
refere-se à manutenção do poder político (poder de legislar) em um único
núcleo. Nesse caso, a função legislativa não é repartida entre vários entes,
mas centralizada em um ente central, que é o único responsável pela edição de
leis, que são de âmbito nacional. É o que ocorre nos denominados Estados
Unitários, sendo possível citar como exemplos o Uruguai, a França e a Itália.
Para responder às questões do CESPE: Considere que um estado crie, por meio de
lei, uma nova entidade que receba a titularidade e o poder de execução de ações de
saneamento público. Nessa situação, configura-se a descentralização administrativa
efetivada por meio de outorga (Técnico Administrativo/MPU 2010/CESPE).
Assertiva correta.
DESCONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZAÇÃO
Ocorre no âmbito de uma MESMA pessoa Ocorre quando a Administração Pública Direta
jurídica e dá origem à criação de órgãos públicos, transfere a particulares ou às entidades da
desprovidos de personalidade jurídica própria. Administração Pública Indireta a titularidade e/ou
execução de atividades administrativas. Envolve
duas pessoas jurídicas distintas.
Sempre que você se deparar com a expressão Sempre que você se deparar com a expressão
“desconcentração”, lembre-se de “órgãos “descentralização”, lembre-se de entidades da
públicos”. Administração Indireta ou de particulares que
prestam serviços públicos.
Os órgãos públicos devem ser criados por lei. As entidades da Administração Indireta, fruto da
descentralização, poder ser CRIADAS ou
AUTORIZADAS por lei específica.
(FCC/Analista Judiciário TRE AL/2010) Somente por Lei Específica poderá ser
criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação. Assertiva considerada correta pela banca
examinadora.
Caso a entidade seja criada diretamente por lei específica, será instituída
com personalidade jurídica de direito público. Entretanto, se a criação for
apenas autorizada por lei específica, será regida pelo direito privado.
Uma questão que anteriormente gerou bastante polêmica, mas que parece
ter sido pacificada pelo Supremo Tribunal Federal, refere-se à existência de duas
espécies de fundações públicas: de Direito Público e de Direito Privado.
A polêmica foi criada porque até a promulgação da emenda constitucional
19, que alterou o artigo 37, XIX, da CF/1988, as fundações públicas não podiam
ter a criação autorizada por lei específica, somente podiam ser criadas por lei
específica. O texto anterior era o seguinte:
“XIX - somente por lei específica poderão ser criadas empresas
públicas, sociedades de economia mista, autarquias ou fundações
públicas”.
1. Considerações iniciais
De início, é importante que você saiba diferenciar algumas expressões que
são muito comuns em provas: “entidades, entes ou pessoas políticas”, “entidades
ou entes estatais” e “entidades ou entes administrativos”.
As expressões “entidades, entes ou pessoas políticas”, bem como
“entidades ou entes estatais”, são expressões sinônimas, utilizadas para se
referir à União, Estados, Municípios e Distrito Federal. De outro lado, as
expressões “entidades ou entes administrativos” são utilizadas para designar
as autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia
mista e consórcios públicos de Direito Público.
Os entes políticos ou estatais sempre serão pessoas jurídicas de Direito
Público interno. Por outro lado, as entidades administrativas podem ser
instituídas sob a forma de pessoas jurídicas de Direito Público (autarquias,
fundações de direito público e consórcios públicos) ou de Direito Privado
(fundações públicas de direito privado, empresas públicas e sociedades de
economia mista).
E não pense que, em razão de sua simplicidade, esse tema não é
cobrado em provas. No concurso público para o cargo de Auditor da
Prefeitura do Recife, realizado em 2003, por exemplo, a ESAF elaborou a
seguinte questão sobre o assunto:
2.1.1. Conceito
As autarquias possuem personalidade jurídica de Direito Público e
integram a Administração Indireta e Descentralizada, sendo criadas por lei
específica para o exercício de funções administrativas típicas de Estado, tais
como previdência e assistência social (INSS), polícia administrativa (IBAMA),
regulação de determinados setores da economia (Banco Central e Comissão de
Valores Mobiliários - CVM), assistência social (INCRA) e até mesmo atuação na
área de saúde, em situações excepcionais.
O Decreto-Lei 200/67, em seu artigo 5º, I, conceitua autarquia como “o
serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita
próprios, para executar atividades típicas da administração pública, que
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira
descentralizada”.
2.1.5. Patrimônio
a) Servidores Públicos
O texto original do artigo 39 da Constituição Federal de 1988 estabelecia
que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deveriam criar, no
âmbito de sua competência, regime jurídico único (apenas estatutário,
celetista ou outro regime legal) para os servidores da administração pública
direta, das autarquias e das fundações públicas.
Na esfera federal, decidiu-se adotar o regime estatutário (Lei 8.112/90)
para todos os servidores públicos federais vinculados à União, seus respectivos
órgãos, autarquias e fundações públicas de Direito Público.
Entretanto, em 04 de junho de 1998, foi promulgada a emenda
constitucional nº. 19, que acabou com a obrigatoriedade de um regime jurídico
único para todos os servidores públicos.
A partir de então, o regime jurídico das referidas entidades e órgãos
públicos poderia ser estatutário ou celetista (nos termos da CLT), ou, ainda,
qualquer outro previsto em lei. Em tese, seria possível então que uma autarquia
federal, por exemplo, tivesse em seu quadro uma parte de servidores regidos por
estatuto (Lei 8.112/90) e outra parte regida pela CLT.
Todavia, no dia 02 de agosto de 2007, o Plenário do Supremo Tribunal
Federal deferiu medida cautelar na ADIn nº. 2.135, para declarar inconstitucional
a nova redação dada pela EC nº. 19/98 ao caput do artigo 39 da CF, sob a
alegação de que a alteração do referido artigo não teria sido aprovada pelo
processo legislativo previsto no texto constitucional (quórum favorável de, no
mínimo, 3/5 dos membros das duas Casas do Congresso Nacional, em dois
turnos de votação, como exige o art. 60, §2º, da CF/88).
Segundo os partidos que apresentaram a ADIn 2.135 (PT, PDT, PCdoB e
PSB), a alteração do texto do artigo 39 da CF somente teria sido aprovada no
Senado, sem a manifestação obrigatória da Câmara dos Deputados.
Sendo assim, com a suspensão, pelo STF, da alteração que havia sido
efetuada pela emenda constitucional nº 19, voltou a vigorar no Brasil o famoso
regime jurídico único.
A alteração efetuada pela EC nº. 19/98 (fim do regime jurídico único) no
artigo 39 da CF/88 foi suspensa liminarmente pelo Supremo Tribunal Federal e,
portanto, as autarquias federais atualmente só podem contratar servidores
públicos pelo regime estatutário (Lei 8.112/90), pelo menos até a decisão
final de mérito na ADIn 2.135.
b) Dirigentes
Além dos servidores públicos, ainda fazem parte do quadro de pessoal das
autarquias os seus respectivos dirigentes, que serão escolhidos na forma da lei
instituidora ou dos respectivos estatutos.
Em regra, os dirigentes das autarquias ocupam cargos em comissão
(também denominados cargos de confiança), nos termos do inciso II, artigo
37, da CF/1988, e a competência para efetuar tanto a nomeação quanto a
exoneração é do Presidente da República (artigo 84, XXV, da CF/1988).
Da mesma forma e em respeito ao princípio da simetria (que determina
que as entidades federativas estaduais, municipais e distrital, ao organizarem
suas constituições estaduais e leis orgânicas, devem obediência às normas de
organização previstas na Constituição Federal), tal competência também será
assegurada aos Governadores dos Estados, do DF e aos Prefeitos, em suas
respectivas esferas de atuação.
Existem casos específicos em que a própria Constituição Federal afastou a
discricionariedade do Presidente da República para a nomeação dos dirigentes de
autarquias, como acontece, por exemplo, no inciso XIV, do artigo 84, que
condiciona a nomeação dos diretores e presidente do Banco Central (autarquia
federal) à aprovação prévia do Senado Federal.
O Supremo Tribunal Federal já declarou ser constitucional a exigência
legal que condiciona a nomeação de dirigentes de autarquias e demais entidades
administrativas regidas pelo Direito Público, pelo Chefe do Executivo, à prévia
aprovação do Poder Legislativo respectivo.
Todavia, é inconstitucional a lei que estabeleça a necessidade de
aprovação prévia pelo Legislativo das nomeações de dirigentes para as
empresas públicas e sociedades de economia mista efetuadas pelo Chefe
do Poder Executivo (ADI 1.642/MG).
PIT STOP
AUTARQUIAS
São pessoas jurídicas de direito público CRIADAS por lei específica.
A responsabilidade civil é OBJETIVA pelos danos que seus agentes públicos, nessa
qualidade, causarem a terceiros.
Atualmente só podem contratar agentes públicos, após concurso público, pelo regime
estatutário (Lei 8.112/1990, na esfera federal).
Nos termos do Código Civil, para criar uma fundação privada o seu
instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens
livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira
de administrá-la. A fundação privada somente poderá constituir-se para fins de
assistência social; cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e
artístico; educação; saúde; segurança alimentar e nutricional; defesa,
preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável; pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas,
modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e
conhecimentos técnicos e científicos; promoção da ética, da cidadania, da
democracia e dos direitos humanos; e atividades religiosas.
Tornando-se ilícita, impossível ou inútil à finalidade a que visa a fundação
ou, vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público (que é o
responsável por zelar pelas fundações privadas) ou qualquer interessado lhe
promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em
contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, a outra fundação, designada pelo
juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
Como exemplos de fundações privadas, podemos citar a Fundação
Bradesco, Fundação Ayrton Senna, Fundação Abrinq, entre outras. Entretanto,
para concursos públicos, o nosso foco serão as fundações públicas.
Para responder às questões elaboradas pelas bancas, é necessário que você saiba que as
fundações públicas podem ser regidas pelo Direito Público ou pelo Direito Privado, bem como as
consequências da adoção de cada regime.
Apesar de o tema ser constante em provas de concursos públicos e de o próprio Supremo Tribunal
Federal já ter se manifestado pela existência das duas espécies de fundações públicas
(julgamento do recurso extraordinário nº. 101.126/RJ), ainda é grande a divergência na doutrina.
Entretanto, como o nosso objetivo é ingressar no serviço público, vamos adotar o posicionamento
do STF.
PIT STOP
FUNDAÇÕES PÚBLICAS
Podem ser instituídas com personalidade jurídica de direito público ou de direito
privado. No primeiro caso, são CRIADAS por lei específica. No segundo caso, lei
específica apenas AUTORIZA a criação.
2.3.2. Classificação
As empresas públicas e sociedades de economia mista são pessoas jurídicas
de Direito Privado, instituídas pelo Estado para a exploração de atividade
econômica ou prestação de serviços públicos, sendo possível classificá-las
sob dois critérios:
1º)Dependência financeira: a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei
Complementar 101/00) utiliza-se do critério da dependência financeira para
diferenciar as entidades integrantes da Administração Indireta. Nos termos do
inciso III do artigo 2º, empresa estatal dependente é aquela que recebe do
ente controlador (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) recursos
financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou
de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de
participação acionária.
Por outro lado, empresa estatal independente é aquela que consegue
se manter com recursos próprios e, portanto, não se sujeita integralmente à Lei
de Responsabilidade Fiscal, ao contrário das empresas estatais dependentes.
Esse critério também é utilizado para submeter ou não os empregados das
empresas estatais ao teto geral remuneratório previsto no inciso XI, artigo 37,
da CF/1988, que dispõe que o teto aplica-se somente “às empresas públicas e às
sociedades de economia mista e suas subsidiárias, que receberem recursos da
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de
despesas de pessoal ou de custeio em geral”.
a) Criação de subsidiárias
Nos termos do inciso XX, artigo 37, da Constituição Federal, depende de
autorização legislativa, em cada caso, a criação de subsidiárias das empresas
estatais, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada.
Para a criação de subsidiárias, não existe a necessidade de lei específica,
mas somente autorização legislativa (qualquer espécie legislativa). Além
disso, nos termos constitucionais, a autorização legislativa tem que ser concedida
em cada caso, ou seja, a cada criação de uma nova subsidiária.
Contudo, apesar de o texto constitucional ser expresso ao afirmar a
necessidade de autorização legislativa para cada caso, o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da ADI 1649, decidiu que a autorização legislativa
específica para a criação de empresas subsidiárias é dispensável nos casos em
que a lei autorizativa de criação da sociedade de economia mista ou empresa
pública matriz também previu a eventual formação das subsidiárias.
"ADI 1649 / DF. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI
9478/97. AUTORIZAÇÃO À PETROBRÁS PARA CONSTITUIR SUBSIDIÁRIAS.
OFENSA AOS ARTIGOS 2º E 37, XIX E XX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO IMPROCEDENTE. 1. A Lei 9478/97 não autorizou a
instituição de empresa de economia mista, mas sim a criação de subsidiárias distintas da
sociedade-matriz, em consonância com o inciso XX, e não com o XIX do artigo 37 da
Constituição Federal. 2. É dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas
subsidiárias, desde que haja previsão para esse fim na própria lei que instituiu a empresa
de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é a própria medida
autorizadora. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente."
2.3.6. Licitação
O inciso III, § 1º, artigo 173, da CF/88, afirma expressamente que a lei
estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia
mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre licitação e
contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios
da administração pública.
Analisando-se o referido dispositivo, conclui-se que o próprio texto
constitucional estabelece a necessidade de criação de um regime licitatório
específico para as empresas estatais exploradoras de atividade econômica,
que se dará nos termos da lei.
É importante destacar que o citado dispositivo constitucional não se refere
às empresas estatais prestadoras de serviços públicos, mas somente àquelas
que exploram atividades econômicas. Diante desse contexto, surge a
seguinte dúvida: as empresas estatais prestadoras de serviços públicos estão
obrigadas a realizar licitação para a contratação de obras, bens e serviços?
Certamente. Apesar de o texto constitucional não mencioná-las, é válido
esclarecer que as empresas estatais prestadoras de serviços públicos exercem
atividades típicas de Estado, assim como os órgãos da Administração Direta
federal, estadual, municipal e distrital, bem como as autarquias e fundações
públicas. Assim, também se submetem às regras do inciso XXI, artigo 37, da
CF/1988, que apresenta como obrigatória a realização de licitação.
Até o dia 31/05/2016 não tinha sido criada a lei a que se refere o §1º,
artigo 173, da CF/1988. Desse modo, as empresas públicas e sociedades de
economia mista também deveriam submeter-se exclusivamente às normas da Lei
Geral de Licitações (Lei 8.666/93). Todavia, em 01/06/2016 foi publicada a Lei
13.303/2016, criando regras licitatórias específicas para as empresas
governamentais.
Nesses termos, pode-se afirmar atualmente que as empresas públicas e
sociedades de economia mista somente estarão obrigadas a observar as regras
previstas na Lei 8.666/93 em caráter subsidiário ou supletivo, isto é, quando a
Lei 13.303/2016 não dispor especificamente sobre o tema.
2.3.8. Falência
Consta expressamente no inciso I, artigo 2º, da Lei 11.101/2005 (que
regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da
sociedade empresária), que não se aplicam às empresas públicas e às
sociedades de economia mista as regras gerais sobre a falência,
independentemente de explorarem atividade econômica ou prestarem serviços
públicos.
2.3.10. Patrimônio
a) Foro judicial
Nos termos do inciso I, artigo 109, da Constituição Federal de 1988, as
causas em que a empresa pública federal for interessada na condição de
autora, ré, assistente ou oponente, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho, tramitarão na
justiça federal comum. Entretanto, nos casos de empresas públicas estaduais
ou municipais, as causas deverão tramitar na justiça estadual.
As sociedades de economia mista não gozam dessa prerrogativa e,
portanto, todas as ações judiciais em que for autora, ré, assistente ou oponente,
exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral
e à Justiça do Trabalho, tramitarão na justiça estadual, independentemente de
serem entidades federais, estaduais ou municipais.
Nos termos da Súmula n° 517 do Supremo Tribunal Federal “as
sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal quando a
União intervém, como assistente ou opoente”.
b) Forma jurídica
As sociedades de economia mista somente podem ser constituídas sob a
forma de sociedade anônima (S.A.), sejam elas federais, estaduais, municipais
ou distritais. Por outro lado, as empresas públicas podem ser constituídas sob
qualquer forma jurídica prevista em lei (sociedade anônima, sociedade
limitada ou sociedade em comandita por ações).
Na esfera federal, as empresas públicas ainda podem ser constituídas sob
uma forma jurídica inédita, que ainda não existia e foi criada apenas para
aquela determinada empresa pública. Isso se deve ao fato de que compete à
União legislar sobre direito comercial, nos termos do inciso I, artigo 22, da
Constituição Federal de 1988.
As empresas estatais estaduais e municipais somente podem ser instituídas
sob uma forma jurídica já existente, já que os Estados e Municípios não podem
legislar sobre Direito Comercial.
No concurso público para o cargo de Auditor Fiscal da Receita
Federal, realizado em 2005, a ESAF considerou correta a seguinte
assertiva: “É possível, na esfera federal, uma empresa pública ser
organizada sob a forma de sociedade anônima, sendo a União Federal a
sua única acionista”.
c) Capital
As empresas públicas são constituídas por capital exclusivamente estatal
(público). O capital deve pertencer integralmente a entidades da Administração
Direta (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) ou Indireta (outras
O inciso III, artigo 5º, do Decreto-Lei 200/67, estabelece que, para ser
configurada como federal, a maioria das ações com direito a voto da sociedade
de economia mista deve pertencer à União.
Nos termos do conceito previsto no Decreto 200/1967, uma empresa com maioria do
capital votante pertencente à União, e o restante do capital atribuído a outras pessoas
jurídicas de direito público interno, bem como a entidades da Administração Indireta da
União, dos Estados, Distrito Federal e Municípios, é dita empresa pública.
PIT STOP
As ações judiciais contra as empresas públicas As ações judiciais propostas contra as sociedades
federais devem ser propostas na JUSTIÇA de economia mista FEDERAIS, ESTADUAIS ou
FEDERAL. Quando se tratar de empresa pública MUNICIPAIS devem ser propostas na JUSTIÇA
estadual ou municipal, as ações judiciais devem ser ESTADUAL. Não há distinção de foro judicial.
propostas na JUSTIÇA ESTADUAL.
2.4.2. Conceito
O artigo 2º do Decreto Federal 6.017/07 define o consórcio público como
“a pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da Federação, na forma da
Lei no 11.107, de 2005, para estabelecer relações de cooperação federativa,
inclusive a realização de objetivos de interesse comum, constituída como
associação pública, com personalidade jurídica de direito público e natureza
autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos”.
3. Agências reguladoras
3.1. Noções gerais ................................................................ 91
3.2. O surgimento das agências reguladoras “propriamente ditas”
no Direito brasileiro ............................................................... 92
3.3. Conceito e natureza jurídica ........................................... 93
3.4. Características ................................................................ 94
3.5. Regime de pessoal .......................................................... 98
3.6. Controle .......................................................................... 101
1. Considerações iniciais
2. Contrato de gestão
O contrato de gestão tem origem na França e foi muito utilizado por
diversos países europeus, após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de
introduzir na Administração Pública uma atuação visando à busca por
resultados.
O contrato de gestão, também denominado acordo-programa, está
intimamente relacionado com o princípio da eficiência, que deve servir de
parâmetro para toda a Administração Pública.
Sendo assim, deve ficar bem claro que o principal objetivo do contrato
de gestão é aumentar a autonomia gerencial, orçamentária e financeira de
órgãos e entidades públicos, facilitando assim o alcance de suas finalidades
previstas em lei.
Pergunta: Professor, até agora não consegui entender como a assinatura
de um contrato de gestão pode ampliar a autonomia de uma entidade ou órgão
público, seria possível explicar melhor?
Claro! Irei citar dois exemplos apresentados pelos professores Vicente
Paulo e Marcelo Alexandrino que destacam a ampliação da autonomia dos órgãos
e entidades que firmam um contrato de gestão:
1º) A ampliação dos limites de valor de contratações até os quais a licitação
é dispensável. Para a Administração em geral, é dispensável a licitação
quando o valor de contrato é de até 10% do valor máximo admitido para a
utilização da modalidade convite. Para as agências executivas, esse limite
até o qual a licitação é dispensável é o dobro, ou seja, 20% do valor máximo
admitido para a utilização da modalidade convite (Lei 8.666/93, artigo 24,
parágrafo único). Registramos que esse limite de 20% também é aplicável
aos consórcios públicos e a todas as empresas públicas e sociedades de
economia mista, por estarem incluídos na regra do mesmo parágrafo único
do art. 24 da Lei Geral de Licitações e Contratos; nesse caso, porém, não
há nenhuma relação com celebração de contratos de gestão.
2º) A Lei nº. 9.962/2000, que regula a contratação de empregados públicos
celetistas pela Administração Direta, autarquias e fundações públicas
federais, enumera, em seu art. 3º as hipóteses em que poderá a
Administração Pública rescindir, unilateralmente, o contrato de trabalho de
3º - a remuneração do pessoal.”
É correto afirmar que a qualificação da entidade como agência executiva permite que
ela usufrua de determinadas vantagens previstas em lei, como, por exemplo, o
aumento dos percentuais de dispensa de licitação, previsto na Lei nº 8.666/93.
3. Agências reguladoras
3.4. Características
Analisando-se as questões de concursos públicos aplicadas pelas bancas
examinadoras nos últimos anos, bem como o entendimento dos principais
doutrinadores do país, é possível apontar as seguintes características inerentes
às agências reguladoras:
1ª) Autonomia administrativa
Grande parte dos doutrinadores nacionais aponta a autonomia
administrativa das agências reguladoras como a sua principal característica.
A escolha por um sistema independente de administração em relação à
Administração Direta é uma espécie de “medida cautelar contra a concentração
de poderes nas mãos do Estado”, nos dizeres do professor Carlos Ari Sunfeld.
Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, citando Floriano
Marques Neto, apresentam os principais elementos caracterizadores da ampla
autonomia outorgada às agências reguladoras, e que constantemente são
cobrados em provas:
a) A estabilidade dos dirigentes (somente devem ser afastados no caso de
cometimento de ilícitos, ou de outros desvios de conduta, ou se a
agência não estiver cumprindo a política pública definida nos termos da
lei para o setor);
b) A autonomia de gestão;
c) O estabelecimento de fontes próprias de recursos, se possível geradas
pelo próprio exercício da atividade regulatória (taxas pelo exercício do
poder de polícia e preços públicos específicos);
d) A não-subordinação hierárquica a qualquer instância de governo;
e) A inexistência de instância revisora hierárquica de seus atos, ressalvada
a revisão judicial;
f) A indicação dos dirigentes pautada por critérios técnicos, sendo
preferível que sua nomeação não seja ato exclusivo do Poder Executivo,
devendo envolver o Legislativo, mediante sabatina e aprovação, pela
instância parlamentar, dos nomes indicados.
não possuíam cargos públicos efetivos em sua estrutura (que era a exigência do
STF), não poderiam fazer concurso público para a contratação de novos
servidores.
Diante disso, tiveram que aguardar a solução do problema pelo Congresso
Nacional, que somente ocorreu em 2004, com a publicação da Lei 10.871/04,
responsável pela criação de diversos cargos de provimento efetivo no âmbito das
agências reguladoras.
Atualmente os servidores das agências reguladoras federais são regidos pela Lei
8.112/1990 (regime estatutário), portanto, titularizam cargos públicos.
3.5.1. Dirigentes
Um dos elementos configuradores da autonomia administrativa das
agências reguladoras é o “mandato a prazo certo” exercido pelos seus
dirigentes, que, segundo o entendimento da doutrina majoritária, trata-se de
essencial e necessário instrumento de garantia contra ingerências externas,
principalmente político-eleitorais.
Nos termos da Lei 9986/00, as agências reguladoras serão dirigidas em
regime de colegiado, por um Conselho Diretor ou Diretoria composta por
Conselheiros ou Diretores, sendo um deles o seu Presidente ou o Diretor-Geral
ou o Diretor-Presidente.
O Presidente ou o Diretor-Geral ou o Diretor-Presidente e os demais
membros do Conselho Diretor ou da Diretoria serão brasileiros, de reputação
ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade dos
cargos para os quais serão nomeados, devendo ser escolhidos pelo Presidente
da República e por ele nomeados, após aprovação pelo Senado Federal, nos
termos da alínea “f”, inciso III, art. 52, da Constituição Federal.
Após terem sido indicados e nomeados pelo Presidente da República,
com referendo do Senado Federal, os dirigentes das agências reguladoras
exercerão mandato a prazo certo, cuja duração será definida na lei de criação
de cada agência.