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PENAL
MILITAR
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Gestão em Segurança Pública e Privada
1. NOÇÕES HISTÓRICAS
Evidências históricas permitem deduzir que alguns povos civilizados da antiguidade, como
Índia, Atenas, Pérsia, Macedônia e Cartago, conheciam a existência de certos delitos militares e
seus agentes eram julgados pelos próprios militares, especialmente em tempo de guerra. Mas foi
em Roma que o Direito Penal Militar adquiriu vida própria considerado como instituição jurídica.
As origens históricas do Direito Penal Militar, como de qualquer ramo do Direito, são,
principalmente, as que nos oferecem os romanos. A política foi sempre dominar os povos antes
de tudo pela força das armas e depois consolidar a conquista pela Justiça das leis e sabedoria das
instituições.
Teve, assim, o exército romano o seu Direito Criminal. Para as faltas graves da disciplina,
o Tribuno convocava o Conselho de Guerra, julgava o delinqüente e o condenava a bastonadas.
Esta pena, às vezes eram aplicada com tal rigor que acarretava a perda da vida do condenado. Tais
penas estavam ligadas a certos crimes e atos de covardia.
Nós também copiamos essa aflição física dos romanos, com a triste reminiscência no art.
184 do Regulamento de 20 Fev 1708 e o castigo corporal no Brasil somente foi abolido,
inicialmente pelo Exército por meio da Lei n.º 2.556, de 26 Set 1874, art. 8º e, na Marinha
(Armada), pelo Decreto n.º 3, de 16 Nov de 1889, art.2º.
2. CONCEITO
As normas de Direito Penal Militar são conhecidas como de direito penal material ou
substantivo e as de Direito Processual Penal Militar como de direito penal formal ou adjetivo, ou,
simplesmente, de direito processual. As normas de Direito Penal Militar são as reunidas no Código
Penal Militar (CPM) e as de Direito Processual Penal Militar, no Código Processual Penal Militar
(CPPM).
O direito material regula as relações entre as pessoas e o direito processual entre as pessoas
e o Estado-Juiz. Assim, sempre que tivermos a violação de um direito material aquele que se sentir
prejudicado poderá buscar do Estado-Juiz a chamada prestação jurisdicional, ou seja, o processo
e o julgamento daquele que violou a norma de direito material e com a sua conduta causou-lhe
um dano ou prejuízo.
O Direito Penal Militar é um direito penal especial, porque a maioria de suas normas,
diversamente das de direito penal comum, destinadas a todos os cidadãos, se aplicam,
exclusivamente, aos militares, que têm especiais deveres para com o Estado, indispensáveis à sua
defesa armada e à existência de suas instituições militares. Esse caráter especial, ainda, advém de
a Constituição Federal atribuir com exclusividade aos órgãos da Justiça Castrense (art. 122,
CF/88) o processo e o julgamento dos crimes militares definidos em lei.
Há, como exceção a esta regra, o processo e o julgamento dos crimes dolosos contra a vida
praticados por militar contra civil, os quais por força da Lei n.º 9.299/96 são da competência da
Justiça Comum. Assim, tais fatos continuam possuindo a classificação de crime militar, e,
portando, devem ser apurados por meio de IPM, contudo será a Justiça Comum e não a Auditoria
Militar, no âmbito do estado, a competente para o processo e o julgamento de tais crimes.
3. COMENTÁRIOS AO CPM
3.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
“Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal.”
Conceito
O artigo em questão estabelece o chamado princípio da legalidade, com correspondência
integral no art. 1º do Código Penal Comum.
É o princípio das Reserva Legal, embasado na máxima de Feuerbach, Nullum Crimen,
Nulla Poena, Sine Praevia Lege, originário da remota Magna Carta de 1215, imposta pelos
barões ingleses ao rei João Sem Terra.
Para MIRABETE, entretanto, a causa próxima do princípio da legalidade está no
Iluminismo (Séc. XVIII), tendo sido incluído no art. 8º da Declaração dos Direitos do Homem e
do Cidadão, de 26.08.1789, nos seguintes termos: “Ninguém pode ser punido se não for em
virtude de uma lei previamente estabelecida e promulgada anteriormente ao delito e
legalmente aplicada”. No Brasil, foi inscrito na Constituição de 1824 e repetido em todas as
Cartas Constitucionais subseqüentes.
O Princípio da Legalidade que estrutura o art. 1º do Código Penal Militar de 1969,
também incluso o texto do Código Penal comum de 1969, antepara e protege a liberdade
individual do Militar e do cidadão, contra a prepotência do estatólatra (Ramagem
BADARÓ).
As palavras crime, pena e lei, como lembra DELMANTO, têm sentido amplo neste artigo.
“Assim, a expressão crime compreende também as contravenções e, a palavra pena inclui as
mais diversas restrições de caráter penal (penas privativas de liberdade, restritivas de direito,
penas de multa que são conversíveis em detentivas etc.), como lei devem ser entendidas todas as
normas de natureza penal, elaboradas na forma que a Constituição prevê, abrangendo não só as
do CP como as das demais leis penais especiais”.
Cabe salientar que a pena de multa não está prevista atualmente para os crimes militares.
Já por ocasião dos estudos da Comissão elaboradora do CPM de 1944, a pena de multa foi julgada
inadequada aos crimes militares, contra o voto do eminente Desembargador Sílvio Martins
Teixeira, que a acolhia, por entender que a mesma já estava prevista em várias leis militares.
Previsão Constitucional
O princípio da legalidade ou da reserva legal está prevista na carta Magna, art. 5º, inc.
XXXIX.
Sílvio Martins TEIXEIRA lembrava que “na Doutrina do nacional – socialismo, ou
autoritária, o Estado não podia tolerar que o indivíduo empregasse impunemente suas forças e
Incorre em pena quem pratica um fato que a lei declara punível, ou quem, segundo o
conceito de uma lei e a sã maneira de ver de um povo, merece punição.
Se ao fato não foi imediatamente aplicável nenhuma lei penal, será ele punido de acordo
com a lei cuja idéia fundamental melhor se adapte.
A taxatividade, visto que as leis que definem os critérios devem ser precisas, marcando
exatamente a conduta que objetivam punir, não se aceitando leis vagas ou imprecisas, nem o
emprego, pelo juiz, da analogia ou interpretação extensiva para incriminar algum fato ou tornar
mais severa sua punição.
Remissão
O Código Penal comum tem disposição idêntica no caput do art. 2º. Seu parágrafo único,
trazido a lume pela Lei 7.209/84, tornou incontestável que a retroatividade benéfica não sofre
limitação alguma, tem redação similar ao § 1º do CPM, mudando apenas a parte final do
dispositivo que, neste, trata da sentença condenatória irrecorrível e, naquele, trata da sentença
condenatória transitada em julgado, o que nos parece, data venia, ter o mesmo sentido.
O Código Penal Militar revogado (Dec.-lei 6.227, de 24.01.44), tinha disposição idêntica
no art. 2º, caput, e o seu parágrafo único, na mesma esteira do CP/1940 que mandava aplicar –
apenas ao fato não julgado definitivamente – a lei posterior que favorece o agente sem suprimir
crime ou atenuar a pena.
Noção
Em sentido amplo, o art. 2º do Código Penal Militar consagra o princípio Tempus Regit
Actum, o que está em perfeita harmonia com a garantia da reserva legal (CF, art. 5º, XL e XLI).
Ou seja, a lei rege os atos praticados durante sua vigência.
Especialmente, trata o referido art. 2º do CPM da Abolitio Criminis, que é a supressão da
figura criminosa, entendendo o legislador que a ação antes prevista como delituosa, não é mais
idônea a ferir o bem jurídico que pretende tutelar.
Ora, com a descriminação do fato, não tem mais sentido o prosseguimento da execução
da pena, nem a mantença das seqüelas penais da sentença. DELMANTO explica que caso seja
aprovado e entre em vigor projeto de lei que extingue o crime de adultério, tal ato deixaria de
existir como crime.
O Código Penal Militar, da mesma maneira que o Código Penal, dispõe ser possível a
retroatividade e a ultratividade da lei.
Jurisprudência
Habeas corpus. Exigência de representação nos crimes de lesões corporais leves ou de lesões
culposas (Lei 9.099/95, art. 88). Incidência residual no âmbito da Justiça Militar, em face da
superveniência da Lei 9.839/99. Consumação da decadência. Extinção da punibilidade. Pedido
deferido.
São ainda aplicáveis à Justiça Militar, para efeito do que determina o art. 5º da Constituição, os
institutos de direito material previstos na Lei 9.099/95, especialmente as medidas
despenalizadoras pertinentes à exigência de representação nas hipóteses de lesões corporais leves
ou de lesões corporais culposas (art. 88) e à suspensão condicional do processo penal (art.89),
desde que os delitos militares tenham sido praticados antes da vigência da Lei 9.839/99. Se o
ofendido, no prazo legal, deixa de formular a representação a que se refere o art. 99 da Lei
9.099/95, opera-se, em conseqüência da sua inércia, a decadência do direito de postular a
instauração da persecutio criminis, circunstância esta que enseja o reconhecimento da extinção
da punibilidade do agente.
A Lei 9.839/99 – que torna inplicável à Justiça Militar a Lei 9.099/95 – não alcança, no
que se refere aos institutos de direito material, os crimes militares praticados antes da sua vigência,
ainda que o Inquérito Policial Militar ou o processo penal sejam iniciados posteriormente.
O sistema constitucional brasileiro impede que se apliquem leis penais supervenientes
mais gravosas, como aquela que afastam a existência de causas extintivas da punibilidade, a fatos
delituosos cometidos em momento anterior ao da edição da lei mais severa.
O Código Penal Militar em vigor inclui, neste artigo, as medidas de segurança no Título I
– Da Aplicação da Lei Penal Militar.
Embora haja quem as considere como sanção penal, as medidas de segurança não são
penas, não têm o caráter retribuitivo do mal com o mal, não significam repressão pela infração de
leis penais vigentes na época em que o fato foi praticado. São medidas necessárias à garantia
social e do próprio indivíduo que se torna perigoso. Diferente do crime, que é punido de acordo
com a lei vigente na data em que foi cometida a infração, as medidas de segurança nada têm a ver
com a lei que existia à época em que o ato foi praticado, pois sendo o seu objetivo a segurança
atual, a lei aplicada é a que vigora na data em que é determinada a sentença. Se a lei se modifica
depois que foi decretada a medida, mas antes de ser posta em execução, ela será aplicada de acordo
com a modificação, ou seja, de acordo com a lei vigente na época em que se executa.
Pena é a que o Código relaciona como Principais (art. 55) ou Acessórias (art. 98), não se
fazendo menção, nos referidos artigos, às medidas citadas.
Por outro lado, quando o código afirma que tais medidas são reguladas pela lei em
vigêncka ao tempo da sentença, ou pela existente no momento da execução, se diferente da
anterior, está afirmando que a nova lei retroage, o que é inconcebível, visto que a Constituição
Federal, em seu art. 5º, XL, declara taxativamente em termos gerais que a lei penal não retroagirá,
salvo para beneficiar o réu. Logo, a lei vigente ao tempo da sentença só retroagirá se for mais
benéfica.
O Código Penal Militar determina o tempo do crime de acordo com a Teoria da Atividade,
a qual, segundo MIRABETE, é aquela que o considera como sendo o momento da conduta (ação
ou omissão). Assim, teríamos, por exemplo, o momento em que o agente efetua os disparos contra
a vítima ou atropela o ofendido (no homicídio doloso ou culposo), ou ilude o ofendido, com
manobra a fraudulenta, para obter vantagem ilícita (no estelionato), ou deixa de prestar socorro
ao ferido (omissão de socorro), pouco importando a ocasião em que o sujeito passivo venha a
morrer, ou o agente obtenha a vantagem indevida etc. O fundamento desta teoria é a de evitar a
incongruência de o fato ser considerado crime em decorrência da lei vigente na época do resultado,
quando não o era no momento da ação ou omissão.
Análise separada merecem os crimes permanentes como a deserção (CPM, art. 187) e o
seqüestro ou cárcere privado (CPM, art. 225), em que, tanto a ação como a consumação,
prolongam-se no tempo enquanto o agente estiver ausente de sua Unidade ou privando a vítima
de sua liberdade. Incidindo lei nova mais severa durante o tempo da privação da liberdade ou da
ausência do militar, a lex gravior (a lei mais grave) será aplicada, pois o agente ainda está
praticando a ação na vigência da lei posterior. Idêntico raciocínio deve ser feito ao crime
continuado (CPM, art. 80) quando um ou mais dos delitos componentes forem praticados na
vigência da lei posterior mais severa.
Como exceção à regra Celso DELMANTO cita a prescrição, que segue normas próprias
especiais (CPM, art. 125, §2º). A regra incidirá, entretanto, com relação à redução do prazo
prescricional para o agente menor (CPM, art. 129).
Conceito de navio
§3º - Para efeito da aplicação deste Código, considera-se navio, toda embarcação sob
comando militar.”
A lei penal militar se aplica aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou navios apenas
quando estes, sendo estrangeiros, se encontrem em local sob administração militar e atentem
contra as instituições militares.
A questão da territorialidade e da extraterritorialidade se insere no chamado direito penal
internacional. Para Paulo GUSMÃO, geralmente o direito tem eficácia em todo o território do
Estado que o sancionou, pois a eficácia extraterritorial das leis depende da vontade do outro
Estado, admitida através de leis ou tratados internacionais. Para ele, território é a parte da
superfície terrestre que o Estado exerce, soberanamente, a sua autoridade e na qual encontra-se a
sua população. É formado pelo solo, subsolo, espaço aéreo que o recobre, ilhas e mar territorial
que o banha, quando o mar lhe serve de fronteira, como é o caso do Brasil.
Este artigo insere a regra non bis in idem, ou seja, evitar a duplicidade de repressão
penal.
A atenuação, em caso de diversidade qualitativa de pena imposta é obrigatória, ficando a
quantidade da redução ao critério prudente do magistrado. Já na hipótese de a pena cumprida no
estrangeiro ser da mesma qualidade, ela é simplesmente abatida da pena a ser executada no Brasil.
Segundo MIRABETE, a se a pena cumprida no estrangeiro for superior à imposta no
País, é evidente que esta não será cumprida.
I – os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal
comum ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial;
II – os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei
penal comum, quando praticados:
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma
situação ou assemelhado;
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado ou assemelhado
ou civil.
c) por militar em serviço, em comissão de natureza militar, ou em formatura, ainda
que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar da reserva, ou
reformado, ou assemelhado, ou civil;
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da
reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil;
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob
a administração militar, ou a ordem administrativa militar;
f) REVOGADO - por militar em situação de atividade ou assemelhado que,
embora não estando em serviço, usa armamento de propriedade militar ou
qualquer material bélico, sob guarda, fiscalização ou administração militar,
para a prática de ato ilegal;
III – os crimes praticados por militar da reserva, ou reformado, ou por civil, contra as
instituições militares, consideram-se como tais não só os cometidos no inciso I, como os do inciso
II, nos seguintes casos:
a) contra o patrimônio sob a administração militar, ou contra a ordem
administrativa militar;
b) em lugar sujeito à administração militar contra militar em situação de
atividade ou assemelhado, ou contra funcionário de Ministério militar ou
da Justiça Militar, no exercício de função inerente a seu cargo;
c) contra militar em formatura, ou durante o período de prontidão,
vigilância, observação, exploração, exercício, acampamento,
acantonamento ou manobras;
d) ainda que fora do lugar sujeito à administração militar, contra militar em
função de natureza militar, ou no desempenho de serviço de vigilância,
garantia e preservação da ordem pública, administrativa e judiciária,
quando legalmente requisitado para aquele fim, ou em obediência a
determinação legal superior.
Parágrafo único – Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e
cometidos contra civil, serão da competência da justiça comum.”
Conceito.
“Crime militar é todo aquele que a lei assim o reconhece como tal”.
O legislador penal brasileiro adotou o critério legal para definir crime militar, isto
é, apenas enumerou taxativamente as diversas situações que definem esse delito. Ou seja, um
fato só poderá ser considerado crime militar se estiver previsto no Código Penal Militar (CPM).
federal e civil o exercício das funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais,
exceto as militares. Considerou-se que o dispositivo impugnado não impede a instauração paralela
de inquérito pela polícia civil. Vencidos os Ministros Celso de Mello, Relator, Maurício Corrêa,
Ilmar Galvão e Sepúlveda Pertence. (STF – Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.494-DF –
Rel. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, DJU, 20.04.97).
II – recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência;
“Revolta”
“Parágrafo único. Se os agentes estavam armados.
Pena – reclusão, de oito a vinte anos, com aumento de um terço para os cabeças”.
De acordo com o CPM não existem definições distintas para os crimes de revolta e
de motim. Apenas o armamento dos participantes é elemento constitutivo do primeiro. Assim, é
condição da configuração do crime de revolta, o agrupamento de militares armados. Pois, se
reunirem-se sem armas, o crime será de motim. A revolta é, portanto, o motim armado, sendo a
existência de armas o único e essencial ponto de distinção entre os dois crimes.
É comum achar que, para configuração dos delitos de motim ou de revolta, exige-se
a reunião de quatro ou mais militares, contudo a redação atual de tais delitos admite que dois
militares reunidos podem praticá-los, presentes os demais elementos constitutivos do tipo.
SUPERIOR é, nos termos do art. 24 do CPM, o militar que, em virtude da função exerce
autoridade sobre outro, de igual posto ou graduação ou que lhe seja inferior. Portanto, para que
um militar seja considerado superior, à luz do CPM, basta que exerça autoridade sobre outro em
razão da função que ocupa, não sendo necessário possuir grau hierárquico mais elevado.
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Gestão em Segurança Pública e Privada
“Formas qualificadas”
§ 1º Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente, ou oficial general.
Pena – reclusão, de três a nove anos.
Este crime só pode ser cometido por militar, não encontrando previsão no Código
Penal comum, razão pela qual tratar-se de crime militar próprio.
A violência exigida para caracterização deste delito é a violência física, consistente
em tapas, empurrões, rasgar roupas, puxão de orelhas, pontapés e socos que podem ou não
provocar lesões. Há necessidade apenas da existência de contato físico diretos ou através de
instrumentos, também físicos. A agressão verbal poderá caracterizar outros delitos, tais como
ultraje ao pudor (art. 238), desrespeito a superior (art. 160), incitamento (art. 155) etc.
A violência contra superior assume tal gravidade que as conseqüências penais
independem do resultado da ação (pode ou não causar lesão corporal). Nesse sentido, quanto mais
deve ser respeitado o ofendido (superior), maior é o crime e, portanto, mais grave a pena
cominada.
Os parágrafos do art. 157 denotam a escalada de gravidade do crime.
Ementa: Violência contra superior. Quando se torna obrigatório o laudo médico. Violência
contra Superior – somente na forma qualificada prevista no art. 157, §3º do CPM, isto é, quando
da violência resulta lesão corporal, é que torna indispensável o exame médico legal na pessoa da
vítima. (TJM/MG – Ap. 1.098, Rel. Juiz Dr. fausto Nunes Vieira. Acórdão de 04.11.75)
Ementa: Soldado que agride a socos e golpes de bastão, colega de igual graduação, porém
em serviço. Conduta tipificada no art. 157, §3º do CPM. Denúncia e condenação por lesão
corporal, art. 209, CPM. Autoria e materialidade induvidosas. Vedada a reformatio in pejus,
mantêm-se a decisão recorrida. Apelo improvido. Decisão unânime. (TJM/RS – Ap. 3.002/97 –
Rel. Juiz Cel João Vanderlan Rodrigues Vieira, j. 15.10.97. Jurisprudência Penal Militar,
jan/jun 1997, p.228)
casos em que um único militar recusar-se a obedecer tais ordens. Em sendo mais de um
militares, o crime será de motim.
ORDEM é a expressão da vontade do superior hierárquico dirigida a um ou mais
inferiores determinados para que cumpram com uma prestação ou abstenção no interesse do
serviço. Deve a ordem ser:
IMPERATIVA – deve importar numa exigência para o inferior, por isso não são
ordens os conselhos, exortações e advertências;
PESSOAL – significa que deve ser dirigida a um ou mais inferiores determinados;
as de caráter geral não são ordens desta natureza e seu não-cumprimento constitui mera
transgressão disciplinar;
CONCRETA – ou seja, pura e simples, pois seu cumprimento não deve estar sujeito
à apreciação do subordinado.
Finalmente a ordem tem que estar relacionada à lei, regulamento ou instrução (base
legal).
A obediência, no sistema militar, sustentada na hierarquia e na disciplina, é
fundamental, contudo é certo que atualmente não se admite a obediência cega. Permite-se que o
inferior examine o conteúdo da determinação. Certo é também que o sistema militar apresenta
características próprias. Assim, se a ordem é ilegal, é ilegal também o fato praticado pelo
subordinado (“ordens manifestamente ilegais não devem ser executadas”) . Mas, como não lhe
cabe discutir sobre sua legalidade, encontra-se no estrito cumprimento de dever legal (dever de
obedecer a ordem). O que vale dizer que apenas as ordens manifestamente ilegais não devem ser
cumpridas pelo subordinado, ou seja, aquelas que, à primeira vista, sem qualquer necessidade de
maior avaliação acerca da sua conformidade com a lei, já demonstram visível ilegalidade.
O cumprimento de ordens manifestamente ilegais responsabilizam o militar que
executou e o superior que a emitiu. As ordens não-manifestamente ilegais responsabilizam apenas
o superior que a emitiu.
Parágrafo único. Se da violência resulta lesão corporal ou morte, é também aplicada a pena do
crime contra a pessoa, atendendo-se, quando for o caso, ao disposto no art. 159”.
“Art. 159. Quando a violência resulta morte ou lesão corporal e as circunstâncias evidenciam que
o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo, a pena do crime contra a pessoa
é reduzida de metade”.
O art. 187 trata da chamada deserção propriamente dita e é por isso que se diz que tal
artigo traz a definição legal de deserção.
A lei não estipula o quantum do agravamento desta pena, aplica-se o disposto no art. 73
do CPM, agravando-a de um quinto a um terço.
“Casos assimilados”
“Art. 188. Na mesma pena incorre o militar que:
I – não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias, findo o prazo de trânsito ou férias;
II – deixa de se apresentar à autoridade competente, dentro do prazo de oito dias, contados daquele
que termina ou é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou de
guerra;
III – tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar, dentro do prazo de oito dias;
“Deserção especial”
“Art. 190. Deixar o militar de apresentar-se no momento da partida do navio ou aeronave, de que
é tripulante, ou da partida ou deslocamento da unidade ou força em que serve:
Pena – detenção até três meses, se após a partida ou deslocamento, se apresentar, dentro de vinte
e quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, à autoridade policial, para ser
comunicada a apresentação a comando militar da região, distrito ou zona”.
Momento consumativo.
É quando se completam os oito dias de ausência, consoante o art. 187 do CPM.
Ausência.
Antes da consumação do crime de deserção, o militar é considerado ausente por
oito dias. Caso retorne ao serviço nesse período de ausência, não há falar-se em crime, mas em
mera transgressão disciplinar, devendo nessa esfera o fato ser tratado.
Prazo de graça.
É o lapso de tempo de oito dias que a lei concede ao ausente, oportunizando-lhe o
desistência (“arrependimento”) e a conseqüente apresentação, não vindo, assim, a consumar o
crime de deserção. Afora a deserção tipificada no art. 190 do CPM, uma vez que esta trata da
chamada deserção instantânea.
A contagem dos dias de ausência, à luz do art. 451 do CPPM, “iniciar-se-á à zero
hora do dia seguinte àquele em que for verificada a falta injustificada do militar ...”. Ex.: Se a falta
injustificada ocorreu no dia 10, inicia-se a contagem do prazo à zero hora do dia 11 e consumar-
se-á a deserção a partir da zero hora do dia 19.
Parte de ausência.
Deverá ser elaborada pelo chefe imediato do ausente e serve para:
a) dar conhecimento do fato ao escalão superior;
b) registrar o início da contagem do prazo de graça;
c) provocar a elaboração do inventário dos bens deixados ou extraviados pelo ausente.
Despacho do Comandante.
Inventário.
Destina-se a arrecadar os bens da Fazenda Pública Estadual deixados ou
extraviados, bem como os bens particulares deixados pelo ausente.
Parte de deserção.
Documento elaborado pelo comandante da subunidade do militar ausente, ou
autoridade correspondente, por meio do qual encaminhará o termo de inventário e participará ao
comandante, chefe ou diretor que tal ausência já conta de oito dias, configurando o crime de
deserção.
Despacho do comandante.
Recebida a parte de deserção, o comandante proferirá um despacho designando
alguém (pode ser praça ou oficial) para lavrar o termo de deserção.
Temo de deserção.
No termo de deserção, que será subscrito (assinado) pelo comandante e por duas
testemunhas idôneas, de preferência oficiais, será formalizada a instrução provisória do processo
de deserção devendo ser mencionadas todas as circunstâncias do fato, de forma a fornecer os
elementos necessários à propositura da ação penal (oferecimento da denúncia pelo Ministério
Público).
Uma vez publicado o termo de deserção, estará configurado o delito, que classifica-
se como sendo permanente, razão pela qual autoriza, a partir de então, a prisão em flagrante do
desertor onde quer que for capturado.
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DF 0:00 0:00 0:00 Expediente
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Essa falta de atenção pode evoluir até mesmo para a incapacidade total para a
continuação e realização do serviço, quando o agente perde a coordenação motora, predomina a
confusão psíquica, apresentam-se perturbações sensoriais como a visão dupla, zumbido de ouvido,
ilusões (percepções erradas), palavra difícil e pastosa, inconveniência de atitudes, chegando
mesmo ao coma alcoólico nos casos mais graves.
A comprovação da embriaguez, portanto, poderá ser efetivada pelo exame de
dosagem alcoólica (exame de alcoolemia, exame de sangue) ou pelo exame clínico (exame de
embriaguez, “exame visual”). Em qualquer dos casos o exame deve ser feito sempre por médico
perito oficial e, na ausência deste, por médico a ser designado pela autoridade militar.
O militar tem o dever de utilizar todos os meios possíveis para evitar que adormeça
e quando esses meios se apresentem deficientes, cumpre participar ao superior hierárquico a fim
de que sejam adotadas providências cabíveis.
O delito de dormir em serviço é sempre doloso, o que vale dizer que a conduta culposa não
caracteriza o delito, podendo configurar mera transgressão disciplinar.
§ 2º se resulta morte:
Pena – reclusão, de dois a dez anos”.
O delito de maus tratos está previsto no art. 136 do Código Penal comum, razão pela
qual é crime militar impróprio. No tipo penal, no entanto, exige-se que a exposição a perigo ocorra
em lugar sujeito à administração militar ou que o seu agente esteja no exercício de função
militar. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, militar ou civil, ressalvando-se quanto a este
último que sua punibilidade está condicionada ao fato de o delito atentar contra as instituições
militares.
O art. 213 do CPM, prevê uma situação a mais para a vítima, ou seja, a de estar
submetida à autoridade do agente, importando o crime na violação desse dever de autoridade,
guarda ou vigilância, para o fim de educação, instrução, tratamento ou custódia.
Comete o delito o agente que priva de alimentação ou cuidados necessários (ex.:
doentes internados sob sua custódia), ou sujeitando-a a trabalhos excessivos ou inadequados (ex.:
trabalhos forçados em locais insalubres); ou ainda abusando de meios de correção ou disciplina
(ocorre com mais freqüência contra recrutas ou alunos em cursos de formação).
É crime múltiplo, não sendo necessário que o agente realize todas as condutas típicas
mas apenas uma delas.
O crime de maus tratos é essencialmente doloso, desconhecendo o CPM a forma
culposa.
Os parágrafos do art. 213 aludem às formas qualificadas pelo resultados lesão corporal grave e o
de morte.
Com o advento da nova lei de trânsito (Lei n.º 9.503, de 23 Set 97) restou tipificado
a conduta de “conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou substância
de efeitos análogos ...” (art. 306 do Código de Trânsito brasileiro). Portanto, atualmente, o delito
de embriaguez ao volante é crime militar impróprio.
Para configuração do delito de embriaguez ao volante não é necessário a provocação de qualquer
dano à saúde ou ao patrimônio de outrem, posto tratar-se de delito de perigo abstrato. Basta a
simples condução de veículo estando o agente sob efeito de substância alcoólica ou de efeitos
análogos.
É crime militar impróprio, posto que também encontra definição no Código Penal
comum.
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, militar ou civil, mesmo o funcionário
público desde que agindo como particular.
Autoridade judiciária é tanto o juiz-Auditor como qualquer um dos Juízes-Militares
que compõem o Conselho de Justiça, Especial ou Permanente.
Autoridades judiciárias são igualmente, os Ministros do Superior Tribunal Militar e
o Juiz-Auditor Corregedor na esfera federal e, os juízes dos Tribunais Militares dos Estados de
São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, bem como o Juiz-Corregedor da Justiça Militar
estadual.
A ofensa constitutiva do desacato é qualquer palavra ou ato que redunde em vexame,
humilhação, desprestígio ou irreverência ao funcionário. É a grosseira falta de acatamento,
podendo consistir em palavras injuriosas, difamatórias ou caluniosas, vias de fato, agressão física,
ameaças, gestos obscenos, gritos agudos etc.
É condição sem a qual não se configura o crime de desacato a situação de estar a
autoridade judiciária no exercício da função ou em razão dela.
O crime só admite a forma dolosa, não havendo previsão de culpa.
– BIBLIOGRAFIA –