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AULA
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7. Antônio, depois de presenciar um homicídio que ocorreu próximo de sua residência, foi à
delegacia de polícia mais próxima e comunicou o crime à autoridade policial, por escrito.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos legais a ela relacionados, julgue o item a
seguir.
Crime comum, como o homicídio, mesmo quando tipificado como crime militar, deve ser
investigado por autoridade policial judiciária civil.
Certo ( ) Errado ( )
8. Segundo o Direito Penal Militar, julgue os itens subsequentes.
O Código Penal Militar adotou, para a lei penal militar no espaço, tanto a regra da territoria-
lidade quanto a regra da extraterritorialidade.
Certo ( ) Errado ( )
9. Segundo o Direito Penal Militar, julgue os itens subsequentes.
A lei posterior que favorece o agente não pode ser aplicada retroativamente quando já tenha
sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
Certo ( ) Errado ( )
10. Julgue o item seguinte, relativo à aplicação da lei penal militar.
No direito penal comum vigora o princípio da irretroatividade da lei mais gravosa. No entanto,
há a possibilidade de aplicação retroativa de lei posterior ao fato, desde que mais benéfica
ao agente. De acordo com o Código Penal Militar, para a apuração da maior benignidade da
lei posterior não há regra expressa, razão pela qual não deve ocorrer a aplicação retroativa
da lei mais benéfica.
Certo ( ) Errado ( )
11. Qual documento relaciona e classifica os crimes militares, em tempo de paz e em tempo
de guerra?
a) Código Penal Militar.
b) Regulamento Disciplinar para a Marinha.
c) Estatuto dos Militares.
d) Constituição da República Federativa do Brasil.
e) Regulamento Disciplinar para as Forças Armadas.
12. De acordo com o Código Penal Militar, no que se refere à aplicação da lei penal militar,
qual assertiva abaixo diz respeito diretamente à lei supressiva de incriminação?
a) Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
b) A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativa-
mente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
c) A lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no
conjunto de suas normas aplicáveis ao fato, para se reconhecer qual a mais favorável.
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d) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, ces-
sando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível,
salvo quanto aos efeitos de natureza civil.
13. Quanto à parte geral do Código Penal Militar, é correto afirmar que:
a) as medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo do crime, prevalecendo
sobre a lei vigente ao tempo da sentença ou da execução.
b) a lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, não se aplica retroa-
tivamente, quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
c) para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser con-
sideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.
d) ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, con-
tudo, não cessa, em virtude dela, a vigência de sentença condenatória irrecorrível,
nem mesmo quanto aos efeitos de natureza civil.
15. O Direito Penal Militar é um ramo especializado, cujo corpo de normas se volta à instituição
de infrações penais militares, com as sanções pertinentes, voltadas a garantir os princípios
basilares das Forças Armadas, constituídos pela hierarquia e pela disciplina. Quanto ao
Direito Penal Militar vigente no Brasil, assinale a alternativa correta.
a) O direito penal militar contempla o princípio constitucional da legalidade, qual seja,
não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
b) Por se tratar de ramo peculiar do Direito, o Direito Penal Militar não precisa guardar
coerência com o direito constitucional vigente desde 1988.
c) O militar infrator pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.
d) A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente não pode ser aplicada
retroativamente.
e) A pena cumprida no estrangeiro não atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime.
Questões sobre a aula 5
16. Analise as afirmativas abaixo, colocando entre parênteses a letra “V”, quando se tratar de
afirmativa verdadeira, e a letra “F” quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale
a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) A competência da Justiça Militar acaba por se confundir com o conceito de crime militar,
vez que sempre compete a uma Justiça Militar - estadual, distrital ou da União - o processo e
julgamento dos crimes militares.
( ) A chamada “Regra dos 6 passos” permite diferenciar a lesão corporal grave da leve.
( ) Mesmo antes da vigência da Lei nº 13.491/2017, a redação da cognominada “Lei dos crimes
hediondos” não impedia sua aplicação ao crime militar de tráfico de drogas.
a) F – F - V.
b) V - F - F.
c) F - V - F.
d) V - F - V.
e) F - F - F.
19. Sobre a aplicação da Lei Penal Militar no tempo, analise as afirmativas a seguir:
I. O conflito intertemporal, em regra, soluciona-se com a irretroatividade da Lei Penal Militar.
II. A retroatividade e a ultratividade da Lei Penal Militar representam o reconhecimento
da aplicação de uma lei penal militar em um período fora de sua vigência ou eficácia.
Podemos exemplificar com a Lei Militar temporária.
III. Se uma Lei Penal Militar retira do ordenamento jurídico um tipo penal previsto em Lei
anterior, essa nova norma não pode retroagir no tempo, diante das peculiaridades ine-
rentes à justiça castrense.
IV. O Código Penal Militar brasileiro adotou a teoria da ação ou da atividade para definir o
tempo do crime.
Estão CORRETAS:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
GABARITO
1. Errado
2. Certo
3. Certo
4. Errado
5. Certo
6. Certo
Questões Comentadas 7
7. Errado
8. Certo
9. Errado
10. Errado
11. A
12. D
13. C
14. C
15. A
16. A
17. A
18. C
19. D
20. A
QUESTÕES COMENTADAS
1. Segundo o Direito Penal Militar, julgue o item subsequente.
É correto afirmar que, para efeito da aplicação da lei penal militar, no caso de sentença con-
denatória irrecorrível, uma lei posterior que favoreça o agente não retroagirá.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: ERRADO.
SOLUÇÃO RÁPIDA
A regra para a Lei Penal Militar é simples, quando a lei for mais benéfica, ela retroage.
Caso ela não seja mais benéfica, ela não retroage. Por isso, a afirmação desta questão
está incorreta, pois, lei posterior que favoreça o agente retroagirá, art. 2, § 1º do Código
Penal Militar, Decreto-Lei nº 1.001 de 1969.
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo
quanto aos efeitos de natureza civil.
Retroatividade de lei mais benigna
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativa-
mente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
SOLUÇÃO COMPLETA
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O Código Penal Militar (CPM) segue o princípio da irretroatividade da lei mais severa. Isso significa que há veda-
ção do novatio legis in pejus (retroatividade da lei que piora a situação do agente).
Adota-se somente a retroatividade da lei quando ela favorecer o agente do crime, ou seja, quando houver nova-
tio legis in mellius.
Contudo, há exceção ao princípio da irretroatividade da lei mais severa quando se tratar de crimes permanentes
e continuados conforme a Súmula nº 711 do STF:
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessa-
ção da continuidade ou da permanência.
Além disso, não se aplica o princípio da irretroatividade da lei mais prejudicial com relação as leis excepcionais
e temporárias que são normas penais circunstanciais. Isso porque, mesmo depois do período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência por força do
art. 4 do CPM.
Por fim, cabe dizer também que a retroatividade da lei mais benéfica ainda que gere a extinção de um delito
com o fenômeno do abolitio criminis, não se extingue os efeitos daquele delito na esfera civil, ou seja, em rela-
ção à reparação do dano ao ofendido.
2. No que concerne à aplicação da lei penal militar, ao crime e à imputabilidade penal, julgue
o item a seguir.
As leis excepcionais e temporárias, mesmo depois de revogadas, continuam sendo aplicadas
aos fatos praticados durante sua vigência, o que não se contrapõe às regras constitucionais
que norteiam o Direito Penal Militar, a exemplo da irretroatividade da lei penal.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO.
SOLUÇÃO RÁPIDA
A afirmação desta questão traz exatamente o que dispõe a redação do art. 4 do CPM.
Portanto, está CORRETA.
Art. 4º. A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.
SOLUÇÃO COMPLETA
As leis excepcionais e temporárias são casos de ultra-atividade da norma incriminadora, ou seja, juiz vai aplicar
uma lei já revogada, no instante da sentença. Em outras palavras o instituto jurídico da ultratividade “ressuscita”
uma lei “morta” que não está mais presente no campo da validade e eficácia.
Lei temporária é aquela norma que já nasce com uma data estipulada para a sua revogação, ela nasce com “data
de validade”. A lei temporária traz sua data de vigência fixada nela pelo legislador.
Já lei excepcional é aquela norma que vigora em uma determinada época apenas por causa da situação fática
anormal que o país se encontre, por exemplo em situação de guerra. Embora ela não possua uma vigência
fixada, tão logo a situação anormal termine a lei excepcional perde sua eficácia.
Questões Comentadas 9
3. No que concerne à aplicação da lei penal militar, ao crime e à imputabilidade penal, julgue
o item a seguir.
Em eventual conflito aparente de normas, tanto o CPM quanto a lei ordinária que estabeleça
tipos penais militares devem prevalecer sobre a legislação comum, em decorrência do prin-
cípio da especialidade.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO.
SOLUÇÃO RÁPIDA
O princípio da especialidade da norma convenciona que a norma especial será aplicada
com preponderância a norma penal mais geral. Por isso, a norma penal militar prevalece
sobre a lei penal comum. Portanto, a afirmação desta questão está certa.
SOLUÇÃO COMPLETA
Em eventual conflito aparente de normais, os próprios legisladores criaram algumas normas que solucionam
estes conflitos.
O princípio da especialidade é uma das formas de solução para o conflito aparente de normas. Segundo este
princípio, a norma mais especial deve prevalecer sobre a norma mais geral.
Portanto, num conflito aparente entre Direito Penal Militar e a norma penal geral, o Direito Penal Militar prevale-
cerá, pois, trata-se de norma especial.
4. No que concerne à aplicação da lei penal militar, ao crime e à imputabilidade penal, julgue
o item a seguir.
O CPM adotou para o local e o tempo do crime, entre outras correntes teóricas, a teoria da
ubiquidade, que considera como local e tempo do crime tanto aqueles em que foi desenvolvida
a ação ou omissão, como aqueles nos quais foi produzido o resultado.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: ERRADO.
SOLUÇÃO RÁPIDA
Com relação à aplicação da lei penal militar no tempo, adota-se apenas a teoria da ativi-
dade e não a teoria da ubiquidade de acordo com o art. 5º do CPM, em regra. Já quanto
ao local do crime, o CPM adota a teoria da ubiquidade para crimes comissivos e a teoria
da atividade para crimes omissivos, conforme art. 6 do CPM.
Art. 5º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro
seja o do resultado.
Art. 6º Considera-se praticado o fato, no lugar em que se desenvolveu a atividade crimi-
nosa, no todo ou em parte, e ainda que sob forma de participação, bem como onde se
produziu ou deveria produzir-se o resultado. Nos crimes omissivos, o fato considera-se
praticado no lugar em que deveria realizar-se a ação omitida.
SOLUÇÃO COMPLETA
Existem três teorias para a aplicação da lei no tempo: a teoria da atividade, a teoria do resultado e a teoria da
ubiquidade.
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A teoria da atividade é aquela que considera que o crime foi praticado no momento da conduta comissiva ou
omissiva, independentemente do resultado. Já a teoria do resultado considera que o delito só está consumado
no momento da produção do resultado.
Há ainda a teoria da ubiquidade ou mista que entende que há crimes em que o tempo do crime pode ser tanto o
momento da conduta quanto o momento do resultado.
O Código Penal Militar (CPM) adota quanto ao tempo do crime a teoria da atividade geralmente. Acontece que
para toda regra existem exceções.
As exceções a teoria da atividade são no caso de crimes permanentes e crimes continuados, pois aplica-se a lei
penal vigente à época do fim da continuidade ou permanência do crime. Essa ideia é reforçada pela Súmula nº
711 do STF que diz:
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessa-
ção da continuidade ou da permanência.
5. No que concerne à aplicação da lei penal militar, ao crime e à imputabilidade penal, julgue
o item a seguir.
As leis excepcionais e temporárias, mesmo depois de revogadas, continuam sendo aplicadas
aos fatos praticados durante sua vigência, o que não se contrapõe às regras constitucionais
que norteiam O Direito Penal Militar, a exemplo da irretroatividade da lei penal.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: CERTO.
SOLUÇÃO RÁPIDA
A afirmação desta questão está de acordo com o art. 4 do CPM. Por isso, está certo.
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.
SOLUÇÃO COMPLETA
No Brasil, a regra é que somente as normas penais mais benéficas são dotadas de ultra-atividade e
retroatividade.
Ultra-atividade da norma penal diz que a lei posterior mais severa não pode ser aplicada a fatos anteriores a ela
e que a lei mais benéfica será aplicada ainda que revogada a fatos que aconteceram em sua vigência.
Já retroatividade é o poder de uma lei penal de voltar no tempo atingindo fatos que ocorreram antes de sua
vigência. No Direito Penal, seja comum ou militar, adota-se esse princípio apenas para leis que favorecerão o
acusado.
Contudo, as leis penais excepcionais e temporária são exceções ao princípio da irretroatividade de lei mais
severa, art. 3º do Código Penal e art. 4 do Código Penal Militar.
Isso porque, a lei penal excepcional é criada para atender situações anormais ou de emergência, por exemplo,
uma calamidade pública e não possui prazo de vigência. Já a lei penal temporária, embora também exija uma
situação de anormalidade fática, tem prazo de vigência expressamente estabelecido em seu texto, por exemplo,
Lei nº 12.663/2012 que dispõe sobre as medidas relativas à Copa das Confederações FIFA 2013, à Copa do Mundo
FIFA 2014 e à Jornada Mundial da Juventude - 2013.
Questões Comentadas 11
7. Antônio, depois de presenciar um homicídio que ocorreu próximo de sua residência, foi à
delegacia de polícia mais próxima e comunicou o crime à autoridade policial, por escrito.
A respeito dessa situação hipotética e de aspectos legais a ela relacionados, julgue o item a
seguir.
Crime comum, como o homicídio, mesmo quando tipificado como crime militar, deve ser
investigado por autoridade policial judiciária civil.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO: ERRADO.
SOLUÇÃO RÁPIDA
Há situações, previstas do art. 9º do Código Penal Militar (CPM), em que o homicídio
será tipificado como crime militar, nestas ocasiões, a investigação desse crime será de
atribuição da polícia judiciária militar, conforme art. 8º do Código de Processo Penal
Militar (CPPM).
[CPPM]
Art. 8º Compete à Polícia judiciária militar:
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a) apurar os crimes militares, bem como os que, por lei especial, estão sujeitos à juris-
dição militar, e sua autoria;
SOLUÇÃO COMPLETA
De acordo com arts. 122 a 124 e §§ 3º, 4º, e 5º do art. 125, todos da CRFB, a atribuição investigativa dos crimes
militares é da polícia judiciária militar.
Sendo assim, depreende-se do art. 144, §§ 4º e 5º, da CRFB, que na esfera da União, a atribuição é investigativa
dos crimes militares e demais atos de polícia judiciária relacionados de tais crimes são atribuídos às próprias
forças armadas (Aeronáutica, Marinha e Exército).
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União,
as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
Já no âmbito dos estados às polícias militares de cada estado exerce o papel de polícia judiciária militar.
Além da previsão constitucional, o legislador infraconstitucional frisa esta atribuição dada a polícia judiciária
militar no art. 8 do CPM e na Lei nº 9.299/2006.
SOLUÇÃO RÁPIDA
O Código Penal Militar tem como regra a retroatividade da lei mais benéfica para o agente,
art. 2, § 1º do CPM. Portanto, está alternativa está incorreta.
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo
quanto aos efeitos de natureza civil.
Retroatividade de lei mais benigna
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativa-
mente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
SOLUÇÃO COMPLETA
Tanto no Direito Penal comum, quanto no Direito Penal Militar há a presença do princípio da retroatividade da lei
mais benéfica.
Segundo este princípio, a lei benéfica posterior pode retroagir para melhorar a situação do agente gerando
assim duas possibilidades para ele. A primeira, quando a nova lei deixa de considerar a conduta como crime. A
segunda, quando a lei recente favorece ao réu de qualquer outra forma, que não seja a extinção do crime.
Contudo, o princípio da retroatividade da lei mais benéfica não atinge os fatos ocorridos na vigência de leis
temporárias ou excepcionais.
Por ser um princípio constitucional, este princípio tem efeito irradiante nas demais normas infraconstitucionais.
Além disso, em matéria de Direito Penal, a aplicação deste princípio não deve ser modulado em casos iguais, ou
seja, todos os fatos criminosos que sejam regulados pela nova lei serão atingidos.
Este princípio, juntamente com o princípio da legalidade, servem para dar segurança jurídica ao direito penal
tanto comum quanto o militar.
11. Qual documento relaciona e classifica os crimes militares, em tempo de paz e em tempo
de guerra?
a) Código Penal Militar.
b) Regulamento Disciplinar para a Marinha.
c) Estatuto dos Militares.
d) Constituição da República Federativa do Brasil.
e) Regulamento Disciplinar para as Forças Armadas.
GABARITO: A.
SOLUÇÃO RÁPIDA
O Código Penal Militar (CPM), é a legislação que relaciona e classifica os crimes militares,
em tempo de paz e em tempo de guerra, conforme art. 9 e 10 do CPM.
O Regulamento Disciplinar para a Marinha ocupa-se das infrações disciplinares dos milita-
res pertencentes a Marinha. Há condutas que são consideradas ao mesmo tempo crime
militar e infração disciplinar, porém, nem toda infração disciplinar é considerada crime.
Sendo assim, observa-se que esta alternativa está errada.
O Estatuto dos Militares serve para regular situações, obrigações, deveres, direitos e
prerrogativas dos membros das Forças Armadas, conforme o art. 1º da Lei nº 6.880, e
não para tratar de crimes tipicamente militares.
Com relação ao direito penal militar, a CRFB traz apenas o mandado de criminalização geral
e não os crimes penais militares propriamente ditos. Portanto, esta alternativa está errada.
O Regulamento Disciplinar para as Forças Armadas cuida das infrações disciplinares e não
de crimes militares propriamente.
SOLUÇÃO COMPLETA
O CPM veio regulamentar os dispositivos constitucionais a respeito Justiça Penal Militar da União, art. 124 da
CRFB, e a Justiça Penal Estadual, art. 125, §§ 4º e 5º da CRFB.
Art. 124. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar.
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os princípios estabelecidos nesta Constituição.
§ 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos
em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for
civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das
praças. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometi-
dos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a
Questões Comentadas 15
presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
Cabe frisar que houve sensível modificação de competência de alguns crimes, tais como, tortura e abuso de
autoridade que não figuravam no rol de crimes considerados militares, porém, a partir da redação da Lei nº
13.491/2017, passam a poderem ser considerados crimes militares a depender das circunstâncias fáticas.
Ademais, não se pode confundir infração penal com infração administrativa, uma vez que, apenas algumas
condutas são consideradas ao mesmo tempo crime e infração administrativas tendo consequências nas duas
esferas (penal e disciplinar) sem gerar bis in idem.
12. De acordo com o Código Penal Militar, no que se refere à aplicação da lei penal militar,
qual assertiva abaixo diz respeito diretamente à lei supressiva de incriminação?
a) Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
b) A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativa-
mente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
c) A lei posterior e a anterior devem ser consideradas separadamente, cada qual no
conjunto de suas normas aplicáveis ao fato, para se reconhecer qual a mais favorável.
d) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, ces-
sando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível,
salvo quanto aos efeitos de natureza civil.
GABARITO: D.
SOLUÇÃO RÁPIDA
Esta alternativa expressa o princípio da legalidade, na forma do art. 1º do CPM, e não a
supressão de incriminação, por isso, está errada.
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
Esta alternativa diz respeito do princípio da retroatividade da lei mais benéfica e não da
supressão de incriminação.
Esta alternativa trata dos critérios para apuração da maior benignidade da norma penal.
É proibida a mescla de normas penais, portanto, o juiz analisará qual a norma é mais
benéfica para o caso concreto, aplicando-a em sua íntregalidade, ainda que haja algum
aspecto em que ela seja mais gravosa, na forma do art. 2º, §2º do CPM.
Esta alternativa está de acordo com o art. 2º, caput do CPM.
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo
quanto aos efeitos de natureza civil.
SOLUÇÃO COMPLETA
Todos os princípios penais constitucionais, tais como, legalidade, presunção de inocência, irretroatividade da lei
mais gravosa, são aplicáveis ao Direito Penal Militar.
O princípio da legalidade, art. 5º, inciso II da CRFB e art. 1º do CPM, impede que haja uma condenação sem uma
lei que defina o crime anteriormente a conduta do agente. Isso significa dizer que no tempo do fato criminoso, a
conduta já deve estar descrita como crime.
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Porém, no Direito Penal, seja ele militar ou comum, o princípio da legalidade traz um princípio subsidiário que é
o princípio da reserva legal. Pelo princípio da reserva legal, para que uma conduta seja considerada crime, a sua
criação deve seguir um processo legislativo específico, ou seja, não é qualquer tipo de lei que determina o que
será ou não crime.
Já o princípio da retroatividade da lei mais benéfica estipula que uma lei penal posterior que melhore as cir-
cunstâncias do agente tem, não só o poder de revogar a lei anterior, mas também o poder de viajar no tempo e
melhorar a situação de agentes que cometeram os fatos delituosos antes da entrada em vigor da nova lei.
Contudo, às vezes, uma mesma lei penal traz pontos mais benéficos que a lei anterior e pontos mais maléficos
que a lei anterior. Neste caso, o legislador proíbe a fusão a lei nova com a lei anterior para aplicação ao caso
concreto.
Desta forma, ou o juiz se utilizará totalmente da lei nova, ainda que ela possua alguns aspectos negativos com-
parando com a lei anterior, aplicando o princípio da retroatividade da lei mais benéfica já visto anteriormente, ou
o magistrado se utilizará apenas da lei anterior.
Mas, em hipótese alguma, ele irá misturar essas duas normas, pois, de acordo com entendimento consolidado
da doutrina e jurisprudência, o magistrado estaria usurpando a função legiferante do Poder Legislador e ferindo
assim o princípio da separação dos poderes.
Além disso, a lei penal pode ser tão benéfica para o autor do crime a ponto de deixar de considerar a conduta
praticada como crime. Neste caso, surge uma lei que suprime a norma incriminadora (deixa de considerar a
conduta como criminosa), art. 2º, caput do CPM. A esse fenômeno dar-se o nome de lei supressiva de incrimina-
ção a qual trata esta questão.
13. Quanto à parte geral do Código Penal Militar, é correto afirmar que:
a) as medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo do crime, prevalecendo
sobre a lei vigente ao tempo da sentença ou da execução.
b) a lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, não se aplica retroa-
tivamente, quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
c) para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem ser con-
sideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.
d) ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, con-
tudo, não cessa, em virtude dela, a vigência de sentença condenatória irrecorrível,
nem mesmo quanto aos efeitos de natureza civil.
GABARITO: C.
SOLUÇÃO RÁPIDA
A medida de segurança tem sua aplicação conforme a lei vigente na sentença, em regra.
Porém, caso no tempo da execução a lei seja diferente, esta última (lei vigente ao tempo
da execução) prevalecerá. Sendo assim, esta alternativa está errada, na forma do art. 3º
do CPM.
Art. 3º As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, pre-
valecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução.
A lei posterior mais favorável retroagirá sempre que beneficiar o agente, mesmo que já
tenha sobrevindo para ele uma sentença condenatória irrecorrível. Por isso, esta alter-
nativa está errada, na forma do art. 2º, § 1º do CPM.
Questões Comentadas 17
[art. 2º] § 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se
retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
De acordo com o art. 2º, § 2º do CPM, as leis penais devem ser aplicadas no todo, ou
seja, o juiz não pode aplicar apenas a parte mais favorável de cada lei. Por isso, está
alternativa está certo.
[art. 2º] § 2° Para se reconhecer qual a mais favorável, a lei posterior e a anterior devem
ser consideradas separadamente, cada qual no conjunto de suas normas aplicáveis ao fato.
A lei posterior que favorece ao agente de qualquer modo será aplicável ainda quando
já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível, conforme art. 2º, § 1º do CPM.
[art. 2º] § 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se
retroativamente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
SOLUÇÃO COMPLETA
As medidas de segurança são aplicáveis as inimputáveis ou semi-imputáveis que oferecem perigo a sociedade.
Existem dois tipos de medidas de segurança, as medidas detentivas e as medidas não detentivas.
As medidas não detentivas são aquelas que não geram privação da liberdade, por exemplo, cassação da licença
para direção de veículos motorizados e a proibição de frequentar determinados ambientes.
O exílio local que antes era considerado uma pena no Direito Penal Militar, hoje é considerada uma pena de
banimento e por isso é inconstitucional de acordo com o art. 5, inciso XLVII da CRFB.
Já as medidas de segurança detentivas são executadas em manicômio judiciário ou em estabelecimento psi-
quiátrico anexo ao manicômio judiciário ou ao estabelecimento penal.
Outro assunto abordado pela questão é a lei posterior mais favorável, esta segue o princípio da retroatividade da
lei mais benéfica. Por este princípio, ainda que o agente tenha sido condenado e não haja mais recursos para a
sua condenação, a lei mais favorável ao agente retroagirá para beneficiá-lo.
Contudo, a lei deve ser aplicada na íntegra ainda que possua pontos desfavoráveis a situação do agente, caso
sua aplicação na íntegra seja desfavorável ao réu, é vedado ao juiz mesclar a lei penal antiga com a lei penal
mais recente. Isto está disposto no art. 2º, § 2º do CPM.
A Polícia Rodoviária Federal não faz parte do quadro da polícia militar, portanto, não
tem caráter militar. Sendo assim, os crimes cometidos por civis contra policial rodoviário
federal não é considerado crime militar. Esta alternativa está errada.
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é
exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do pa-
trimônio, através dos seguintes órgãos:
II - polícia rodoviária federal;
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, estruturado em carreira, destina-se,
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.
Os crimes praticados por militares contra a administração municipal não é considerado
crime militar. Porém, a alternativa tenta confundir o candidato com a situação do art. 9,
inciso II, alínea “e” do CPM.
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:[...]
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando pratica-
dos: [...]
por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a admi-
nistração militar, ou a ordem administrativa militar;
Esta alternativa vai ao encontro da hipótese do art. 9º, inciso II, alínea d do CPM.
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz:[...]
II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando pratica-
dos: [...]
por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou
reformado, ou assemelhado, ou civil;
Esta hipótese não está prevista no Código Penal Militar.
Esta alternativa fala sobre crimes em tempo de guerra e não em tempo de paz. Por isso,
esta alternativa está incorreta.
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra:[...]
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste
Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território
estrangeiro, militarmente ocupado.
SOLUÇÃO COMPLETA
A Lei Penal Militar é uma legislação especial penal, ou seja, uma lei penal extravagante, pois, não se encontra no
Código Penal Comum e se destina, basicamente, a militares.
Nesta legislação existem crimes militares que podem ser cometidos a qualquer tempo, em outras palavras,
crimes militares em tempo de paz que estão previstos no art. 9º do Código Penal Militar (CPM). Existem também
crimes militares que só podem ser cometidos em tempo de guerra, art. 10 do CPM. Este último só ocorrerá caso
ocorra uma guerra, art. 137, inciso II da CRFB.
Contudo, o próprio CPM traz algumas situações que serão exceções e não configuraram crime militar, por exem-
plo, o art. 9, § 1º do CPM “§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri”.
Questões Comentadas 19
Além disso, cumpre destacar que os membros das Polícias Civis dos Estados, Polícia Federal e Polícia Rodo-
viária Federal não são considerados militares.
15. O Direito Penal Militar é um ramo especializado, cujo corpo de normas se volta à instituição
de infrações penais militares, com as sanções pertinentes, voltadas a garantir os princípios
basilares das Forças Armadas, constituídos pela hierarquia e pela disciplina. Quanto ao
Direito Penal Militar vigente no Brasil, assinale a alternativa correta.
a) O direito penal militar contempla o princípio constitucional da legalidade, qual seja,
não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
b) Por se tratar de ramo peculiar do Direito, o Direito Penal Militar não precisa guardar
coerência com o direito constitucional vigente desde 1988.
c) O militar infrator pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.
d) A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente não pode ser aplicada
retroativamente.
e) A pena cumprida no estrangeiro não atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime.
GABARITO: A.
SOLUÇÃO RÁPIDA
Esta alternativa está de acordo com o art. 1º do Código Penal Militar (CPM).
Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
O nosso ordenamento jurídico neoconstitucional faz com que a Constituição seja o cen-
tro do ordenamento jurídico e que a Constituição tenha uma eficácia irradiante, ou seja,
que irradia sobre todas as demais leis ou atos normativos. Por isso, está alternativa está
incorreta, uma vez que o CPM está sujeito as nomas e princípios constitucionais.
O militar infrator NÃO poderá se punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, conforme art. 2 do CPM.
Art. 2° Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime,
cessando, em virtude dela, a própria vigência de sentença condenatória irrecorrível, salvo
quanto aos efeitos de natureza civil.
A lei posterior que de qualquer forma favoreça o agente poderá retroagir para beneficia-lo,
de acordo com art. 2º, § 1º do CPM.
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativa-
mente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
A pena cumprida no estrangeiro pelos menos fatos da condenação aqui no Brasil deve
atenuar a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, conforme art. 8º do CPM.
Art. 8° A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
SOLUÇÃO COMPLETA
20
Todos os princípios constitucionais presentes no Direito Penal Comum também estão presentes no Direito Penal
Militar.
Sendo assim, princípios básicos como Legalidade, Imparcialidade do Juízo, a vedação de tribunais de exceções
são garantidos também no CPM.
O princípio da Legalidade no Direito Penal Militar, art. 1º, caput do CPM, assim como no Direito Penal comum, tem
duas vertentes.
Por um lado, o princípio da Legalidade traz a questão da definição legal do crime, ou seja, traz o princípio da
anterioridade penal.
Isso significa que só haverá crime quando houver uma lei anterior ao fato que descreva o fato praticado como
um fato criminoso.
Por outro lado, o princípio da legalidade apresenta a legalidade estrito senso, pois, para que haja uma lei penal,
ela precisa ter sido criada por alguém autorizado a fazê-lo. Portanto, só será uma lei penal caso está lei passe
pelo processo legislativo adequado para a criação de uma lei penal.
Outro princípio, é o princípio da lei supressiva de incriminação, no qual uma lei penal nova só vai alcançar fato
ocorrido depois da sua entrada em vigência se for para melhorar a situação do réu, art. 2º, caput do CPM.
Este princípio também traz consigo outros princípios que são a retroatividade de lei mais benigna e a apuração
da maior benignidade.
O princípio da retroatividade de lei mais benigna diz que apenas a lei benéfica para o réu consegue retroagir no
tempo para beneficiar ao réu ao tempo que a lei não benéfica, ou seja, maléfica, não consegue retroagir.
Já o princípio da apuração da maior benignidade diz que para o juiz decidir qual lei é mais vantajosa para a
situação do réu, ele não pode aplicar partes isoladas de cada lei. Portanto, independente da lei que ele escolha
aplicar, ela será aplicada integralmente, ainda que algumas partes sejam mais prejudiciais ao réu que a lei não
aplicada, pois, a benignidade de uma norma é apurada no todo.
16. Analise as afirmativas abaixo, colocando entre parênteses a letra “V”, quando se tratar de
afirmativa verdadeira, e a letra “F” quando se tratar de afirmativa falsa. A seguir, assinale
a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) A competência da Justiça Militar acaba por se confundir com o conceito de crime militar,
vez que sempre compete a uma Justiça Militar - estadual, distrital ou da União - o processo e
julgamento dos crimes militares.
( ) A chamada “Regra dos 6 passos” permite diferenciar a lesão corporal grave da leve.
( ) Mesmo antes da vigência da Lei nº 13.491/2017, a redação da cognominada “Lei dos crimes
hediondos” não impedia sua aplicação ao crime militar de tráfico de drogas.
a) F – F - V.
b) V - F - F.
c) F - V - F.
d) V - F - V.
e) F - F - F.
GABARITO: A.
SOLUÇÃO RÁPIDA
Questões Comentadas 21
I Este item está errado, pois nem todo crime militar será de competência da justiça militar.
A título de exemplo, tem-se o crime dolosos contra a vida, art 9, § 1º do CPM.
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por
militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
II A regra dos seis passos serve para que o juiz deixe de considerar a lesão levíssima como
crime e considere como infração disciplinar. Portanto, este item está errado.
III O crime de tráfico é plenamente compatível com o CPM, mesmo antes da Lei nº
13.491/2017. Este item está de acordo com o art. 290 do CPM.
SOLUÇÃO COMPLETA
A regra dos seis passos que serve para o juiz desclassificar uma lesão levíssima para uma infração disciplinar
assim se denomina porque segue seis requisitos básicos para essa desclassificação: o crime não pode ter
causado perigo de vida, não pode ter causado qualquer debilidade de membro, sentido ou função nem por
brevíssimo período de tempo, a lesão não pode ter incapacitado a vítima para as ocupações habituais, nem por
brevíssimo período de tempo, a lesão não pode ter causado nenhuma enfermidade, nenhuma incapacidade de
membro, sentido ou função, nem por brevíssimo período de tempo, não pode causar incapacidade para o traba-
lho nem por brevíssimo período de tempo e, por fim, ela não pode ter causado qualquer deformidade.
Ademais, com relação ao crime de tráfico de drogas no CPM, embora este seja punido pelo CPM, ele encontra-se
com um preceito secundário (pena) bem abaixo do crime de tráfico previsto para o civil na Lei de Tráfico de
Drogas, Lei nº 11.343/06.
Art. 290. Receber, preparar, produzir, vender, fornecer, ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar,
trazer consigo, ainda que para uso próprio, guardar, ministrar ou entregar de qualquer forma a consumo substân-
cia entorpecente, ou que determine dependência física ou psíquica, em lugar sujeito à administração militar, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão, até cinco anos.
19. Sobre a aplicação da Lei Penal Militar no tempo, analise as afirmativas a seguir:
I. O conflito intertemporal, em regra, soluciona-se com a irretroatividade da Lei Penal Militar.
II. A retroatividade e a ultratividade da Lei Penal Militar representam o reconhecimento
da aplicação de uma lei penal militar em um período fora de sua vigência ou eficácia.
Podemos exemplificar com a Lei Militar temporária.
III. Se uma Lei Penal Militar retira do ordenamento jurídico um tipo penal previsto em Lei
anterior, essa nova norma não pode retroagir no tempo, diante das peculiaridades ine-
rentes à justiça castrense.
IV. O Código Penal Militar brasileiro adotou a teoria da ação ou da atividade para definir o
tempo do crime.
Estão CORRETAS:
a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
GABARITO: D.
SOLUÇÃO RÁPIDA
I Esta alternativa está certa, pois, caso a norma penal em regra não retroagirá. A exceção
será quando a norma for mais favorável ao réu, na forma do art. 2º, § 1º do CPM.
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativa-
mente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
II A retroatividade da norma é o instituto que faz com que ela consiga voltar no tempo
para alcançar um determinado fato criminoso. Já a ultratividade da norma ocorre quan-
do a lei é aplicada após sua revogação. Esses dois fenômenos ocorrem com relação a lei
temporária, pois ela mesmo revogada é aplicada a fatos praticados durante sua vigência.
Portanto, este item está certo.
Art. 4º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
vigência.
III Se uma Lei Penal Militar retira do ordenamento jurídico um tipo penal previsto em Lei
anterior, essa nova norma pode retroagir no tempo e esse fenômeno é conhecido com
abolitio criminis que deriva do princípio da retroatividade da lei mais favorável ao réu.
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativa-
mente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
IV Este item está correto, pois, de acordo com o art. 5º do CPM adota-se a Teoria da
Atividade para definir-se o tempo do crime.
Questões Comentadas 25
Segundo o art. 10, inciso IV do CPM, não são somente os crimes previstos no CPM que
são considerados militares.
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra:[...]
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste
Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território
estrangeiro, militarmente ocupado.
A lei posterior só retroagirá quando for para favorecer o réu e não para prejudicá-lo.
Portanto, esta alternativa está errada, conforme art. 2, § 1º do CPM.
§ 1º A lei posterior que, de qualquer outro modo, favorece o agente, aplica-se retroativa-
mente, ainda quando já tenha sobrevindo sentença condenatória irrecorrível.
SOLUÇÃO COMPLETA
Com relação a lei penal militar, o tempo de guerra começa com a declaração ou o reconhecimento do estado
de guerra ou ainda com o decreto de mobilização caso este compreenda o reconhecimento de guerra. Já seu
término dar-se quando for ordenada a cessação das hostilidades.
Os crimes militares em tempo de guerra estão presentes no art. 10 do CPM. Entre as penas possíveis para crimes
de guerra há a pena de morte do art. 55 do CPM que ocorrerá por fuzilamento.
Com relação ao princípio da retroatividade da lei mais favorável, remete-se a leitura dos comentários das ques-
tões de número 1, 9 e 10 desta lista de exercícios.